Como ocorre a propagação de uma onda eletromagnética?

Ondas eletromagnéticas são aquelas que resultam da libertação das fontes de energia elétrica e magnética em conjunto. Elas são formadas pelo campo elétrico e o magnético, se propagando no vácuo à velocidade da luz, cerca de 300 000 km/s. Por esse motivo, recebe o nome de onda eletromagnética.

A velocidade de propagação das ondas eletromagnéticas depende do meio. Em meios que não o vácuo, estas ondas viajam a uma velocidade menor.

As ondas eletromagnéticas são transversais, ou seja, direcionam-se perpendicularmente à direção da propagação.

Tipos de Ondas Eletromagnéticas

São 7 os tipos de ondas eletromagnéticas: ondas de rádio, micro-ondas, infravermelho, luz visível, ultravioleta, raios x e raios gama.

O que determina a sua classificação é a frequência e a oscilação com que as ondas são emitidas e também o seu comprimento. Quanto mais alta a frequência, menor o comprimento de uma onda.

As ondas são medidas pelo espectro eletromagnético. Através das faixas desse mecanismo é possível verificar a distribuição da intensidade do eletromagnetismo.

OndasderádioMicro-ondasInfravermelhoLuzVisívelRaiosUltravioletaRaiosxRaiosGama
As ondas de rádio ficam na outra extremidade do espectro. São as mais baixas e, portanto, as mais compridas.
As frequências desse tipo de onda eletromagnética são bastante baixas.
Localizado ao lado da luz visível, a radiação infravermelha pode ser vista mediante a utilização de equipamentos, mas não a olho nu.
Localiza-se no centro do espectro eletromagnético. Tal como o nome indica, essa energia é visível a olho nu.
A energia ultravioleta localiza-se ao lado da luz visível, que é o centro do espectro eletromagnético.
Localizam-se logo a seguir aos raios gama na faixa do espectro eletromagnético. A radiação dos raios x são invisíveis a olho nu.
Os raios gama ficam numa das extremidades do espectro. É o tipo de onda que tem a frequência mais alta, logo, seu comprimento é minúsculo.

Onde elas estão?

As ondas eletromagnéticas propagam-se no vácuo a todo momento. Isso porque tudo o que existe tem eletromagnetismo.

A energia elétrica surge da agitação dos átomos que estão na formação de todos os corpos. O magnetismo surge da movimentação dessa carga elétrica e, como resultado, surgem as ondas eletromagnéticas.

Inúmeras coisas que utilizamos no dia a dia funcionam através das ondas eletromagnéticas. São exemplos: o rádio, a televisão, o celular, o micro-ondas, o controle remoto, a internet sem fios, o bluetooth, etc.

E o que são Ondas Mecânicas?

Enquanto as ondas eletromagnéticas não precisam de um meio material para se propagar, as ondas mecânicas necessariamente precisam.

É o caso, por exemplo, do telefone com fios. O fio é o meio utilizado para que a onda mecânica percorra o seu caminho e transporte energia.

Os celulares, por outro lado, não têm fios. Fazem uso das ondas eletromagnéticas.

Continue sua pesquisa. Leia também sobre:

  • Campo magnético
  • Força Magnética
  • Indução eletromagnética
  • Efeito fotoelétrico
  • Fórmulas de Física

Professor de Matemática licenciado e pós-graduado em Ensino da Matemática e Física (Fundamental II e Médio), com formação em Magistério (Fundamental I). Engenheiro Mecânico pela UERJ, produtor e revisor de conteúdos educacionais.

 

 

 

 

Eletromagnetismo - Parte II

Eduardo Fontana, PhD

Professor Titular

Departamento de Eletr�nica e Sistemas

Universidade Federal de Pernambuco

  1a. Edi��o - Vers�o 1.0 - 05/05/2011
Vers�o atual - 1.4 - 10/05/2011

 Recife, 2011

  •  Cap�tulo 8 - Reflex�o e Refra��o
    • 8.1 Introdu��o
    • 8.2 Reflex�o e refra��o em uma interface simples entre meios sem perdas
      • 8.2.1 Considera��es iniciais
      • 8.2.2 Polariza��o paralela
      • 8.2.3 Polariza��o perpendicular
        • A. Express�es gerais em fun��o das imped�ncias e admit�ncias de onda
        • B. Express�es restritas a meios n�o magn�ticos
        • C. Express�es restritas ao caso de incid�ncia normal
    • 8.3 Reflect�ncia e Transmit�ncia � Meios sem perdas
      • 8.3.1 Conserva��o da pot�ncia eletromagn�tica
      • 8.3.2 Reflect�ncia e Transmit�ncia
    • 8.4 Reflex�o interna total e �ngulo de Brewster
      •  
      • 8.4.1 Reflex�o interna total
      •  
      • 8.4.2 �ngulo de Brewster
    • 8.5 Reflex�o e refra��o em um meio absorvedor
    • 8.6 Reflex�o para incid�ncia frontal em um meio condutor
      • 8.6.1 Determina��o dos campos dentro e fora do condutor
      • 8.6.2 Profundidade de penetra��o e resist�ncia de folha
    • Problemas

Cap�tulo 8 - Reflex�o e Refra��o

8.1 Introdu��o

            Quando uma onda eletromagn�tica, ao se propagar, encontra algum objeto com propriedades materiais distintas do meio de propaga��o, ondas secund�rias s�o produzidas.  Estas decorrem do campo de rea��o dos dipolos magn�ticos e el�tricos constituintes do objeto ao campo incidente, o que culmina com ondas refletidas de volta para o meio de ondas transmitidas para o interior do objeto. Dependendo da forma geom�trica do obst�culo, de sua dimens�o relativamente ao comprimento de onda e da regi�o ocupada pelo feixe de radia��o incidente, bem como da composi��o e homogeneidade do objeto, pode ocorrer ou n�o espalhamento difuso, ou seja, reflex�o e transmiss�o ao longo de v�rias dire��es, conforme ilustrado na Fig.8.1.  H� situa��es, no entanto, em que o obst�culo pode ser modelado como uma interface simples que se conforma de forma aproximada � superf�cie de fase da onda incidente.  Quando isso ocorre, as frentes de onda das ondas refletida e transmitida assumem a mesma forma daquela da onda incidente. Para o caso de ondas planas, por exemplo, se o objeto for terminado em uma interface planar, as superf�cies de fase das ondas refletida e transmitida s�o tamb�m planos, como na onda incidente.  Diz-se nesse caso que ocorre reflex�o e transmiss�o especular.

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            Neste Cap�tulo, � desenvolvida a formula��o que permite a obten��o de par�metros representativos da reflex�o e transmiss�o de ondas eletromagn�ticas em uma interface simples. Modela-se, em uma primeira aproxima��o, a interface entre dois meios como sendo


Fig.8.1 � Intera��o de uma onda eletromagn�tica com um objeto e produ��o de ondas secund�rias.

planar e assume-se que a onda incidente na interface seja uma onda plana. Esta � uma boa aproxima��o, mesmo para o caso de um feixe de radia��o eletromagn�tica de largura finita, incidente na interface.  Isso porque, de forma an�loga � decomposi��o de fun��es em componentes de Fourier, um feixe de radia��o eletromagn�tica com dimens�o transversal finita, conforme ilustrado na Fig.8.2, pode ser decomposto como a superposi��o de ondas planas, infinitamente extensas.  Analisando-se as propriedades de reflex�o e transmiss�o de cada onda plana e recompondo as por��es refletida e transmitida, pode-se reconstruir os feixes de radia��o eletromagn�tica refletido e transmitido.

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8.2 Reflex�o e refra��o em uma interface simples entre meios sem perdas

8.2.1 Considera��es iniciais

            Considere-se a incid�ncia de uma onda plana em uma interface planar entre meios materiais de propriedades eletromagn�ticas distintas, conforme ilustrado na Fig.8.3.  O vetor de onda de onda

 da onda incidente forma um �ngulo
 relativamente � dire��o normal � interface. Admite-se inicialmente a hip�tese de os meios 1 e 2 serem n�o absorvedores, com par�metros materiais reais
 e
, respectivamente e a inexist�ncia de fontes na regi�o de interesse envolvendo os meios 1 e 2. De (7.219), os �ndices de refra��o dos dois meios s�o dados por

Fig.8.2 Ilustra��o da intera��o de um feixe de radia��o eletromagn�tica com uma interface planar

Fig.8.3 � Geometria para an�lise do problema de reflex�o de uma onda plana em uma interface simples.

                                                                 

                                                         (8.1)

e

                                                                

.                                                         (8.2)

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            � de se esperar que parte do campo incidente seja transmitido para o meio 2. � importante observar que em vista de os meios terem propriedades eletromagn�ticas distintas, apenas a adi��o de uma onda plana transmitida para o meio 2 n�o seria suficiente para satisfazer �s condi��es de contorno para os campos, para um �ngulo de incid�ncia arbitr�rio.  Para satisfazer �s condi��es de contorno, faz-se necess�rio adicionar uma terceira componente ao problema, que corresponde � onda refletida no meio 1, representada na Fig.8.3.

            Considere-se agora a situa��o delineada na Fig.8.3 com um pouco mais de detalhe.  Nessa figura est� desenhado um sistema com a interface localizada no plano z = 0.  O vetor de onda do campo incidente tem apenas componentes nas dire��es x e z.  O plano definido pelo vetor de onda da onda incidente e a dire��o normal

 � denominado de plano de incid�ncia.Uma vez que os campos
 e
 em z = 0 t�m de satisfazer �s condi��es de contorno (6.66) e (6.67) (esta com
), e como a fase de cada campo com vetor de onda
 � dada por um termo do tipo
, � necess�rio impor que o argumento da fun��o exponencial complexa associada a cada campo tenha o mesmo valor. Caso contrario n�o seria poss�vel satisfazer a essas condi��es de contorno em qualquer ponto da interface.  Isso implica em impor

                                              

,                                       (8.3)

em que

,
 e
 representam, respectivamente, os vetores de onda da onda incidente,  transmitida e refletida.              Estes s�o dados por

                                                             

,                                                      (8.4)

                                                       

,                                                (8.5)

e

                                                       

.                                                (8.6)

Dado que

, (8.3) fornece

                                                   

,

o que corresponde �s duas condi��es

                                                         

,                                                  (8.7)

                                                         

.                                                  (8.8)

Para que (8.7) e (8.8) sejam v�lidas em toda a interface, i.e.,

, deve-se impor

                                                                

,                                                         (8.9)

                                                                

.                                                        (8.10)

            A equa��o (8.10) implica que os vetores de onda da onda refletida e da onda transmitida tamb�m est�o no plano de incid�ncia.  A condi��o (8.9) implica na conserva��o da componente tangencial do vetor de onda.  Essas s�o as condi��es de reflex�o e transmiss�o especular.

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            A equa��o (8.9) tem implica��es adicionais.  Da Fig.8.3

                                                                 

,                                                        (8.11)

                                                                

,                                                       (8.12)

                                                               

,                                                      (8.13)

e dado que

, 
 e
, (8.9) fornece

                                                                     

,                                                            (8.14)

que define a condi��o de reflex�o especular, i.e., para uma interface planar o �ngulo de reflex�o � igual ao �ngulo de incid�ncia. A segunda igualdade de (8.9) fornece a lei de Snell de refra��o

                                                           

.                                                   (8.15)

            A equa��o (8.15) implica, em condi��es normais, que a onda transmitida para o meio 2 � defletida (refratada) em rela��o � dire��o da onda incidente. Se

  (8.15) implica em
 e a onda refratada se aproxima da dire��o normal � interface. Alternativamente, se
 a onda transmitida se afasta da dire��o normal.

            Com as condi��es de reflex�o e refra��o especular, os vetores de onda ser�o redefinidos, de forma a simplificar a formula��o. Os �ngulos de incid�ncia e de refra��o ser�o redefinidos de acordo com

                                                                     

                                                             (8.16)

                                                                     

                                                            (8.17)

Al�m disso, a componente z de cada vetor de onda receber� como subscrito o �ndice do meio material correspondente. Assim,

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,                                                     (8.18)

                                                             

,                                                    (8.19)

                                                            

,                                                    (8.20)

com

                                                              

,                                                     (8.21)

                                                              

                                                     (8.22)

e

                                                             

.                                                    (8.23)

            � importante observar que o �ngulo

 perde o significado geom�trico usual quando ocorre o fen�meno de reflex�o interna total, a ser discutido em mais detalhe ainda neste Cap�tulo.  Por essa raz�o, o uso de �ngulos na formula��o necess�ria � obten��o das amplitudes dos campos refletido e transmitido � evitada neste texto, na maioria das situa��es.

            Para obten��o das ondas refletida e transmitida, duas situa��es s�o consideradas:

            Polariza��o paralela: Nessa situa��o, os campos el�tricos das ondas incidente refletida e transmitida ficam localizados noplano de incid�ncia.

            Polariza��o perpendicular:  Os campos el�tricos ficam orientados na dire��o perpendicular ao plano de incid�ncia.

            A solu��o desses dois problemas permite obter a solu��o para a reflex�o e refra��o de um campo exibindo uma dire��o arbitr�ria por superposi��o, uma vez que esse vetor pode sempre ser decomposto em componentes ortogonais, uma localizada no plano de incid�ncia e outra, perpendicular a esse plano.

8.2.2 Polariza��o paralela

A geometria utilizada para an�lise da reflex�o de uma onda eletromagn�tica tendo o campo el�trico polarizado no plano de incid�ncia est� mostrada na Fig.8.4. Admitindo uma amplitude

 para o campo incidente, da Fig.8.4, t�m-se as seguintes express�es vetoriais para os campos das ondas incidente, refletida e transmitida:

Onda incidente:

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.                                      (8.24)

Fig.8.4 � Configura��o de campos para polariza��o paralela.

O campo magn�tico pode ser calculado da express�o,

,

donde,

                                                       

.                                              (8.25)

De forma semelhante, com base na Fig.8.4, obt�m-se

Onda refletida:

                                            

,                                    (8.26)

                                                

.                                       (8.27)

em que

 � um fator de escala denominado de coeficiente de reflex�o que aplicado � amplitude do campo el�trico da onda  incidente define a amplitude do campo el�trico da onda refletida.  O subscrito p � a inicial de paralelo e serve para indicar que o vetor campo el�trico est� polarizado ou orientado no plano de incid�ncia.

Onda transmitida:

                                             

,                                    (8.28)

                                                  

,                                         (8.29)

em que

 � definido como o coeficiente de transmiss�o para polariza��o paralela. De acordo com as defini��es para os coeficientes de reflex�o e transmiss�o, as amplitudes fasoriais dos campos refletido e transmitido s�o dadas respectivamente por

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,                                                        (8.30)

                                                                 

.                                                         (8.31)

            O objetivo nessa formula��o � determinar os par�metros

 e
, o que requer um sistema de duas equa��es lineares. Estas s�o obtidas aplicando-se as condi��es de contorno em z=0, obtidas no regime harm�nico de (6.66) e (6.67), com
, i.e.,

                                                            

,                                                   (8.32)

                                                           

.                                                  (8.33)    

Note-se que os campos

 em (8.32) e (8.33) s�o calculadas em z=0 e portanto

                                                     

,                                            (8.34)

                                                              

.                                                     (8.35)

Utilizando-se (8.24), (8.26) e (8.28) com

 em (8.34) e (8.34) em (8.32), com
 resulta em

                                                             

.                                                    (8.36)

Procedimento semelhante aplicado para

  em (8.34) e (8.35) em (8.32) com o emprego de (8.25), (8.27) e (8.29) fornece

                                                             

.                                                    (8.37)

            A solu��o simult�nea de (8.36) e (8.37) fornece

                                                            

,                                                   (8.38)

                                                        

.                                               (8.39)

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8.2.3 Polariza��o perpendicular

            A geometria utilizada para a an�lise da reflex�o de uma onda eletromagn�tica com o campo el�trico polarizado perpendicularmente ao plano de incid�ncia est� mostrada na Fig.8.5. Adotando procedimento semelhante �quele adotado na se��o anterior, e com base na Fig.8.5 as ondas incidente, refletida e transmitida assumes as formas

Onda incidente:

                                                         

,                                                (8.40)

                                           

.                                  (8.41)

Onda refletida:

                                                       

                                              (8.42)

                                          

                                 (8.43)

Onda transmitida:

                                                       

,                                              (8.44)

                                        

.                               (8.45)

Fig.8.4 � Configura��o de campos para polariza��o perpendicular.

            Nas equa��es (8.42)-(8.45) introduziu-se os coeficientes de reflex�o e transmiss�o,

 e
, respectivamente, para ondas s, i.e., com polariza��o perpendicular ao plano de incid�ncia.  O subscrito s adv�m do termo original alem�o senkrecht  para o adjetivo perpendicular. 

            Utilizando (8.40), (8.42) e (8.44), em z = 0, na condi��o de contorno (8.32) fornece 

                                                                 

.                                                        (8.46)

De forma semelhante, utilizando (8.41), (8.43) e (8.45), em z = 0, na condi��o de contorno (8.33) fornece

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.                                                    (8.47)

            Resolvendo o sistema de equa��es (8.46) e (8.47)  fornece

                                                            

,                                                   (8.48)

                                                            

.                                                   (8.49)

            A Tabela 8.1 sumariza as express�es para os coeficientes de reflex�o e transmiss�o para os dois tipos de polariza��o tratadas no texto. Nas sub-se��es seguintes, algumas situa��es espec�ficas s�o analisadas

A. Express�es gerais em fun��o das imped�ncias e admit�ncias de onda

            Para ondas p os coeficientes de reflex�o e transmiss�o podem ser expressos de forma conveniente em termos das imped�ncias de onda. Nos meios 1 e 2 as imped�ncias de onda s�o dadas por

                                                                

                                                       (8.50)

Utilizando a rela��o

                                                            

                                                   (8.51)

  com i  = 1, 2 em (8.38) fornece

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.

Dividindo numerador e denominador dessa express�o pelo produto

 fornece

                                                     

.                                            (8.52)

            A equa��o (8.52) tem uma interpreta��o simples. A imped�ncia de onda paralela

 � definida como a raz�o entre os campos tangenciais � interface no meio i, i.e.,

                                                                 

                                                        (8.53)

Para ondas p

                                                              

,

                                                             

,

                                                                   

,

                                                                 

,

e (8.53) fornece

                                                              

.                                                     (8.54)

Utilizando (8.54) em (8.52) fornece

                                                            

,                                                    (8.55)

ou seja, para ondas p o coeficiente de reflex�o � a diferen�a entre imped�ncias paralelas sobre a soma.  Essa express�o implica que pode-se transmitir toda a onda para o meio 2 na condi��o de casamento de imped�ncias

.  Esse ponto de vista de interpretar o problema de reflex�o em uma interface em termos de imped�ncias � muito �til em teoria de circuitos, em linhas de transmiss�o e em dispositivos de microondas, como ser� discutido em mais detalhes no Cap�tulo 9.

            Para expressar o coeficiente de transmiss�o em termos das imped�ncias, utiliza-se (8.50) e (8.51) em (8.39), o que fornece

                                                     

,                                             (8.56)

ou equivalentemente, utilizando o conceito de imped�ncia paralela definida em (8.54),

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.                                                    (8.57)

            Para ondas s emprega-se (8.50) e (8.51) em (8.48) e (8.49), o que fornece

                                                      

,                                             (8.58)

                                                      

,                                              (8.59)

em que a admit�ncia de onda � definida por

                                                              

.                                                     (8.60)

            Pode-se ainda definir uma admit�ncia paralela como a raz�o entre componentes tangenciais dos campos, i.e.,

                                                                  

                                                         (8.61)

Para ondas s

                                                                   

,

                                                                  

,

                                                     

,

                                                    

,

e (8.61) fornece

                                                               

.                                                      (8.62)

Utilizando (8.54) em (8.52) fornece

                                                              

.                                                     (8.63)

Uso de (8.62) em (8.59) fornece

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                                                      (8.64)

            Assim, transmiss�o total para ondas s � obtida casando-se as admit�ncias paralelas dos dois meios, de acordo com a defini��o (8.62).

B. Express�es restritas a meios n�o magn�ticos

            Em muitas situa��es ambos os meios envolvidos n�o exibem efeitos magn�ticos significativos.  Nessas situa��es,

. Nessa situa��o a permissividade do meio i pode ser posta na forma

                                                                  

.                                                          (8.65)

Utilizando essas condi��es em (8.38), (8.39), (8.48) e (8.49) fornece

                                                            

,                                                   (8.66)

                                                            

,                                                   (8.67)

                                                                

,                                                       (8.68)    

                                                                

.                                                       (8.69)

            Essas express�es s�o utilizadas geralmente no vis�vel e infravermelho, quando se trabalha com superf�cies �pticas, filmes finos e vidros �pticos, situa��o em que o �ndice de refra��o torna-se um par�metro mais tang�vel.

C. Express�es restritas ao caso de incid�ncia normal

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            Para incid�ncia normal os vetores de onda em cada regi�o s�o dados por

                                                            

,                                                   (8.70)

                                                           

,                                                  (8.71)

ou equivalentemente

                                                                 

.

Utilizando-se essa �ltima condi��o em (8.52), (8.56), (8.58) e (8.59) fornece

                                                           

.                                                  (8.72)

                                                           

.                                                   (8.73)

                                                                           

            No caso de meios n�o magn�ticos, i.e.,

, tem-se
 e essas express�es podem ser postas nas formas

                                                           

,                                                  (8.74)

                                                            

.                                                   (8.75)

            A Tabela 8.1 sumariza as express�es para os coeficientes de reflex�o e transmiss�o no caso geral, e nas situa��es espec�ficas discutidas nesta se��o.

Tabela 8.2 Coeficientes de reflex�o e transmiss�o para um interface simples.

Express�es gerais

Polariza��o

Coeficiente de reflex�o

Coeficiente de transmiss�o

Paralela


Perpendicular


Express�es gerais em termos de imped�ncias e admitancias de onda

Polariza��o

Coeficiente de reflex�o

Coeficiente de transmiss�o

Meios n�o-magn�ticos

Coeficiente de reflex�o

Coeficiente de transmiss�o

Paralela

Perpendicular


Incid�ncia normal

Coeficiente de reflex�o

Coeficiente de transmiss�o

Caso geral


Meios n�o magn�ticos


 

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8.3 Reflect�ncia e Transmit�ncia � Meios sem perdas

8.3.1 Conserva��o da pot�ncia eletromagn�tica

            Uma quest�o importante a ser considerada refere-se �s fra��es de pot�ncia eletromagn�tica refletida e transmitida da interface. O teorema de Poynting permite obter a rela��o entre essas quantidades. Considere-se, a hip�tese inicial de meios sem perdas.  Nessa hip�tese o teorema de Poynting (7.93) fornece

                                                          

,                                                 (8.76)

                                                   

.                                          (8.77)

,

,


Fig.8.5 � Geometria para o c�lculo de fluxos de pot�ncia refletida e transmitida de uma interface simples.

                                                           

                                                  (8.78)

            Note-se que o sinal negativo do primeiro termo do segundo membro dessa expressao garante que esse termo � positivo, uma vez que a onda refletida tem uma proje��o negativa do vetor de Poynting na dire��o z. Assim a Eq.(8.78) expressa que a densidade de pot�ncia ativa da onda incidente projetada na dire��o normal � igual � soma das respectivas proje��es das densidades de pot�ncia ativa das ondas refletida e transmitida. Ou seja, a lei de conserva��o de pot�ncia eletromagn�tica n�o implica no balanceamento entre as densidades de pot�ncia das tr�s ondas envolvidas, mas sim das proje��es na dire��o normal � interface.  Isso implica no entanto,  na conserva��o da pot�ncia eletromagn�tica, pois esse resultado � conseq��ncia do teorema de Poynting. 

Fig.8.6 � Geometria para o c�lculo dos fluxos de pot�ncia em uma interface.

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.                                                    (8.83)

            Ou seja, a regi�o ocupada pela onda refratada � alargada se

 e vice-versa. � importante observar que essa interpreta��o geom�trica da largura do feixe transmitido perde o significado quando ocorre o fen�meno de reflex�o interna total, o que resultaria em um �ngulo
 complexo, como discutido na Se��o 8.4.

8.3.2 Reflect�ncia e Transmit�ncia

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            As densidades de pot�ncia, para polariza��o paralela ou perpendicular t�m a mesma forma geral, ou seja:

                                                                 

,                                                        (8.84)

                                                             

,                                                    (8.85)

                                                            

,                                                   (8.86)

                                                            

,                                                   (8.87)

                                                    

,                                           (8.88)

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.                                                  (8.89)

            Utilizando (8.84) � (8.89) obt�m-se

                               

.                      (8.90)

            Calculando (8.90) em z=0, obt�m-se

                                                     

ou equivalentemente

                                                      

.                                              (8.91)

            De Eq.(8.91) define-se o par�metro

                                                                    

                                                           (8.92)

como a reflect�ncia da interface, i.e., a fra��o da pot�ncia ativa eletromagn�tica refletida da interface.  Da mesma forma o par�metro

                                                           

,                                                  (8.93)

representa a transmit�ncia, i.e., a fra��o de pot�ncia transmitida da interface, em z=0. 

            Assim, (8.91) pode ser expressa na forma

                                                                   

                                                          (8.94)
 

um resultado v�lido independentemente da polariza��o da onda. Essa express�o � uma reafirma��o do princ�pio da conserva��o da energia. � importante observar que as defini��es (8.92) e (8.93) e o resultado (8.94) s�o independentes do tipo de polariza��o de onda.

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8.4 Reflex�o interna total e �ngulo de Brewster

 

8.4.1 Reflex�o interna total

            Se

, existe uma condi��o, para ambos os tipos de polariza��o, a partir da qual toda pot�ncia eletromagn�tica incidente � refletida da interface. Essa condi��o ocorre a partir do �ngulo de incid�ncia que torna a componente z do vetor de onda no meio 2 puramente imagin�ria. Um exame das express�es para os coeficientes de reflex�o listadas na Tabela 8.1, mostra que nessas circunst�ncias,
. O �ngulo de incid�ncia critico
 a partir do qual reflex�o total ocorre � obtido de

,

ou equivalentemente

                                                             

                                                     (8.95) 

Se

,
 torna-se puramente imagin�rio,i.e.,

                                                   

,                                          (8.96)

e da Tabela 8.1,

            Note-se de (8.88) que

 o que implica em
.

            Da Eq.(8.96), com

 tem-se, independentemente da polariza��o

                                                        

,                                                (8.97)

                                                        

,                                               (8.99)

                                                       

.                                              (8.100)

            De (8.99) e (8.100) pode-se concluir que h� fluxo de pot�ncia ativa no meio 2, apenas no sentido +x, e essa energia eletromagn�tica fica confinada em uma regi�o de largura

, conforme ilustrado na Fig.8.7.

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Fig.8.7 Ilustra��o da exist�ncia de onda evanescente mediante o fen�meno de reflex�o interna total.

Portanto:

Acima da condi��o de reflex�o interna total, os campos decaem exponencialmente no meio de menor �ndice de refra��o. Esses campos s�o ditos evanescentes, e n�o se propagam no sentido +z do meio 2. Conseq�entemente toda a pot�ncia eletromagn�tica � refletida de volta para o meio de maior �ndice de refra��o

 

8.4.2 �ngulo de Brewster

            � poss�vel obter-se uma condi��o em que toda a pot�ncia incidente na interface seja transmitida para o segundo meio, com reflex�o nula. Essa condi��o ocorre no �ngulo de Brewster e s� existe se o campo el�trico incidente estiver polarizado no plano de incid�ncia.  O �ngulo de Brewster

 pode ser obtido de (8.51), impondo-se a condi��o,
, i.e.,

                                                         

,

ou equivalentemente

                                                           

                                                 (8.101)

Juntamente com a lei de Snell para a refra��o dada por (8.15),

                                                           

,                                                   (8.102)

Elevando-se ao quadrado ambos os membros de (8.101) e (8.102) e somando obt�m

.

A divis�o dessa �ltima express�o pelo termo

 fornece

,

o que permite obter uma express�o para o �ngulo de Brewster em termos dos par�metros eletromagn�ticos de ambos os meios, i.e.,

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.                                           (8.103)

            Para meios n�o magn�ticos, i.e., na condi��o

 essa condi��o pode ser posta na forma simples

                                                             

.                                                  (8.104)

            A Fig.8.8 mostra a depend�ncia angular do coeficiente de reflex�o de pot�ncia calculado para n1=1,5 e n2 = 1 para polariza��o paralela e perpendicular, onde se pode observar a exist�ncia do �ngulo cr�tico para ambas as polariza��es. Como pode ser a� observado, o �ngulo de Brewster s� ocorre para polariza��o no plano de incid�ncia.

Fig. 8.8 Reflect�ncia para ondas p e s para n1=1.5 e n2=1.

 

 

 

 

 

8.5 Reflex�o e refra��o em um meio absorvedor

Considere-se agora o caso de reflex�o e refra��o de uma onda plana em uma interface entre um meio sem perdas e um meio absorvedor.  Quer-se determinar o comportamento da onda transmitida no meio absorvedor, estabelecer as rela��es de balan�o de energia e analisar as situa��es em que ocorrem, de forma aproximada, a reflex�o interna total e a transmiss�o total de pot�ncia eletromagn�tica.

No meio 2, o �ndice de refra��o complexo ser� expresso na forma

                                                              

.                                                   (8.105)

            Para levar-se em conta situa��es em que o meio possa ter uma permeabilidade magn�tica diferente da do v�cuo, define-se o par�metro

                                                                

,                                                     (8.106)

tal que

                                                                     

.                                                          (8.107)

            Note-se que,

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.                                                (8.105)

            Para meios n�o magn�ticos, i.e., meios em que

,

                                                            

,

                                                               

.                                                    (8.111)

                                                         

,                                              (8.112)

                                                               

.                                                    (8.113)

            Essas equa��es fornecem equa��es biquadr�ticas para os par�metros

 e
.  Expressando
 como fun��o de
 em (8.113) e substituindo em (8.112) resulta em uma solu��o real positiva para
 dada por

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.                          (8.114)

Inserindo (8.114) em (8.113) permite obter

                                   

.                        (8.115)

,

                            

,                 (8.116)

                            

.                 (8.117)

            As express�es (8.116) e (8.117) permitem analisar,  para o caso

,  o �ngulo cr�tico de transi��o da fun��o reflect�ncia para a condi��o de reflex�o quase total.  Essa transi��o ocorre quando o termo

em (8.116)-(8.117) muda de sinal.  Note-se que 

 para
 e
 para
, com

                                                            

                                                 (8.119)

e para

 ambos os par�metros tornam-se muito pequenos. � importante notar de (8.116) e (8.117) que os valores de
  e
 se invertem na transi��o em torno do �ngulo cr�tico, ou seja, o par�metro
 torna-se muito pequeno e o par�metro
 torna-se muito grande.  A Fig. 8.9 ilustra o comportamento das fun��es
 e
.             

Fig. 8.9 �Depend�ncia angulara das partes real e imagin�ria dos par�metros

 e
.

            Na aus�ncia de absor��o, i.e., com

 (8.116) e (8.117) fornecem


            A Fig.8.10 ilustra a elimina��o gradual do efeito de reflex�o total, devido a uma pequena absor��o no meio 2, considerado com �ndice de refra��o

.  O c�lculo foi feito assumindo
.

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Fig.8.10 Elimina��o gradual do efeito de reflex�o interna total absor��o crescente no meio de transmiss�o.

            Para analisar a refra��o da onda na interface, � importante notar que os campos no meio 2, s�o da forma,

                                                      

                                           (8.120)

ou seja,  essa � uma onda plana dita inhomog�nea, pois sua amplitude varia no plano de fase constante.  Assim, as superf�cies de amplitude constante, s�o distintas das superf�cies de fase constante.  O vetor de onda no meio 2 � da forma

                                                             

                                                  (8.121)

com

                                                             

.                                                  (8.122)

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            A reflect�ncia para incid�ncia obl�qua pode ser obtida diretamente da Tabela 8.1.  � interessante considerar, no entanto, o caso em que a onda est� polarizada no plano de incid�ncia, onde ocorre o �ngulo de Brewster.  Da Tabela 8.1, para onda no plano de incid�ncia,

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Fig.8.11 Reflect�ncia de um meio absorvedor para onda p.

Fig.8.12 Detalhe do efeito de deslocamento do �ngulo de Brewster em um meio absorvedor para onda p.

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Fig.8.13 Reflect�ncia de um meio absorvedor para onda s.

8.6 Reflex�o para incid�ncia frontal em um meio condutor

8.6.1 Determina��o dos campos dentro e fora do condutor

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Fig.8.14 Ilustra��o de uma onda eletromagn�tica com incid�ncia frontal em um meio condutor.

                                                              

,                                                   (8.138)

                                                          

,                                                (8.139)

                                                            

,                                                  (8.140)

                                                             

.                                                  (8.141)

            O campo el�trico total no meio de entrada � dado por

                                                                

,                                                     (8.142)

e o campo f�sico,

                                                             

.                                                  (8.143)

Definindo

                                                                  

,                                                       (8.144)

utilizando-se(8.138), (8.140), (8.142)-(8.144) obt�m-se

                                                     

.                                          (8.145)

             Note-se que para

, essa express�o pode ser posta na forma

                                                   

.                                        (8.146)

            � importante notar que, diferentemente das ondas viajantes convencionais que se propagam no espa�o, a distribui��o do campo obtido da superposi��o de onda incidente com a onda refletida forma uma onda estacion�ria no meio 1, com os m�ximos e m�nimos estacion�rios, conforme ilustrado na Fig.8.15.  O campo, na aproxima��o de um meio de alta condutividade, tem um valor muito pr�ximo de zero na superf�cie do condutor.

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             O campo magn�tico total no meio de entrada

                                                               

                                                    (8.147)



Fig.8.15 � Forma de onda do campo el�trico total no exterior do meio condutor.

� obtido com o emprego de (8.139) e (8.141).  O campo f�sico, obtido na forma usual assume a forma

                                                 

.                                      (8.148)

            Que tamb�m forma uma onda estacion�ria no meio de entrada, com um m�ximo na superf�cie do condutor.  Observa-se que as formas de onda associadas aos campos el�trico e magn�tico est�o defasadas de

.  A Fig.8.16 ilustra essas formas de onda.

            Os campos no condutor podem ser obtidos com o emprego de (8.28)-(8.29) e (8.137) com o vetor de onda no meio condutor dado por

                                          

                               (8.150)

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Fig.8.16 � Formas de onda dos campos E e H na regi�o externa ao condutor.

            O campo f�sico no condutor � dado por

, e de (8.150)

                                        

                              (8.151)

            Essa express�o mostra que o campo no condutor decai exponencialmente, e se propaga no sentido z com velocidade de fase

.  Uma vez que n >> 1, a velocidade de fase no condutor � muito menor do que a velocidade da luz. Um outro aspecto importante em (8.151) � o fato de o campo ser muito pequeno no interior do condutor. Isso devido ao fator multiplicador 1/n na amplitude do campo nessa express�o.  

            O campo magn�tico no condutor � obtido de (8.29) e (8.149), o que resulta em

                                       

,

e com o emprego da rela��o

 fornece

                                                  

.

Utilizando (8.137) nessa �ltima express�o, obt�m-se

                                                

,

ou equivalentemente

                                                      

.                                          (8.152)

            O campo f�sico � obtido da rela��o

                                                           

,

o que fornece

                                               

                                    (8.153)

            A Fig.8.17 mostra o comportamento do campo magn�tico no interior e no exterior do condutor.  Note-se que o campo magn�tico no interior do condutor tem um valor de entrada m�ximo, igual ao campo total no exterior, como deveria ser pelas condi��es de contorno. Vale tamb�m observar que a escala espacial de queda do campo e periodicidade s�o da ordem de

, como indicado em (8.153).  O campo el�trico no interior do condutor n�o est� mostrado por ter uma valor de entrada praticamente nulo, para o caso de um bom condutor.

8.6.2 Profundidade de penetra��o e resist�ncia de folha

            Alguns par�metros s�o �teis na descri��o das propriedades de condutores, com respeito � penetra��o de uma onda eletromagn�tica. Um deles � a imped�ncia de onda no condutor definida por

                                                               

.                                                    (8.154)

Com o emprego de (8.150) e (8.152) nessa express�o, obt�m-se

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.                                                   (8.155)



Fig. 8.17 Comportamento do campo magn�tico dentro e fora de um bom condutor.

            Nota-se dessa express�o que a imped�ncia de onda do condutor � indutiva, ou seja, a energia armazenada no condutor, devido � penetra��o da onda eletromagn�tica � predominantemente magn�tica. Isso, de fato ocorre, uma vez que, como comentado anteriormente, o campo el�trico � muito pequeno no interior do condutor, o que n�o ocorre no caso do campo magn�tico, como mostra (8.153). Este, no entanto, apesar de come�ar de seu m�ximo na superf�cie, decai exponencialmente no condutor. A queda ser� tanto mais r�pida quanto maior for o coeficiente de extin��o

 do condutor.

            O grau de penetra��o do campo no condutor pode ser relacionado diretamente � freq��ncia e � condutividade do material. A profundidade de penetra��o

 em um condutor[2] � obtida da condi��o de o argumento da exponencial decrescente em (8.150) ou (8.152) ser unit�rio, i.e.,

                                                                  

,

o que fornece

                                                                   

.                                                        (8.156)

Com o emprego de (8.133) essa express�o pode ser colocada na forma

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,                                                   (8.157)

em que

 � a freq��ncia em Hertz.

            � importante observar, que a imped�ncia de onda pode ser redefinida em termos da profundidade de penetra��o. Isso pode ser obtido com o emprego de (8.155)-(8.157), o que fornece

                                                              

,                                                   (8.158)

com

                                                                  

,                                                       (8.159)

definida como a resist�ncia de folha, cujo significado do termo e sua interpreta��o est�o elucidados na conclus�o deste Cap�tulo. Pelo momento basta notar, da forma de (8.159), que a resist�ncia de folha seria aquela medida ao longo de uma dire��o de comprimento w com se��o transversal medindo

, conforme ilustrado na Fig.8.18.  Esse valor � independente do valor de w e seria a resist�ncia medida em qualquer regi�o quadrada do condutor de profundidade igual � profundidade pelicular
.

            Note-se que a profundidade de penetra��o diminui com o aumento de condutividade. Al�m disso, esse par�metro torna-se menor � medida que a freq��ncia aumenta. Isso implica que o uso de condutores para o transporte de energia, se torna proibitivo com o aumento da freq��ncia, uma vez que a se��o de passagem de corrente em um condutor torna-se cada vez menor, o que implica em aumento nas perdas por efeito Ohm.  O uso de condutores para transporte de informa��o � tamb�m invi�vel com o aumento da freq��ncia. Por isso utilizam-se linhas de transmiss�o ou guias de onda, com o campo eletromagn�tico respons�vel pelo transporte de informa��o sendo guiado em uma regi�o diel�trica ou vazia confinada por condutores, caso dos guias de onda met�licos ou linhas de transmiss�o, ou em guias diel�tricos, como � o caso das fibras �pticas, para o transporte de radia��o vis�vel ou infravermelha.

            Os campos no metal podem ser expressos em termos da profundidade de penetra��o. Com o emprego de (8.156) em (8.150) e (8.152) obt�m-se, respectivamente

                                             

,                                   (8.160)

                                                     

.                                          (8.161)

8.18 � Geometria de defini��o da resist�ncia de folha de um condutor.

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            Os campos f�sicos assumem portanto as formas

                                 

                       (8.162)

                                              

                                   (8.163)

            A Fig.8.19 ilustra a influ�ncia da condutividade no comportamento dos campos E e H no interior do condutor em um dado instante de tempo. � medida que a condutividade aumenta, o valor de entrada do campo el�trico diminui.  A regi�o ocupada por ambos os campos tamb�m diminui � medida que a condutividade aumenta, devido a uma diminui��o na profundidade de penetra��o no condutor.



Fig.8.19 �Penetra��o de campos em um condutor.

            Para melhor elucidar o conceito de resist�ncia de folha, considere-se o c�lculo da pot�ncia ativa dissipada em um volume de dimens�es

, com
 conforme ilustrado na Fig.8.20.  No volume flui uma corrente cuja densidade �

                                                                  

,                                                       (8.164)

conforme ilustrado na Fig.8.20. A corrente total que atravessa a se��o transversal de dimens�es

 da Fig.8.20, � dada por

                                                        

.

Inserindo (8.160) nessa express�o fornece

                                         

,

resultando em

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.                                      (8.165)

            A potencia ativa dissipada no volume � dada por

                                                  

.                                       (8.166)

Inserindo (8.160) em (8.166), vem

8.20 Geometrias utilizadas no conceito de resist�ncia de folha.

                                              

,

o que fornece

                                                       

.                                            (8.167)

            A potencia ativa m�dia no volume pode ser relacionada �quela dissipada pela corrente que atravessa o segmento de largura w e que flui ao longo da dire��o y de comprimento w, com o emprego da rela��o

                                                             

.                                                  (8.168)

Assim, a resist�ncia do quadrado de largura w pode ser obtida de

                                                               

.                                                    (8.169)

Inserindo (8.159) e (8.161) em (8.163) fornece

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,                                                     (8.170)

ou seja,

                                                                  

.                                                       (8.171)

            Essa �ltima rela��o mostra que a resist�ncia do quadrado de dimens�es

, que leva em conta a passagem de corrente por todo o volume do condutor subtendido por esse quadrado, � de fato a resist�ncia de folha, conforme ilustrado na Fig.8.20.  Note-se que esse par�metro n�o depende das dimens�es do quadrado.  Esse par�metro permite determinar, por exemplo a resist�ncia el�trica
 de uma �rea do condutor de comprimento l ao longo da dire��o x (do fluxo de corrente) para um segmento atravessado de largura w ao longo da dire��o y da Fig.8.20. Essa resist�ncia seria dada por

                                                                 

.                                                      (8.172)

            Os conceitos de resist�ncia de folha e de profundidade de penetra��o s�o muito �teis na determina��o de atenua��o em guias de onda, por exemplo. Se as paredes condutoras do guia forem feitas de material de alta condutividade, pode-se admitir que os condutores s�o perfeitos para determina��o de campos em uma primeira aproxima��o. O efeito dos campos internos �s paredes podem assim ser desprezados. As perdas no guia de ondas podem ser obtidas com o emprego da resist�ncia de folha. Nessa aproxima��o, tudo se passa como se a corrente de volume estivesse concentrada na superf�cie do condutor, com uma densidade superficial dada por

                                                                

                                                     (8.173)

            Nessa aproxima��o, o campo magn�tico � considerado nulo no interior do condutor.  Com isso, a condi��o de contorno para o campo magn�tico seria aquela dada por (6.67), i.e.,

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,                                                (8.174)

com

 representando o vetor unit�rio ortogonal ao condutor e dirigido para o seu interior. Com
 essa condi��o reduz-se a

                                                                

.                                                      (8.175)

            Em geral, o campo

 no exterior do condutor � obtido como solu��o de um problema de valores de fronteira, como dever� ser mostrado em detalhe no Cap�tulo 10.  Dessa solu��o a densidade de corrente superficial � obtida de (8.175) e com o conhecimento da resist�ncia de folha as perdas nas paredes condutoras podem ser determinadas.

            Uma outra aplica��o dessa formula��o � na determina��o da resist�ncia el�trica de condutores cil�ndricos, por exemplo, em altas freq��ncias, conforme ilustrado na Fig. 8.21.  Na aproxima��o em que o raio a do condutor satisfaz � condi��o

, a resist�ncia el�trica de um comprimento l do condutor, pode ser obtida com base em (8.172), o que fornece

                                                                

.                                                     (8.176)

Com o emprego de (8.159) essa rela��o pode ser posta na forma

                                                              

.                                                   (8.177)

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8.21 � Geometria de um condutor cil�ndrico.

Problemas

 

8.1 Uma onda plana incide em uma interface localizada em x = 0. Admita que o meio de entrada, localizado na regi�o

 tenha �ndice de refra��o
 e a regi�o x > 0 tenha �ndice de refra��o
.  Admitindo o vetor de onda de entrada dado por

a) Determine a equa��o geral do plano de incid�ncia.

b) Determine o vetor de onda da onda refletida.

c) Determine o vetor de onda da onda transmitida.

d) Determine os �ngulos de incid�ncia e de refra��o.

e) Fa�a um desenho mostrando a disposi��o do sistema de coordenadas, vetores e �ngulos envolvidos.

8.2 Para o Problema 8.1, admita que ambos os meios sejam n�o-magn�ticos, i.e.,

.  Admita que o campo el�trico associado � onda incidente tenha amplitude
.

a) Escreva uma poss�vel express�o para o vetor campo el�trico da onda incidente, se esta est� polarizada no plano de incid�ncia.

b) Para essa express�o do vetor campo el�trico determine o vetor campo magn�tico da onda incidente.

c) Fa�a um desenho mostrando a disposi��o do sistema de coordenadas e grandezas vetoriais envolvidas.

c) Determine os coeficientes de reflex�o e transmiss�o para essa polariza��o.

d) Determine os vetores campo el�trico e magn�tico da onda transmitida.

e) Determine a reflect�ncia e a transmit�ncia da interface.

f) Determine a pot�ncia total refletida e transmitida de uma por��o da interface de comprimento W = 1m na dire��o y e comprimento L = 1m na dire��o z.

8.3 Repita o Problema 8.2 para

 e admitindo que o campo incidente tenha polariza��o perpendicular ao plano de incid�ncia.

8.4 Para o Problema 8.2, determine o campo total

 no meio 1 e no meio 2.

8.5 Para o Problema 8.3, determine o campo total

 no meio 1 e no meio 2.

8.6 Para o Problema 8.2, determine a energia m�dia total armazenada na regi�o

                                        

8.7 Para o Problema 8.3, determine a energia m�dia total armazenada na regi�o

                                        

8.8 Uma onda plana incide em uma interface planar. O meio de entrada tem permeabilidade relativa e permissividade relativa dadas, respectivamente, por

. O meio de sa�da � o v�cuo.

a) Determine os coeficientes de reflex�o e de transmiss�o para incid�ncia normal.

b) Determine o �ngulo critico para reflex�o interna total.

c) Determine o �ngulo de Brewster.

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8.9 Determine a rela��o entre os par�metros materiais

,
 e 
,
 dos dois meios separados por uma interface planar, para que o �ngulo de Brewster associado a uma onda p  incidente no meio 1 tenha �ngulo de Brewster

8.10 Considere uma interface entre meios n�o-magn�ticos, i.e.,

.  Assuma que uma onda plana polarizada no plano de incid�ncia incida do v�cuo (meio 1) para o meio material (meio 2). � poss�vel se obter um �ngulo de Brewster
 para algum �ndice de refra��o do meio 2?

8.11 Mostre que para meios n�o magn�ticos, o �ngulo de Brewster para ondas p, equivale � condi��o

.  Interprete esse resultado a partir de um diagrama mostrando a orienta��o relativa dos vetores de onda das ondas incidente, refletida e refratada.

8.12 Uma onda plana incide do v�cuo (meio 1) em uma interface localizada em z = 0. Admita que o vetor de onda da onda incidente seja dado por

.  Admita que o campo el�trico associado a essa onda plana seja dado por

 

.


 
O meio 2, localizado na regi�o

, tem �ndice de refra��o
 e imped�ncia de onda
.

a) Determine o vetor campo magn�tico da onda incidente

b) Determine os vetores campo el�trico e campo magn�tico das ondas refletida e refratada.

c) Determine o menor �ngulo entre  a dire��o da componente tangencial � interface do campo el�trico refletido e aquela do campo el�trico incidente.

d) Determine o menor �ngulo entre  a dire��o da componente tangencial � interface do campo el�trico transmitido e aquela do campo el�trico incidente.

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8.13     Considere uma onda plana incidente do v�cuo (meio 1) em uma interface localizada em z = 0. O meio 2 tem permeabilidade

 e � absorvedor, com �ndice de refra��o complexo
.  Admitindo que o �ngulo de incid�ncia seja
, determine o �ngulo de refra��o 
.

8.14 Para o caso da interface definida no Problema 8.13, determine a reflect�ncia para incid�ncia normal, i.e.,

.

8.15 Para o caso da interface definida no Problema 8.13:

a) Determine aproximadamente o �ngulo de Brewster, de acordo com a formula��o descrita no texto.

b) Determine o valor da reflect�ncia m�nima, de acordo com a formula��o desenvolvida neste Cap�tulo.

8.16 Considere uma onda plana incidente do v�cuo em um bom condutor, localizado na regi�o z > 0.  Admita que

. Determine uma express�o para a pot�ncia m�dia dissipada no meio condutor por unidade de �rea de sua superf�cie.

8.17 Considere um condutor com condutividade

. Determine a profundidade de penetra��o para:

a)

.

b)

c)

8.18 Para um campo de amplitude

 com incid�ncia normal em um meio condutor, determine o m�dulo da amplitude de entrada do campo el�trico transmitido no condutor(i.e., calculado em z = 0), para cada uma das condi��es especificadas no Problema 8.17.


[1] Um dos casos em que esse par�metro � complexo � tratado na se��o 8.4

[2] O subscrito s adv�m do ingl�s skin (pele ou pel�cula. Skin depth � Profundidade pelicular)

Como ocorre a propagação de ondas eletromagnéticas?

Ondas eletromagnéticas são oscilações produzidas por campos elétricos e magnéticos, que se propagam através do vácuo ou de meios materiais, transportando energia. Ondas eletromagnéticas são oscilações formadas por campos elétricos e magnéticos variáveis, que se propagam tanto no vácuo quanto em meios materiais.

Como as ondas de propagam?

As ondas podem ser classificadas segundo sua direção de vibração: ondas que se propagam na mesma direção que seu estímulo são longitudinais, já as ondas que se propagam em direções perpendiculares às do seu estímulo são ondas transversais.

O que e a propagação de uma onda?

Se um distúrbio é gerado em algum ponto do meio, as partes que se movimentam atuam sobre as partes vizinhas, transmitindo parte desse movimento e fazendo com que essas partes se afastem temporariamente de sua posição de equilíbrio.

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