Quanto tempo sem beber depois da vacina

A resposta é sim. Mas os especialistas alertam: nada de enfiar o pé na jaca.

Podemos ingerir bebida alcoólica depois de tomar a vacina? — Foto: Maksym Kaharlytskyi/Unsplash

Você recebeu a dose da vacina contra a Covid-19 e pretende comemorar com uma cerveja, uma taça de vinho. Mas isso está liberado? Podemos ingerir bebida alcoólica depois de tomar a vacina?

Segundo a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a resposta é sim. Não existe restrição à ingestão de bebida alcoólica antes ou depois de tomar a vacina.

A entidade explica que o consumo moderado de bebidas alcoólicas não interfere na resposta gerada por nenhuma vacina e “não aumenta o risco de eventos adversos pós-vacinas”.

No entanto, a SBIm alerta que a ingestão excessiva ou uso crônico e abusivo de álcool podem enfraquecer o organismo como um todo, incluindo o sistema imunológico, o que facilita infecções.

Ou seja, a bebida está liberada, mas com moderação.

"A ingestão de álcool, de maneira consciente, não implica em redução da eficácia vacinal. Entretanto, não devemos esquecer que o álcool afeta a ação de diversos medicamentos, além de facilitar outras infecções, quando ingerido em excesso", alerta Marcelo Otsuka, infectologista e coordenador do Comitê de Infectologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

“Não existe relação entre o consumo moderado de álcool e a vacina. Podemos beber, mas sempre com juízo, moderação e cuidado”, completa a infectologista Luana Araújo.

As empresas responsáveis pela produção das vacinas também dizem que não há relação entre o consumo de bebida alcoólica com os imunizantes. A Fiocruz, responsável pela vacina AstraZeneca no país, já afirmou que “não há evidência de que o consumo de álcool interfira na eficácia das vacinas contra a Covid-19”.

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No início de dezembro, a recomendação da vice-primeira-ministra da Rússia, Tatiana Golikova, de que as pessoas vacinadas contra a Covid-19 permanecessem 42 dias sem beber para preservar a imunidade causou alvoroço e certa revolta. O prazo foi corrigido para seis dias pelo diretor do Instituto Gamaleya (fabricante da vacina Sputnik V), mas o tema ficou em aberto. Afinal, o álcool pode atrapalhar a eficácia das vacinas contra o coronavírus?

Luciano Lourenço, clínico geral, coordenador do pronto-socorro do Hospital Santa Lúcia, explica que as vacinas agem estimulando o organismo a produzir anticorpos e/ou células capazes de defender o corpo contra “invasores”. Para alcançar estes objetivos, o ideal é que o corpo esteja em homeostase, ou seja, o mais saudável possível.

Em casos de vacinas aplicadas em duas doses, como a produzida pela Pfizer em parceria com a BioNTech, o corpo produz os anticorpos em duas etapas, segundo Luciano Lourenço. A primeira leva em torno de 20 dias, quando o organismo tem uma resposta primária ao imunizante. “Nesta fase, o corpo produz anticorpos que não são definitivos ainda”, detalha o médico.

A etapa seguinte, após a segunda dose, é o momento em que o corpo transforma os “soldados” provisórios em permanentes. Este processo também precisa de cerca de 20 dias.

Durante estes 40 dias, o álcool pode sim atrapalhar um pouco a produção de anticorpos, de acordo com Lourenço. “Ingerir álcool após receber a vacina não colocará a vida de ninguém em risco, mas é uma vacina com uma cepa desconhecida, então a recomendação de ficar sem álcool uma semana antes e 20 dias depois [da imunização] é inteligente”, completa. “O que chama atenção da comunidade médica é as pessoas estarem preocupadas com o consumo de álcool em vez de desejarem estarem saudáveis para que o organismo responda da melhor maneira possível”.

Diversos fatores influenciam a resposta imune às vacinas. Segundo Beatriz Rodrigues, infectologista da rede de hospitais São Camilo de São Paulo, a eficácia de um medicamento pode variar segundo características do próprio indivíduo, como idade, comorbidades, genética, fatores nutricionais ou mesmo características relacionadas à própria vacina. “Os fatores comportamentais, como consumo excessivo de álcool, tabagismo, sono, entre outros, são alvos de diversos estudos”, completa.

Álcool e outras doenças

O consumo excessivo de álcool, em especial por longos períodos de tempo, pode levar a inúmeras consequências deletérias ao organismo, levando a um prejuízo da imunidade. “Entretanto, não há evidências suficientes de que o consumo moderado pontual desta substância torne a vacinação ineficaz”, pondera a infectologista Beatriz Rodrigues.

Cirrose, pancreatite crônica, desnutrição por deficiência de vitaminas e até alguns tipos de câncer são alguns dos problemas de saúde que o álcool pode causar. Todas estas doenças terão impacto na resposta imune do organismo, explica Victor Bertollo, infectologista do Hospital Anchieta de Brasília. “Os estudos de desenvolvimento das vacinas não estão avaliando a interação álcool-vacinas, mas é preciso ter bom senso.”

Já o consumo excessivo de grandes quantidades de álcool em um dia só, conhecido como “binge drinking”, é um comportamento que pode por em risco a eficácia dos imunizantes. “Esse consumo, geralmente feito em festas e bares, caracteriza um estresse agudo ao organismo”, justifica Bertollo. “Já é sabido que situações assim podem interferir na resposta do corpo às vacinas.”

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