O que era o Pacto de Varsóvia e que papel ele desempenhava no cenário da Guerra Fria

Ao longo da segunda metade do século 20, o Pacto de Varsóvia, também conhecido como Tratado de Varsóvia, foi uma dor de cabeça contínua para os generais da Otan. É impossível imaginar o período da Guerra Fria sem os constantes embates dessas duas alianças político-militares, as mais poderosas do mundo. Porém, o Pacto de Varsóvia, apelidado também de "reduto da paz" e "escudo do socialismo", foi estabelecido muito mais tarde que seu rival ocidental.

União dos países socialistas

Assinatura do Tratado de Amizade, Cooperação e Assistência Mútua em Varsóvia em maio de 1955.

Sputnik

Os líderes da URSS e dos “países de democracias populares”, como eram então chamados os Estados socialistas da Europa Central e Oriental sob influência soviética, não deram muita atenção à criação da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) pelas potências ocidentais, em 1949. O chamado “Bloco do Leste” acreditava que os acordos defensivos bilaterais que a União Soviética havia fechado com seus novos aliados, bem como a presença das tropas soviéticas em seu território, eram suficientes para garantir sua segurança.

Além disso, a URSS tinha sofrido perdas colossais durante a Segunda Guerra Mundial e não tinha poder econômico e meios técnicos para estabelecer um análogo da Otan. A confiabilidade dos militares nos Estados aliados a Moscou também suscitava grandes dúvidas.

Com o tempo, porém, a situação econômica na URSS começou a melhorar. Graças aos esforços de centenas de conselheiros militares soviéticos, as forças armadas da Alemanha Oriental, da Tchecoslováquia, da Polônia, da Hungria e da Romênia foram reorganizadas seguindo o modelo soviético e muitos de seus oficiais foram treinados em instituições educacionais militares e político-militares soviéticas.

Tanques soviéticos durante os exercícios "Fraternidade em armas".

Semeliak/Sputnik

Já em 1951, o chefe do Estado-Maior do Grupo das Forças Soviéticas na Alemanha, o general do exército Serguêi Chtemenko, deu a ideia, na presença de Ióssif Stálin, de criar uma “aliança militar de países socialistas fraternos". O início do Pacto de Varsóvia só se deu, no entanto, após a morte de Stálin.

O principal gatilho para sua criação foi a assinatura dos Acordos de Paris, em 1954, pelos ocidentais. Segundo os documentos, a Alemanha Ocidental aderia à Otan e era criada uma organização político-militar de países europeus: a União da Europa Ocidental.

Após esse fortalecimento de posições potencialmente inimigas na Europa, a URSS, Bulgária, Hungria, Alemanha Oriental, Polônia, Romênia, Albânia e Tchecoslováquia assinaram, em maio de 1955, em Varsóvia, o Tratado de Amizade, Cooperação e Assistência Mútua, que formalizou a criação da aliança político-militar de países socialistas.

Exercícios da Organização do Tratado de Varsóvia.

B.Gzhélski/Sputnik

Sob administração de Moscou

Os membros do pacto se comprometiam a prestar ajuda mútua em caso de ameaças militares, a estabelecer um Comando Conjunto de suas Forças Armadas e a tomar “outras medidas acordadas necessárias para o fortalecimento de sua defesa, para proteger o trabalho pacífico de seus povos, garantir a inviolabilidade de suas fronteiras e territórios”.

Apesar de declarada igualdade dos participantes do acordo, a União Soviética desempenhava papel fundamental nele desde seus primeiros dias de existência até sua dissolução. Os documentos mais importantes avaliados pelo Comitê Consultivo Político, que contava com a participação de chefes de todos os governos dos países aliados, eram primeiramente aprovados por Moscou.

Tanquistas da Tchecoslováquia e soldados soviéticos durante exercícios conjuntos.

Vladímir Pesliak/TASS

Os comandantes soviéticos ocupavam, invariavelmente, as posições de comandante-em-chefe das Forças Armadas Conjuntas e de chefe do Estado-Maior.

Enquanto os Estados Unidos calculavam e distribuíam meticulosamente o fardo financeiro da manutenção da Otan entre todos os países-membros da aliança, a União Soviética financiava cerca de 45% das atividades do Comando Conjunto e do Quartel-General, e cobria 90% dos gastos em manutenção das Forças Armadas Conjuntas e de sua infraestrutura militar.

Combate à contrarrevolução

A aliança político-militar do Bloco Oriental era vista pela liderança soviética como um contrapeso efetivo à Aliança do Atlântico Norte. O líder soviético Nikita Khruschov chamava o Pacto de Varsóvia de "importante fator de estabilização na Europa".

Combates nas rua de Budapeste, 1956.

Berkó Pál/FORTEPAN (CC BY-SA 3.0)

Além de um instrumento de política externa, o Pacto também foi um meio importante para resolver diversas situações de crise nos países socialistas.

Durante o levante húngaro de 1956, conhecido na Hungria moderna como revolução, tropas soviéticas entraram no país para suprimir a contrarrevolução e eliminar a "ameaça de renascimento do fascismo". Segundo o governo soviético, o exército agiu "de acordo com o pedido do governo da República Popular da Hungria, com base no Pacto de Varsóvia assinado entre os países do campo socialista".

Tropas do Tratado de Varsóvia em Praga, 1968.

Tiedemann/Getty Images

Em Budapeste, a URSS resolveu o problema por conta própria, apenas com o apoio do Exército do Povo Húngaro e dos serviços especiais do país. Mas, para suprimir a Primavera de Praga de 1968, Moscou pediu ajuda de seus aliados. Além das unidades soviéticas, as tropas da Polônia, Bulgária, Hungria e Alemanha Oriental entraram na Tchecoslováquia.

O Pacto de Varsóvia expirou em 1985. Em 26 de abril daquele ano, as partes prorrogaram seu prazo por 20 anos, sem suspeitar que o tratado não teria sequer cinco anos de sobrevida. Após o início do colapso da URSS, a queda dos regimes socialistas na Europa Oriental e a unificação da Alemanha, a existência da aliança perdeu todo o sentido.

Em 1° de julho de 1991, os representantes da URSS, Bulgária, Hungria, Polônia, Romênia e Tchecoslováquia assinaram um protocolo em Praga sobre a dissolução completa do Pacto de Varsóvia. Nos 20 anos seguintes, todos os ex-aliados de Moscou entraram na Aliança do Atlântico Norte.

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O que era o Pacto de Varsóvia e O Que papel ele desempenhava no cenário da Guerra Fria?

O Pacto de Varsóvia foi uma aliança militar entre a União Soviética e seus países satélites para reforçar a presença soviética na Europa Oriental. Foi uma reação aos Estados Unidos terem criado a Otan, que também era um acordo militar, mas de defesa dos países alinhados com os norte-americanos.

Qual era o papel do Pacto de Varsóvia?

O Pacto de Varsóvia foi um acordo militar assinado entre as nações do bloco socialista no Leste Europeu na década de 1950. Esse pacto reforçava os laços entre as nações participantes, impondo que elas deveriam ajudar umas às outras em caso de uma guerra.

O que é o Pacto de Varsóvia Brainly?

Pacto de Varsóvia: oposição à OTAN Formado pela aliança entre a União Soviética, Polônia, Alemanha Oriental, Tchecoslováquia, Hungria, Romênia, Bulgária e Albânia, o Pacto de Varsóvia atuou, basicamente, nas crises internas dos países membros. Foi o que ocorreu em 1968, na Tchecoslováquia, durante a Primavera de Praga.

O que foi a OTAN e o Pacto de Varsóvia?

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) surgiu primeiro, em 1949, para lutar contra a expansão do comunismo e retaliar qualquer ataque soviético contra seus países-membros. A resposta da URSS veio em 1955 com o Pacto de Varsóvia, apoiado pelos países do bloco socialista e criado nos mesmos moldes da rival.

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