03/05/16 | Biotecnologia e biossegurança
Fungos e bactérias fazem plantas crescerem mais
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Não é raro associarmos as bactérias às doenças que essas podem causar, tal como tuberculose, ou mesmo furúnculos. Entretanto, muitos destes organismos desempenham funções muito importantes para o meio ambiente e à vida humana.
Bactérias saprofágicas, por exemplo, ao se alimentarem da matéria orgânica sem vida, transformam-na em compostos inorgânicos mais simples, que serão incorporados em outros níveis tróficos da cadeia alimentar. Assim, juntamente com outros decompositores, como os fungos, exercem um papel de extrema importância para a manutenção da vida na Terra. Outras bactérias, ainda, são capazes de fixar nitrogênio, fertilizando o solo e fornecendo compostos nitrogenados a diversas plantas.
Indivíduos fermentadores são aqueles que degradam parcialmente moléculas orgânicas ricas em energia, podendo resultar em diversos produtos, dependendo da substância e do micro-organismo que desempenhou tal função. O álcool etílico e o ácido lático podem ser resultantes deste processo; e desses são fabricadas bebidas, por bactérias do gênero Acetobacter; e coalhadas e iogurtes, pelos gêneros Lactobacillus e Streptococcus. Outras espécies fermentadoras, ainda, podem viver de forma harmônica em nosso organismo, controlando a população de outros micro-organismos, inclusive os patogênicos.
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Quanto às biotecnologias, genes bacterianos são um dos mais utilizados no desenvolvimento de organismos transgênicos; sendo que algumas espécies, como as do Gênero Agrobacterium, auxiliam no transporte dos novos genes ao genoma do indivíduo a ser modificado. Na indústria, estes seres vivos são utilizados na fabricação de antibióticos e substâncias, como a acetona e o ácido glutâmico.
Tais organismos, ainda, podem auxiliar na limpeza de substâncias prejudiciais ao meio ambiente, como pesticidas e até mesmo petróleo e substâncias radioativas. Estações de tratamento de esgoto utilizam amplamente bactérias anaeróbicas para a conversão da matéria orgânica em produtos que podem ser utilizados, após o devido tratamento, como fertilizantes; e, em um estágio próximo, as aeróbicas se encarregam de degradar as partículas menores da parte líquida do esgoto, permitindo com que a água resultante seja tratada e devolvida aos rios e oceanos.
Por Mariana Araguaia
Bióloga, especialista em Educação Ambiental
Equipe Mundo Educação
Matéria escrita na disciplina de extensão de integração acadêmica do Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas: Microbiologia e Imunologia.
Elas não são apenas vilãs!
Parte das bactérias conhecidas e estudadas produzem genes que codificam fatores de virulência, que fornecem a elas
melhores mecanismos de invasão, infecção e produção de toxinas que alteram o metabolismo das células animais, gerando danos aos tecidos. Estes micro-organismos ganham entrada no corpo humano através das mucosas, da inalação, de lesões na pele, da utilização de próteses e de procedimentos hospitalares invasivos. Em casos mais graves, ao atingirem a corrente sanguínea, elas se disseminam rapidamente pelo organismo, podendo acometer inclusive o cérebro, os pulmões, o coração e outros órgãos, que
têm, assim, o seu funcionamento gravemente prejudicado. Por essas e outras razões, quando se fala em bactérias no geral, a reação da maioria das pessoas é de repulsa. Contudo, este é um pensamento errôneo! O ser humano não fica doente a todo momento, e isso se deve não somente à ação direta do sistema imune, como também à presença da microbiota residente. Este termo se refere à grande população fixa de micro-organismos (principalmente bactérias) presente em determinados locais do organismo
animal, como pele, mucosas e trato digestivo.
A microbiota residente
O homem é composto por mais células procarióticas do que eucarióticas (cerca de cem vezes mais) por conta da presença da microbiota. Esta é adquirida no momento do nascimento por parto normal, em que o bebê recebe as bactérias da microbiota do canal vaginal da mãe. A partir daí, ele passa a entrar em contato com o ambiente externo, recebendo bactérias presentes no local do nascimento e também através
do contato com médicos, enfermeiros e, principalmente, com seus pais. Bebês que nascem por parto cesariano adquirem primeiramente as bactérias do ambiente hospitalar, perdendo a então a sua primeira e mais importante forma de proteção, já que esta pode protegê-los mais eficientemente contra uma possível invasão de micro-organismos virulentos com a formação dessa “capa” bacteriana sobre o corpo do recém-nascido, principalmente pelo fato de bebês não possuírem ainda o sistema imune desenvolvido.
As bactérias, então, se aderem aos órgãos e vão aumentando em número e em diversidade. Com isso, a microbiota residente vai sendo estabelecida e modificada, de acordo com o crescimento da criança.
A microbiota é pessoal: cada indivíduo possui um aporte distinto de bactérias. Ela tem extrema importância por ocupar todo o espaço que poderia ser tomado por bactérias e outros micro-organismos virulentos e produzir substâncias microbicidas, impedindo a adesão e a colonização dos patógenos no
hospedeiro. Além disso, a microbiota estimula a ativação do sistema imune para que o número dessas bactérias se mantenha sob controle e, no trato intestinal, ajuda na metabolização de nutrientes obtidos na alimentação, para que sejam absorvidos e bem aproveitados pelo organismo.
A microbiota, principalmente a intestinal, pode sofrer desequilíbrios, por exemplo, na administração de antibióticos e em casos de imunossupressão. Nesses casos, a ingestão de alimentos probióticos auxilia na
reposição dessas bactérias, como o leite fermentado. Estes vão repor a microbiota, fornecendo uma proteção temporária ao trato intestinal até que as fixas consigam novamente se proliferar e atingir a quantidade ideal.
Concluindo, o ser humano é habitado por bactérias desde os seus primeiros segundos de vida, mesmo sem estar doente, e este fato comprova, então, que as bactérias são fundamentais para o equilíbrio do nosso organismo, principalmente para o sistema digestivo.
Referências:
//www.humanasaude.com.br/noticias/bacterias-sao-fundamentais-para-equilibrio-do-corpo,17158
//www2.uol.com.br/sciam/noticias/bacterias_placentarias_poderiam_moldar_a_saude_humana.html
//veja.abril.com.br/noticia/saude/a-cura-pelas-bacterias
//www.ebah.com.br/content/ABAAAgGqEAK/fatores-virulencia-toxinas
//www.icb.usp.br/bmm/mariojac/arquivos/Aulas/Microbiota_residente.pdf