Como as crises mundiais impactam as empresas no Brasil?

Fechamento de empresas, piora nas contas públicas e desemprego em nível recorde. Essas são algumas das cicatrizes da pandemia do coronavírus nos cenários econômicos pelo mundo. O nível de impacto ou perspectivas de recuperação variam entre as realidades de cada país e dependem da efetividade das medidas emergenciais adotadas pelo governo.

As incertezas e baixas chances de previsibilidade parecem ser o único consenso diante de consequências difíceis de mensurar em sua totalidade. Explicações sobre todas as implicações desse período podem levar alguns anos ainda. Apesar disso, podemos vislumbrar com atenção algumas possibilidades que surgem nessa época de adaptações. 

Dando continuidade à série sobre as tendências para a vida pós-pandemia, vamos ajudar você a compreender esse novo mundo de diferentes aspectos. Dessa vez, entenda os impactos na economia. Como vamos retomar o crescimento? Quais são as oportunidades que essa crise nos oferece?

Aqui você pode conferir nosso texto que fala sobre como a pandemia afeta a abertura da sua empresa, além de todos os demais impactos do plano do governo nas empresas e na economia brasileira.

Períodos de crise no passado e a economia atual

A verdade é que a economia acaba sendo regida por suas próprias leis de atração. Um olhar pela História mostra que as crises deixam algumas feridas com severos efeitos econômicos.  Apesar disso, existe a herança de  mudanças. 

A gripe espanhola de 1918 ajudou a criar os sistemas nacionais de saúde em muitos países europeus, já a Segunda Guerra Mundial e a Grande Depressão de 1929 desempenharam papel importante nas bases do moderno Estado de bem-estar.

Felizmente, a crise atual não é tão trágica como uma guerra mundial. O acontecimento que mais gera efeito de comparação é a crise financeira de 2008, responsável por um legado de transformações na economia do planeta. 

No entanto, economistas já indicam que o coronavírus provocará uma recessão muito superior à da época. O consenso é que será a maior crise econômica desde a Grande Depressão. Dessa vez, uma recessão batizada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) de “O Grande Confinamento”.

Como as crises mundiais impactam as empresas no Brasil?

Criatividade, resiliência e ousadia

As instabilidades econômicas não são barreiras para os países tampouco para investidores ou empreendedores. Historicamente, empresários enxergam oportunidades em períodos pouco atrativos ou de incertezas.

O fundador do Dr. Consulta, Thomaz Srougi, viu a ineficiência do Sistema Único de Saúde (SUS) para atender em tempo adequado os usuários, como uma oportunidade para atender os anseios das classes menos favorecidas. Em 2011, ele abriu na comunidade de Heliópolis, em São Paulo, a primeira clínica. 

Como as crises mundiais impactam as empresas no Brasil?

Mesmo com a recessão, o negócio cresce e se consolida junto à população que não tem plano de saúde, uma estimativa de mais de 70% dos brasileiros. 

Outro empresário que soube entender a realidade em que vivia foi o fundador da Polishop, João Appolinário. No fim da década de 1990, ele já tinha notado fazia um tempo os novos hábitos de consumo desenhados pela revolução digital. Aliado a isso, a estabilidade econômica que se avizinhava garantia o sucesso do modelo de negócio inusitado pensando para a nova época. 

Repensar padrões e modelos econômicos

Olhar para trás pode ser uma forma de evitar cometer erros antigos ou ver o que as experiências do passado têm a ver com o período atual. O que aprendemos com as crises antigas? Em que tanto elas ajudaram a modelar a sociedade em que vivemos hoje? 

Com algumas dessas questões em mente, conseguimos analisar as possíveis tendências para o futuro. O quanto as necessidades de adaptações atuais podem impactar na economia. Primeiramente, podemos começar pensando que o coronavírus já explora as características da vida que construímos para nós mesmos. 

Entre elas, as cidades grandes com superpopulação, turismo e viagens aéreas constantes, redes de fornecimento distantes uma das outras e uma a desigualdade na divisão da riqueza e nos sistemas de saúde públicos.

Com isso, observamos alguns impactos no sistema econômico. O que significa repensar distância e dependência. Por exemplo, as grandes empresas terão que rever onde e como produzem. Também entra em discussão o auge dos pagamentos eletrônicos, maiores controles nas fronteiras, viagens transoceânicas, educação e medicina à distância, além do trabalho remoto. 

Tendências para economia em discussão no mundo pós-coronavírus

Ao mesmo tempo em que se discute as medidas temporárias, vale pensar o quanto delas serão duradouras. Uma das reflexões que florescem no período é as formas de motivação das pessoas. Antes da COVID-19, as empresas já precisavam de objetivos amplos de negócio, além do lucro. Agora, estão sendo julgadas por suas respostas à pandemia. 

Além disso, as companhias com mais fôlego para atravessar e sobreviver à crise serão as mais engajadas com a sociedade. Em um panorama cada vez mais volátil, incerto, complexo e ambíguo, o conhecido mundo VUCA, as organizações terão que pensar além dos interesses dos acionistas. A cooperação deve vir em ação complementar ao Estado, pensando em clientes, fornecedores, comunidade local e os funcionários. 

Em meio ao “novo normal”, o dinheiro também ganha algumas características peculiares nessa concepção de mundo. A forma de lidar com as cédulas e moedas já vinha mudando. O vírus faz as pessoas evitarem manusear o dinheiro. Com isso, novas experiências de pagamento, como carteiras digitais e pagamentos biométricos passarão a ser uma opção mais utilizada. 

Essa nova relação com o dinheiro traz outra percepção. A liberdade das pessoas de irem às lojas ficou restrita. A compra tornou-se fisicamente mais difícil. O modelo de negócios em que existe envolvimento deve ser substituído por um autoatendimento. 

Além disso, nasce o senso de comunidade à medida que as pessoas enxergam a necessidade de cuidar de seus vizinhos e parentes em situação de maior risco de exposição ao coronavírus. Para conectar essas pessoas, existe a plataforma Vizinho do Bem. Por meio dela, você consegue pedir ou oferecer ajuda para compra de produtos em supermercados ou farmácias, por exemplo.  

Paralelamente, nesse movimento de compra, o cenário traz consumidores mais assertivos de suas decisões, privilegiando produtos e serviços que conversem ao mesmo tempo com preço, eficiência e responsabilidade social. Em alguns casos, o consumo poderá ser substituído pelo “faça você mesmo”.

O consumo será cada vez mais intermediado por tecnologias que reduzem o contato, entre as possibilidades e-commerce, realidades virtual e aumentada, pagamentos por aproximação e drones. 

Educação, trabalho e saúde serão cada vez mais remotos. Se for pensar em turismo no futuro, a previsão é de viagens mais caras e menos populares. Já em relação ao entretenimento, os vídeos sob demanda continuam sendo uma opção, além deles a continuidade de algumas alternativas desse período, como os cinemas drive-in.  

Com tantas mudanças nas relações comerciais, é o comportamento das pessoas que vai mover a economia. A população comprando de casa e fazendo praticamente tudo, como trabalhar, estudar e cozinhar, desestimula o adensamento urbano. O que suscita outras discussões, entre elas desigualdade e exclusão social, saneamento básico e meios de transporte. 

Como as crises mundiais impactam as empresas no Brasil?

Novos hábitos de consumo da população 

Uma das mudanças na economia com mais enfoque refere-se aos hábitos de consumo da população. Para exemplificar isso, um levantamento do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) encomendado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), feito em junho de 2020, revela algumas das mudanças em setores ligados ao comércio e aos serviços, principalmente. 

Batizado de “Observatório Febraban“, o estudo ouviu mil pessoas, amostra considerada representativa da população adulta bancarizada de todas as regiões. De acordo com a pesquisa, 30% dos entrevistados responderam que devem comprar mais pela internet no pós-pandemia, 28% disseram que pretendem usar os serviços de delivery com mais frequência e 37% responderam que devem viajar menos.

 Além desses, quase 50% afirmaram que pretendem frequentar menos os shoppings centers e que devem reduzir a frequência a bares e restaurantes após a retomada das atividades. 

Recuperação da economia no Brasil e no mundo pós-pandemia

Em relação ao ritmo da retomada econômica, a pesquisa aponta cautela da população bancarizada. Para 43%, a economia do país só vai se recuperar dos efeitos da pandemia depois de dois anos. 

O otimismo maior é em relação à situação financeira pessoal e familiar. Praticamente metade dos entrevistados acredita que as finanças particulares voltarão ao patamar pré-pandemia no prazo de até um ano.

Paralelamente, as projeções sobre o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2020 não param de variar. Em junho, analistas do mercado financeiro reduziram pela 17ª vez consecutiva para -6,48%.

Já os organismos internacionais projetam recessões ainda mais profundas. O Banco Mundial prevê queda de 8% do PIB do Brasil. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, que reúne economias desenvolvidas de todo o mundo) fala em um recuo de 7,4%, que pode chegar a 9,1% se houver uma segunda onda de surto da doença.

Em relação à economia mundial, a OCDE acredita que se o vírus continuar sob controle a queda será de 6% em 2020. Ao término de 2021, a previsão é de perda de rendimentos superiores a qualquer outra recessão dos últimos 100 anos fora dos períodos de guerra, com consequências nefastas para as pessoas, as empresas e os governos.

Diante dessa situação inusitada, economistas falam em novas políticas por parte dos governos de todo mundo, com atenção maior aos mais vulneráveis. Ou seja, o momento de desenhar uma economia mais sustentável e justa para melhorar as regulamentações, impostos, gastos, competitividade e proteção social. 

Os cenários da crise econômica

Em geral, a definição mais comum de que uma economia entrou em recessão é o acúmulo de dois trimestres consecutivos de queda no PIB. Baseado nisso, é possível a definição de alguns cenários de recuperação econômica. 

As previsões recorrem a simplificações de análises gráficas. Nessas representações, algumas letras são usadas para exemplificar o comportamento. V, W e U são as mais usadas.

A letra V considera o cenário mais otimista. Nessa forma, existe uma redução forte do PIB, com um ápice breve e uma recuperação acelerada. Já a recessão em forma de U é quando existe uma recuperação custosa. Com o tempo, será capaz de promover um crescimento igual ao anterior. 

Por fim, existe a turbulência do W. Nesta forma, existe a possibilidade da curva de contágio da Covid-19 não ser controlada, sendo necessário novas ondas de isolamento social. Ou seja, a recuperação não acontece e a economia volta a cair. 

De medidas provisórias às propostas de retomada da economia 

Sem termômetros bons o suficiente para dar uma dimensão da crise, é importante acompanhar também as iniciativas que propõem retomada econômica ou buscam evitar contornos piores aos possíveis cenários da crise. 

Retomar a agenda de reformas, mudança no teto de gastos, intervenções pontuais em setores estratégicos, frentes de trabalho e retomada do investimento público, além de medidas redistributivas e renda básica permanente. Esses são alguns dos itens discutidos para apostar na retomada da atividade econômica.

Entre as iniciativas pontuais para empresas como um todo existe muito trabalho colaborativo, que pode minimizar de alguma forma os efeitos da crise. Por exemplo, um dos movimentos que têm ajudado as empresas é o #naodemita. Mais de cinco mil empresas aderiram ao projeto no início de abril com a promessa de não dispensar ninguém até o fim de maio. 

A estimativa é que mais de dois milhões de pessoas foram impactadas positivamente. Agora, com o prolongamento da crise as mais de 40 empresas de médio à grande porte idealizadoras do movimento discutem os próximos passos. Ao menos, 16 delas declararam que vão continuar com a manutenção dos empregos. 

Para os setores mais impactados, outra saída é o programa de redução temporária de salários e de suspensão de contratos de trabalho, o Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (BEm), previsto pela Medida Provisória 936/2020. 

Depois de identificar algumas possibilidades para redução de gastos e cortes de despesas, as empresas conseguem traçar um planejamento com algumas doses de criatividade para ir além de uma simples adaptação, mas alcançar uma reinvenção se necessário. 

Afinal de contas, inúmeras coisas antes inimagináveis começaram a ser feitas de casa em uma vida que se redesenhou no mundo online. A transformação digital influencia da vida pessoal ao trabalho com impactos positivos. E são esses movimentos que impedem que a economia colapse ainda mais. O trabalho remoto é uma das evidências disso. 

Como as crises mundiais impactam as empresas no Brasil?

Reinvenção dos negócios e oportunidades na nova economia mundial

Se para as grandes empresas é desafiador, para as pequenas a situação é mais vulnerável ainda. O fato é a crise pode criar oportunidades. Resolver um desafio de cada vez, pensar mais em possíveis soluções imediatas e os dramas maiores deixar esperando um pouco mais para serem tratados. 

A vida digital mantém as atividades econômicas, possibilitando até o crescimento de alguns setores e acelerando a produtividade em todos. Os e-commerces, com certeza, serão um dos legados positivos dessa crise. 

Observar os desdobramentos e previsões da economia local e mundial, além dos novos hábitos de consumo da população ajudam nos planejamentos e reorganização da empreitada do trabalho. 

Os empresários reinventam os seus negócios para que eles sigam funcionando em meio à pandemia e, principalmente, sobrevivam depois dela. Ao mesmo tempo, em que alguns setores experimentam um crescimento, vendo a necessidade de investimentos assertivos. E ainda tem espaço para os futuros empreendedores captarem as oportunidades para criação de novidades. 

Diferentes perspectivas, principais mudanças e futuro do cenário nacional

Conheça as principais perspectivas para o pós-pandemia sob a ótica das rápidas mudanças que já aconteceram e ainda vão acontecer em todo mundo. O Blog da Contabilizei estudou os cenários e estruturou, neste série, algumas dessas mudanças e consequências. Fique com a gente e desfrute dos conteúdos. Eles foram produzidos especialmente para você:

  • Depois do Coronavírus o que vai acontecer com os Serviços Digitais
  • Depois do Coronavírus o que vai acontecer na Educação
  • Depois do Coronavírus o que vai acontecer na Saúde
  • Depois do Coronavírus o que vai acontecer nos Investimentos (em breve)
  • Depois do Coronavírus o que vai acontecer na Relação das pessoas (em breve)

Seja qual for a sua situação, conte com um contador online prático e econômico sem sair de casa. 

Como tais crises mundiais impactam as empresas em nosso país?

Durante uma crise econômica há declínio da atividade econômica. A demanda por consumo diminui, o que leva à diminuição da taxa de lucro das empresas. Como as empresas passam a lucrar menos, muitas delas acabam demitindo funcionários e isso leva ao aumento de taxas de desemprego.

Como uma crise financeira mundial afeta o Brasil?

Um crescimento menor da economia mundial pode afetar a atividade econômica do Brasil, mas por outro lado pode trazer um alívio do lado da inflação ao acentuar a queda dos preços das commodities.

Porque o fato de uma crise financeira mundial afetou o Brasil?

Isso significa que nós podemos ter mais instabilidade aqui, porque o que gera renda para o país - ainda mais em um cenário em que o nosso mercado interno não consome muito - é exportar. Então, se nós não exportamos muito, temos menos recursos e mais dificuldade para sair dessa situação de relativa estagnação econômica.

Quais são as principais consequências da crise economia mundial?

Durante uma crise econômica, podemos observar o declínio das atividades e da demanda por consumo. Com a demanda em baixa, a taxa de lucrtividade das empresas também cai. Quando empresas precisam cortar custos, elas muitas vezes decidem demitir funcionários.