Quais as principais mudanças feitas no Rio de Janeiro no período joanino?

Revolta da Chibata

Logo após assumir a presidência da República, o marechal Hermes da Fonseca enfrentou, entre 22 e 27 de novembro de 1910, uma sublevação de marinheiros de várias embarcações ancoradas na baía de Guanabara, as mais poderosas unidades da esquadra brasileira. Sob a liderança do marinheiro João Cândido Felisberto, a Revolta da Chibata, como ficou conhecida, visava conseguir o fim dos castigos físicos na Marinha, que, embora abolidos legalmente nos primeiros dias da República, continuavam em vigor. Os revoltosos ameaçavam bombardear a cidade. No dia 26, o governo anunciou aceitar suas exigências e decretou a extinção dos castigos físicos e a concessão de anistia aos que se entregassem.

Guerra do Contestado

A Guerra do Contestado eclodiu no sul do Brasil em 1912, e estava relacionada aos limites territoriais entre Paraná e Santa Catarina. O conflito surgiu da reunião de fiéis em torno da figura carismática de José Maria, curandeiro e rezador a quem a população do planalto catarinense denominava monge. O superintendente do município de Curitibanos, temendo que o monge lhe fizesse oposição política, denunciou ao presidente do estado Vidal Ramos a aglomeração de pessoas em torno do pregador, apontando-as como fanáticos que pretendiam proclamar a monarquia no Brasil.

Em consequência, o presidente do estado organizou uma diligência policial. Antes da chegada da força, o monge se deslocou para Irani, pequena localidade pertencente a Palmas e objeto de litígio entre Paraná e Santa Catarina. A chegada do monge a Irani despertou o receio de que ele e seus seguidores pretendessem tomar posse de um território contestado judicialmente. O presidente do Paraná enviou um destacamento de segurança para expulsá-los. No confronto morreram soldados, seguidores do monge e o próprio José Maria. Formou-se então um movimento com programa e características messiânicas, que passou a agregar opositores dos coronéis locais, desempregados da ferrovia, fazendeiros interessados na questão dos limites territoriais e aventureiros.

A partir de 1913 o governo catarinense montou expedições militares para liquidar com o movimento na localidade de Taquaruçu. O massacre fortaleceu o movimento. Em 1916, uma incursão militar com sete mil homens derrotou definitivamente os adeptos da Santa Religião. Assim chegou ao fim o conflito no sul do Brasil e foi assinado o tratado de limites territoriais entre Paraná e Santa Catarina.

Sedição de Juazeiro

Os choques que ocorreram em 1913-1914 entre o governo federal e as oligarquias cearenses deram origem à chamada Sedição de Juazeiro, que envolveu o padre Cícero Romão Batista e teve início logo após a chegada de Venceslau Brás (1914-1918) à presidência da República.

Por iniciativa de padre Cícero Romão Batista, que no fim do século XIX se instalou em Juazeiro, no município do Crato, situado no vale do Cariri, no Ceará, a região conheceu grande desenvolvimento econômico, com a produção de algodão e de maniçoba destinada ao mercado internacional. Para lá se dirigiram milhares de fiéis em busca de melhores condições de vida e do conselho do padre Cícero, tido como milagreiro. Eram pessoas das mais diversas classes e com interesses diferenciados: comerciantes, bandidos, desabrigados e miseráveis provenientes de diversos estados, em sua maioria do Nordeste.

O crescimento populacional e comercial de Juazeiro fez com que a cidade reivindicasse sua autonomia política do município do Crato. As negociações para uma separação pacífica não foram bem-sucedidas, e o tema dividiu os coronéis dos municípios vizinhos.

A eleição de Franco Rabelo para presidente do Ceará deu início à perseguição aos seguidores do padre Cícero, sob a acusação de que ele abrigava bandidos em Juazeiro. Tropas estaduais tentaram invadir Juazeiro, mas a resistência dos fiéis, que cavaram uma trincheira de 9 km em torno da cidade, aliada ao ataque dos cangaceiros, conseguiu vencer as forças oficiais. Em seguida os revoltosos formaram uma coluna de cinco mil homens que avançou até as portas de Fortaleza. Na capital cearense, as tropas do Exército e da Marinha assistiram impassíveis à derrota de Franco Rabelo. O governo federal decretou estado de sítio e interveio no estado, nomeando como interventor o general Fernando Setembrino de Carvalho. Após o fim da revolta, Juazeiro foi elevado à categoria de cidade.

O Período Joanino, que durou de 1808 a 1821, caracterizou-se pela estadia de D. João VI e sua comitiva, incluindo a Família Real, no Brasil.

O chamado PeríodoJoanino, que se estende de 1808 a 1821, compreende uma fase de transição na história do Brasil. Durante esse período, o Brasil deixou de ser colônia e foi elevado à condição de Reino Unido, junto a Portugal e Algarves, após a vinda do então príncipe regente D. João (futuro D. João VI) e da Família Real Portuguesa para o Brasil, em 1808.

  • Contexto da vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil

O deslocamento de Dom João e sua comitiva para o Brasil teve como fato principal a invasão da Península Ibérica pelo exército de Napoleão Bonaparte. Na época em que Napoleão tornou-se imperador da França (saiba mais detalhes clicandoaqui) e exigiu que as nações europeias fizessem um bloqueio comercial à Inglaterra (rival de Napoleão), Portugal, que era um histórico aliado militar e comercial dos ingleses, recusou-se a cumprir a determinação. Dom João, que já estava à frente do poder – em virtude da loucura de sua mãe, a rainha Maria I – encarregou-se de tal decisão.

Apartida da Família Real portuguesa aconteceu aos 29 dias do mês de novembro de 1807, tendo à frente da frota o experiente vice-almirante Manuel da Cunha Souto Maior. Com a proteção da marinha inglesa, a frota de navios portugueses zarpou da cidade do Porto para o Brasil. A chegada ao Brasil, mais precisamente à cidade de Salvador, na Bahia, ocorreu no dia 22 de janeiro de 1808, mas o desembarque só se efetivou no dia 24.

  • Abertura dos portos

A primeira grande ação de D. João após a vinda para o Brasil ocorreu ainda no mês de janeiro, no dia 28. Foi nesse dia que ele assinou a carta régia que decretava a abertura dos portos às NaçõesAmigas. As ditas “Nações Amigas” eram aquelas que não estavam vinculadas à influência napoleônica e que, pelo contrário, estavam em guerra contra a França e tinham interesse em estabelecer relações comerciais com colônias sob proteção da Inglaterra – que era o caso do Brasil.


Decreto de abertura dos portos às Nações Amigas, assinado por D. João

A abertura dos portos foi importante porque pôs fim a uma das principais características do sistema mercantilista, que ainda vigorava no Brasil: o PactoColonial, ou ExclusivoColonial, isto é, que os colonos brasileiros só podiam negociar direta e exclusivamente com Portugal, sua Metrópole. Com a abertura dos portos, outros países, como a Inglaterra, entraram na rota comercial brasileira. Isso seria importante para que se realizasse a Independência, quatorze anos depois.

  • Elevação do Brasil à condição de Reino Unido

Ainda em 1808, a cidade do Rio de Janeiro passou a ser a capital do Império Português. As transformações pelas quais essa cidade passou durante o Período Joanino foram notórias. Várias reformas urbanas foram feitas, além da promoção de grande agitação cultural. Uma das obras mais famosas desse período foi a criação do JardimBotânico. Antes, porém, a cidade – que já era capital da Colônia – era bem diferente, como diz o historiador Oliveira Lima, em seu clássico D. João VI no Brasil:

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Ao tempo da chegada de Dom João VI, era o Rio de Janeiro capital mais no nome do que de fato. A residência da corte foi que começou a bem acentuar-lhe a preeminência, foi que a consagrou como centro político, intelectual e mundano. Não só a população da cidade, a qual, posto escassa, enchia à cunha sua área limitada e quase transformava em colmeias suas vivendas apertadas, cresceu muito, passando de 50.000 almas, que contava em 1808, a mais de 110.000, número atingido em 1817. Como formou-se uma classe que dantes não existia e que é indispensável numa sociedade em organizada sobre a base hodierna, de burgueses ricos, derivando seus proventos do comércio estrangeiro, o qual dantes também não existia, e familiarizando-se cada dia mais com ideias e cousas da Europa. [1]

No ano de 1815, com o fim do Império Napoleônico e a prisão de Napoleão na ilha de Santa Helena, os países do continente europeu inimigos de Napoleão reuniram-se no Congresso de Viena para que fosse discutido o processo de reconstrução das bases do AntigoRegime (para saber mais sobre o Antigo Regime, clique aqui), abaladas pela RevoluçãoFrancesa. Foi nesse contexto que D. João optou pela permanência em solo brasileiro, mas elevou o Brasil ao status de Reino Unido, junto a Portugal e Algarves. O Rio de Janeiro passou a ser então capital desse Reino Unido. Dessa maneira, o Brasil deixava oficialmente de ser colônia.

  • Missão artística francesa (1816) e a Revolução Pernambucana (1817)

Um dos pontos a serem destacados acerca do Período Joanino é a Missão Artística Francesa de 1816. Por meio dessa missão, vários pintores e escultores que pretendiam sair da França após a derrocada de Napoleão seguiram para o Brasil em uma missão organizada por JoaquimLebreton. Entre os pintores, estavam Jean-Baptiste Debret, que foi o autor dos principais registros das cenas cotidianas do Rio de Janeiro da época.

Outro ponto importante a ser destacado desse período são os fatos transcorridos no mês de março de 1817, em Pernambuco, Paraíba e Ceará, que ficaram conhecidos como RevoluçãoPernambucana. Essa revolução teve como líderes Domingos José Martins, Antônio Carlos de Andrada e Silva e Frei Caneca, que pretendiam construir um regime republicano na região Nordeste, separado do restante do território nacional. Em maio, as tropas portuguesas entraram no centro da Revolução, a cidade de Recife, e prenderam os principais líderes.

  • Fim do Período Joanino

A estadia de D. João no Brasil terminou em 1821, quando foi obrigado a voltar a Portugal, após as revoltas de caráter liberal que começaram na cidade do Porto e exigiam uma nova reunião das cortes para que se fizesse uma Constituição para Portugal.

NOTAS

[1] LIMA, Oliveira. D. João VI no Brasil. Topbooks: Rio de janeiro, 2006. p. 87.

Aproveite para conferir a nossa videoaula sobre o assunto:

Quais foram as mudanças que ocorreram no período joanino?

Além da economia, o país, e sobretudo a capital, que até então era o Rio de Janeiro, sofreram diversas mudanças. Muitas obras de caráter público foram erigidas nesse período, por exemplo, a casa da moeda, o banco do Brasil, o jardim botânico, dentre outras.

Quais mudanças e obras recebeu o Rio de Janeiro durante o período joanino?

A Casa da Moeda, Banco do Brasil, a Academia Real Militar e o Jardim Botânico foram algumas das obras públicas do período joanino. Nas questões externas, Dom João VI empreendeu duas campanhas militares nas fronteiras do país.

Quais foram as transformações culturais ocorridas na cidade do Rio de Janeiro durante o período joanino?

Nessa época, foram construídos chafarizes para o abastecimento de água, pontes e calçadas; abriram-se ruas e estradas; foi instalada a iluminação pública; passaram a ser fiscalizados os mercados e matadouros; organizadas as festas públicas, etc.

Que mudanças ocorreram no Rio de Janeiro com a chegada de Dom João?

O mesmo ocorreu com o mobiliário e a moda. Com a abertura dos portos, o comércio foi diversificado, passando a oferecer serviços como o de cabeleireiros, chapeleiros, modistas. D. João também abriu a Imprensa Régia, de onde surgiu a Gazeta do Rio de Janeiro.

Toplist

Última postagem

Tag