Faça um breve resumo do artigo astrônomo descrevendo as ponderações que ele faz sobre o experimento

PARTE II A PONTE ENTRE A IMAGINAÇÃO E A REALIDADE: COMO A MATRIZ DIVINA FUNCIONA CAPÍTULO TRÊS SOMOS OBSERVADORES PASSIVOS OU CRIADORES PODEROSOS? "Por que o universo é tão grande? É porque estamos aqui."

om essas palavras, descortinamos um belo exemplo do poder que nos aguarda quando temos a coragem de transpor os limites do que sempre julgamos verdadeiro em nossa vida. Nesse breve diálogo do poeta contemporâneo Christopher Logue, um grupo de iniciados enfrenta uma experiência bem diferente da que esperava. Em vez de simplesmente ficarem na borda do abismo, são estimulados pelo mestre a ir além do abismo, de maneira tal que acabam surpresos e fortalecidos. É nesse território inexplorado que eles se experimentam de um modo diferente -e ao se descobrirem, encontram um novo tipo de liberdade.

Na tarde de quarta-feira, 20, uma notícia sobre um possível universo paralelo ganhou espaço em jornais e nas redes sociais ao redor do mundo. Um grupo de cientistas, financiado pela Nasa, mas sem relação direta com a agência americana, encontrou uma anomalia em neutrinos tau, partículas de alta energia, mais pesadas, saindo da Terra. Uma das hipóteses levantadas pelos cientistas é que as partículas estavam se comportando como se estivessem em uma linha do tempo inversa. Para Peter Gorham, físico experimental de partículas da Universidade do Havaí, que participou da pesquisa, isso poderia ser um indício de um universo paralelo que funciona num tempo contrário do nosso. Depois da publicação, não demorou para que outros cientistas rebatessem a teoria.

Para Thiago Gonçalves, coordenador da comissão de imprensa da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) e professor de astrofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a chance de um universo paralelo existir como o descrito na pesquisa é miníma e seria uma das últimas hipóteses a ser consideradas pelos pesquisadores.

"Essa história de universo paralelo é uma explicação bastante exótica e foge do que seria esperado. De todas as teorias para explicar o resultado, essa é a menos provável de todas", afirmou. "O que os pesquisadores viram é um experimento de detecção de neutrinos, e esse tipo de neutrino a gente não esperaria que atravessasse a Terra, porque ele tem muita energia. Seria esperado que ele viesse do espaço. O que os pesquisadores observaram foi o contrário. Isso significaria que o neutrino precisaria ter atravessado a Terra, o que não está de acordo com as previsões teóricas anteriores, por isso é algo novo. Nesse sentido, é possível que exista uma física nova envolvida", afirmou.

Gonçalves e outros profissionais da área usaram a seguinte frase do cientista americano Carl Sagan para explicar o assunto: "Afirmações extraordinárias requerem evidências extraordinárias" — e não foi esse o caso. "Existem muitas outras explicações mais prováveis antes dessa [do universo paralelo]. Ainda não temos todas as evidências extraordinárias para essa comprovação", garantiu.

Sem universos paralelos por enquanto. Não foi dessa vez que os seres humanos encontraram uma realidade alternativa para viver (ou que encontraram os personagens da série da Netflix, Stranger Things, para mais uma aventura).

Faça um breve resumo do artigo astrônomo descrevendo as ponderações que ele faz sobre o experimento

Imagem do experimento Anita, na Antártida (Nasa)

"Alegações extraordinárias exigem evidências extraordinárias", já dizia o astrônomo e divulgador científico Carl Sagan.

Essa semana, uma notícia agitou as redes sociais e canais de notícias: a Nasa teria descoberto um universo paralelo, onde o tempo correria ao contrário. Parece fantástico, não? Talvez seja mesmo uma fantasia. Vamos aos fatos.

Colunistas do UOL

O experimento Anita (não a cantora, mas a Antena de Transientes Impulsivos na Antártida) foi criado para detectar ondas de rádio produzidas pela passagem de neutrinos pela Terra. Há alguns anos, descobriu um sinal que parecia vir do solo, e não dos céus, e isso foi visto novamente em 2020. Isso supõe que as partículas mais energéticas estariam atravessando o planeta, o que está em desacordo com os modelos teóricos.

O resultado é mesmo surpreendente e pode significar uma nova física, uma nova partícula que não conhecemos bem. Pode também ter origem em objetos astronômicos pouco entendidos ou pode até mesmo ser um erro instrumental.

Mas existe uma área da física que estuda a simetria de partículas: algumas têm cargas positivas e outras negativas, partículas de matéria e antimatéria, e assim por diante. Em um caso bastante extremo, esse resultado poderia ter relação com um universo com simetria temporal. Algo como o tempo andando para trás.

Vejam bem: essa é a hipótese menos provável, mais exótica. Não é um consenso e nem é a mais aceita pelos próprios cientistas para explicar os resultados do experimento. Mas sem dúvida é a que mais chama a atenção nas manchetes de jornais. Pior, o que era uma hipótese remota virou uma "descoberta".

Já vi isso acontecer antes. O experimento BICEP2 teria visto evidências de um universo inflacionário. Pior, o asteroide interestelar Oumuamua poderia ser uma nave guiada por extraterrestres. Trabalhos que foram rapidamente desmentidos pela própria comunidade científica, mas não sem antes causar grande estardalhaço na imprensa.

O grande problema, na minha opinião, é a confusão gerada pelo jornalismo científico feito sem cuidados. Por um problema de comunicação e por falta de iniciativa da própria comunidade de cientistas, o público tem dificuldades para diferenciar conjecturas exploratórias do que é consenso acadêmico. E descobertas reais, inovadoras, como a foto do buraco negro ou a detecção de ondas gravitacionais, são colocadas em pé de igualdade com especulações excêntricas.

Precisamos, sim, comunicar ao público o processo científico. A sociedade paga pelo nosso trabalho e tem o direito de participar do processo de descobertas. Mas devemos ser responsáveis nesse diálogo, para que essa participação seja informada, ou então a sociedade estará à mercê das fake news chamativas. Isso vale tanto para universos paralelos quanto para estudos clínicos sobre medicamentos importantes.

Afinal, sobretudo em tempos de pandemia, é fundamental distinguir o consenso científico do sensacionalismo midiático.