É possível uma pessoa ser batizada com o Espírito Santo e não falar em línguas?

Eis a questão do século discutida por muitos: Falar em outras línguas é evidência de batismo com o Espírito Santo ou não? É possível o crente batizado com o Espírito Santo e não falar em línguas?

Certamente você já ouviu muitos crentes dizendo que alguém batizado com o Espírito Santo e não falar em línguas não é possível de acontecer; mas se examinarmos a Bíblia com cuidado veremos o contrário!

Nota: Essa questão divide opiniões e torna-se as vezes polêmica, portanto, antes que se levantem julgamentos e críticas, quero dizer que hoje sou membro da igreja Batista, mas com 8 anos de caminhada na Assembleia de Deus (que ainda amo S2), e não sou contra o dom de falar em línguas desconhecidas (penso que nenhum crente deva ser contra, de acordo com 1 Coríntios 14:39), pois eu também recebi este dom do Espírito Santo.

Mas sou a favor de que se use este dom com entendimento, como o apóstolo Paulo ensinou (1 Co 14:14-16), e não “às cegas”, como muitos irmãos tem feito (infelizmente), dando mais ênfase às experiências “super-espirituais” e ao exibicionismo, e pouco pensando na edificação e em quem está no culto (1 Co 14:23-25).

Muitos crentes imaturos julgam que se um outro irmão em Cristo alega ser batizado com o Espírito Santo e não falar em línguas, então não é batizado.

E ainda acrescentam dizendo que ele(a) não está conseguindo alcançar o batismo devido estar em pecado ou não estar abrindo seu coração para Deus, então o pobre irmão sofre certos preconceitos e, digamos, “mini desprezos”.

É triste saber que muitos irmãos são “discriminados” por outros por causa dessa questão que é mal interpretada, pois a maioria dos crentes não examina o contexto histórico da época dos apóstolos, assim como as instruções que escreveu o apóstolo Paulo sobre o uso dos dons espirituais, e como o Espírito Santo os distribui aos crentes.

Ora, acerca dos dons espirituais, irmãos, eu não quero que sejais ignorantes. (1 Co 12:1)

É possível que um cristão seja batizado com o Espírito Santo e não falar em línguas?

Nem todos falam em línguas estranhas, isto é, desconhecidas; comprove nos versículos abaixo:

O que fala em uma língua desconhecida edifica-se a si mesmo, mas o que profetiza edifica a igreja. Eu quero que todos vós faleis em línguas; mas antes que profetizeis,” (1 Coríntios 14:4,5 KJF)

Está claro no texto acima que nem toda pessoa batizada com o Espírito Santo fala em línguas, pois o apóstolo Paulo que “aquele que fala” edifica a si mesmo; então fica óbvio que há quem não fale!

O apóstolo ainda expressa seu desejo de querer que todos falem, mas não falam!

Nem todos os crentes falam línguas desconhecidas, mas todos que creram em Jesus foram batizados com o Espírito Santo e são úteis ao Reino de Deus, cada um com a capacidade que receberam do Espírito!

“Portanto, aquele que fala em língua desconhecida, ore para que a possa interpretar.” (1 Co 14:13 KJF).

Aquele que fala em língua desconhecida ore para que interprete, a fim de edificar a igreja; mas e quem não fala?

Mais uma vez está claro que nem todos os crentes tem o dom de falar em línguas estranhas, isto é, desconhecidas.

Portanto, qualquer verdadeiro irmão em Cristo é batizado com o Espírito Santo e pode não falar em línguas.

Não há motivos para ficar “empurrando” no irmão que receba o batismo no Espírito Santo, pois se ele creu e já recebeu a Cristo, então é batizado! (1 Co 12:13), até porque a Bíblia afirma que quem não tem o Espírito de Cristo este tal não é dele! (Rm 8:9)

À partir do momento em que cremos no Senhor somos batizados com o Espírito Santo, depois disso todos precisamos nos encher dele para crescermos e amadurecermos em seus dons espirituais, o que obviamente inclui o dom de falar em línguas desconhecidas (Ef 4:18; 1 Co 12:31; 14:12).

Ainda ensinando a respeito da diversidade de dons espirituais em 1 Coríntios 12…

O apóstolo Paulo deixa essa questão mais esclarecida em sua fala nesses versículos:

E Deus colocou alguns na igreja, primeiro apóstolos, em segundo lugar, profetas, em terceiro, mestres, depois milagres, depois, dons de curar, de ajudar, de governar, de diversidades de línguas.

São todos apóstolos? São todos profetas? São todos mestres? São todos operadores de milagres? Têm todos do dom de cura? Falam todos em línguas? Fazem todos interpretações?

Portanto, procurai fervorosamente os melhores dons …  (1 Coríntios 12:28-31a KJF)

Note claramente no texto acima que quando Paulo ensina sobre a diversidade dos dons espirituais, ele destaca que cada um recebeu do Espírito Santo o que o mesmo quis dar, comprove no versículo abaixo.

“Mas um só e o mesmo Espírito que opera todas essas coisas, dividindo solidariamente a cada homem como ele quiser.” (1 Co 12:11 KJF)

No texto mais acima o apóstolo Paulo faz perguntas retóricas aos crentes de Corinto, isto é, já ciente da resposta, pois ele já sabe que o Espírito reparte os dons a cada um como Ele quer.

Logo, falam todos em línguas desconhecidas? Claro que Não! Mas só aqueles a quem o Espírito Santo quis dar este dom!

Nunca foi dito que todos são obrigados a falar em outras línguas para provarem que são realmente batizados com o Espírito Santo, assim como nem todos os casos de batismo em Atos registram a manifestação deste dom (Atos  8: 36-39; 16:14-15, 32-34).

Não pode existir este negócio que uma pessoa creu em Cristo e foi regenerada por Sua Palavra, e mesmo assim não recebeu o Espírito Santo (ou o batismo com Ele), pois a vida cristã só é possível com o Espírito Santo! (Rm 8:11,13)

Falar em outras línguas não pode ser tomado como regra nem doutrina de evidência do batismo com Espírito Santo, isto é relato histórico, e não doutrina!

Houve uma manifestação do Espírito Santo em Atos 2 através dos discípulos para certos propósitos, veja-os abaixo:

  • O cumprimento de profecias como de Joel 2:28,29sobre o início do ministério do Espírito Santo e a manifestação do mesmo, não somente através dos profetas de Israel, mas de cada um que crê em Cristo (até mesmo gentios);
  • Os judeus e os convertidos ao judaísmo vinham de várias partes do Oriente Médio para celebrar a festa de Pentecostes em Jerusalém, eles falavam outros idiomas que os galileus não falavam, por isso o Espírito Santo usou estes 120 discípulos galileus capacitando-os de forma sobrenatural a falar o idioma dos ouvintes, e assim convencê-los sobre Jesus com poder e eficácia (Atos 2:36-38).
  • As línguas (idiomas) faladas em Atos 2 não eram desconhecidas, pois os que a ouviam entendiam e sabiam de qual idioma se tratava. (Atos 2:7-11);
  • Os outros idiomas falados pelos discípulos e gentios no decorrer do livro de Atos serviram para mostrar aos judeus que Deus estava chamando os gentios à Sua nova aliança em Cristo, sem a necessidade dos ritos e costumes da Lei de Moisés (Atos 10:44-46; 15:1-12).

Deus chamou os gentios e samaritanos para Sua aliança, e capacitou pelo Espírito Santo aos que creram em Jesus com o dom de falar em outras línguas.

Isto serviu para “sinalizar” aos judeus a extensão da aliança divina com os não-judeus (gentios), pois havia hostilidade dos judeus para com os outros povos (Ef 2:11-18; At 26:22-23).

Através do dom de falar em outras línguas (ou idiomas, como descrito em Atos 2:7-11) o Espírito Santo trabalhou em dois cenários.

  1. Deu este dom primeiramente aos discípulos (em Atos 2) para chamar atenção dos judeus e prosélitos (não judeus, mas convertidos ao judaísmo), e assim fazê-los crer em Jesus, o Messias, através de um feito sobrenatural;
  2. Depois de ter capacitado de forma sobrenatural os discípulos galileus a falarem outras línguas, fez o mesmo com os gentios e samaritanos que ouviram o evangelho e creram em Cristo, assim demonstrou aos judeus e aos discípulos que Deus queria formar um povo só em Cristo pela nova aliança (sem a necessidade de converterem-se ao judaísmo) (Atos 15: 7-9).

A aliança de Deus era somente com os judeus até antes de Cristo, e estes desprezavam gentios (Atos 21:27-29) e eram inimigos dos samaritanos (Jo 8:48).

Logo, para que fosse comprovada a justificação dos gentios e samaritanos e assim sua salvação, santificação e inclusão no Reino de Deus, era necessário que estes se igualassem aos judeus no que diz respeito à aliança divina.

“Enquanto Pedro falava ainda estas palavras, o Espírito Santo caiu sobre todos os que ouviam a palavra.

E surpreenderam-se os que criam na circuncisão, os muitos que vieram com Pedro, pois também sobre os gentios havia sido derramado o dom do Espírito Santo.”

Porque eles os ouviam falar em línguas, e magnificar a Deus. (Atos 10:44-46a KJF)

Se essas evidências de que receberam o Espírito Santo (como os discípulos em Atos 2 receberam) não acontecessem com os gentios, eles continuariam sendo desprezados da aliança divina. Entende agora?

Mas as “línguas” que os gentios falavam no texto acima não se tratam da mesma coisa de 1 Coríntios 14, pois no caso acima são idiomas conhecidos pelas pessoas daquele tempo (v.46), já em 1 Coríntios 14 são línguas desconhecidas as quais, com oração, é necessário buscar entendimento para interpretação (1 Co 14:5,13,26-28).

Preste bem atenção neste contexto: em Atos 15 alguns crentes judeus/fariseus tentaram impor aos gentios que estavam se convertendo que também se circuncidassem, caso contrário não seriam salvos.

Mas como os apóstolos e discípulos da igreja primitiva poderiam provar que estes já haviam sido justificados e aceitos por Deus sem a necessidade da circuncisão ou dos demais costumes judaicos provenientes da lei?

Acontecendo com eles o mesmo que aconteceu com os discípulos em Atos 2 (falar em outras línguas exaltando a Deus, após terem recebido o dom do Espírito Santo – At 2: 38-39), veja:

E, havendo muita discussão, Pedro levantou-se e disse-lhes: Homens e irmãos, vós sabeis que há um bom tempo Deus me escolheu dentre vós, para que por meio de minha boca os gentios ouvissem a palavra do evangelho e cressem.

E Deus, que conhece os corações, lhes deu testemunho, dando-lhes o Espírito Santo, assim como ele fez a nós; E não põe diferença entre nós e eles, purificando o seu coração pela fé. (Atos 15: 7-8 KJF)

Precisamos separar relato histórico de doutrina, e relato histórico não é doutrina!

Mas (infelizmente) a questão do crente ser batizado com o Espírito Santo e não falar em línguas sempre será motivo de debate dentre os cristãos, e sinceramente meu sonho é que, com maturidade e entendimento, houvesse um consenso entre todos nós neste assunto.

Mas sem pensar nisso cada um quer expor seu ponto de vista, cada denominação tem uma doutrina diferente com relação a esse assunto, e infelizmente algumas julgam-se mais corretas que as outras, dando lugar ao conflito, às críticas e discriminações, e afastando algumas pessoas que queriam aproximar-se da igreja e do corpo de Cristo.

Não é por causa de nossas discordâncias que Deus deixará de salvar vidas, é claro, mas elas infelizmente geram problemas que poderiam ser evitados e fazem as igrejas se dividirem umas contra as outras.

Tomara que consigamos ser maduros daqui pra frente e eliminar este ar de “rivalidade” dentre nós, e em fim nos tornarmos um só corpo como ensinado em 1 Coríntios 12:12-27 e como nosso Senhor trabalhou por nós para realizar isto, e orou a este repeito em João 17:11,20-23.

A minha recomendação é que vigiemos para que não sejamos religiosos e nem crentes denominacionais (“eu sou batista, eu sou assembleiano, eu sou metodista, eu sou pentecostal”, “a igreja certa é a minha”, etc.), mas que todos, como filhos de Deus, trabalhemos juntos para Seu Reino, sem essa dissensão que mais afasta os descrentes do que os aproxima.

Se você recebeu do Espírito Santo o dom de falar em línguas desconhecidas, use-o para edificar a igreja de Cristo!

“Assim acontece com vocês. Visto que estão ansiosos por terem dons espirituais, procurem crescer naqueles que trazem a edificação para a igreja.” (1 Coríntios 14:12 NVI)

Quer aprender mais como interpretar a Bíblia de maneira correta?

Como você viu neste estudo, o exame do contexto histórico envolvendo diversas situações na Bíblia é muito necessário para se chegar a um entendimento completo da interpretação da Palavra.

A interpretação bíblica fica amadurecida quando examina-se o contexto histórico e cultural da época em que ela foi escrita, assim como os acontecimentos à volta das cenas bíblicas.

Vale ressaltar que a Bíblia não fala todos os detalhes de cada situação que se passa nela, por exemplo, por todo Antigo Testamento não se ouve falar uma vez sequer em fariseus e em sinagogas, mas ambos são grandes destaques no Novo Testamento; mesmo assim não é relatado na Bíblia de onde e como surgiram.

Estes detalhes, não pouco importantes, são explicados por outras fontes de estudo, e quando as usamos enriquecemos muito nosso estudo bíblico.

Por isso, se você examinar todo o contexto histórico e cultural envolvendo a Bíblia Sagrada, terá uma compreensão amadurecida dos textos e saberá melhor como aplicar os ensinos bíblicos corretamente nos dias de hoje.

Muitos erros de interpretação das Escrituras podem ser cometidos se ignorarmos o contexto histórico e cultural em volta de cada situação.

Sobre este assunto eu recomendo as seguintes ferramentas de estudo bíblico:

  • Manual de discernimento bíblico, Harold Willmington;
  • História do hebreus, Flávio Josefo;
  • Período interbíblio: 400 anos de silêncio profético, Eneas Tognini;
  • Dicionário Bíblia Wycliffe, CPAD;
  • Bíblia King James Fiel 1611 com estudo Holman;
  • Estudo bíblico: 3 curiosidades e 3 dicas para estudar o contexto bíblico.

Obreiros(as) que trabalham no ensino da Palavra como professores da escola bíblica, pregadores, palestrantes, evangelistas, pastores, presbíteros, missionários, etc., precisam ter conhecimentos extras e ferramentas de estudo bíblico a fim de melhorar a eficácia do ensino, evitar erros, ensinos errados/equivocados e não ficar sem respostas para muitas situações.

Quero sugerir então algumas ferramentas de estudo bíblico para você, obreiro(a) de Deus, aprofundar-se no estudo da Bíblia Sagrada e amadurecer o entendimento de acordo com o teu chamado.

  • 15 Características dos verdadeiros pastores chamados por Deus;
  • Dicas exclusivas para professores da escola bíblica;
  • Capacitação para pregadores da Palavra;
  • Capacitação para o ministério feminino;
  • Capacitação para o ministério infantil;
  • Capacitação para o ministério de jovens e adolescentes;
  • Capacitação para músicos cristãos;
  • Memorização da Bíblia;
  • Outras ferramentas de estudo bíblico.

Deixe seu comentário/testemunho aqui no final deste estudo e ajude a melhorar nossa compreensão sobre o assunto.

Quem não fala em línguas é batizado com Espírito Santo?

Enquanto não falarem em línguas, essas pessoas não serão consideradas batizadas com o Espírito. Outra questão pastoral importante é fato de que certas pessoas, mesmo não falando em línguas, parecem contar com o poder para testemunhar concedido pelo batismo com o Espírito.

Como é falar em línguas quando se tem o Espírito Santo?

Falar em línguas é definido como orar no Espírito, e devemos orar tanto para o Espírito (em línguas) como para a compreensão (na sua língua natural). (1 Coríntios 14:14-15). “Edifiquem-se, porém, amados, na santíssima fé que vocês têm, orando no Espírito Santo.” (Judas 1:20).

Qual a diferença do batismo no Espírito Santo é com o Espírito Santo?

O “batismo do Espírito” refere-se a ser equipado ou capacitado pelo Espírito de Deus para realizar a tarefa que Jesus deu à igreja. Quando o Espírito nos equipa ou batiza, estamos imersos, por assim dizer, no Espírito Santo; às vezes as Escrituras se referem a isso como sendo cheio do Espírito Santo.

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