É possível afirmar que a expansão marítima portuguesa resultou diretamente da tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos em 1453 justifique?

Quando se fala de expansão marítima europeia, devemos ter em mente que o interesse comercial era o principal motivo para a conquista de novas rotas marítimas. O próprio termo expansão estava ligado ao fato dos europeus navegarem apenas pelo mar Mediterrâneo e os mares do norte europeu, desconhecendo rotas marítimas nos oceanos Pacífico, Atlântico e Índico até o século XIV.

Mas o interesse comercial estava em que tipo de mercadorias? Nos mercados europeus, que floresceram durante a Baixa Idade Média, a venda de especiarias e outras mercadorias orientais proporcionava lucros altíssimos aos comerciantes. Tecidos de seda, porcelanas e uma série de condimentos, como cravo, pimenta e canela, utilizados para a conservação dos alimentos, encontravam um grande número de compradores.

Entretanto, o controle do oferecimento destas mercadorias estava nas mãos apenas dos comerciantes italianos - principalmente oriundos das cidades de Gênova e Veneza - e mulçumanos, que mantinham estreitas relações comerciais. Isto ocorria pelo fato do comércio entre o Oriente e a Europa ser realizado predominantemente pelo Mar Mediterrâneo. Devido à localização geográfica das duas cidades italianas,­ eram elas que controlavam o comércio neste mar.

Outro fato ainda contribuiu para a necessidade de se encontrar novas rotas marítimas de acesso aos centros produtores das mercadorias orientais. Com a conquista da cidade de Constantinopla pelos turcos-otomanos, em 1453, os preços das mercadorias se tornaram ainda maiores devido às taxas que passaram a ser cobradas. A nascente classe burguesa, que realizava o comércio na Europa, precisava chegar ao Oriente sem passar pelo Mar Mediterrâneo e Constantinopla.

A solução visualizada era contornar o continente africano para chegar às Índias, nome genérico dado às regiões orientais. Algumas condições existentes na Península Ibérica levaram primeiramente Portugal e, depois, a Espanha a se tornarem pioneiros desta expansão marítima.

Portugal se destacou antes dos demais países por já ter um porto, na cidade de Lisboa, que ligava o comércio entre o Mar Mediterrâneo e o norte europeu. Isto fortaleceu economicamente a burguesia mercantil portuguesa que pôde financiar o projeto expansionista.

Seu fortalecimento político se deu com o apoio à Revolução de Avis (1383-1385), iniciando a dinastia de Avis e a independência do reino de Castela. A consequência foi a centralização estatal em torno do rei D. João I (1385-1433). As condições sociopolíticas estavam dadas. Faltavam ainda as condições técnicas.

Para isso foi necessário desenvolver os conhecimentos sobre navegação marítima existentes à época. As bússolas e astrolábios (instrumentos utilizados para se orientar através das estrelas) trazidos da China foram aperfeiçoados. Novos mapas foram feitos pelos mais renomados cartógrafos, além da construção das caravelas, navios leves com velas triangulares, que possibilitaram aos ibéricos enfrentar o oceano Atlântico, conhecido à época como Mar Tenebroso.

O objetivo era contornar o continente africano, primeiro pelo oceano Atlântico e depois pelo Índico, para chegarem às Índias. Para conseguirem este feito, os portugueses precisaram de quase um século. O primeiro ponto alcançado na África foi Ceuta, cidade conquistada após batalha com os árabes, em 1415. Depois, gradativamente os portugueses foram conquistando ilhas e pontos do litoral africano, em direção ao sul. Em 1488, Bartolomeu Dias conseguiu contornar o Cabo das Tormentas, que passou a se chamar Cabo da Boa Esperança, no extremo sul da África. Dez anos mais tarde, em 1498, Vasco da Gama chegou ao porto de Calicute na Índia, completando o trajeto estipulado e acessando um rico mercado de produtos orientais.

Estava assim estabelecida uma nova rota marítima e comercial, como o primeiro passo da expansão marítima europeia. O próximo passo seria dado pela Espanha, quando descobriram o caminho que os levaram a conhecer e conquistar o continente americano.


Por Tales Pinto
Graduado em História


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A queda de Constantinopla, também chamada de tomada de Constantinopla, ocorreu em 29 de maio de 1453 e finalizou o Império Bizantino.

A cidade, considerada o centro do mundo, foi tomada pelos turcos otomanos e a conquista marcou o fim da Idade Média e o início de uma nova época para a Europa, o Renascimento.

A rota de acesso ao Mar Negro pela Europa, dando acesso à Índia, foi fechada. Assim, houve a necessidade de busca de uma nova rota marítima, o que resultou nas grandes navegações e as conquistas ultramarinas, com a descoberta da América - o Novo Mundo.

Antecedentes

Em 330 d.C., o imperador romano Constantino fundou a cidade de Constantinopla, que ficava sobre aldeia grega Bizâncio. O objetivo era transformar o local em nova capital imperial. A cidade ficava em frente ao estreito de Bósforo, que liga a Europa à Ásia.

Constantinopla foi durante séculos a sede do poder imperial, mesmo após a queda do Império Romano do Ocidente, em 476 d.C. A cidade era praticamente imune, como o ocorrido em 378 d.C., quando foi atacada pelos godos, mas os mouros impediram a conquista.

Por ser fundada por um imperador romano, a cidade era cristã e manteve a linha de frente contra o Islã, mas ao fim da Idade Média, o poder bizantino foi diminuindo.

Paralelo ao enfraquecimento do Império Bizantino, os turcos otomanos iniciam uma série de conquistas e Constantinopla passa a integrar a rota dos desejos do sultão.

Constantinopla já havia fraquejado após a Quarta Cruzada, em 1204, quando caiu para os cavaleiros católicos e no século XIV, a Peste Negra - peste bubônica - dizimou metade da população.

Foi em 1451, que o sultão otomano Mehmed II, que tinha 19 anos, iniciou o programa bélico para conquistar Constantinopla.

Em 6 de abril de 1453, a tropa otomana, composta por 200 mil homens, atacou a cidade, governada por Constantino XI - o último imperador bizantino.

A resistência bizantina foi grande, mas em 26 de maio, Mehemed II comandou o grande ataque, levando ao campo soldados muçulmanos treinados durante anos para a batalha. Entre os soldados estavam meninos cristãos sequestrados e convertidos ao islamismo.

Saiba mais sobre Constantino.

As consequências da queda de Constantinopla

Tomada, Constantinopla foi proclamada a nova capital do Islã e ganhou uma nova posição na Europa Oriental.

A Europa cristã permaneceu dois séculos e meio temendo uma completa invasão do Islã, principalmente após Viena sofrer com dois estados de sítios, o primeiro em 1529, e o segundo, em 1683.

Por medo da conversão forçada ao Islã, gregos e outros povos dos Balcãs fugiram através do Mar Adriático para a Itália. Eles levaram consigo obras de arte, manuscritos e estudos que foram imprescindíveis para o início do Renascimento.

O império otomano dominou Constantinopla até o início da Primeira Guerra Mundial.

É possível afirmar que a expansão marítima portuguesa resultou diretamente da tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos em 1453?

Resposta. Sim, pois após a tomada de Constantinopla pelos otomanos foi necessário encontrar um novo caminho para a Índia para que se pudesse buscar especiarias para o comércio europeu, e o caminho utilizado foi através do oceano Atlântico, sendo assim eles tiveram que utilizar transporte marinho.

É procedente afirmar sobre a expansão marítima portuguesa?

Portugal foi a primeira nação a realizar a expansão marítima. Além da posição geográfica, de uma situação de paz interna e da presença de uma forte burguesia mercantil; o pioneirismo português é explicado pela sua centralização política que era condição primordial para as Grandes Navegações.

Por que a tomada de Constantinopla pelos turcos impulsionou as grandes viagens marítimas?

A rota de acesso ao Mar Negro pela Europa, dando acesso à Índia, foi fechada. Assim, houve a necessidade de busca de uma nova rota marítima, o que resultou nas grandes navegações e as conquistas ultramarinas, com a descoberta da América - o Novo Mundo.

O que foi determinada pela tomada de Constantinopla pelos turcos?

No dia 29 de maio de 1453, as tropas do sultão Mehmed, o Conquistador, tomaram Constantinopla – que passou a se chamar Istambul. No ano 395, o império romano se dividiu e sua parte oriental tornou-se o centro do poder.