Qual foi o primeiro marido de Evelyn Hugo?

Quase todo mundo adora biografias de celebridades – mesmo quando essas celebridades não existem. A proposta de Os sete maridos de Evelyn Hugo, de Taylor Jenkins Reid (do romance Daisy Jones & The Six, já resenhado na Escotilha) é nos aproximar das minúcias escondidas na vida de uma estrela de cinema, Evelyn Hugo, personagem fictício que tem algo de Elizabeth Taylor: uma beleza deslumbrante, um elemento físico incomparável (no caso de Taylor, eram os olhos cor de safira; no de Hugo, são os peitos), e uma história cercada de escândalos e múltiplos casamentos.

É uma sinopse bastante atraente: o livro gira em torno da relação de Evelyn Hugo com Monique, uma jornalista de pouco renome que trabalha em uma revista de moda, e que é escolhida a dedo pela estrela de cinema para que ela seja responsável pela sua biografia, a qual renderá milhões e só será publicada após a sua morte. Há, portanto, uma trama de mistério, que gira em torno de um suspense: por que Evelyn escolheu uma desconhecida para registrar sua história, e disse que, se Monique não topasse, não contaria sua vida a mais ninguém? O que tem Monique de tão especial e qual a relação oculta que possui com essa estrela de cinema?

Infelizmente, o “segredo” é razoavelmente previsível para quem se atentar à leitura – e algo frustrante. Portanto, a melhor parte da trama não está nesse suspense, mas na biografia em si. Evelyn Hugo, como o próprio nome do livro sugere, viveu uma vida multifacetada, com altos e baixos, e uma relação de amor e ódio com a fama e o poder que ela traz. Sua história, portanto, é contada por meio dos seus sete casamentos – o que, obviamente, não significa que sua vida tenha sido permeada pelo romance e pelo desejo. A obra tece considerações pertinentes sobre os desafios da vida das mulheres, sobre o uso de seus corpos em prol de seus interesses e as concessões que são feitas por ela para obterem aquilo que querem. Há ainda uma discussão até intrigante sobre a natureza do poder, e o quanto pessoas famosas “sofrem” por serem quem são.

É tudo muito mastigado para não deixar a dúvida no leitor que esta é uma obra de fundo feminista. A sutileza, portanto, não é uma qualidade da obra de Taylor Jenkins Reid.

No entanto, a força de Os sete maridos de Evelyn Hugo é também sua fraqueza. Por mais que Evelyn e Monique sejam personagens cativantes, seus diálogos têm algo de inverossímil, assim como alguns personagens que a cercam. Evelyn, por exemplo, tem falas que buscam conotar sua persona empoderada, mas chegam a beirar o didatismo. Ao mencionar que sabe que é deslumbrante, Evelyn, em certo momento, diz: “ah, sei que o mundo prefere mulheres que não tem noção do próprio poder. Mas estou de saco cheio disso”. É tudo muito mastigado para não deixar a dúvida no leitor que esta é uma obra de fundo feminista. A sutileza, portanto, não é uma qualidade da obra de Taylor Jenkins Reid, que também constrói os parentes de Evelyn Hugo de forma excessivamente planas: ou como pessoas problemáticas, porém decentes bem lá no fundo, ou como devotos incondicionais à estrela.

Curiosamente, Os sete maridos de Evelyn Hugo mantém uma série de proximidades com Daisy Jones & The Six, a obra posterior da autora. Ambos se tratam de biografias fictícias que estão sendo escritas por jornalistas: no primeiro, uma estrela de cinema, no segundo, uma banda de rock. Ambos trazem um mistério referentes aos autores destas biografias. Ambos ainda trazem uma discussão de fundo acerca da natureza dos relacionamentos humanos: uma ponderação sobre a importância do amor romântico e do amor “realista”, aquele que ocorre quando as máscaras da paixão já caíram e os amantes se veem como são.

Se originalidade não é talvez a principal característica dessa escritora, ela tem como trunfo sua capacidade de construir tramas envolventes, bastante fluidas, que prendem a atenção do leitor. Se Os sete maridos de Evelyn Hugo não é tão cativante quanto Daisy Jones, o livro pelo menos consegue seduzir o leitor até o fim.

OS SETE MARIDOS DE EVELYN HUGO | Taylor Jenkins Reid

Editora: Paralela;
Tradução: Alexandre Boide;
Tamanho: 360 págs.;
Lançamento: Outubro, 2019.

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Os sete maridos de Evelyn Hugo é um livro da autora Taylor Jenkins Reid, lançado pela Editora Paralela em 2019.

Sobre o livro

Evelyn Hugo aos 79 anos está doando sua esplêndida coleção de vestidos. A atriz, mesmo distante dos holofotes, já esteve entre as mais bem pagas de Hollywood em sua juventude. Evelyn costumava ser um ícone, e causava um alvoroço por onde passava. Sua vida sempre foi muito comentada, principalmente sua vida amorosa.

Uma cubana, vivendo em um bairro pobre de Nova Iorque, órfã de mãe e com um pai abusivo, implorando para que qualquer um a tirasse dali. Evelyn casa-se com seu primeiro marido com apenas 15 anos para seguir outro caminho que não fosse seu antigo bairro e antiga vida.

Prestes a doar seus vestidos, ela comunica que quer dar uma última entrevista  – o que já não fazia há muitos anos – e decide que quem precisa ouvi-la é Monique Grant, uma jornalista iniciante.

Minha opinião

Acredito que esse foi um dos livros mais comentados de 2019.Antes mesmo de ser lançado no Brasil ele já causava muitos comentários lá fora. E finalmente quando finalizei a leitura eu entendi muito bem o porquê.

Já aviso que é um livro para querer finalizar em um dia. A forma como a autora criou a narrativa é fascinante, uma vez que ela utiliza o formato “relato de vida” para contar a história de Evelyn Hugo. Acredito que essa foi uma das ferramentas principais que ela utilizou para fisgar o leitor, porque é nesse momento que parece que somos transportados para os anos de 1950 e acompanhamos a jornada da pequena Evelyn tentando de qualquer maneira sair de seu bairro pobre de Nova Iorque.

“Demorei anos para entender que a vida não se torna mais fácil só porque ficou mais glamorosa.”

“Desconfie de homens que precisam muito provar alguma coisa.”

Além disso, a autora faz com que a forma que a história é contada ao leitor seja tão envolvente que tive a sensação de estar até mesmo visualizando um filme. O relato de vida de Evelyn é tão intimista que nos propicia um olhar diferente. A sensação é que somos privilegiados de ficar sabendo de toda sua vida, de todos os escândalos, amores e sujeiras de Hollywood. Sem contar que a própria personagem é inesquecível. Foi esse termo que me veio à cabeça quando finalizei a leitura.

Aos poucos, com seu relato, vamos acompanhando como a atriz chegou ao estrelato. Desde seus primeiros papéis que não valiam quase nada, até vencer um Oscar. E toda essa narrativa é descrita de forma sensível, mas empoderada, nos mostrando o quanto ela teve de fazer para uma mulher conseguir fama nos anos 50. É incrível acompanhar os bastidores de Hollywood, as intrigas entre atrizes – ainda com muita competição feminina – e a necessidade de encontros forçados para aparecer na mídia.

“Isso além do fato de que, pelo menos no início, Don Adler me tratava com um ser humano. Tem gente que não pode ver uma flor bonita que já quer pôr a mão, já quer ser dono dela. Querem dominar a beleza da flor, querem que esteja em sua posse, sob seu controle. Don não era assim. Pelo menos não logo de cara. Don se contentava em estar perto da flor, em observá-l, em deixá-la ser o que era.”

E com o desenrolar da história, também vamos acompanhando o verdadeiro motivo pelo qual Evelyn exigiu que fosse Monique a sua entrevistadora. Além disso, visualizamos a relação que as duas estabelecem para realizar esse trabalho, e Monique, uma jovem jornalista ainda é pega de surpresa com seus próprios sentimentos de não saber se admira ou detesta Evelyn.

Evelyn Hugo é uma personagem intrigante, difícil e muito forte. Uma escrita sem muito rodeios, muito clara e objetiva, que mostra ao leitor cada detalhe de uma vida vivida dentro e fora de Hollywood, e o quanto ela teve de abdicar para buscar seu sonho. Mas, aos 79 anos, a forma com que a atriz relata sua vida e seus aprendizados, identificamos seus arrependimentos e falhas, e como ela ainda luta para aceitá-los.

O mais difícil de falar sobre o livro é sobre uma das suas tramas principais, porque quando fui iniciar a leitura eu realmente não esperava ser algo relacionado a isso. Então, optei por não dar tantos detalhes porque acredito que a melhor experiência da leitura é não saber nada sobre um dos assuntos principais do livro.

Sem dúvidas, essa foi uma das melhores leituras que fiz em 2019. Espero que Evelyn Hugo possa emocionar os leitores e deixar todos sem palavras.

OS SETE MARIDOS DE EVELYN HUGO

Autor: Taylor Jenkins Reid

Tradução: Alexandre Boide

Editora: Paralela

Ano de publicação: 2019

Lendária estrela de Hollywood, Evelyn Hugo sempre esteve sob os holofotes ― seja estrelando uma produção vencedora do Oscar, protagonizando algum escândalo ou aparecendo com um novo marido… pela sétima vez. Agora, prestes a completar oitenta anos e reclusa em seu apartamento no Upper East Side, a famigerada atriz decide contar a própria história ― ou sua “verdadeira história” ―, mas com uma condição: que Monique Grant, jornalista iniciante e até então desconhecida, seja a entrevistadora. Ao embarcar nessa misteriosa empreitada, a jovem repórter começa a se dar conta de que nada é por acaso ― e que suas trajetórias podem estar profunda e irreversivelmente conectadas.

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1 – Ernie Diaz (O Pobre) ... .
2 – Don Adler (O Maldito) ... .
3 – Mick Riva (O Insaciável) ... .
4 – Rex North (O Esperto) ... .
5 – Harry Cameron (O Brilhante, Generoso e Sofrido) ... .
6 – Max Girard (O Decepcionante) ... .
7 – Robert Jamison (O Pacato).

Quantos maridos Evelyn Hugo teve?

Sete casamentos envoltos em escândalos. A vida de Evelyn Hugo, a grande estrela de Os Setes Maridos de Evelyn Hugo, à primeira vista, é puro glamour. No entanto, no decorrer das 360 páginas, somos apresentados a uma existência marcada pela violência doméstica, LGBTQIA+fobia e pelo abuso de poder e sexismo.

Qual o segundo marido da Evelyn Hugo?

Ainda destaco Don Adler, o segundo marido de Evelyn, por todos motivos contrários dos outros dois personagens acima.

Quem era o grande amor de Evelyn Hugo?

Apesar de seus sete matrimônios, Evelyn deixa claro que o grande amor da sua vida foi ninguém mais além da também atriz Celia St. James, com quem teve um intenso relacionamento.

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