Qual é a opinião da mãe em relação à posição do pai do narrador sobre ele vai sair viajando pelo mundo?

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Meu pai, já muito idoso, não me deixara na ignorância; pessoalmente deu-me a educação que pôde e, além disso, mandou-me a uma escola pública rural. Destinava-me ao curso de leis, mas a mi- nha vocação era outra. Dominava-me unicamente o desejo de viajar por mar, e tinha essa inclinação tão arraigada contra a vontade e ordens de meu pai, e era tão surdo às admoestações e insistentes rogos da minha mãe, que parecia que uma espécie de fatalidade me arrastava misteriosamente para o estado de sofrimento e miséria em que mais tarde havia de cair. Meu pai, homem circunspecto e prudente, deu-me excelentes conselhos para me dissuadir dos projetos por que me via entusiasma- do. Uma manhã chamou-me ao seu quarto, onde a gota o prendia; e falou-me asperamente acerca desse assunto. Perguntou-me que razões eu tinha, ou antes que louco desejo era o meu de abandonar a casa paterna e a pátria, onde podia gozar de todas as proteções, além da esperança de aumentar os haveres da família com a minha aplicação e trabalho, e isso passando uma vida tranquila e agradável. Ponderou-me que para tentarem grandes empresas e irem por esse mundo afora procurar aventu- ras, para se elevarem e se tornarem célebres por cami- nhos pouco trilhados, só eram aptas duas categorias de pessoas, as que não têm bens nem recursos de espé- cie alguma e as que pertencem às classes superiores e distintas; – que esse intento ia muito além de minhas forças, pois pertencia à classe média, ou quando mui- to ao primeiro grau da vida burguesa; – que por sua longa experiência havia reconhecido que essa situação era a melhor de todas, a que estava mais ao alcance da felicidade humana, isenta das misérias, dos trabalhos e sofrimentos da classe operária e ao mesmo tempo inacessível ao luxo, ao orgulho, à ambição e inveja dos grandes da terra. [...] Primeira parte – A origem da personagem Robinson Crusoé e sua primeira aventura O trecho a seguir tem início com os aconselhamentos dados pelo pai à personagem, na ocasião, com apenas 18 anos. Professor, além da leitura dos textos deste capítulo, o Manual traz uma lista de obras complementares do PNBE que podem constituir uma valiosa contribuição para a am- pliação do repertório de leitura dos alunos. No texto temos um narrador-personagem, pois ele narra a história e ao mesmo tempo participa dela. Trata-se de um conflito familiar relacionado à opção profissional do narrador, que achava que aquilo que o pai idealizava para ele não tinha qualquer relação com o que de fato ele gostaria de fazer. Resposta pessoal. Professor, o objetivo de uma questão como essa não é o aluno adivinhar o que virá depois, mas fazer suposições por meio da própria imaginação para que depois possa verificar se suas hipóteses correspondem mesmo à história. Texto 1 – Romance de aventura (fragmento I) Prática de leitura Leia apenas as cinco primeiras linhas do próximo texto e responda: 1. Que tipo de narrador encontramos nele? 2. Que conflito vivido pela personagem é possível identificar logo nas três primeiras linhas? 3. O texto que você vai ler é um romance que atravessou gerações e foi inspiração para muitas adaptações, filmes e até programas de TV. Trata-se da história de Robinson Crusoé. O irreme- diável espírito aventureiro da personagem desponta logo no início da obra, quando ela narra os conflitos com a família. Você acha que esse tipo de conflito tem relação com as aventuras que a personagem vai viver no decorrer da narrativa? ANTES DE LER Vista de estaleiro em Deptford, distrito de Londres, Inglaterra, em gravura de 1775. Li br ar y of C on gr es s 85 8TL.indb 85 6/15/15 10:21 AM Foram na verdade bem proféticas as advertências de meu pai, embora naquele momento me pa- recesse que não lhes dava esse valor. Ao terminar, notei que as lágrimas lhe corriam em abundância pelo rosto, principalmente quando se referiu à morte de meu irmão. E também quando me disse que lá viria tempo em que me arrependeria, sem ter ninguém que me valesse, estava tão comovido, que não pôde continuar, confessando que lhe faltava o ânimo. Fiquei deveras sensibilizado com tão afetuoso discurso, a ponto de tomar a resolução de não ir viajar, e estabelecer-me em York, obtemperando assim às intenções e desejos de meu pai; [...] Defoe, Daniel. As aventuras de Robinson Crusoé. São Paulo: Companhia editora nacional, 2005. TROCANDO IDEIAS 1. De que maneira o pai julgava a atitude da personagem Robinson Crusoé de querer se aventurar? 2. Releia o relato da personagem sobre o conselho do pai: [...] Ponderou-me que para tentarem grandes empresas e irem por esse mundo afora procurar aventuras, para se elevarem e se tornarem célebres por caminhos pouco trilhados, só eram aptas duas categorias de pessoas, as que não têm bens nem recursos de espécie alguma e as que per- tencem às classes superiores e distintas; – que esse intento ia muito além de minhas forças, pois pertencia à classe média, ou quando muito ao primeiro grau da vida burguesa; – que por sua lon- ga experiência havia reconhecido que essa situação era a melhor de todas, a que estava mais ao alcance da felicidade humana, isenta das misérias, dos trabalhos e sofrimentos da classe operária e ao mesmo tempo inacessível ao luxo, ao orgulho, à ambição e inveja dos grandes da terra. [...] a) De acordo com o pai de Crusoé, por que a posição em que ele se encontrava era a mais confor- tável de todas? b) Você concorda com a opinião do pai da personagem? Por quê? 3. O que você imagina que vai acontecer nessa história? Robinson Crusoé vai desistir de se aventu- rar? Por que você acha isso? Continue a ler sobre o conflito do protagonista, ou seja, da personagem principal. Resposta possível: Ele considerava irracional e inconsequente a atitude de abandonar a proteção do lar para correr o risco de viver toda sorte de miséria. Porque ele pertencia à classe média e, segundo o pai da personagem, mesmo vivendo realidades tão diferentes, os muito pobres ou muito ricos estariam mais expostos a dificuldades próprias de sua situação social: os muito ricos ficavam expostos à ambição e à inveja, enquanto os pobres sofriam as misérias, os trabalhos da classe operária. Resposta pessoal. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos percebam que o trecho lido revela diferenças de opinião entre pai e filho, o que leva a deduzir que o filho acaba não aceitando a sugestão do pai. [...] mas, pobre de mim! essa boa disposição passou como um relâmpago; e para evitar desde então as importunações de meu pai, deliberei ausentar-me sem me despedir dele; não o fiz po- rém de pronto, moderei um pouco a exaltação dos meus primeiros entusiasmos. Um dia em que minha mãe me pareceu mais alegre do que de costume, comuniquei-lhe particularmente que era invencível a minha paixão de correr mundo, e me inabilitava de tal forma para adotar qualquer modo de vida com êxito seguro, que meu pai faria melhor em me dar licença de partir, do que forçar-me a tomá-la pelas minhas mãos. [...] Minha mãe, indignada com essa teimosia, declarou-me terminantemente que era tempo per- dido falar a meu pai em tal assunto porque, conhecendo muito bem o que mais conveniente era aos meus interesses, jamais daria o seu consentimento a tão perniciosa loucura; – que não podia perceber a razão por que eu ainda pensava em tal coisa, depois da conferência que com ele tive- ra, e das palavras ternas e persuasivas que empregou para me dissuadir; em suma, se eu queria correr direto à perdição, não via remédio algum; mas não devia contar com o seu consentimento, 86 8TL.indb 86 6/15/15 10:21 AM porque não queria concorrer para minha ruína, nem que se dissesse que protegia uma coisa a que meu pai tinha repulsa. [...] Um dia em que por acaso fui a Hull sem desígnio formado de levantar voo, encontrei lá um condiscípulo,

Qual é a opinião da mãe em relação do pai do narrador sobre ele sair viajando pelo mundo?

A mãe acha que o pai irá apoiar.

Qual paradoxo podemos perceber nesse trecho do texto Robinson Crusoe?

O paradoxo está no fato de que o pai de Crusoé lhe aconselhou que as pessoas sem bens e recursos não poderiam mudar esta situação.

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