Foram fatores muito importantes no processo de ocupação do continente americano?

Coordenadores:
• Lucas de Melo Reis Bueno (Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis)
• Antoine Lourdeau (Muséum National d’Histoire Naturelle, Paris)

O processo inicial de colonização no continente americano tem sido objeto de controvérsia desde o início do desenvolvimento de pesquisas em Pré-história. A origem das populações pioneiras, a data de entrada, as rotas seguidas, as características culturais desses primeiros grupos humanos e suas adaptações aos novos ambientes ocupados ..., esses e muitos outros temas continuam atuais no debate acadêmico. No âmbito deste debate as contribuições do contexto brasileiro são significativas. Há atualmente muitos sítios arqueológicos disponíveis no contexto brasileiro com datas anteriores a 10.000 anos antes do presente. Dentre estes, há alguns para os quais dispõe-se de datações com 30.000 anos ou mais, estando entre as primeiras manifestações humanas nas Américas conhecidas até hoje. Este contexto amplia o debate para discussões sobre os padrões de dispersão do Homo sapiens no planeta no final do Pleistoceno e, em um nível mais teórico, convida a reflexões sobre a nossa percepção e interpretação sobre descontinuidades no contexto arqueológico e nos processos de povoamento de novas regiões, as quais podem envolver processos de extinção local e rupturas culturais.

A diversidade cultural observada durante a transição Pleistoceno-Holoceno no contexto arqueológico brasileiro implica um longo e complexo processo de ocupação do território, tendo como pano de fundo as interações entre grupos humanos e ambientes tropicais. A diversidade ambiental, e em particular a grande concentração de redes hidrográficas, desempenhou um papel predominante nos padrões de dispersão dos primeiros grupos humanos, conferindo particularidade ao processo de povoamento das terras baixas sul-americanas. Novos estudos têm apontado para uma importância crescente dos processos de manejo dos ambientes tropicais, com evidências antigas de domesticação de plantas e paisagens, indicando uma contribuição antrópica intensa e profunda na formação da biodiversidade desses ambientes.

Por duas décadas, testemunhamos um renascimento de questões de pesquisa e modelos interpretativos sobre assentamentos antigos no Brasil. Esta é uma consequência da exploração de novos temas, novas pesquisas em locais ou regiões anteriormente estudadas e a implementação de novos métodos de pesquisa.

Este dossiê apresentará esses avanços recentes na história antiga da ocupação deste amplo espaço geográfico definido hoje como Brasil, ampliando e atualizando os dados disponíveis em publicações em francês. Será abordada a questão dos primeiros assentamentos e suas implicações em escala continental, mas também a dos processos de ocupação progressiva de todo o território. Os trabalhos publicados se concentrarão em temas que permitam uma ampla compreensão desses processos, incluindo estudos de migração populacional através da utilização de marcadores biológicos e estudos sobre a dinâmica de interação entre variações paleoambientais e trajetórias culturais, com o intuito de compreender as maneiras pelas quais as sociedades interagiram e transformaram as áreas ocupadas, contribuindo para construção da diversidade cultural e biológica que caracteriza a história antiga sul-americana.

Data limite de submissão: 31 março de 2021

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Foram fatores muito importantes no processo de ocupação do continente americano?

Pinturas rupestres da Lapa do Boquete, Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, MG

História da América é o nome dado ao estudo de todos os eventos históricos que estão relacionados com a América e seus povos. Assim, a História da América abrange toda a trajetória humana no continente, iniciando com estudos sobre a chegada dos humanos à América, passando pelos povos pré-colombianos e suas respectivas características, pela colonização do continente pelos europeus e, a partir do século XVIII, abordando histórias particulares de cada país após os processos de independência.

Resumo

Por História da América, compreendemos todos os eventos históricos relacionados diretamente com o continente americano. Diferentemente de uma visão comum consolidada entre muitas pessoas, o ensino e estudo da História da América compreendem a ocupação humana do continente, o desenvolvimento das civilizações pré-colombianas (nome genérico para se referir às civilizações que habitavam a América antes da chegada dos europeus), a colonização americana e sua história contemporânea.

Com a chegada dos europeus a partir de 1492, a história do continente caminhou para os processos de colonização, que foram realizados no continente por diferentes nações europeias. Inglaterra, França, Portugal, Espanha, Holanda e Rússia foram as nações que possuíram alguma colônia no continente americano. Esses processos encerraram-se, gradativamente, a partir dos séculos XVIII e XIX, quando as primeiras nações tornaram-se independentes. Desse momento em diante, cada país seguiu com sua história em particular.

Veja também: O ovo de Colombo

Ocupação humana da América

A ocupação da América pelos seres humanos é um assunto debatido intensamente por historiadores e arqueólogos. Existem algumas teorias acerca de como os seres humanos instalaram-se no continente americano. A primeira teoria – e mais aceita – sugere que a ocupação humana aconteceu há, aproximadamente, 15 mil a 25 mil anos, quando os seres humanos cruzaram o estreito de Bering – estreito que separa o Alasca (EUA) e a Rússia.

Essa teoria sugere que grupos humanos aproveitaram que o nível dos oceanos havia diminuído e atravessaram o estreito, por meio de um grande corredor de gelo que havia surgido no local durante o período comumente conhecido como Era do Gelo. Após cruzar o estreito de Bering, o ser humano espalhou-se por todo o continente americano.

Outras teorias sugerem que a ocupação da América ocorreu de maneira distinta. Alguns historiadores e arqueólogos acreditam que a ocupação aconteceu a partir da navegação no Oceano Pacífico. Outros sugerem que os humanos cruzaram o Oceano Atlântico para chegar à América.

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Povos pré-colombianos

O desenvolvimento de diferentes civilizações na América é estudado a partir do estabelecimento humano no continente. Comumente, essas civilizações são conhecidas como povos pré-colombianos, nome genérico que utiliza como marco a chegada de Cristóvão Colombo ao continente, em 1492. Dependendo da região em que se instalaram, esses povos podem ficar conhecidos como mesoamericanos (da Mesoamérica, região da América Central) e andinos (dos Andes, região da América do Sul).

Quando o assunto é civilizações pré-colombianas, destacam-se, geralmente, três povos: incas, maias e astecas. Os primeiros habitaram a região andina e formaram um vasto império que dominou territórios que abrangem da Colômbia ao norte do Chile. Os maias e os astecas foram dois povos da Mesoamérica e, assim como os incas, ficaram conhecidos por suas grandes construções e pelo modo de vida bastante sofisticado.

A América foi habitada por outras civilizações, além das três que foram citadas. Outros povos pré-colombianos foram os zapotecas, olmecas, chavín, guaranis, toltecas, moches (ou mochicas), etc.

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A chegada dos europeus à América

Convencionou-se o estabelecimento da data de 1492 como marco para se referir à chegada dos europeus ao continente americano. Na data 12 de outubro de 1492, a expedição de Cristóvão Colombo chegou à ilha de Guanahani, localizada no Caribe, que corresponde, atualmente, às Bahamas.

No entanto, atualmente, os historiadores sabem que os primeiros europeus pisaram em solo americano no ano de 1000, portanto, quase 500 anos antes da chegada da expedição de Colombo. Os escandinavos da Era Viking, simplesmente conhecidos como vikings, estiveram na América do Norte por volta do ano 1000 e criaram colônias de curta duração no continente, sendo a colônia de L’Anse aux Meadows, no Canadá, um exemplo.

Clique também: Primeiros contatos entre europeus e indígenas

América Colonial

A partir da chegada dos europeus em 1492, foi-se organizando progressivamente o processo de colonização nas diferentes regiões da América. O destaque é dado para a Espanha, que colonizou grande parte do continente. A colonização espanhola concretizou-se, principalmente, após a conquista dos astecas e dos incas. Os espanhóis dominaram vastos territórios da América do Norte, Central, Caribe e da América do Sul.

Posteriormente, os ingleses estabeleceram-se na América do Norte, com as Treze Colônias. Estabeleceram-se também no Caribe e na América do Sul (Guiana). Os franceses obtiveram colônias na América do Norte (parte do Canadá e dos Estados Unidos), no Caribe (destaque para o Haiti) e na América do Sul, com a Guiana Francesa, que hoje é um território ultramarino da França.

Os holandeses detiveram algumas ilhas no Caribe, além do Suriname, e, durante 24 anos, também dominaram a região de Pernambuco. Por fim, os russos realizaram uma pequena colonização do Alasca. Não podemos também nos esquecer dos portugueses, que colonizaram as terras que deram origem ao nosso país.

História da América Contemporânea

A partir do século XVIII, no caso dos Estados Unidos e Haiti, e a partir do século XIX, para os outros locais, aconteceram os processos de independência que colocaram fim às relações coloniais que existiam. Desse ponto em diante, cada local do continente americano organizou-se de maneira distinta, com diversos fatos relevantes acontecendo em cada local do continente americano.

No caso dos Estados Unidos, pode ser destacado o processo de crescimento territorial da nação com a “marcha para o oeste”, que aconteceu ao longo do século XIX. Um momento marcante da história americana ao longo do XIX foi a Guerra de Secessão, também conhecida como Guerra Civil Americana. No caso das relações dos norte-americanos com o restante do continente, destacam-se as Doutrinas Monroe e do Big Stick.

No caso da América Latina, destacam-se assuntos como a Revolução Haitiana, além das revoluções de independência da América Espanhola. À medida que essas nações organizaram-se, também podem ser destacados temas-chave como Revolução Mexicana, Revolução Sandinista, Revolução Cubana, etc.

No século XX, também é relevante, no caso argentino, o período peronista. No auge da Guerra Fria, destacam-se bastante as ditaduras militares que aconteceram em países como Argentina, Chile e Uruguai. Esses regimes ficaram marcados pelo autoritarismo, terror de Estado, censura, etc. A partir da década de 1980, essas nações passaram por processos de redemocratização. A partir da redemocratização, as ditaduras existentes em diversas nações da América foram substituídas por regimes democráticos.


Aproveite para conferir nossa videoaula sobre o assunto:

Quais fatores foram muito importantes no processo de ocupação do continente americano?

O relevo e a hidrografia foram fatores muito importantes no processo de ocupação do continente americano e exercem grande influencia na distribuição atual da população.

Como foi o processo de ocupação do continente americano?

Para Neves, a ocupação do continente teria ocorrido, inicialmente, no final do Pleistoceno, de povos que saíram da África, passaram pela Ásia (onde parte dessa população ficou), passaram pelo estreito de Bering e chegaram na América do Norte e consecutivamente foram descendo o continente.

Que fatores favorecem a ocupação humana no continente?

Os Lugares que favorecem a presença humana são disputados, como proximidades de cursos d'água (córregos, rios e lagos), terrenos planos com solos férteis e climas amenos, as chamadas áreas de atração.

Quais foram os principais povos que colonizaram o continente americano?

Espanhóis, portugueses, holandeses, franceses e outros povos do Velho Mundo colonizaram a América, e a miscigenação deles com os povos nativos deu origem à população atual do continente.