De onde é possível extrair medula óssea de um doador

A medula óssea é uma estrutura que fica dentro dos ossos do corpo, responsável pela produção das células do sangue e das células de defesa.

Entre as células sanguíneas produzidas na medula óssea, estão os glóbulos brancos, os glóbulos vermelhos e as plaquetas, todas substâncias muito importantes para o transporte de oxigênio, hormônios e nutrientes para o organismo.

Se há algum problema na fabricação dessas células na medula, o corpo sofre consequências e a pessoa pode desenvolver leucemia, linfomas, anemias graves ou outras doenças do sangue, como explicaram o diretor do Centro de Medula Óssea do Inca, Luis Fernando Bouzas, e a hematologista Yana Novis no Bem Estar desta quinta-feira (5).

Há ainda a produção da célula-tronco, que pode dar origem a todos esses componentes do sangue - glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas.

A célula-tronco está presente também na medula óssea, no sangue periférico ou até mesmo no sangue que vem do cordão umbilical do bebê. Se há algum defeito nessas células-tronco, o paciente pode desenvolver alguma doença, como a leucemia, e pode precisar de um transplante de medula óssea, para "trocar" essa medula com defeito por outra saudável. A leucemia, como explicou o o médico Luis Fernando Bouzas, é a principal indicação para esse tipo de transplante.

Entre os sinais de alerta da leucemia, estão o cansaço, sangramento sem origem clara, mancha na pele sem motivo aparente, suor em excesso durante a noite e inchaço dos glânglios linfáticos.

No caso de qualquer um desses sintomas, é importante investigar e, houver necessidade, buscar doadores compatíveis – na família ou no banco de doadores de medula, como mostrou a reportagem da Marina Araújo (confira no vídeo).

No entanto, é muito difícil achar um doador compatível e, por isso, os médicos ressaltam a importância de doar para aumentar as possibilidades para os pacientes que precisam. Pessoas de 18 a 55 anos em bom estado de saúde podem se cadastrar para doar e, depois, precisam manter o cadastro atualizado para serem encontradas se houver necessidade.

De acordo com o médico Luis Fernando Bouzas, existem dois tipos de doação: a tradicional, em que é retirado o sangue da medula diretamente da bacia, com uma agulha e também sob anestesia.

Nesse caso, é retirado de 10% a 15% das células e, depois de 15 ou 20 dias, elas já se regeneram e não prejudicam a qualidade de vida do doador. Há ainda a possibilidade do doador receber uma medicação injetável durante 4 ou 5 dias para estimular as células a saírem da medula, irem para o sangue e serem coletadas através da veia. 

Em algumas situações, existem tratamentos alternativos ao transplante, especialmente para crianças, e é possível ainda utilizar medicamentos para extrair células-tronco do sangue do próprio paciente. Como explicou a hematologista Yana Novis, uma das maneiras de encontrar as células-tronco é através do sangue do cordão umbilical após o nascimento do bebê. Esse sangue, antes jogado no lixo, foi utilizado para transplante pela primeira vez em 1988 e passou, desde então, a salvar vidas.

Como mostrou a reportagem do Phelipe Siani, a obtenção desse sangue do cordão umbilical não prejudica a saúde da mãe ou do bebê e o material pode ser armazenado por anos (confira no vídeo ao lado).

Quando obtido, esse sangue é guardado em um banco de cordão, que pode ser público ou privado. No público, onde os custos são cobertos pelo Sistema Único de Saúde, as células-tronco armazenadas vêm de doações voluntárias e sigilosas e podem ser usadas por qualquer pessoa desde que haja compatibilidade.

No banco privado, as células-tronco do sangue de cordão são armazenadas para uso próprio ou de pessoas da família, caso haja necessidade. Nesse caso, portanto, todos os custos são dos pais que contratam o serviço. No entanto, nem sempre é possível utilizar o próprio sangue e há algumas contraindicações, como o tratamento de doenças de origem genética ou certas leucemias já que o material pode carregar os mesmos “defeitos” responsáveis por algum desses problemas.

​A medula óssea é um tecido líquido que ocupa o interior dos ossos, responsável pela produção das células do sangue e do sistema imunológico.

O transplante consiste na substituição de células doentes de medula óssea por outras, obtidas de um doador saudável.

O procedimento é indicado para pacientes com doenças do sangue como leucemia, linfomas e alguns tipos de anemia. No Brasil, estima-se que as chances de compatibilidade sejam de 1 para 100 mi​​​l, por isso o cadastramento em um banco de doadores é tão importante.

Abaixo, listamos algumas das dúvidas mais comuns que as pessoas têm sobre o assunto.

O transplante de medula dói?

Não. A medula óssea do doador pode ser coletada por via óssea ou venosa. Quando coletada por via óssea, o doador é anestesiado e não sente nenhuma dor. Por via venosa ocorre apenas a punção da veia e a inserção de uma agulha ligada a um equipamento de aférese (processadora celular).

Como é feito o registro do doador?

Qualquer pessoa pode se cadastrar nos hemocentros dos Estados. No momento do cadastro, o candidato a doador preenche uma ficha de identificação com dados pessoais e coleta um pouco de sangue. Esse material é analisado e cadastrado em um banco de dados. Toda vez que alguém precisa de uma medula e não possui doador na família o banco é consultado.

Caso alguma das pessoas cadastradas seja compatível ela é contatada para realizar a doação. Esse banco de dados se chama REDOME.

Só quem é parente pode doar?

A chance de um parente ser compatível com o paciente é maior do que um desconhecido, mas caso ninguém na família possa ser o doador a medula pode sim vir de uma outra pessoa. Nesses casos nós acionamos o REDOME.

Existe idade mínima ou máxima para a doação de medula?

Não. No entanto, jovens com menos de 18 anos precisam da autorização dos pais para realizar o procedimento. Já pessoas acima dos 60 anos são avaliadas pela equipe médica antes de serem liberadas para doação.

Quantas vezes a pessoa pode doar a medula?

Não existe um limite.

Depois de quanto tempo pode doar a segunda vez?

Sugerimos no mínimo quinze dias entre um procedimento e outro.

De qual parte do corpo a medula é retirada?

A medula óssea normalmente é obtida por meio de punção da bacia (região das cristas ilíacas). Em alguns casos específicos ela também pode ser colhida do osso esterno ou da tíbia.

Por que ela é retirada desses locais?

A medula está presente em todos os ossos. No entanto, esses são os ossos em que ela se concentra em maior quantidade no organismo.

Qual o tempo de recuperação do doador? Ele pode se ausentar do trabalho?

A recuperação é rápida e alguns já retomam suas atividades normais no dia seguinte. No entanto, o Dr. Celso Massumoto, coordenador de Transplante de Medula Óssea (TMO) do Hospital 9 de Julho, recomenda três dias de repouso. A doação é prevista em lei e o doador pode se ausentar no dia da doação sem prejuízo profissional.

Onde é possível extrair medula óssea de um doador?

A coleta das células-tronco hematopoéticas é realizada em centros de transplante ou hemocentros públicos ou privados de todo o país autorizados pelo Ministério da Saúde e existem duas maneiras de obter estas células.

Onde se encontra a medula óssea?

A medula óssea se localiza na parte esponjosa dos ossos chatos (por exemplo, a bacia), onde o desenvolvimento das células do sangue acontece. A célula que origina as células sanguíneas é chamada de célula progenitora ou célula-mãe, estas células existem em pequeno número no sangue e em maior quantidade na medula óssea.

É possível viver sem a medula óssea?

Esta retirada não causa qualquer comprometimento à saúde e, dentro de poucas semanas, a medula óssea do doador estará inteiramente recuperada.

Porque a extração da medula óssea é retirada do quadril?

Para que essa médula seja removida é preciso passar por uma cirurgia. Com isso, ela é retirada do osso do quadril, uma vez que o mesmo facilita no processo pós-operatório pois o paciente sente menos dor, já que são ossos mais longos.