Quais foram as consequências da planificação econômica na União Soviética?

As medidas de Gorbachev (1931-2022) — glasnost e perestroika — na URSS pretendiam mudar o cenário de repressão aberta contra os trabalhadores, garantindo maior liberdade a eles mas também às oposições existentes dentro da própria burocracia do Partido Comunista. O intento disso era realizar uma descentralização das decisões que estavam nas mãos da nomenklatura.

Assim, a perestroika buscava uma reestruturação econômica e a social, e a glasnost, efetivar uma transparência nas decisões políticas da URSS. No entanto, o que era para ser uma fresta desestruturou todo o sistema soviético, que teve seu fim em 1991.

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Tópicos deste artigo

  • 1 - Resumo sobre perestroika e glasnost na URSS
  • 2 - Videoaula sobre perestroika e glasnost
  • 3 - O que foram a perestroika e a glasnost?
    • Perestroika
    • Glasnost
  • 4 - União Soviética era comunista ou socialista?
  • No governo de Gorbachev, o líder soviético deu início a reformas estruturais na URSS.

  • Duas medidas foram a perestroika e a glasnost.

  • A perestroika objetivava mudar os fundamentos econômicos e sociais da nação.

  • A glasnost propunha a luta contra o autoritarismo e a falta de liberdade.

  • O sistema soviético, no entanto, não suportou esses e demais movimentos que surgiram, entrando em dissolução, em 1991, após renúncia de Gorbachev.

Videoaula sobre perestroika e glasnost

O que foram a perestroika e a glasnost?

As principais características da política interna do governo de Gorbachev estiveram relacionadas a duas palavras russas que indicavam as tentativas de mudança no sistema soviético: perestroika e glasnost.

  • Perestroika

Em russo, perestroika tem o significado de “reestruturação”. O uso da palavra tinha por objetivo indicar os caminhos a serem traçados para realizar mudanças estruturais na economia e na sociedade soviéticas. A economia da URSS não alcançou, nas décadas de 1970 e 1980, os altos índices de crescimento econômico verificados em tempos anteriores.

A situação era resultado do esgotamento das formas de organização social soviética, na qual a centralização política e econômica no Estado e no Partido Comunista impedia o desenvolvimento de mecanismos que garantissem o aumento da produtividade.

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  • Glasnost

Já a palavra glasnost tem por significado “transparência” e foi utilizada para representar o processo de abertura política que Gorbachev e o grupo de burocratas soviéticos que o auxiliava pretendiam operar. Era uma tentativa de dar um pouco de transparência aos mecanismos de decisão política da URSS, rigidamente comandada pela nomenklatura, a classe de burocratas que controlava a sociedade soviética.

A perestroika e a glasnost foram, dessa forma, uma tentativa de Mikhail Gorbachev de pôr fim na crise pela qual atravessava a sociedade soviética. E essa crise estava relacionada com o próprio desenvolvimento da URSS.

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O que houve na URSS não foi o socialismo ou o comunismo, mas sim um capitalismo não baseado na propriedade privada. O capitalismo soviético era baseado na propriedade estatal. Os dois tipos de capitalismo se assemelham por manterem como base de seu funcionamento a exploração econômica e social da classe trabalhadora.

No capitalismo de propriedade privada, a classe exploradora geralmente é associada à burguesia. No capitalismo de propriedade estatal, a classe exploradora é a burocracia de Estado. Em ambos os tipos, os trabalhadores estão afastados do controle dos meios de produção e do processo de trabalho.

Gorbachev pretendia, com a perestroika e com a glasnost, resolver a crise que atravessava a URSS, mas foi incapaz de conter a desagregação do sistema soviético. Em 1991, tinha fim a URSS. E o tipo de capitalismo desenvolvido na esfera de influência dos EUA aparecia ao mundo como o vitorioso de uma disputa que marcou o século XX.

Crédito de imagem

[1] Andu Liu | Shutterstock

Tales dos Santos
Professor de História

O desaparecimento do mundo comunista provocado por uma grave crise económica, lançou os países do COMECON (de economia planificada) no mercado capitalista, atraindo os investimentos das multinacionais, que aí ofereciam emprego, enquanto provocavam o desemprego e a desregulação económica e social nos países desenvolvidos e de desenvolvimento intermédio.

O desaparecimento do mundo comunista não era o objetivo de Mikail Gorbachev ao tornar-se presidente da URSS em 1985. O que pretendia era resolver a crise económica, o atraso tecnológico e a escassez de petróleo através de reformas económicas, sem abdicar dos princípios socialistas.

A Perestroika (ou reestruturação) concedia a liberdade de iniciativa e autofinanciamento, mas foi difícil de executar num país habituado à economia planificada e em que o estado ficou com as empresas de tecnologia obsoleta, porque os privados adquiriram as mais rentáveis.

O desemprego e a inflação dispararam e a moeda e os salários, desvalorizaram-se. A escassez do petróleo não permitia pagar a importação de cereais necessária para evitar a fome e Gorbachev enfrentou críticas, a nível interno, devido à queda da qualidade de vida e exigências de maior liberalização, a nível externo, se quisesse empréstimos no Ocidente.

A decisão de reduzir o défice financeiro através do corte nos gastos militares levou à retirada do Afeganistão. Tal precipitou o fim do Pacto de Varsóvia, a queda do bloco soviético e a desagregação do COMECON, cujos países foram lançados no capitalismo e na economia de mercado sem estarem preparados para a liberdade de iniciativa e para a forte concorrência entre estados. Para assegurar a continuidade da cooperação económica, mas também para resolver o problema do armamento nuclear e a «herança de Chernobyl», a Federação Russa, a Bielorrússia e a Ucrânia criaram a Comunidade de Estados Independentes (CEI), em 1991, à qual depois aderiram algumas das antigas repúblicas da URSS.

No final de 1991 Gorbachev demitiu-se sem ter resolvido a crise económica. Boris Ieltsin, o presidente seguinte, abriu o mercado interno russo ao estrangeiro, sem proceder à modernização da indústria, dado que desviou os empréstimos do FMI, dos EUA e da Alemanha para a guerra com a Chechénia (1994-96), aumentando a corrupção, a crise económica e a clivagem social. Só a descoberta de novos poços de petróleo e de gás natural permitiu a transição para a economia de mercado.

A economia internacional ressentiu-se do colapso do bloco soviético por ter desaparecido o COMECON, ou seja, deixou de haver mercado para as produções das economias planificadas dos países de Leste, da Mongólia, de Cuba e do Vietname, gerando forte desemprego e inflação devido à aquisição de produtos no mercado capitalista.

Cada um destes países recuperou a ritmos diferentes, sendo os países de Leste integrados na União Europeia (UE). A recuperação mais rápida foi a da República Democrática Alemã (RDA) que contou com as injeções de capital da República Federal da Alemanha (RFA), onde foi integrada em setembro de 1990; os restantes países beneficiaram de financiamento da UE para apoiar a sua modernização e transição para a economia de mercado, tendo entrado em maio de 2004 os de economia mais avançada (Hungria, Polónia, República Checa e Eslováquia) e em janeiro de 2007 os de economia mais frágil (Bulgária e Roménia).

Estes países contaram ainda com o emprego oferecido por empresas multinacionais e conglomerados transnacionais atraídas por uma mão de obra mais barata e pela oportunidade de deixarem de suportar os benefícios sociais que tinham alcançado os trabalhadores dos países desenvolvidos e de desenvolvimento intermédio. A desregulação económica e social nestes últimos países levou a que os estados tivessem de suportar os custos do desemprego, refletindo-se na política interna e na privatização dos serviços públicos.

O avanço do capitalismo tem sido de tal forma global que se faz sentir, inclusive, nas dinâmicas económicas de países com o Partido Comunista no poder, como o Laos, o Camboja, a Coreia do Norte ou a China.

A desintegração do mundo comunista não foi bem aceite por quem apreciava a estabilidade do pleno emprego e dos serviços de saúde e de educação estatais e rejeitava o individualismo associal do neoliberalismo.

Quais foram as consequências da planificação econômica para a URSS a partir dos anos 1970?

A extinta União Soviética usou o sistema de economia planificada por mais de 70 anos e foi pioneira nesse planejamento. Com o controle do líder comunista Stalin, a URSS conseguiu progredir em determinadas áreas já estabelecidas pelo Estado: as indústrias de grande porte e produção de aço.

Quais foram as consequências da União Soviética?

Uma delas foi o rompimento de relações diretas com a URSS e, consequentemente, o aumento da dependência com os Estados Unidos. Além disso, durante esse período, ocorria em nosso país a Ditadura Militar. Esse clima de tensão contribuiu para a perseguição de comunistas em solo brasileiro.

Quais foram as consequências dos planos quinquenais para a economia da URSS?

O Plano Quinquenal priorizou o desenvolvimento de áreas relacionadas à indústria pesada, como a metalurgia e siderurgia, além de dar grande atenção para a extração de combustíveis fósseis e para a produção de energia elétrica.

Quais os principais problemas da economia planificada?

A economia planificada, como o nome sugere, está baseada no planejamento e costuma estar diretamente ligada a um plano de governo bem específico em seus objetivos. Essa lógica, porém, apresenta problemas de sustentabilidade no longo prazo e é incompatível com o mercado financeiro.

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