Como e a inclusão de surdos na educação escolar?

Introdu��o

    A inclus�o de alunos com necessidades educativas especiais tem se expandindo cada vez mais, sobretudo nas �ltimas d�cadas na chamada educa��o inclusiva. Este assunto nos remete na condi��o de futuros educadores a refletir sobre a inclus�o, pois nos dias atuais parece uma tarefa muito dif�cil devido � falta de recursos que as escolas enfrentam, principalmente na quest�o da acessibilidade, por alguns profissionais da educa��o que apresentam certa resist�ncia, isso porque n�o se julgam qualificados para trabalhar com alunos com algum tipo de defici�ncia e por n�o ter incentivo por parte do governo em suas m�ltiplas esferas em rela��o a reciclagens constantes, aprimoramento e aperfei�oamento de profissionais para trabalhar com essas crian�as especiais.

    A educa��o na perspectiva escolar � uma quest�o de direitos humanos, e os indiv�duos com defici�ncias devem fazer parte das escolas, as quais devem modificar seu funcionamento para incluir todos os alunos. (Declara��o de Salamanca, 1994). � dever da escola se adaptar ao aluno com defici�ncia para a inclus�o de todos.

    A inclus�o causa uma mudan�a na perspectiva educacional, pois n�o se limita a ajudar somente os alunos que apresentam dificuldades na escola, mas ap�ia a todos: professores, alunos, pessoal administrativo, para que obtenham sucesso na corrente educativa geral. (MANTOAN,1997). Atrav�s deste contexto o objetivo do presente trabalho � fazer uma breve reflex�o sobre a inclus�o de alunos com necessidades educativas especiais no �mbito escolar, sobretudo os alunos surdos.

Metodologia

    O presente estudo se classifica como pesquisa bibliogr�fica, que segundo Gil (1991) ela � elaborada a partir de material j� publicado, constitu�do principalmente de livros, artigos de peri�dicos e atualmente com material disponibilizado na Internet.

Referencial te�rico

    O principio da inclus�o social de portadores de necessidade f�sicas ou mentais, est� relacionado a um processo educacional que busca atender a crian�a e adolescentes com defici�ncia na escola ou na sala de aula de ensino regular. Para que isso ocorra, � de fundamental import�ncia que pais, mestres e professores a sim como todo corpo docente se empenhe no suporte dos servi�os da �rea de educa��o especial por meio de especializa��es e constante reciclagem de seus profissionais. Para compreendermos melhor a situa��o atual da inclus�o e os aspectos que acabam provocando ang�stias e algumas vezes pol�micas, precisa-se voltar um pouco no tempo.

    Nas civiliza��es antigas era normal o infantic�dio, quando se observavam anormalidades nas crian�as. Durante a Idade M�dia a Igreja condenou tais atos, mas por outro lado, acalentaram a id�ia de atribuir a causas sobrenaturais as anormalidades as pessoas, explicando-as como puni��o, em decorr�ncia de pecados cometidos. Assim, as crian�as que nasciam com alguma defici�ncia eram escondidas ou sacrificadas. De acordo com Mazzotta (1982, p.12): �O indiv�duo deficiente � aquele que se desvia em grau aleat�rio da norma padr�o em uma determinada vari�vel, de maneira a necessitar de recursos especiais para desenvolver a sua capacidade m�xima�. O termo excepcional � usado para descrever os alunos cujos padr�es de necessidades educacionais sejam muito diferentes dos da maneira das crian�as e jovens.

    Com o surgimento dos renascentistas foi compreendida a concep��o de anormalidade, com avan�o da medicina veio a no��o patol�gica, de forma a conscientizar toda a popula��o a respeito dos portadores de defici�ncia. No passado, os portadores de defici�ncia principalmente os com defici�ncia mental, eram totalmente rejeitados, internados em orfanatos, manic�mios e outros tipos de institui��es. Esses internatos acolhiam uma diversidade de sujeitos com patologias distintas, alguns deficientes, outros doentes. (AMARAL, 2001, p. 32). Essa fase foi chamada de exclus�o social dos portadores de necessidades especiais, porque as pessoas que fugiam do padr�o de comportamento ou de desenvolvimento por qualquer motivo eram totalmente exclu�das do contexto social e da conviv�ncia com os demais.

    A linguagem � respons�vel pela regula��o da atividade ps�quica humana, pois � ela que permeia a estrutura��o dos processos cognitivos. Assim, � assumida como constitutiva do sujeito, pois possibilita intera��es fundamentais para a constru��o do conhecimento (Vygotski, 2001). � atrav�s do contato com a linguagem que o sujeito se constitui. J� para as pessoas surdas, esse contato � prejudicado, podendo trazer conseq��ncias emocionais, s�cias e cognitivas. Assim, os sujeitos surdos pela defasagem auditiva enfrentam dificuldades para entrar em contato com a l�ngua do grupo social no qual est�o inseridos (G�es, 1996).

    Devido �s dificuldades acarretadas pelas quest�es de linguagem, pode-se observar no �mbito escolar que as crian�as surdas n�o possuem um desenvolvimento nem um conhecimento adequado. Primeiramente � necess�rio a utiliza��o da educa��o bil�ng�e, que torna a l�ngua de sinais obrigat�ria para os educadores. � a partir desta l�ngua que o surdo entrar� em contato com o seu grupo social. Assim, do mesmo modo que ocorre quando as crian�as ouvintes aprendem a falar, a crian�a surda exposta � l�ngua de sinais ir� adquiri-la e poder� desenvolver-se, no que diz respeito aos aspectos cognitivos e ling��sticos de acordo com sua capacidade. O objetivo da educa��o bil�ng�e � tornar essa l�ngua presente no contexto escolar, no qual est�o inseridos os alunos surdos.

    De acordo o Antino (1997, p. 21), todas as pessoas independentes de seu estado f�sico e mental s�o membros igualmente importante em uma sociedade e que a diversidade e a diferen�a enriquecem e agrega valores ao meio escolar, possibilitando novas vivencias e aprendizagens para as pessoas consideradas deficientes ou que por qualquer motivo n�o se adaptaram ao sistema escolar e as que j� est�o adaptadas fazendo com que eles compreendam o fato de nem todos nos sermos iguais. A inclus�o � o resultado de uma longa caminhada que vem sendo constru�da passo a passo por todos n�s ao longo de milhares de anos de registro hist�rico da humanidade.

Considera��es finais

    � importante que os educadores saibam a l�ngua de sinais, de modo a poder interagir de maneira clara com o seu aluno. Assim, para o aluno surdo ser� efetivamente melhor uma escola na quais os conte�dos sejam ministrados em sua l�ngua de dom�nio, que ele tenha professores e companheiros que partilhem com ele a l�ngua de sinais, de modo a poder se desenvolver o mais plenamente poss�vel.

    A tarefa � criar espa�os educacionais onde a diferen�a esteja presente, onde se possa aprender com o outro, sem que aspectos fundamentais do desenvolvimento de quaisquer dos sujeitos sejam prejudicados. A escola, para al�m dos conte�dos acad�micos, tem espa�o para atividades esportivas, de lazer, de artes e de cria��o, nas quais poderiam conviver crian�as com diferentes necessidades, desde que as atividades fossem preparadas e pensadas para isso. N�o se trata de inserir a crian�a surda nas atividades propostas para ouvintes, mas de pensar atividades que possam ser integradoras e significativas para surdos e ouvintes.

    Desse modo, este estudo procura refletir problemas implicados em experi�ncias de inclus�o de alunos, sobretudo os surdos, indicando a necessidade de pensar um modelo novo de escola e n�o de fazer caber o aluno surdo no modelo que j� est� ai, de modo a respeitar de fato as singularidades, promovendo espa�os de conviv�ncia e conhecimento m�tuo.

Refer�ncias

  • AMARAL, Ligia Assump��o. Pensar a Diferen�a/Defici�ncia. Bras�lia: Coordenadoria Nacional para Integra��o da Pessoa Portadora de Defici�ncia, 2001.

  • D�ANTINO, Rosita E. Removendo barreiras para a aprendizagem: educa��o inclusiva. Porto Alegre: Media��o, 1997.

  • DECLARA��O de Salamanca e linhas de a��o sobre necessidades educativas especiais. Bras�lia, DF: CORDE, 1994.

  • GIL, Ant�nio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. S�o Paulo. Atlas. 1991.

  • MANTOAN, Maria Teresa Egl�r. A Integra��o de pessoas com defici�ncia: contribui��es para uma reflex�o sobre o tema. S�o Paulo: Memnon. Editora SENAC, 1997.

  • MAZOTTA. Maria Teresa. Repensando o Fracasso Escolar. Cadernos CEDES v. 28, p. 75-87. Campinas: Papirus, 1982.

  • VYGOTSKY, L.S. A constru��o do pensamento e da linguagem. S�o Paulo: Martins Fontes, 2001.

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EFDeportes.com, Revista Digital � A�o 18 � N� 186 | Buenos Aires,Noviembre de 2013
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Como é a inclusão de surdos na educação escolar?

A inclusão de surdos no ensino regular significa mais do que apenas criar vagas e proporcionar recursos materiais, requer uma escola e uma sociedade inclusivas, que assegurem igualdade de oportunidades a todos os alunos, contando com professores capacitados e compromissados com a educação de todos.

Como incluir o aluno surdo?

Nas aulas.
Apresentar ao aluno uma síntese provisória da aula por escrito;.
Dirigir-se sempre ao aluno para localizá-lo sobre o tema que está sendo falado em sala (falar perto, devagar e olhando para o aluno);.
Orientar a respeito de termos da área, indicando onde se pode, ou não, utilizar sinônimos;.

Como deve ocorrer a inclusão do estudante surdo na educação básica e a proposta de educação bilíngue?

O presidente Jair Bolsonaro sancionou a Lei 14.191, de 2021, que insere a Educação Bilíngue de Surdos na Lei Brasileira de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB - Lei 9.394, de 1996) como uma modalidade de ensino independente — antes incluída como parte da educação especial.

Como a escola deve se preparar para receber o aluno surdo?

Para a integração do aluno surdo em classe comum recomendamos que: – a Escola estruture-se quanto aos recursos humanos, físicos e materiais; – o processo ocorra após o período de alfabetização, quando o educando já possui razoável domínio da Língua Portuguesa (falada e/ou escrita).