Como deve ser um comportamento ético de um profissional de educação física?

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Introdu��o

    A �tica ilumina a consci�ncia humana, sustenta e dirige as a��es do homem, norteando a conduta individual e social. � um produto hist�rico-cultural e, como tal, define o que � virtude, o que � bom ou mal, certo ou errado, permitido ou proibido, para cada cultura e sociedade.

    Dessa maneira, a �tica � universal, enquanto estabelece um c�digo de condutas morais v�lidos para todos os membros de uma determinada sociedade e, ao mesmo tempo, tal c�digo � relativo ao contexto s�cio-pol�tico-econ�mico e cultural onde vivem os sujeitos �ticos e onde realizam sua a��es morais.


Ethos, �tica, em grego designa a morada humana

    O ser humano separa uma parte do mundo para, moldando-a ao seu jeito, construir um abrigo protetor e permanente.

    A �tica, como morada humana, n�o � algo pronto e constru�do de uma s� vez.

    O ser humano est� sempre tornando habit�vel a casa que construiu para si.

    �tico significa, portanto, tudo aquilo que ajuda a tornar melhor o ambiente para que seja uma moradia saud�vel: materialmente sustent�vel, psicologicamente integrada e espiritualmente fecunda.

    A �tica n�o se confunde com a moral. A moral � a regula��o dos valores e comportamentos considerados leg�timos por uma determinada sociedade, um povo, uma religi�o, uma certa tradi��o cultural etc. H� morais espec�ficas, tamb�m, em grupos sociais mais restritos: uma institui��o, um partido pol�tico. H�, portanto, muitas e diversas morais. Isto significa dizer que uma moral � um fen�meno social particular, que n�o tem compromisso com a universalidade, isto �, com o que � v�lido e de direito para todos os homens. Exceto quando atacada: justifica-se se dizendo universal, supostamente v�lida para todos.

    A �tica pode e deve ser incorporada pelos indiv�duos, sob a forma de uma atitude diante da vida cotidiana, capaz de julgar criticamente os apelos a-cr�ticos da moral vigente. Mas a �tica, tanto quanto a moral, n�o � um conjunto de verdades fixas, imut�veis. A �tica se move, historicamente, se amplia e se adensa. Para entendermos como isso acontece na hist�ria da humanidade, basta lembrarmos que, um dia, a escravid�o foi considerada natural, ou que a Educa��o F�sica foi alvo de uma emenda parlamentar para ser banida dos curr�culos escolares.

    A �tica � uma reflex�o cr�tica sobre a moralidade. Mas ela n�o � puramente teoria. A �tica � um conjunto de princ�pios e disposi��es voltados para a a��o, historicamente produzidos, cujo objetivo � balizar as a��es humanas. A �tica existe como uma refer�ncia para os seres humanos em sociedade, de modo tal que a sociedade possa se tornar cada vez mais humana.


A �tica e a Hist�ria

    A �tica tem sido o principal regulador do desenvolvimento hist�rico-cultural da humanidade. Sem �tica, ou seja, sem a refer�ncia a princ�pios humanit�rios fundamentais comuns a todos os povos, na��es, religi�es etc, a humanidade j� teria se despeda�ado at� � autodestrui��o.

    O estudo da �tica est� bem descrita nos trabalhos dos fil�sofos gregos, como Arist�teles e Plat�o. O pensamento coletivo atual sobre �tica pode ser encontrado em Arist�teles: "para o homem n�o existe maior felicidade que a virtude e a raz�o", isto �: a pr�tica do bem, obtida atrav�s do exerc�cio da virtude, � a felicidade e que ela deva ser praticada como ideal e como ato consciente.

    Alguns fil�sofos apresentam a �tica como uma conduta volvida � realidade de cada �poca, portanto mut�vel. De qualquer modo, ao longo da hist�ria, o homem tem mudado a sua forma de pensar, estabelecida pelo que chamamos de PARADIGMAS.

    O paradigma muda devido �s limita��es do mesmo. Para isto, devemos fazer uma revis�o hist�rica na hist�ria da ci�ncia:

1. Na hist�ria da ci�ncia, podem-se observar caminhos tortuosos de antecipa��es, rompimentos e retomadas de antigas concep��es. Podem existir em uma mesma �poca, diferentes paradigmas, de modo que prevalecer� aquele que tiver melhores condi��es de explicar o objeto de an�lise. Por exemplo:

  • Concep��es atomistas (Arist�teles) e sist�micas (Anaximandro) na Gr�cia Antiga.

  • Concep��es empiristas (Bacon) e racionalistas (Descartes), no s�culo XVII.

  • Concep��es newtonianas e hol�sticas, na atualidade.

2. Muitas das vis�es de mundo de cientistas e fil�sofos de determinadas �pocas hist�ricas sofreram influ�ncias bem mais antigas. Por exemplo, Arquimedes exerceu enorme influ�ncia sobre Da Vinci e Galileu. Este �ltimo que forneceu as bases para a sistematiza��o da mec�nica de Newton, o qual contribuiu para a formula��o da Teoria da Relatividade. Da mesma forma, Cop�rnico recebeu influ�ncia de Ptolomeu, Plutarco e Aristarco, para a elabora��o da teoria Helioc�ntrica. Sobre este assunto, Popper declara no seu livro Conjecturas e Refuta��es (3� edi��o, Ed. UnB, p�g. 56) "o conhecimento n�o parte do nada, como tamb�m n�o nasce da observa��o. Seu progresso consiste nas modifica��o do conhecimento precedente"

3. os avan�os da ci�ncia, embora sejam cont�nuos, apresentam momentos de ruptura de paradigma, como na seq��ncia hist�rica abaixo:

  • Newton nasceu na Inglaterra em 1642 (ano da morte de Galileu Galilei). Galileu contribuiu para o desenvolvimento da din�mica, do conceito de atrito e do conceito de in�rcia. Newton estabeleceu as leis da mec�nica, relacionando-as com os movimentos dos corpos celestes, desenvolveu a teoria da gravita��o e confirmou as leis de Kepler, desenvolveu o c�lculo diferencial, bem como suas contribui��es para a f�sica �ptica.

  • No s�culo XVIII, destacaram-se Laplace, Voltaire, Lagrange e Lavoisier, que refor�aram as concep��es deterministas e materialistas da ci�ncia. Houve muitos avan�os cient�ficos como o desenvolvimento das ci�ncias da vida (fisiologia, imunologia, bot�nica, zoologia, microbiologia, etc.). No �mbito tecnol�gico, Newcomen inventou a m�quina a vapor, aperfei�oada por Watt em 1777, revolucionando a ind�stria e os transportes.

  • No s�culo XIX, pode-se destacar o seguinte: o desenvolvimento da eletricidade e do magnetismo onde se destacaram Faraday e Maxwell, propiciando muitas inova��es tecnol�gicas, como o d�namo, o tel�grafo, o r�dio e o radar. A termodin�mica teve grande destaque, trazendo novos conceitos, como o princ�pio da conserva��o de energia, entropia, zero absoluto, calor, bem como o desenvolvimento das m�quinas t�rmicas por Sadi Carnot. A Teoria da Evolu��o da vida, proposta por Darwin em 1859 foi outro marco de extrema import�ncia na ci�ncia.

  • O s�culo XX foi o per�odo mais f�rtil da hist�ria da humanidade, tendo gerado mais da metade de todo o acervo de conhecimento em ci�ncia e tecnologia. Destacaram-se a Teoria da Relatividade de Einstein, a mec�nica qu�ntica, a cibern�tica (John Von Neumann e Norbert Wiener), o dom�nio da energia nuclear, as tecnologias de informa��o, as tecnologias aeroespaciais e a engenharia gen�tica. Importantes avan�os foram registrados na eletr�nica, com a inven��o da v�lvula termi�nica e do efeito transistor. Neste per�odo as atividades de C&T passam a ser coletivas, dependendo menos da genialidade e da inspira��o de indiv�duos isolados.

4. Nos �ltimos tr�s s�culos, o paradigma cient�fico estabelecido foi o newtoniano, por�m com o advento de uma s�rie de novas teorias durante o s�culo XIX e XX, como a Teoria da relatividade, a termodin�mica probabil�stica de Gibbs, a teoria da evolu��o de Darwin, o avan�o da matem�tica (Poincar�, Mandelbrot, etc.), bem como pela exist�ncia de fen�menos complexos, at� ent�o inexplic�veis, est� ocorrendo uma mudan�a de paradigma. Fen�menos como a desordem da atmosfera, as varia��es da popula��o, crescimento econ�mico das na��es, din�mica de ecossistemas, todos altamente n�o-lineares, eram evitados pelos cientistas. Surgiu a Teoria do Caos, que trata dos processos, das rela��es e das l�gicas dos sistemas, sob o aspecto do todo e suas conex�es, evitando o reducionismo cl�ssico. O estudo do caos tem sido integrador do conhecimento cient�fico, antes organizado em disciplinas isoladas.


�tica no Brasil

    No Brasil assistimos a uma degrada��o moral acelerada, principalmente na pol�tica. O tipo de desenvolvimento econ�mico vigente no Brasil tem gerado estruturalmente e sistematicamente situa��es pr�ticas contr�rias aos princ�pios �ticos: gera desigualdades crescentes, gera injusti�as, rompe la�os de solidariedade, reduz ou extingue direitos, lan�a popula��es inteiras a condi��es de vida cada vez mais indignas. E tudo isso convive com situa��es escandalosas, como o enriquecimento il�cito de alguns, a impunidade de outros, a prosperidade da hipocrisia pol�tica de muitos.

    A falta de �tica mais prejudica a quem tem menos poder (menos poder econ�mico, menos poder cultural, menos poder pol�tico). A transgress�o aos princ�pios �ticos acontece sempre que h� desigualdade e injusti�as na forma de exercer o poder. Isso acentua ainda mais a desigualdade e a injusti�a. A falta ou a quebra da �tica significa a vit�ria da injusti�a, da desigualdade, da indignidade, da discrimina��o. Os mais prejudicados s�o os mais pobres, os exclu�dos.

    A falta de �tica prejudica o doente que compra rem�dios caros e falsos; prejudica a mulher, o idoso, o negro, o �ndio, recusados no mercado de trabalho ou nas oportunidades culturais; prejudica o trabalhador que tentar a vida pol�tica; prejudica os analfabetos no acesso aos bens econ�micos e culturais; prejudica as pessoas com necessidades especiais (f�sicas ou mentais) a usufruir a vida social; prejudica com a discrimina��o e a humilha��o os que n�o fazem a op��o sexual esperada e induzida pela moral dominante etc.

    A atitude �tica, ao contr�rio, � includente, tolerante e solid�ria: n�o apenas aceita, mas tamb�m valoriza e refor�a a pluralidade e a diversidade, porque plural e diversa � a condi��o humana. A falta de �tica instaura um estado de guerra e de desagrega��o, pela exclus�o. A falta de �tica amea�a � humanidade.

    Do outro lado, uma vida pol�tica saud�vel, transparente, representativa, respons�vel, verdadeiramente democr�tica, ou seja, �tica, tem o poder de alavancar a autoconfian�a de um povo e reerguer um pa�s alquebrado e amea�ado pela desagrega��o.


�tica Profissional

    A �tica profissional � um conjunto de normas de conduta que dever�o ser postas em pr�tica no exerc�cio de qualquer profiss�o. Seria a a��o "reguladora" da �tica agindo no desempenho das profiss�es, fazendo com que o profissional respeite seu semelhante quando no exerc�cio da sua profiss�o.

    A �tica profissional estudaria e regularia o relacionamento do profissional com sua clientela, visando a dignidade humana e a constru��o do bem-estar no contexto s�cio-cultural onde exerce sua profiss�o.

    Ela atinge todas as profiss�es e quando falamos de �tica profissional estamos nos referindo ao car�ter normativo e at� jur�dico que regulamenta determinada profiss�o a partir de estatutos e c�digos espec�ficos. Assim temos a �tica m�dica, do advogado, do bi�logo, etc.

    Acontece que, em geral, as profiss�es apresentam a �tica firmada em quest�es muito relevantes que ultrapassam o campo profissional em si. Quest�es como o aborto, pena de morte, seq�estros, eutan�sia, AIDS, por exemplo, s�o quest�es morais que se apresentam como problemas �ticos - porque pedem uma reflex�o profunda - e, um profissional, ao se debru�ar sobre elas, n�o o faz apenas como tal, mas como um pensador, um "fil�sofo da ci�ncia", ou seja, da profiss�o que exerce. Desta forma, a reflex�o �tica entra na moralidade de qualquer atividade profissional humana.

    Sendo a �tica inerente � vida humana, sua import�ncia � bastante evidenciada na vida profissional, porque cada profissional tem responsabilidades individuais e responsabilidades sociais, pois envolvem pessoas que dela se beneficiam.

     A �tica � ainda indispens�vel ao profissional, porque na a��o humana "o fazer" e "o agir" est�o interligados. O fazer diz respeito � compet�ncia, � efici�ncia que todo profissional deve possuir para exercer bem a sua profiss�o. O agir se refere � conduta do profissional, ao conjunto de atitudes que deve assumir no desempenho de sua profiss�o.

    A �tica baseia-se em uma filosofia de valores compat�veis com a natureza e o fim de todo ser humano, por isso, "o agir" da pessoa humana est� condicionado a duas premissas consideradas b�sicas pela �tica: "o que �" o homem e "para que vive", logo toda capacita��o cient�fica ou t�cnica precisa estar em conex�o com os princ�pios essenciais da �tica.

    Constata-se ent�o o forte conte�do �tico presente no exerc�cio profissional e sua import�ncia na forma��o de recursos humanos.

    Parece ser uma tend�ncia do ser humano, como tem sido objeto de refer�ncias de muitos estudiosos, a de defender, em primeiro lugar, seus interesses pr�prios e, quando esses interesses s�o de natureza pouco recomend�vel, ocorrem s�rios problemas.

    O valor �tico do esfor�o humano � vari�vel em fun��o de seu alcance em face da comunidade. Se o trabalho executado � s� para auferir renda, em geral, tem seu valor restrito. Por outro lado, nos servi�os realizados com amor, visando ao benef�cio de terceiros, dentro de vasto raio de a��o, com consci�ncia do bem comum, passa a existir a express�o social do mesmo.


�tica e Exerc�cio Profissional

    Uma classe profissional caracteriza-se pela homogeneidade do trabalho executado, pela natureza do conhecimento exigido preferencialmente para tal execu��o e pela identidade de habilita��o para o exerc�cio da mesma. A classe profissional �, pois, um grupo dentro da sociedade, espec�fico, definido por sua especialidade de desempenho de tarefa.

    A quest�o, pois, dos grupamentos espec�ficos, sem d�vida, decorre de uma especializa��o, motivada por sele��o natural ou habilidade pr�pria, e hoje se constitui em inequ�voca for�a dentro das sociedades.

    A forma��o das classes profissionais decorreu de forma natural, h� mil�nios, e se dividiram cada vez mais. Historicamente, atribui-se � Idade M�dia a organiza��o das classes trabalhadoras, notadamente as de artes�os, que se reuniram em corpora��es.

    A divis�o do trabalho � antiga, ligada que est� � voca��o e cada um para determinadas tarefas e �s circunst�ncias que obrigam, �s vezes, a assumir esse ou aquele trabalho; ficou pr�tico para o homem, em comunidade, transferir tarefas e executar a sua.

    A uni�o dos que realizam o mesmo trabalho foi uma evolu��o natural e hoje se acha n�o s� regulada por lei, mas consolidada em institui��es fort�ssimas de classe.

    A express�o �tica e exerc�cio profissional p�e em rela��o � an�lise cr�tica dos valores morais que orientam os comportamentos - representada pela �tica - com uma praxis humana especializada, ou profiss�o, que � a compet�ncia humana em agir sobre o mundo das coisas e dos seres vivos, de uma determinada maneira e com determinados instrumentos espec�ficos, em vista de transform�-los para atingir determinados objetivos.

    Os objetos privilegiados da �tica atualmente s�o aqueles da �tica aplicada, em particular, da bio�tica, que trata dos dilemas morais que surgem com a sa�de reprodutiva, a fecunda��o artificial e o aborto; os doentes terminais, a obstina��o terap�utica e a eutan�sia; dos doentes cr�nicos, dos transplantes e com�rcio de �rg�os; dos cortes or�amentais dos Estados, da aloca��o dos recursos escassos e da equidade nas pol�ticas p�blicas; do desenvolvimento das biotecnologias, da clonagem e da utiliza��o da engenharia gen�tica em campo biom�dico; da polui��o ambiental e das pol�ticas de desenvolvimento; da pesquisa com seres humanos, etc. � nestes casos que surge a maioria dos dilemas morais contempor�neos.


Responsabilidade �tica

    Quando se fala, hoje em dia, de �tica da responsabilidade, pensa-se habitualmente em Hans Jonas, pois � gra�as a ele que a express�o �tica da responsabilidade se tornou mundialmente conhecida e debatida, fazendo dela uma tentativa de fundar uma moral universal, embasada num princ�pio mor, chamado princ�pio de responsabilidade, norteador de nosso agir na era da civiliza��o tecnocient�fica e biotecnocient�fica. Mas, quem conhece tamb�m a obra de Max Weber, sabe que foi este autor a propor uma "�tica da responsabilidade" pela primeira vez.

    O termo �tica, como vimos, indica a an�lise cr�tica das normas e valores vigentes na moral do senso comum; o termo exerc�cio, por sua vez, remete a praxis, ao agir transformador; e, por fim, profissional implica, a saber, uma ocupa��o competente e a voca��o.

    Em suma, para Weber "o destino de nossos tempos � caracterizado pela racionaliza��o e intelectualiza��o e, acima de tudo, pelo 'desencantamento do mundo' pois precisamente os valores �ltimos e mais sublimes retiraram-se da vida p�blica, seja para o reino transcendental da vida m�stica, seja para a fraternidade das rela��es humanas diretas e pessoais".


�tica Profissional e Educa��o F�sica

    Promover a sa�de e a boa forma planejando e adequando exerc�cios ao perfil de cada pessoa. Este � o principal objetivo do profissional de Educa��o F�sica, que tamb�m se preocupa em corrigir a postura e melhorar o desempenho cardiorrespirat�rio e muscular dos indiv�duos. Para exercer suas atividades na �rea, o profissional dominar� as dimens�es pol�tica e profissional constantes de sua forma��o acad�mica, assim como ter� compet�ncia t�cnica e habilidade necess�rias � elabora��o, execu��o e avalia��o de programas de atividades f�sicas adequadas aos v�rios segmentos de ensino formal, n�o formal, bem como programas atividades esportivas educativas, l�dicas, de lazer e competitivas. Dever� ser um profissional com vis�o cr�tica da hist�ria e das quest�es sociais brasileiras e, sobre tudo, identificar o processo de crescimento e desenvolvimento do ser humano e sua rela��o com as quest�es de ensino-aprendizagem.

    A conquista e manuten��o de uma boa sa�de para uma melhor qualidade de vida s�o objetivos principais de todos em nossa sociedade, e a pr�tica regular de atividades f�sicas e esportivas � fundamental neste processo. O acompanhamento e orienta��o de um profissional de Educa��o F�sica � reconhecidamente indispens�vel para a efici�ncia e seguran�a em todas atividades. O aumento constante desta pr�tica em academias, clubes, parques, condom�nios e at� em casa, demonstra o crescente mercado de atua��o para o profissional.

    A humaniza��o da atividade f�sica deve ser uma das preocupa��es deste profissional. Seu trabalho envolve a execu��o, orienta��o e assessoria do esporte e da atividade f�sica, bem como a participa��o em projetos de sa�de e educa��o para a comunidade. Assim, a ado��o de uma postura �tica e de cidadania � indispens�vel.

    No Brasil o profissional de educa��o f�sica sempre foi um ser atuante ao longo da hist�ria do pa�s, apesar de sua aprova��o como profiss�o regulamentada s� ter ocorrido ao final do s�culo XX durante o governo do ent�o presidente Fernando Henrique Cardoso. Por�m, sua atua��o come�ou a ser valorizada j� no final do s�culo XIX quando Rui Barbosa, no ano de 1882, solicitava a inclus�o da gin�stica nos programas escolares assim como tamb�m a equipara��o dos seus professores aos de outras disciplinas.

    Partindo deste momento hist�rico ocorreu toda a evolu��o hist�rica do educador f�sico no Brasil at� chegar ao ano de 1998 quando, finalmente, foi regulamentada a profiss�o de educa��o f�sica no pa�s. A justificativa para a realiza��o de um artigo com este assunto reside no fato de acharmos importante que todos os profissionais de educa��o f�sica tenham o conhecimento do desenvolvimento de sua profiss�o ao longo de diversos momentos hist�ricos do pa�s assim como tamb�m das pessoas que lutaram para que nossa atua��o fosse cada vez mais valorizada perante a sociedade em que vivemos.

    Ap�s a contribui��o de Rui Barbosa na valoriza��o do educador f�sico houve uma estabiliza��o no processo de desenvolvimento da profiss�o, estabiliza��o esta que durou at� 1937 quando, no ent�o governo Vargas, a nova constitui��o brasileira tornava obrigat�ria nas escolas prim�rias, normais e secund�rias a pr�tica da educa��o f�sica. No ano de 1940 a educa��o f�sica passou a ser obrigat�ria para a inf�ncia e juventude de todo o pa�s e tal medida adotada pelo governo Vargas visava o fortalecimento do corpo, da sa�de e do esp�rito patri�tico, influenciado pela forma��o alem� e italiana. Em 1946, os professores Inezil Penna Marinho e Manoel Monteiro Soares iniciaram um movimento de propaga��o no sentido de haver a cria��o de uma "ordem" ou "conselho" para os professores de educa��o f�sica, movimento este que n�o resultou em grandes transforma��es, mas que foi o ponta-p� inicial para o processo de regulamenta��o da profiss�o.

    Ap�s isto quase trinta anos se passaram sem que ocorressem grandes contribui��es ou mudan�as em rela��o ao profissional de educa��o f�sica at� que, em 1972, durante o III encontro de professores de educa��o f�sica realizado no Rio de janeiro, foi aprovado o interesse dos titulados em educa��o f�sica em propor a cria��o dos conselhos federal e regionais reguladores da profiss�o assim como tamb�m o respectivo c�digo de �tica profissional. Nos anos seguintes a esta proposi��o ocorreram v�rias discuss�es a respeito da regulamenta��o da profiss�o, principalmente devido ao fato de que muitos achavam o termo "professor de educa��o f�sica" pejorativo e profissionalmente estigmatizado. No final das contas tal discuss�o acabou n�o dando em nada e ainda veio a contribuir para um atraso na busca pelo processo de regulamenta��o da profiss�o. Em 1975, durante o governo militar, a educa��o f�sica passou por profundas transforma��es em sua estrutura visto que com a aprova��o da lei n. 6251/75 (institui normas sobre a educa��o f�sica e desportos) a educa��o f�sica e a pr�tica esportiva passaram a ser vistos como instrumentos para atender aos interesses do governo, interesses estes que visavam o aprimoramento da aptid�o f�sica da popula��o, a eleva��o do n�vel do desporto em todas as �reas, implanta��o e intensifica��o da pr�tica do desporto de massa, eleva��o do n�vel t�cnico-desportivo dos representantes nacionais e a difus�o dos desportos como forma de utiliza��o do tempo de lazer. Desta forma buscava-se passar a imagem de que o Brasil era um pa�s de pessoas vencedoras com habitantes de corpos atl�ticos e esbeltos e, assim, mascarar a verdadeira realidade observada na �poca, em que a ditadura reinava e a fome e a pobreza estavam sempre presentes.

    Passada a turbulenta �poca da ditadura militar p�de-se, em 1984, iniciar a primeira tentativa concreta para legalizar formalmente a regulamenta��o da profiss�o, proposta esta que foi aprovada no congresso nacional no ano de 1989, sendo, por�m, vetada pelo presidente da �poca. Seis anos se passaram at� que em 1995, durante o X congresso da federa��o internacional de educa��o f�sica realizado na cidade de Foz do Igua�u, foi lan�ado o movimento pela regulamenta��o da profiss�o de educador f�sico o qual tinha como objetivo arregimentar esfor�os junto aos segmentos da sociedade organizada com o intuito de finalmente regulamentar a profiss�o. Apesar de bater de frente com algumas resist�ncias, este movimento finalmente se concretizou quando o deputado Eduardo Mascarenhas, tamb�m no ano de 1995, apresentou o projeto da lei n. 330/95 justificado pelos seguintes argumentos: � preciso que haja uma normatiza��o e controle espec�fico para o exerc�cio da profiss�o de modo a frear a invas�o do mercado de trabalho por pessoas n�o qualificadas e assim garantir a seguran�a de toda a sociedade praticante de atividades f�sicas; se faz necess�ria a participa��o do profissional de Educa��o f�sica na elabora��o de pol�ticas p�blicas de desportos e; tamb�m se faz necess�ria � cria��o de um conselho �tico profissional que normatize, oriente, discipline e fiscalize o mercado de trabalho e os profissionais nele inseridos. Tal lei foi aprovada em 01 de setembro de 1998 e seu conte�do fala sobre a regulamenta��o da profiss�o de educador f�sico assim como tamb�m cria os respectivos conselho federal e conselhos regionais de educa��o f�sica.


Conclus�o

    Na Confer�ncia Geral da Organiza��o das Na��es Unidas para a Educa��o, a Ci�ncia e a Cultura, celebrada em Paris, em sua 20a. reuni�o, no dia 21 de novembro de 1978, foi proclamada a "CARTA INTERNACIONAL DA EDUCA��O F�SICA E DO DESPORTO", onde em seu artigo primeiro destaca que "a pr�tica da Educa��o F�sica e do Desporto � um direito fundamental para todos" e em seu inciso terceiro assinala que "se dever�o oferecer oportunidades especiais aos jovens em idade pr�-escolar, e as pessoas de idade avan�ada e aos deficientes, a fim de fazer poss�vel o desenvolvimento integral de sua personalidade gra�as aos programas de Educa��o f�sica e Desporto adaptados as suas necessidades".

    A Educa��o F�sica � uma profiss�o essencialmente multidisciplinar e, por isto, pode ser encarada com �nfases bem diversas. Uma simples olhada no passado da Educa��o F�sica mostra que ela j� passou por v�rias destas �nfases e, no presente encontra-se, talvez, na busca de algo que melhor a identifique e justifique.

    Pode-se observar v�rias inst�ncias nas quais a Educa��o F�sica se afasta do processo educacional, como quando, por exemplo, priorizam-se os objetivos do desporto competitivo, preocupando-se com a performance e esquecendo-se dos objetivos de formar indiv�duos e cidad�os, ou quando se ignoram diferen�as individuais e da pr�pria sociedade e se age como se existisse uma Educa��o F�sica �nica, adequada a todos, ou ainda quando se usa a Educa��o F�sica para moldar as pessoas e torn�-las ajustadas � sociedade existente quando a finalidade da educa��o � preparar os homens para serem donos de seus destinos: cada um � que deve decidir se concorda ou n�o com a sociedade em que vive, se quer mant�-la ou mud�-la. Poder-se-ia citar ainda muitos outros desvios da Educa��o F�sica, mas estes s�o alguns dos mais comuns.

    A Educa��o F�sica se encontra quando tem como norte principal os da pr�pria educa��o: atender a toda popula��o naquilo em que ela � carente, procurar o desenvolvimento de indiv�duos capazes, cr�ticos e aut�nomos, part�cipes respons�veis da sociedade, compromissados com os ideais democr�ticos.

    Deve-se observar que seja qual for o tipo de Educa��o F�sica ela sempre se fundamenta nas mesmas disciplinas. O que difere � o peso que estes conhecimentos t�m e que provocam os enfoques t�o diversos.

    Na vis�o educacional o ponto de partida � a realidade: onde vive o aluno e o pr�prio aluno. A meta � o indiv�duo capaz, aut�nomo, a sociedade justa e o cidad�o que � necess�rio para que esta sociedade venha a se instalar. O que est� no meio do caminho entre a partida e a meta, � meio para se alcan�ar este fim e meios devem sempre ser subordinados aos fins.

    Buscar uma nova identifica��o epistemol�gica � Educa��o F�sica enquanto disciplina e profiss�o, parece ser um alvo importante das discuss�es nos �ltimos anos, tanto nos congressos acad�micos quanto nas disciplinas de p�s-gradua��o.

    Com a regulamenta��o da profiss�o e seu reconhecimento legal perante a sociedade, acreditamos que � necess�rio uma discuss�o mais apurada frente ao tema, haja vista que o nome de Educa��o F�sica, adotado para designar o profissional que atua na �rea de atividade f�sica, n�o contempla todos os campos de atua��o que est�o � merc� do poder fiscalizador dos Conselhos Regionais.

    Entendemos ser imprescind�vel, antes de definirmos uma nova nomenclatura a ser adotada, deixarmos claro o campo de conhecimento e seus limites disciplinares. Sem um reconhecimento dos limites do campo de conhecimento nada adiantaria.

    Por fim, parece-nos estar claro que a delimita��o de um campo de conhecimento espec�fico para a Educa��o F�sica carecem de mais discuss�es. Enfatizando a necessidade de um envolvimento mais presente dos profissionais da �rea, fortalecendo este tipo de reflex�o no �mbito acad�mico-cient�fico. N�o sejamos omissos, nem tomemos partido por conveni�ncia, pois assumir uma postura pol�tico-profissional e agir em seu favor, � no m�nimo uma quest�o de compromisso com a profiss�o. Uni-vos, profissionais de Educa��o F�sica, pois a nossa profiss�o � feita pelo amor e a vontade de tornarmos fortes e ocuparmos o nosso verdadeiro espa�o em uma sociedade leal e digna de nosso empenho no que diz respeito ao crescimento f�sico, moral e intelectual dos cidad�os que ajudamos a formar.


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O que é ser ético na Educação Física?

A Ética Profissional na Educação Física Escolar tem sua origem na conduta do professor. Ela é demonstrada com características cotidianas básicas, através de assiduidade, cumprimento das atividades proposta pelo ambiente de trabalho, comportamento moral e sócio educativo.

Como deve ser o comportamento correto de um profissional ético?

Veja agora quais são as características que integram a ética profissional..
Honestidade. A honestidade não deve ser considerada um diferencial, mas sim uma postura básica que deve fazer parte da formação e do caráter de todo ser humano. ... .
Altruísmo. ... .
Respeito. ... .
Valores. ... .
Integridade. ... .
Justiça. ... .
Lealdade. ... .
Virtude..

Quais são os comportamentos adequados ao profissional de Educação Física?

respeitar e fazer respeitar o ambiente de trabalho; promover o uso adequado dos materiais e equipamentos específicos para a prática da Educação Física; manter-se em dia com as obrigações estabelecidas no Estatuto do CONFEF.

O que é comportamento ético profissional?

A ética profissional é uma junção de normas, valores e comportamentos pessoais, que está concentrada nos padrões, regras e hierarquia da empresa. Possuí-la significa benefícios diretos para o desenvolvimento pessoal, profissional e organizacional.