Graduada em História (Udesc, 2010)
Mestre em História (Udesc, 2013)
Doutora em História (USP, 2018)
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Cartago foi uma cidade-estado, fundada pelos fenícios e localizada ao norte do continente africano. A cidade de Tiro foi a fundadora de Cartago e, portanto, foi uma região repleta de comerciantes, com bastante experiência marítima e comercial. Assim, Cartago formou uma rede de controle sobre o comércio e se destacou no mundo antigo. Seus domínios passavam pelo oeste da Sicília, por Sardenha e pela Córsega, chegando até a Península Ibérica. Com todos esses domínios pela costa marítima conseguiu se destacar no comércio a partir da produção de produtos como o trigo, o azeite e o vinho.
As Guerras Púnicas foram conflitos entre Cartago e Roma, que disputavam os domínios dobre o Mar Mediterrâneo, ou seja, disputavam a hegemonia sobre a economia e a política. Os conflitos duraram de 264 a.C. a 146 a.C., quando Cartago foi destruída pelos romanos. Tanto Cartago como Roma tinham exércitos fortes e a luta foi equilibrada.
A região da Sicília era dominada por Cartago, que entravam em disputa constante com os gregos. Neste contexto Roma ocupou Messina e por conta disso, os cartagineses declararam guerra, marcando o primeiro dos três conflitos das Guerras Púnicas.
A Primeira Guerra Púnica ocorreu entre 264 a.C. e 241 a.C., e iniciou-se pela invasão dos romanos na colônia cartaginesa de Messina, na região da Sicília. Foi neste momento que os romanos, com o auxílio grego, passaram a dominar técnicas fenícias para construção de embarcações que serviriam para os combates no mar. Saindo vitoriosos do conflito os romanos conquistaram não só a Sicília como a Córsega e a Sardenha.
A Segunda Guerra Púnica foi marcada pela atuação de Aníbal, filho de Amílcar, lideranças cartaginesas. Aníbal partiu da Península Ibérica, conquistada por seu pai, e chegou até a Península Itálica, vencendo os romanos em diversos conflitos. Porém, Aníbal não foi à Roma, e, portanto, os romanos não foram enfraquecidos. O conflito, ocorrido entre 218 a.C. e 201 a.C. foi em regiões dominadas pelos romanos. Como contra-ataque Roma atacou Cartago e levou o conflito para o território cartaginês, forçando Aníbal a retornar e defender sua cidade. No entanto, Aníbal foi derrotado por Cipião Africano em uma batalha conhecida por Batalha de Zama. Como resultado Cartago passou a pagar impostos e foi proibida de se envolver em guerras, sem que houvesse concordância do senado romano. Roma conquistou o domínio da Península Ibérica.
A Terceira Guerra Pública foi o conflito final entre Roma e Cartago. Com a experiência dos dois conflitos anteriores, Roma partiu em direção a Cartago com a intenção de destruir a cidade. Com a liderança do Cipião Emiliano os romanos atacaram, incendiaram e destruíram Cartago, em um conflito que durou de 149 a.C. a 146 a.C. A cidade foi incendiada, os sobreviventes escravizados e Emiliano jogou sal sobre a terra com a intenção de “que nada mais ali crescesse”.
Ruínas de Cartago, onde atualmente fica a Tunísia. Foto: Alexandra Shcherbakova / Shutterstock.com
As Guerras Púnicas foram, portanto, um conjunto de conflitos ocorridos entre Roma e Cartago, durante o período de 264 a.C. a 146 a.C. Inicialmente os cartagineses atacaram o território romano, mas sem marchar sobre Roma, o que fez com que os romanos perdessem batalhas, mas não tivessem sua cidade destruída. Assim, deslocaram o conflito para o território cartaginês, que acabou incendiado e destruído pelos romanos. O centro da disputa era o controle do Mar Mediterrâneo, importante elemento da hegemonia econômica e comercial do mundo antigo.
Referências:
GUARINELLO, Norberto Luiz. História Antiga. São Paulo: Contexto, 2013
FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2002.
Texto originalmente publicado em //www.infoescola.com/historia/guerras-punicas/
Guerras Púnicas é o nome dado a três guerras travadas entre Cartago – cidade localizada no norte da África e Roma, entre os anos 264 a.C e 146 a.C..
Cartago detinha o monopólio comercial marítimo, enquanto Roma almejava o expansionismo. Ambas lutaram pelo domínio da região do Mar Mediterrâneo.
Púnico era o nome dado ao cartaginense pelos romanos, por isso, as guerras recebem esse nome.
Causas
O Mar Mediterrâneo era dominado pelos grandes navegadores fenícios, povo que tinha o comércio marítimo como principal atividade econômica. Após a conquista da Fenícia o seu povo fugiu e fundou Cartago que, então dominava o Mar Mediterrâneo e territórios próximos à Península Itálica.
Roma, que dominava a Península Itálica, almejava agora o Mar Mediterrâneo e o controle do seu comércio.
Leia também: Fenícios.
Primeira Guerra Púnica (264-241 a.C.)
Inicialmente, Roma e Cartago mantinham boas relações comerciais e eram aliadas no propósito de apaziguar as relações na ilha de Sicília, que se mantinham instáveis.
A Sicília, pertencente à Siracusa, era um ponto estratégico para o desenvolvimento do comércio marítimo e era, assim, dominada por Cartago.
A Primeira Guerra Púnica tem início quando Roma, vislumbrando a possibilidade de conquistar a ilha e expandir seu território, expulsa os cartagineses que lá viviam.
Ao fim desta guerra, os cartagineses foram vencidos pelos romando e perderam o domínio das ilhas Sicília, Córsega e Sardenha. Além disso, tiveram de pagar indenizações à Roma.
Saiba mais sobre a República Romana.
Segunda Guerra Púnica (218-201 a.C.)
Na Segunda Guerra Púnica, Cartago é bem sucedida nas mãos do comando do general cartaginês Aníbal Barca, que inicia a guerra a partir da invasão à Sagunto, cidade aliada à Roma.
Aníbal, o general que ficou conhecido por utilizar elefantes em seus ataques vence alguns conflitos e quase consegue invadir Roma, através da sua conhecida estratégia de atravessar os Alpes.
Porém, os romanos, mais uma vez, vencem os cartagineses e, em consequência foram obrigados a pagar mais indenizações à Roma, a fornecer alimentos para suas tropas, a libertar prisioneiros e a entregar navios de guerra.
Terceira Guerra Púnica (149-146 a.C.) – “DelengaCarthago”
O prejuízo dos cartaginenses em decorrência das duas primeiras guerras, leva Cartago a dar início ao desenvolvimento da agricultura.
O fato de não se deixar vencer pela perda da hegemonia do comércio, principalmente, somado à iniciativa de buscar outras condições que propiciassem o desenvolvimento econômico da cidade, leva à ira de Roma que, com receio de novos conflitos, pensa não haver outra alternativa a não ser a destruição de Cartago. A frase “DelengaCarthago”, dita pelo senador romano Catão, o Velho, significa “Cartago deve ser destruída”.
Consequências – “mare nostrum”
O domínio do Mediterrâneo e do seu comércio passa para Roma, que chama o mar Mediterrâneo de mare nostrum – nosso mar.
Na sequência dessa conquista, tem início o Império Romano.
Outras guerras da Antiguidade
- Guerras Médicas, com início em 490 a.C. - luta entre gregos e persa, na disputa pelas terras da Ásia Menor.
- Guerra de Peloponeso, com início em 431 a.C. – luta entre Atenas e Esparta, na disputa pela hegemonia política e econômica da Grécia
Para saber mais: Guerras Médicas, Guerras de Peloponeso e Império Romano.