A educação intercultural e os desafios para a escola e para o professor

[**Direitos Humanos e Educação**](https://hackmd.io/@aA2X45tnSyWrRBLytuzvEw/DireitosHumanoseEduca%C3%A7%C3%A3o#Direitos-Humanos-e-Educa%C3%A7%C3%A3o) # ***Aula 17: A educação intercultural e os desafios para a escola e para o professor - Vanilda Alves da Silva e Flavinês Rebolo*** ### ***Os desafios da diversidade*** O artigo apresenta questões relacionadas aos desafios da educação para a diversidade na contemporaneidade, a partir de um balanço bibliográfico acerca do tema. As autoras indicam a importância da discussão em torno da educação intercultural, como processos de visibilidade e compreensão podem ressoar nos direitos em cidadania, bem como elevação da presença de grupos historicamente marginalizados nos espaços políticos, compreendidos nos mais amplos sentidos, incluindo a própria escola. Indicam-se as conquistas relacionadas às discussões atinentes às temáticas relacionadas às relações raciais, de gênero, dentre outras, no campo da educação, sem que, no entanto, tenhamos observado um arrefecimento de resistência e outros atos refratários a tais discussões. Por si a temática se mostra como ainda desafiadora, em razão dos contornos desenhados em anos recentes (e no tempo presente) em relação à diversidade, havendo imenso desconhecimento e etnocentrismo em relação à pluralidade cultural indígena. Nesse sentido, as autoras chamam atenção para o faro de que professores ainda são hegemonicamente formados para atender o homogêneo e não o diverso, o diferente, ainda tido como um “problema a resolver”. Leve-se em conta o fato de as reflexões e percepções da diferença (naturalmente tão antiga quanto a humanidade) se tornaram uma pauta considerada necessária a partir da década de 1970, reconhecida o direito à diferença. Por óbvio, esta é ainda uma questão a ser plenamente resolvida na escola, em meio às complexas e dinâmicas mudanças no campo das identidades do mundo pós-moderno. De outro lado, lembremos a maneira como novos paradigmas educacionais evidenciaram a necessidade de se combaterem as desigualdades plurais que atravessam a vida das pessoas atendidas pelas escolas, indicativo de sua diversidade (classe, raça, gênero, origem nacional...) De outro lado, note-se ainda como, muitas vezes, e infelizmente, a escola ainda se apresenta como caixa de ressonância dos movimentos contrários a estas mesmas diversidades, se apegando a modelos lineares e/ou homogeneizadores. Especificamente em relação da **educação intercultural**, conforme Vera Candau, ela “aparece como uma perspectiva alternativa e contra-hegemônica de construção social, política e educacional, sendo complexa por estar atravessada por desafios e tensões, tornando necessária a problematização das diferentes práticas sociais e educativas”. As tensões são evidenciadas a partir de um exame das publicações realizadas pela Revista Brasileira de Educação, entre 2008 e 2012, analisadas por Candau, indicando um número ainda exíguo de discussões acerca da interculturalidade e o multiculturalismo, destacando porém discussões significativas quanto à necessidade de incorporação da temática ao campo da educação, mas com pouca dedicação em relação ao chamado “chão de escola”. Ainda nesse sentido, mesmo considerando os avanços observados nas últimas décadas, as autoras consideram que ainda há lacunas a serem preenchidas quanto ao exames das práticas escolares, sendo necessário o desenvolvimento de mais estudos neste sentido, especialmente relacionados às experiências docentes relacionadas à diversidade cultural. Para que tal mudança ocorre é necessário “que o professor reflita e vivencie, ativamente, a diversidade dos grupos sociais, étnicos, religiosos, culturais etc.” Eis que a vivência, em termos de busca da compreensão da diversidade, pode ser ainda um desafio significativo. Conforme indica Vera Candau, a educação intercultural não pode ser reduzida a experiências episódicas marcadas em datas específicas, tratadas como situações excepcionalíssimas no cotidiano escolar. Deve ser uma questão orgânica à realidade escolar, tratada como natural e necessária, afetando todos os atores do processo educativo. Obviamente, para além da responsabilidade/compromisso da comunidade escolar, tais questões dependem ainda do reconhecimento dos sistemas de educação, no sentido de compreenderem como tais questões devem ser tornadas igualmente sistêmicas, para além do amparo legal já existente. Chama-se atenção para o fato de que a escola não pode ser apenas uma repetidora de conteúdos, mas um espaço de leitura do mundo, incluindo a natural diversidade humana, reconhecendo os processos de exclusão e a luta por justiça social dos diferentes grupos que forma a sociedade. Ao contrário do tradicional esquema reprodutivo, há de se considerar a discussão em torno da diversidade como potencializadora da aprendizagem significativa, especialmente a partir da valorização dos sujeitos dos conhecimento, ou seja, dos estudantes. Destaque-se que, para além da criatividade de professores e estudantes, há necessidade de ampliação de materiais didáticos que possam adequadamente subsidiar os trabalhos e seu consequente benefício pedagógico. A escola deveria, assim, desenhar novos caminhos para sua atuação cotidiana, reconhecendo a diversidade de sujeitos socioculturais que formam a realidade. Uma vida de diálogo, de pluralidade. --- ### ***Trabalho docente*** Para além dos desafios do “chão de escola”, professores tem de lidar ainda com as pressões políticas e sociais que interferem diretamente em seu trabalho, além de questões advindas das rápidas transformações contextuais, como aquelas relacionadas às tecnologias. Como alertam as autoras: > “A ocorrência dessas transformações sociais, tanto quanto as questões relacionais e de estrutura organizacional, podem gerar grandes conflitos e desafios para o professor. E, quando esses desafios são por demais complexos e estão além da capacidade de enfrentamento dos professores, pode ocorrer o adoecimento e/ou o mal-estar docente e o fracasso do processo de ensino e aprendizagem”. Cabe lembrar que os professores são também parte das transformações em curso, ou mesmo de determinadas disputas de sentido da realidade, que intentam, ao invés da mudança, a permanência. De outro lado, como já destacado, a formação docente, ainda muito atrelada a uma perspectiva monocultural, se apresenta como desafio a ser superado em relação ao necessário diálogo com a diversidade. É necessário, portanto, desengessar tanto a formação docente, quanto as práticas pedagógicas no chão da escola, “reconstruir propostas de trabalho inovadoras, contextualizadas e com ênfase na diversidade é outro grande desafio para os professores”. Significa, por outro lado, que esta não é uma tarefa apenas dos docentes, ao contrário do que indica a pressão social que os tem quase como único “alvo”. --- ### ***Referência*** <img src="https://i.imgur.com/7Nrb8sY.gif" style="zoom:10%" /> [SILVA, Vanilda Alves da; REBOLO, Flavinês. A educação intercultural e os desafios para a escola e para o professor. **INTERAÇÕES**, v. 18, p. 179-190, 2017.](https://drive.google.com/file/d/1roz3PNO_1as-H7kJPVLHubF3kQZpBNTb/view?usp=sharing)

Qual o papel do professor na educação intercultural?

É para ele trabalhar diversidade intercultural é necessário que ele tenha tamanha habilidade para entender aspectos como educação inclusiva, preparação técnica e entender a importância da tecnologia da informação.

Quais são os desafios da interculturalidade?

Alguns desafios perpassam a educação numa perspectiva intercultural, em que seja possível uma reconstrução, no sentido de penetrar no universo de preconceitos e discriminações o qual impregna as relações sociais que configuram os contextos que vivemos e caminhe para uma ressignificação dos direitos humanos e para uma ...

O que é uma educação intercultural?

A educação intercultural promove valores como a igualdade, o sentido comunitário, a aceitação e o respeito pelo outro, o respeito aos direitos humanos ou à solidariedade. Tanto esses princípios como o conceito de educação intercultural se encontram fortemente enraizados, como afirma López Reillo (2006)

Quais as possibilidades limites e desafios de uma pedagogia intercultural?

Portanto, as considerações nos indicam que a proposta de educação intercultural apresenta grandes desafios que envolvem a formação do professor e a compreensão do seu contexto de atuação, o respeito e o reconhecimento da diversidade cultural presente na escola, sobretudo a integração das culturas como política efetiva ...