A Quarta Revolução Industrial é suas transformações oriundas desse processo

O ser humano, por excelência, é um guerreiro incansável e se ajusta em qualquer tempo, a qualquer ambiente e a qualquer evolução. E essa fantástica forma e capacidade de adaptação, ainda que possa parecer frágil em algumas circunstâncias, o fez atravessar por séculos, vislumbrando a retumbante evolução que o mundo sofreu.

Essas modificações sempre o acercaram e, vez ou outra, aconteceram por sua causa e por suas forças. Entre os atores que compuseram a evolução da humanidade e dos seres, ele sempre se apresentou como protagonista da história. Jamais um coadjuvante. Ele escreveu, dirigiu e atuou em toda sua existência. E assim o fará sempre. Porque cabe a ele, dentro de suas possibilidades e competências, delinear os caminhos da humanidade, na simplicidade, na sensatez, no equilíbrio, nas discussões e propostas de caminhos, no estudo e na ciência que o beneficia, na contemplação da natureza, que foi criada magistralmente para ser seu aporte, seu guia, e por vezes, seu socorro.

Suas prerrogativas maiores estão ligadas a sobrevivência, a manutenção pessoal e de sua família, ao desenvolvimento de suas habilidades e competências, ao enquadramento de suas atribuições junto aos seus pares, ao relacionamento com seus semelhantes e diferentes, ou pelo menos assim deveria ser, na “demarcação” de seu território, seja na esfera corporativa, social ou familiar. Enfim, um ser que se apresenta ora constante, ora mutante, de acordo com suas necessidades e conveniências.

As Revoluções Industriais e a adaptação do Ser Humano:

As definições da palavra evolução, de acordo com Dicionário Michaelis[1] são:

“Transformação e mudança contínua, lenta e gradual em que certas características ou estados mais simples tornam-se mais complexos, mais desenvolvidos e aperfeiçoados; desenvolvimento, progresso”;

“Surgimento de algo, produto de técnica ou saber, que se aperfeiçoou’.

A palavra evolução, quando aplicada à indústria, reflete o progresso sistemático que vem ocorrendo nos últimos séculos. As últimas três revoluções industriais foram marcadas pelo avanço tecnológico que acompanhou o desenvolvimento econômico e social da humanidade. A quarta revolução industrial, agora aplicada a sociedade contemporânea, representa um momento de nova adequação e qualificação de todos os envolvidos nos processos manufatureiros, frente ás tecnologias que nos são apresentadas, pela força da Indústria 4.0.

Evolução desse processo

1ª Revolução Industrial:

A indústria vem sofrendo mudanças desde a época da primeira revolução industrial quando a descoberta das leis da termodinâmica possibilitou o surgimento das primeiras máquinas a vapor.[2] A mão de obra passou a ter o grande auxilio, em meados do século XIX, na maquinaria, transformando o vapor em energia produtiva e trabalho mecânico, trazendo outra ótica no concerne à pessoas e cargas.

2ª Revolução Industrial:

No final do século XIX e inicio do XX, a revolução industrial se deu em face da descoberta da eletricidade e magnetismo, trazendo modificações significativas na economia e na sociedade. A industrialização passa a ter enfoques pontuais com a produção de automóveis, telefones, televisores e tantos outros elementos que foram preponderantes para um descortinar nessa época.

3ª Revolução Industrial

Iniciada na década de 1970 foi guiada pelas novas tecnologias oriundas da evolução no campo das telecomunicações e programação lógica. O surgimento do CLP (controlador lógico programável) e da internet mudaram drasticamente os processos de comunicação entre máquinas e pessoas.

O surgimento da Industria 4.0

Em 2013, uma associação de representantes de negócios, políticos e acadêmicos promoveram uma abordagem para fortalecer a competitividade da indústria manufatureira alemã. Esse movimento ficou conhecido como ‘industrie 4.0’.[3] e, apesar de o conceito ter surgido em 2013, indústrias alemãs utilizavam recursos avançados de manufatura anos antes.

A Indústria 4.0, conhecida também como high manufacture, ligada diretamente á alta tecnologia de informação e automação. atua também com a internet das coisas e internet dos serviços, que traça uma interface entre maquinas, pessoas e processos produtivos. Ela possibilita ofertas de serviços e manufaturas, alterando a configuração e o comportamento da sociedade atual, na medida que aproxima as pessoas a ações inteligentes e rápidas, tombando por terra o paralelo que existia entre o mundo físico do virtual.

O resultado dessa gama de informações advindas desses processos inovadores cresce exponencialmente, permitindo tomadas de decisão rápidas e inteligência em todo lugar, deixando clara a conectividade entre as máquinas através de sensores para o tráfego contínuo das informações, que organizados em um big data, trazem a tomada de decisão em tempo real através de algoritmos de aprendizagem de máquina. A digitalização das indústrias e seus sistemas de produção inteligentes trazem maior produtividade e competitividade, novas soluções tecnológicas surgem impulsionando o consumo cada vez maior de produtos conectados.[4]

Segundo a BI Intelligence, 1 bilhão de objetos estarão conectados e irão equipar as fábricas até 2020. Estima-se também que até 2020, 70 bilhões de dólares serão investidos em Internet das coisas (do inglês, IoT, Internet of things). As empresas devem estar preparadas para atender às necessidades do mercado por produtos mais inteligentes e customizados, controle dos processos produtivos.

A produção em tempo real e sistemas modulares na linha de produção definem as diretrizes da quarta revolução industrial e que trarão maior competitividade e uma maior capacidade de adaptação ao mercado. Para isso, tecnologias como Inteligência Artificial, Big Data, Internet das coisas, robôs autônomos, sistemas virtuais, computação e nuvem, segurança cibernética, blockchain e nanotecnologia vêm sendo testadas e utilizadas pelas indústrias com objetivo de aumentar a produtividade, integrar a cadeia produtiva, reduzir desperdícios e riscos nos processos.

De acordo com o relatório de tendências da Gartner [5] lançado em 2018, que representa graficamente o nível de maturidade das tecnologias emergentes capazes de gerar significativo impacto estratégico nas organizações e indústrias de todo o mundo, as tecnologias de “Deep Learning” e “Digital Twin” serão, destacadamente, as tecnologias que ligarão resultados significativos nesses processos.

No Brasil

A quarta revolução industrial já desponta em nosso país, principalmente pelas matrizes das fábricas que trouxeram os conceitos e máquinas para que a mudança pudesse ocorrer. Cases consagrados: fábricas da Fiat em Betim e Mercedes-Benz, que utilizam exoesqueletos, realidade virtual, robôs colaborativos e aprendizagem de máquina em suas plantas. A Mercedes-Benz relata que percebe um aumento real de 15% na sua eficiência de produção, 20% no ganho em eficiência logística e uma redução de armazenamento de componentes de 10 dias para 3 dias. Com um grande número de informações coletadas por sensores instalados por toda fábrica e recursos de aprendizagem de máquina, há a otimização dos processos. Fica cabal o aumento de produtividade, redução de custos e possíveis desperdícios. Esse fenômeno torna o cenário competitivo e leva as s industrias à busca de novas estratégias e novas tecnologias.

E a mão de obra?

Existe uma profunda transformação no mercado de trabalho. Fatalmente, haverá uma redução nos postos em atividades de manuseio que serão automatizadas. Para o Brasil, espera-se que 15,7 milhões de postos de trabalho sejam afetados até 2030.

A falta de qualificação da mão de obra, a infraestrutura pobre no âmbito das telecomunicações, dificuldade na identificação de tecnologias e parceiros e a ausência de linhas de financiamento apropriadas serão os grandes “vilões” desse processo irreversível. Muitas das empresas, além de não estarem preparadas para a quarta revolução industrial, sequer tem o conhecimento para adentrarem nesse novo universo: o digital.

Adaptação das Industriais e dos colaboradores

De acordo com os estudos realizados pela FIRJAN/ FINEP as empresas devem trilhar quatro passos importantes rumo ao caminho da Indústria 4.0: [6]

1) Deve enxugar seus processos produtivos

As empresas precisam adotar métodos consagrados como manufatura enxuta, eficiência energética e produção mais limpa. Ao enxugar seu processo produtivo, as indústrias passam a conhecer melhor suas deficiências e oportunidades de melhorias antes de implantar a digitalização. Digitalizar gargalos produtivos potencializa os ganhos de produtividade que se deseja com a adoção das novas tecnologias.

2) Deve requalificar trabalhadores e gestores

Os profissionais da indústria brasileira precisam ser requalificados, pois serão eles os responsáveis pela atualização tecnológica do setor. É fundamental que os trabalhadores estejam aptos a introduzir práticas inovadoras e ágeis nas empresas. Para isso, é necessário que eles tenham conhecimento sobre as novas tecnologias digitais, sobre técnicas de programação e análise de dados, assim como sejam capazes de resolver problemas complexos, por meio das chamadas competências sócio emocionais, as softskills.[7]

É cada vez mais importante que os profissionais sejam criativos e empreendedores, com capacidade de liderança e de comunicação.

3) A inserção na indústria 4.0 deve se iniciar por tecnologias já disponíveis e de baixo custo

A Indústria 4.0 deve ser vista, antes de tudo, como instrumento para as empresas entenderem o que está ocorrendo no seu chão de fábrica. O uso de sensores e de tecnologias como internet das coisas, computação em nuvem e big data já estão disponíveis a custos acessíveis e podem ajudar gestores a compreender melhor

eventos que ocorrem na produção. Técnicas de inteligência artificial também permitem agir com antecedência, antevendo problemas como quebras de equipamentos e planejar manutenções preditivas. Com isso, é possível aumentar a disponibilidades de recursos essenciais e a produtividade das empresas. Homem e máquina devem trabalhar lado a lado para tornar o sistema produtivo cada vez mais eficiente.

4) Deve investir em pesquisa, desenvolvimento e inovação

Inovar é vencer. As empresas mais competitivas são as que mais investem em inovação. A indústria precisa inovar, visando à implantação de fábricas inteligentes, flexíveis, ágeis e conectadas com suas cadeias de fornecimento.

No Brasil, as industrias que quiserem adequar-se ao novo formato, devem ser mais arrojadas, investindo em qualificação, investindo em produtos ditos "inteligentes' e conectados ás novas plataformas e softwares. Essa inovação traz a certeza da competitividade no mercado internacional e a adequação aos conceitos e rumos da nova sociedade, altamente globalizada e cibernética. Como fica bem delineado no estudo realizado pela FIRJAN:

"O Brasil não pode ficar de fora dessa transformação digital, a chamada Manufatura Avançada ou a 4ª Revolução Industrial, pois ela é a chave para o Brasil retomar o crescimento da produtividade e voltar a crescer".

Ainda lembra que as chamadas"startups" podem ser um excelente caminho da inovação, do apoio do governo federal e dos governos estaduais, por meio de políticas públicas que podem estimular esses projetos, além de solidificar a segurança jurídica para a indústria investir e inovar.

É possível à indústria brasileira começar a trilhar desde já o caminho da Indústria 4.0, seguindo a rota de sucesso de países como Estados Unidos, Alemanha, Japão e China, que obtiveram altíssima rentabilidade e produtividade com a adequação e utilização de tecnologias digitais.

O importante nesse momento é perceber a grande oportunidade de tornar o setor industrial mais produtivo e inovador, com efeitos positivos para o desenvolvimento econômico e social do país. A indústria precisa ser a protagonista desse processo no Brasil.

Referências:

[1] http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=evolu%C3%A7%C3%A3o

[2] http://docplayer.com.br/142466375-Tendencias-e-inovacao-conheca-os-desafios-da-industria-frente-a-conjuntura-tecnologica-representada-principalmente-pela-industria-4-0-jan.html

[3] http://thuvienso.dastic.vn/dspace/bitstream/TTKHCNDaNang_123456789/357/1/Recommendations%20for%20implementing%20the%20strategic%20initiative%20INDUSTRIE%204.0.pdf

[4] https://ofuturodascoisas.com/

[5] https://www.gartner.com/smarterwithgartner/5-strategic-technologies-on-the-gartner-hype-cycle-for-midsize-enterprises-2018/

[6] http://docplayer.com.br/142466375-Tendencias-e-inovacao-conheca-os-desafios-da-industria-frente-a-conjuntura-tecnologica-representada-principalmente-pela-industria-4-0-jan.html

[7] Habilidades interpessoais


Quais são as principais transformações oriundas da Quarta Revolução Industrial?

Quais serão as transformações da Revolução 4.0? Inteligência artificial; Blockchain e Criptomoedas; Realidade Virtual e Aumentada; Internet das Coisas; Machine Learning e Deep Learning; Wearables; Carros autônomos.

Qual a principal mudança que a Indústria 4.0 produziu *?

O principal movimento da indústria 4.0 é permitir que as indústrias tomem decisões de negócio inteligentes através de dados coletados por meio de ferramentas diversas em seus processos.

Como ocorreu o desenvolvimento da Quarta Revolução Industrial?

No final do século 17 foi a máquina a vapor. Desta vez, serão os robôs integrados em sistemas ciberfísicos os responsáveis por uma transformação radical. E os economistas têm um nome para isso: a quarta revolução industrial, marcada pela convergência de tecnologias digitais, físicas e biológicas.