Os fins justificam os meios é uma famosa frase erradamente atribuída a Nicolau Maquiavel, que significa que qualquer iniciativa é válida quando o objetivo é conquistar algo importante. Esta frase é comumente associada ao autor italiano graças a este
trecho do capítulo XVIII da sua obra O Príncipe: "...Nas ações de todos os homens, em especial dos príncipes, onde não existe tribunal a que recorrer, o que importa é o sucesso das mesmas. Procure, pois, um príncipe, vencer e manter o Estado: os meios serão sempre julgados honrosos e por todos louvados, porque o vulgo sempre se deixa levar pelas aparências e pelos resultados, e no mundo não existe senão o vulgo..." Também no capítulo XVIII, Maquiavel revela que
existem duas formas de combater: uma através das leis e outra através da força. A primeira forma é relativa aos homens e a segunda é adequada aos animais. Logo depois, o autor do livro afirma que um príncipe deve saber usar o seu lado homem e o seu lado "animal", ou seja, usar as leis e usar a força. Muitas pessoas criticaram Maquiavel indicando que ele defendia a prepotência e abuso de poder. No entanto, alguns autores descreveram o livro O Príncipe como uma obra satírica que
retrata o cinismo de uma nação governada por uma só pessoa. Quando uma pessoa afirma que os fins justificam os meios, isso significa que ela está disposta a fazer qualquer coisa para conseguir algo que ela deseja alcançar. Inicialmente essa frase era mais usada no contexto político mas depois foi transposta para as outras áreas da vida, onde pessoas acreditam que tudo é permitido quando você quer fazer alguma coisa importante.
Muitas das coisas que são feitas por essas pessoas são consideradas reprováveis no âmbito da ética e moral. Saiba mais sobre o significados de ética e moral. O famoso escritor inglês Aldous Huxley afirmou que os fins não podem justificar os meios, porque os meios usados determinam a natureza do fim que é alcançado. Exemplo de uso da frase Os fins justificam os meiosVejamos um exemplo de uma pessoa que acredita que os fins justificam os meios. Em uma empresa, abre uma vaga no Conselho de Administração. Depois de várias entrevistas, a escolha fica entre dois candidatos: A e B. O candidato A tem uma família para sustentar e aquela vaga vai possibilitar dar uma vida melhor para os seus filhos. No dia da entrevista final, ele esvazia os pneus do candidato B durante a noite, impossibilitando-o de ir à entrevista. Como consequência, o candidato A consegue o emprego. O candidato A pode dizer que tinha um objetivo bom, que era dar uma vida melhor para os filhos. Neste caso, para ele os fins justificam os meios, porque para conseguir o emprego ele fez algo que é considerado errado para muitas pessoas. A frase "Os fins justificam os meios" jamais chegou a ser proferida pelo italiano Nicolau Maquiavel, embora frequentemente a citação seja associada a ele. A oração pode até ser considerada uma síntese redutora do tratado político O príncipe, escrito pelo pensador, mas a verdade é que o intelectual jamais redigiu tal oração. Significado da frase "Os fins justificam os meios"A frase "Os fins justificam os meios" sugere que, com o intuito de se alcançar determinado objetivo, seria aceitável tomar qualquer atitude. No universo da política, muitas vezes a frase atribuída a Maquiavel é utilizada para caracterizar autoridades que, para cumprirem suas vontades pessoais, tecem acordos e alianças questionáveis. É frequente a associação desta oração com regimes totalitários e ditaduras que, para se manterem no poder, usam ferramentas antiéticas e muitas vezes desumanas como a tortura, a chantagem, a censura e a corrupção. Exemplos na história não faltam: Hitler (Alemanha), Stálin (União Soviética), o recente Kim Jong Un (líder da Coreia do Norte). Em termos nacionais basta lembrar alguns ditadores como Geisel, Médici, Figueiredo. A frase supostamente maquiavélica citada também pode ser associada a tão cotidiana constatação "ele rouba, mas faz". Essa segunda frase sugere que o importante é realizar determinados feitos, ainda que a autoridade em questão tenha sido desonesta para alcançar tal objetivo. Sobre o autor da fraseApesar da frase ser atribuída a Maquiavel, é um consenso entre os estudiosos da obra do pensador italiano que tal oração jamais foi escrita pelo autor. O que Maquiavel faz em seu tratado O príncipe é recomendar que os governantes usem meios justos, mas, caso seja necessário, façam uso de recursos injustos para se manterem no poder. Quem foi Nicolau Maquiavel?Filósofo e político italiano, um dos grandes nomes do Renascimento, Niccolò di Bernardo Machiavelli (em português conhecido apenas como Nicolau Maquiavel), nasceu em Florença, no dia 3 de maio de 1469 Foi diplomata e conselheiro político, teve os primeiros estudos em humanidades incentivado pelo pai, um advogado estudioso e intelectual. Viveu apenas cinquenta e dois anos, mas teve acesso a um panorama da vida política do seu país e atualmente é considerado o pai da política moderna. Em 1498, aos 29 anos, Maquiavel alcançou seu primeiro cargo público ocupando a segunda chancelaria. Esteve por dentro dos bastidores do poder da cena italiana durante um período histórico violento e instável. Testemunhou cenas de tortura, chantagem e corrupção. O pensador investigou as entranhas do poder, as lógicas ocultas (e muitas vezes condenáveis) que guiavam os governantes. Em carta enviada por Maquiavel a Francesco Vettori, Embaixador florentino em Roma, em 1513, o autor confessa:
Maquiavel fez parte do alto escalão do governo até a família Médici voltar ao poder, quando então foi preso, torturado e deportado. Escreveu o tratado O príncipe no campo, onde permaneceu o resto dos seus dias. Morreu anônimo, no dia 21 de junho de 1527. Adjetivo maquiavélicoO nome próprio do intelectual italiano virou adjetivo e hoje é relativamente comum ouvirmos que "Fulano é maquiavélico". A definição transcende caracterizações políticas e é utilizada para qualificar sujeitos sem escrúpulos, traiçoeiros, espertos, movidos pela astúcia e sem respeito as leis morais. O adjetivo é sempre utilizado em sentido pejorativo. O príncipeA principal obra de Maquiavel foi O príncipe, escrita em 1513 e publicada em 1532. Trata-se de um tratado breve (com pouco mais de cem páginas) - uma espécie de manual - que propõe a separação entre a moral religiosa e a ética política. O texto é profundamente sincero, chegando por vezes a ser considerado cruel:
A publicação causou uma verdadeiro rebuliço na sociedade do século XVI porque expunha os métodos de funcionamento da engenhosa máquina da política deixando claro que muitas vezes a justiça não era tida em conta como um valor norteador. A Igreja Católica chegou a catalogar O príncipe no Índex dos Livros Proibidos durante o concílio de Trento. Vale retomar um pouco do que se passava na Itália naquele momento histórico. Maquiavel testemunhou um Estado fragmentado e polarizado, com diversos centros de poder espalhados pelo território, tendo assistido inúmeras disputas pontuais. Fato é que o tratado político O príncipe é das obras mais importantes do curso de ciências políticas, sendo leitura obrigatória para diversas graduações como Direito, Relações Internacionais e Filosofia. Conheça alguns trechos celebres da obra de Maquiavel na seção a seguir. Frases famosas de O príncipe
Leia na íntegraO tratado O príncipe está disponível para download em português, em formato PDF. Conheça também
Porque Maquiavel diz que é melhor ser temido do que ser amado?O pensador renascentista concluiu que ser temido é muito mais seguro do que ser amado. Isso porque, segundo ele, dos homens pode-se dizer que geralmente são ingratos, volúveis, dissimulados e ambiciosos. É claro que, enquanto se lhes faz o bem, tudo isso fica oculto sob a pele.
O que Maquiavel dizia sobre ser amado ou ser temido?Quem leu Maquiavel deve lembrar daquela ideia básica para a sobrevivência política do príncipe: quando não se consegue ser amado, o príncipe, ou em uma expressão muito próxima, o “dono do poder”, deve se fazer temido. A equação maquiavélica coloca o medo como alternativa ao amor.
É melhor ser amado ou temido Maquiavel frase?"Chegamos assim à questão de saber se é melhor ser amado do que temido. A resposta é que seria desejável ser ao mesmo tempo amado e temido, mas que, como tal combinação é difícil, é muito mais seguro ser temido, se for preciso optar".
É melhor que o príncipe seja mais amado que temido porque desse modo estará mais seguro no seu governo?e) Um príncipe e seu governo são avaliados também pela escolha dos ministros. Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido que amado. Responde-se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito mais seguro ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas.
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