Descreva a forma de organização e a relação com a natureza dos indígenas e dos portugueses.

As etnias indígenas sempre viveram em perfeito equilíbrio com o ecossistema, o que foi quebrado a partir das influências do elemento desestabilizador, "o homem branco". Fruto da colonização e de frentes de expansão capitalista, a exploração desordenada depauperou indiscriminadamente muitas regiões brasileiras. Esvaíram-se as riquezas do solo, subsolo, florestas, rios e o índio acabou sendo levado a um processo de desaparecimento, entre os exemplos estão os Guarani e Guató, hoje tão poucos.

As concepções indígenas de "natureza" variam bastante, pois cada povo tem um modo particular de conceber o meio ambiente e de compreender as relações que estabelece com ela. Porém, a idéia de que o "mundo natural" é antes de tudo uma ampla rede de inter-relações entre agentes, sejam eles humanos ou não, é comum a todos eles.

Isto significa dizer que os homens estão sempre interagindo com a "natureza" e que esta não é jamais intocada. Os Yanomami, por exemplo, utilizam a palavra "urihi" para se referir à "terra-floresta", entidade viva, dotada de um "sopro vital" de um "princípio de fertilidade" de origem mítica. Urihi é habitada e animada por espíritos diversos, entre eles os espíritos dos pajés yanomami, também seus guardiões.

A professora do Departamento de Antropologia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Thereza Martha Borges Bressotti, uma das curadoras da exposição Patrimônio Imaterial Mato-grossense, em cartaz no Museu de Arte e de Cultura Popular, lembra que nas celebrações indígenas, a fauna e a flora são a essência dos rituais, o que se reflete na arte indígena de modo geral. Ela cita o ritual Yaokwa dos Enawene Nawe, no Vale do Juruena. "Para os índios, o ritual é um banquete dos espíritos, os donos dos recursos naturais. Eles usam adornos feitos com restos da vegetação e imitam os animais. Em um dos rituais dos Bororos, a onça é a ponte entre o homem e o mundo espiritual", comenta.

Na opinião do antropólogo e professor da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Elias Januário, coordenador da Faculdade Indígena Intercultural, os povos indígenas têm, ao longo dos anos, estabelecido uma relação com a natureza onde o respeito para com a Terra tem sido pautado nas trocas de reciprocidade, ou seja, retira-se o sustendo, os alimentos necessários para a sobrevivência, mas ao mesmo tempo mantém com o meio ambiente uma relação harmoniosa e de equilíbrio, que faz com que ação não seja apenas de exploração, como vemos na relação de uma parcela considerável da sociedade não índia.

"Os povos indígenas, em sua maioria, possuem uma rico acervo de concepções cosmológicas (principalmente de origem da vida) que estão diretamente relacionadas com os elementos da natureza como plantas, animais, rios, lagos, pedreiras, entre outros, que fazem com que eles se sintam parte integrante da natureza. Por exemplo, os Rikbaksa têm como mito de origem serem filhos do peixe cará, por isso eles não comem esse peixe, nem destrói o ambiente onde ele vive, passa a ser sagrado para eles", diz

Essa relação afetuosa que os povos indígenas estabelecem com a natureza faz com que a maioria mantenha uma relação mais próxima e sagrada, como se a Terra fosse a grande mãe, uma dádiva, uma parte integrante da vida em sociedade. Bem diferente da relação dos não indígenas, quase sempre marcada pela dominação do meio ambiente.

Januário ressalta ainda que os indígenas também guardam na natureza sua lembranças, suas vivências imemoriais, onde a terra é um espaço e tempo que se constitui na história de cada etnia, seja nos rituais, nas lutas, nos mitos, nas roças e nos diferentes momentos de formação social da pessoa. "Precisamos aprender com os povos da floresta, do cerrado e do pantanal como conviver com a natureza e dela retirar o necessário sem com isso destruí-la por completo. Essa relação de equilíbrio que os povos indígenas têm conseguido estabelecer ao longo de gerações, serve de exemplo para que a sociedade, tida como desenvolvida e moderna, possa parar e refletir sobre a necessidade imediata de rever os paradigmas estabelecidos e voltar a ter uma relação de contemplação e trocas de reciprocidades com o meio ambiente", finalizou

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Os europeus e osindígenas da América tiveram seus primeiros contatos no século XV, no momento da expansão marítima europeia. Quando os europeus chegaram ao Brasil já existiam habitantes naquele território? Mas é lógico que existiam habitantes! Eram os diferentes povos indígenas, considerados os povoadores da região.

A colonização portuguesa teve como principais características a submissão e o extermínio de milhões de indígenas. Aliás, foram os europeus que chamaram de índios os povos nativos da região. Englobar toda a diversidade cultural indígena nesse nome generalizante criou certo entendimento de que os povos indígenas eram todos semelhantes, mas a verdade não é essa. O processo de colonização portuguesa no Brasil teve um caráter semelhante a outras colonizações europeias, como a colonização espanhola, que conquistou e exterminou seus povos indígenas.

Em 1500, os primeiros portugueses que desembarcaram no continente americano tomaram posse das terras e logo em seguida tiveram os primeiros contatos com os indígenas, chamados pelos portugueses de “selvagens”.

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Alguns pesquisadores chamaram esse primeiro contato entre portugueses e indígenas de “encontro de culturas”, como se este representasse um momento em que as diferentes culturas trocaram influências, mas não foi bem isso o que aconteceu. Concordamos com os pesquisadores que compreendem que o início do processo de colonização portuguesa foi um “desencontro de culturas” (que mais correspondeu ao início do processo de extermínio e submissão dos indígenas, o genocídio) e que houve um processo de imposição cultural (que chamaremos de etnocídio, ou seja, os portugueses impuseram sua cultura sobre a cultura indígena).

No século XVI, poucos empreendimentos foram realizados pelos portugueses no território colonial. As principais realizações portuguesas tiveram a utilização da mão de obra indígena escravizada, como na extração do pau-brasil, na construção de feitorias pelo litoral, etc.

Infelizmente, a submissão e o extermínio dos indígenas pelos europeus no século XVI estavam apenas começando na história do Brasil.

Como era a relação entre os portugueses e os indígenas?

Os portugueses achavam-se superiores aos indígenas e, portanto, deveriam dominá-los e colocá-los ao seu serviço. A cultura indígena era considera pelo europeu como sendo inferior e grosseira. Dentro desta visão, acreditavam que sua função era convertê-los ao cristianismo e fazer os índios seguirem a cultura européia.

Como é a relação dos índios com a natureza?

Conservam e restauram florestas e recursos naturais Eles adaptaram seus estilos de vida para se adequar e respeitar seus ambientes. Nas montanhas, os sistemas de manejo da paisagem dos povos indígenas preservam o solo, reduzem a erosão, conservam a água e diminuem o risco de desastres.

Como era a organização dos povos indígenas?

A coletividade era uma característica marcante entre os índios. Suas cabanas eram divididas entre vários casais e seus filhos e, como não havia classes sociais, até mesmo o chefe da tribo dividia sua cabana. Duas figuras importantes na organização das tribos são o pajé e o cacique.

Quais são as formas de organização de uma aldeia indígena?

As formas de organização das aldeias indígenas são distintas de um povo para outro. Algumas tribos preferem construir suas aldeias em forma de ferradura; já outras optam pela forma circular; outros, ainda, constroem uma única habitação coletiva.