Como lidar com crianças de 2 e 3 anos?

Imagem retirada de Alienado.net.

14 de março de 2016

Este artigo faz parte da série:

Desenvolvimento Infantil

Entre os dois e os três anos de idade ocorrem aprendizagens fundamentais na vida das crianças que impactam profundamente sua autonomia, sua autoimagem e a relação com os pais. Vamos descobrir mais sobre elas na continuação de nossa série sobre desenvolvimento infantil?

A partir dos dois anos de idade, as habilidades motoras vão se tornando cada vez mais refinadas e desenvoltas. O engatinhar e os primeiros passos gradualmente transformam-se numa marcha consistente até que, com cerca de três anos, a criança seja capaz de correr, pedalar, chutar uma bola e ficar em um pé só. As quedas serão muito frequentes no começo e isso é absolutamente natural. É apenas a partir de tentativas consecutivas que a criança conseguirá descobrir mais a respeito do funcionamento do próprio corpo e de como manter o equilíbrio. Por meio dessas experiências de cair e de levantar, serão vivenciadas sensações de extrema satisfação e também de frustração e ansiedade. É importante que a criança crie recursos emocionais e físicos para aguentar tanto as conquistas quanto os desafios.

Outro marco de autoconhecimento e de crescimento que começa a se desenvolver a partir, aproximadamente, dos dois anos é a capacidade de controlar os esfíncteres. É preciso que os adultos ajudem nesse momento, perguntando com maior frequência se a criança está com vontade de ir ao banheiro e indicando a ela quais são os sinais aos quais precisa prestar atenção para que identifique essas necessidades. Muitas vezes esse processo é bastante angustiante para os cuidadores, o que repercute na criança. É fundamental que os ritmos sejam respeitados para que o processo ocorra sem ser grande fonte de ansiedade.

A linguagem é outro aspecto que costuma desenvolver-se bastante entre os dois e os três anos. Com um ano a criança já é capaz de compreender grande parte do que escuta. A partir dos 18 meses a maioria dos pequenos começa a arriscar as primeiras palavras, que são usadas como frases. Assim “bola” significa “quero brincar com a bola”. Conforme o tempo passa, o vocabulário se amplia, a pronúncia evolui e a comunicação oral torna-se mais complexa. Com três anos boa parte das crianças já consegue construir frases simples. Vale lembrar que a comunicação não-verbal não deixa de ser importante e é necessário atentar para a postura corporal, expressões faciais, tipo de contato físico e outras manifestações.

Será preciso ter bastante paciência nessa etapa e, ao mesmo tempo, deixar os limites claros. A criança vai pedir por muita atenção exclusiva e qualquer um que se interpõe entre ela e seu cuidador será visto como obstáculo, tornando-se alvo de ódio. Isso ocorrerá inclusive com outros adultos com quem ela possui uma relação amorosa. A agressividade também aparecerá como forma de autoafirmação da própria personalidade. Apesar desses rompantes de raiva, os adultos também serão tomados como modelos e objetos de amor. Sentir que eles aguentam as atitudes destrutivas, mas impõem limites a elas é fundamental. Assim a criança se sentirá protegida, percebendo que certo grau de violência não será tolerado nem vindo dela, nem direcionado a ela.

Todas essas conquistas e desafios são cruciais para que a criança adquira maior autonomia. É um momento de passagem da fase de dependência absoluta para a aquisição de certo grau de independência e, portanto, uma etapa de constituição da própria subjetividade. Isso é fonte de muitas emoções e medos, o que muitas vezes leva a reações extremas de descontentamento ou euforia.  Permitir que a criança explore e faça coisas por si só cumpre um papel importante na construção de sua autoconfiança, porém ela ainda precisa de muito apoio e disponibilidade dos adultos, que devem inclusive zelar por sua segurança.

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Causa do período atribulado é simplesmente o próprio desenvolvimento natural da criança. Conheça e veja dicas para lidar com a chamada crise dos 2 anos.

De repente, aquele bebê sossegado, carinhoso, que só faz caretas e pelo qual os pais se derretem muda. Gritos, birras e choros incessantes passam a fazer parte do seu comportamento. Essa fase é chamada pelos pais e pediatras de “crise dos 2 anos” ou “terrible two” (“terrível dois”, em tradução livre). Ela não é mito e faz parte do desenvolvimento do bebê. Nessa hora, é necessária uma boa dose de paciência dos pais.

Veja também: Cuidados com os bebês nos primeiros meses de vida

Para entender por que isso ocorre, precisamos ter em mente que nos primeiros anos de vida do bebê, ele só engatinha e é totalmente dependente do outro. Não consegue comer sozinho, tampouco falar. Dos 10 meses em diante, já está apto a andar e começa a desenvolver autonomia para ir e vir. A partir dos 2 anos, a criança já consegue se expressar e tem bom arsenal vocabular. Frases como “eu quero” ou “é meu” passam a ser usadas constantemente, além de ele se comportar de modo opositivo às solicitações dos pais. Na prática, a criança passa a verbalizar aquilo que deseja (ou não). E é aí que começam os conflitos entre pais e filhos. Essa fase é uma espécie de “adolescência do bebê”.

“Os pais precisam ter paciência, porque é a partir do 2 anos que começa o processo de educação. Ensinar o que pode ou não, o que é certo ou errado. Isso demanda tempo para a criança assimilar e botar em prática. Não é de um dia para o outro que ela vai saber que jogar comida no chão, por exemplo, é errado. Ela aprende pela repetição. Gritar ou fazer birras é um jeito de o bebê demonstrar insatisfação. Afinal, é uma criança em processo de desenvolvimento, que mal fala e anda”, explica a pediatra comportamental Ana Lucia Balbino Peixoto.

Além disso, uma criança de 2 ou 3 anos não entende muito bem o significado da palavra “não”. Por isso, não estranhe se ela fizer o contrário do que lhe for pedido. Na prática, a criança pode não entender exatamente o que querem dela.

Dicas para lidar com a crise dos 2 anos

Uma dica fundamental para os pais de plantão: não adianta chamar a atenção do filho no momento da crise dos 2 anos. Ou seja, falar mais alto, bater, colocar de castigo ou algo do gênero na hora da birra não resolve. O ideal é ter sangue frio e esperar a criança parar de chorar, gritar ou se debater. Logo em seguida, retire-a do ambiente e pontue o que ela fez de errado. Ignorar o comportamento da criança que se joga no corredor do shopping pode ser bem difícil e angustiante no começo, mas a boa notícia é que funciona. Peixoto explica que quando não há atenção dos pais, elas param automaticamente. Mas lembre-se: isso demanda tempo e o aprendizado surge com anos de repetição.

“A família tem papel fundamental no processo de aprendizagem, porque os filhos refletem os hábitos, as atitudes dos pais, como se fossem um espelho. Então, se o pai ou a mãe grita demais ou fala palavrão, por exemplo, a criança vai assimilar aquilo como sendo correto e repetir nos ambientes que frequenta, como escola, clube e parques”, complementa a médica.

O pediatra Moises Chencinski, membro do departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), complementa dizendo que não se deve punir o filho por erros, como por exemplo se ele deixar cair sem querer um copo no chão. Mas deve-se puni-lo por pequenas transgressões, como jogar comida no chão, bater nos colegas etc.

“Na hora, o pai ou a mãe deve se abaixar na direção do filho, falar olhando diretamente nos seus olhos e explicar o que houve de errado. Por exemplo: ‘olha, a gente te ama, mas o que você fez foi muito feio e nos deixou triste. Espero que isso não se repita’. É importante usar palavras de carinho junto com a advertência. É necessário conversar e explicar. Demora, mas a criança vai aprender, sem dúvida”, esclarece Chencinski.

Outra sugestão para quem tem filhos pequenos: se por exemplo você for ao supermercado ou a uma loja, antes de sair de casa converse com a criança sobre o programa e já adiante que ela não poderá comprar nada, pois isso ajuda na assimilação da mensagem do que pode e do que não pode ser feito.

Também não ofereça recompensas em troca de bom comportamento. Evite atitudes como “se você ficar quieto eu lhe dou um doce/brinquedo”. Segundo Moises, esse tipo de costume faz a criança associar boas atitudes a prêmios, o que não é bom para ninguém.

Veja também: Como incentivar a leitura infantil?

Educação demanda tempo, esforço e paciência, mas é uma responsabilidade dos pais. “Entendo que haja pais que chegam esgotados do trabalho e não tenham tempo e energia para cuidar dos filhos. Por isso, em vez de interagir com a criança, oferecem-lhe um jogo ou o celular para entretê-los. Bom, eu digo que a partir do momento em que a pessoa tem filhos, é importante estimular o vínculo com eles, não dá para esperar que eles sempre se adaptem a sua rotina”, pontua Moises.

Como educar filhos de 2 a 3 anos?

"Ajude a criança a expressar em palavras o que ela está sentindo (frustração, raiva, irritação) e ofereça colo e abraço - mesmo que ela evite, dizendo 'a mamãe está aqui quando você quiser um abraço'", sugere Debora Corigliano, psicopedagoga e especialista em neurociência da educação.

Como dar limites aos filhos de 2 anos?

Evite dar broncas e repreender seu filho na frente de outras pessoas para que ele não se sinta constrangido e você também. Uma dica bacana para mudar o foco da birra é chamar a atenção da criança para outra situação. Mostre um objeto ou comece a falar de outro assunto. Ignorar a birra costuma dar ótimos resultados.

O que ensinar na Educação Infantil 2 e 3 anos?

O que a creche pode ensinar?.
Exploração dos objetos e brincadeiras. ... .
Linguagem oral e comunicação. ... .
Desafios corporais. ... .
Exploração do ambiente. ... .
Identidade e autonomia. ... .
Exploração e linguagem plástica. ... .
Linguagem musical e expressão corporal..

Como melhorar o comportamento de uma criança de 2 anos?

Uma dica fundamental para os pais de plantão: não adianta chamar a atenção do filho no momento da crise dos 2 anos. Ou seja, falar mais alto, bater, colocar de castigo ou algo do gênero na hora da birra não resolve. O ideal é ter sangue frio e esperar a criança parar de chorar, gritar ou se debater.