Por quê empresas estrangeiras tem dificuldade para entrar no brasil

SÃO PAULO – O início da semana passada foi marcada por uma espécie de “euforia” no mercado após a compra do segmento de cosméticos da Hypermarcas (HYPE3) pela francesa Coty. Na mesma semana em que o empresário Abilio Diniz falou que o “Brasil está barato”, essa aquisição indicou exatamente isso, sinalizando que há o interesse de investidores brasileiros no País. 

Porém, o Brasil ainda enfrenta muitos obstáculos para atrair os investidores estrangeiros. Quem destaca estas barreiras é Graziano Messana, italiano que se mudou para o Brasil em 2006 e fundou a empresa de consultoria GM Venture. Messana assessorou nos últimos 10 anos mais de 20 empresas estrangeiras para ingressar no Brasil, mediante aquisições ou abrindo de zero as próprias atividades, garantindo boas práticas de gestão para investidores estrangeiros. 

Com todo o “know-how” de assessoria de empresas para entrar no Brasil, Messana afirma que o Brasil é um país complexo. Ele ressalta quais são as principais obstáculos para as empresas entrarem no País. Confira abaixo os dez pontos sobre os quais o governo e as demais instituições deveriam refletir (e mudar) para atrair investimentos estrangeiros:

1. Complexidade dos impostos: a carga horária média anual necessária para calcular e pagar os impostos no mundo é de 268 horas. Porém, no Brasil, a mesma estatística é dez vezes maior, ou seja, 2.600 horas por ano. Assim, é necessário diminuir a complexidade da carga tributária para atrair os investimentos no País. 

2. Burocracia gerando dificuldade para abrir empresas: Messana faz uma comparação entre Europa e Brasil para a abertura de negócios no País. Enquanto que, para montar uma empresa na Europa, em geral, dez dias bastam, no Brasil, são necessários 80 dias para realizar o mesmo procedimento.

3. Sem normas claras: “Enquanto o mundo fica globalizado e a informação cada vez mais acessível, incrivelmente, no Brasil, para abrir uma conta corrente de uma empresa como sócio estrangeiro, se esta não é bem assessorada, pode demorar meses”. Messana destaca que não existe uma normativa clara que diferencia os investidores que entram no Brasil com empresas residentes em países black-list, “pois somente nesse caso poderia se justificar um rigor maior”. A Lista Negra (Black List) consiste no rol de Estados que ignoram as autoridades fiscais estrangeiras, não cooperando internacionalmente para trocas de informações fiscais.

4. Protecionismo: o Brasil tem um alto grau de fechamento de sua economia, com carga tributária sobre importações muito elevadas, sem contar a burocracia nas alfândegas, ressalta Messana. “Essa política vai destruir o Brasil. Não é assim que o país irá proporcionar uma proteção para as empresas brasileiras. O mundo se abre e outros países buscam acordos de cooperação. O Brasil faz o oposto”, avalia.

5. Ações trabalhistas: Messana destaca que, “depois do futebol, o segundo esporte nacional se chama ‘ação trabalhista’. Este é um fator que gera muito temor aos investidores, afirma ele, uma vez que gostariam de contratar e gerar emprego, mas ficam receosos.

6. Cartório: O gestor afirma que, muitas vezes, a figura do cartório na Europa é usada para certificar os pressupostos para abrir regularmente as empresas. “Aqui, isto é feito pelo trâmite das juntas comerciais que não conseguem dar conta”, avalia. Para uma empresa “nascer”, ela precisa de uma certidão – isso será o registro da sua empresa na Junta Comercial. 

7. Alto custo do dinheiro: o alto custo do dinheiro faz com que poucos negócios possam suportar este alto tamanho de juros. Porém, há alternativas, afirma ele. As filiais das empresas estrangeiras podem 

Mas as filiais das empresas estrangeiras podem se beneficiar de juros muitos baixos dando de garantia as stand-by letters europeias ou americanas, afirma Messana. Elas são cartas de crédito que garantem o pagamento ao beneficiário, em caso de inadimplência do tomador. “Parece que existem apenas os bancos brasileiros e os juros brasileiros e vários investidores desanimam diante disto”, afirma.

8. Hedge cambial: Messana destaca que o mesmo acontece com relação aos principais instrumentos utilizados para hedge cambial, que é a forma de uma empresa se defender em meio às oscilações das moedas. Ele afirma que “as ferramentas tradicionais oferecidas pelos bancos brasileiros são inviáveis. Somente quem sabe se engenhar bem consegue achar alternativas válidas e com preços interessantes, mas é uma minoria”.

9. Falta publicidade: Messana ressalta que existem vários incentivos oferecidos pelos estados e/ou as Prefeituras oferecem, mas há pouca publicidade disso no exterior. “O que adianta estabelecer incentivos se a informação não chega nos países e nas empresas com potencial de investimento?”, questiona.

10. Por fim, um conselho: para Messana, as Instituições Federais e Estaduais deveriam procurar mais os circuitos das Câmeras de Comércio. Irro porque, através desses circuitos, consegue se atingir os Países no Exterior mais facilmente.

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