O que mudou na arte após a Semana de Arte Moderna de 1922?

Em 1922, São Paulo foi o palco brasileiro de uma grande transformação cultural. Naquele ano, a Semana de Arte Moderna, que aconteceu de 11 a 18 de fevereiro, no Teatro Municipal, marcava a renovação do contexto artístico cultural urbano e buscava renovar a arte brasileira nos campos da literatura, das artes plásticas, da música e da arquitetura.

Durante aquela semana, a nova linguagem marcou a construção de uma liberdade criadora, mas o cenário não era propício à transformação. Em meio à República Velha, o conservadorismo estava habituado aos modelos estéticos europeus mais arcaicos, e o movimento era marcado por ideias inovadoras, que aboliam a perfeição estética apreciada no século XIX.

Entre os artistas modernistas destacam-se Oswald de Andrade, na literatura, Víctor Brecheret, na escultura, e Anita Malfatti, na pintura, esta última responsável pela primeira exposição modernista brasileira, em 1917. Suas obras, influenciadas pelo cubismo, expressionismo e futurismo, escandalizaram a sociedade da época.

Alvo de muitas críticas, a Semana de Arte Moderna só ganhou sua importância com o passar dos anos, e o seu principal legado foi desprender a arte brasileira da reprodução de padrões europeus, dando início à construção de uma cultura essencialmente nacional.

Anita Malfatti: 100 anos de arte moderna

Exposição em cartaz na Museu de Arte Moderna (MAM) marca o centenário da primeira exposição modernista brasileira e pode ser visitada de 8 de fevereiro a 30 de abril. Saiba mais.

Importante polo de difusão da arte contemporânea em São Paulo, o MAM reúne uma coleção com mais de 5 mil obras dentre pinturas, esculturas, gravuras, fotografias, vídeos e instalações de diversos nome da arte moderna. Situado dentro do tradicional Parque do Ibirapuera, o museu funciona de terça a sábado, das 10 às 18h. 

O modernismo foi um movimento  artístico e cultural de grande importância para o Brasil. Em 1922, entre os dias 13 e 17 de fevereiro, no famoso Teatro Municipal de São Paulo, intelectuais e artistas ligados a elite cafeicultora paulista se reuniram para apresentar uma arte que tinha como objetivo romper com os padrões artísticos vigentes até então  – o evento ficou conhecido como “Semana de Arte Moderna“.

O que foi a Semana de Arte Moderna de 22?

O Theatro Municipal foi palco da Semana de Arte Moderna de 1922 Stig/CASACOR

O momento era de uma forte industrialização em São Paulo que afastava a cidade de se tornar um polo cultural no Brasil – esse título pertencia ao Rio de Janeiro. Muito inspirados nas vanguardas europeias, os artistas se reuniram no Teatro Municipal para apresentar um novo conceito artístico, que mais tarde influenciaria em diversas vertentes como o Tropicalismo de Caetano Veloso e Gilberto Gil.

A Semana de Arte Moderna aconteceu entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922. Música, poesia, pintura, dança, entre outros foram apresentados durante o período. Apesar de inspirações europeias, a proposta foi explorar a brasilidade e valorizar o território nacional como berço de inspiração cultural.

O que mudou na arte após a Semana de Arte Moderna de 1922?
Quadro “A Estudante” de Anita Malfatti Divulgação/Masp/CASACOR

Durante o evento, houve uma agitação coletiva (algumas positivas e outras nem tanto assim), já que o encontro dos artistas pretendia criar uma ruptura no modo de se fazer e consumir arte – que, na época, era algo mais elitista e voltado para um público seleto.

Quem participou da Semana de Arte Moderna de 22?

O que mudou na arte após a Semana de Arte Moderna de 1922?
Cartaz de Di Cavalcanti anunciando a Semana da Arte Moderna em 1922/ Foto:Enciclopédia Itaú/CASACOR

Grandes nomes de artistas brasileiros se destacaram no evento. Entre eles podemos citar alguns:

  • Oswald de Andrade;
  • Anita Malfatti;
  • Mário de Andrade;
  • Manuel Bandeira;
  • Heitor Villa-Lobos;
  • Di Cavalcanti;
  • Graça Aranha;
  • Sérgio Milliet;
  • Guimar Novaes.

Além desses, alguns nomes da arquitetura moderna também estiveram presentes como Antonio Garcia Moya e Georg Przyrembel.

O que estava acontecendo no mundo?

O que mudou na arte após a Semana de Arte Moderna de 1922?
Amigos – Di Cavalcanti (1918). Acervo Palácio Boa Vista. Pinacoteca de São Paulo/CASACOR

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O ano de 1922 foi bastante simbólico: era o primeiro centenário da independência do Brasil, e o país passava por uma série de mudanças sociais, políticas e econômicas – especialmente após o fim da Primeira Guerra Mundial.

A movimento artístico predominante era o parnasianismo (caracterizado por um pensamento bastante formal, mais preocupado com a forma do que com a mensagem). E a SAM surgiu como uma intervenção a esse modelo.

O que mudou na arte após a Semana de Arte Moderna de 1922?
“O Homem de Sete Cores” de Anita Malfatti Divulgação/MAM/CASACOR

Os artistas da Semana de Arte Moderna eram, em sua maioria, descendentes de famílias cafeeiras de São Paulo, em uma época que predominava a política do “Café com Leite” e por isso tinham grande influência nos assuntos sociais da cidade.

Boa parte dos artistas também haviam estudado na Europa e trouxeram de lá algumas tendências artísticas como o futurismo, cubismo, dadaísmo, surrealismo, expressionismo; e incorporaram técnicas e um lado mais brasileiro para criar suas próprias obras.

Quais foram as consequências da Semana de Arte Moderna?

O que mudou na arte após a Semana de Arte Moderna de 1922?
O Abaporu surgiu em 1928 e foi exposto no evento de celebração aos 50 anos da Semana de Arte Moderna GUSTAVO LOWRY/CORTESIA MALBA/CASACOR

O evento foi muito criticado na época, recebendo adjetivos como “pouco moderno”, mas a verdade é que serviu como um divisor de águas entre a forma de fazer (e consumir) arte da época, já que fez críticas bem severas ao modelo parnasiano.

Após esse evento, algumas obras de grande importância surgiram no país, como o Abaporu, em 1928, de Tarsila do Amaral, considerada hoje a obra de arte brasileira de porta de entrada para o país – que inclusive, foi exibida em uma exposição de comemoração aos 50 anos da Semana de Arte Moderna.

A poesia, que antes era só escrita, passou a ser declamada também; e surgiu também o movimento Tropicália na música brasileira.

De maneira geral, houve uma grande revolução na linguagem artística e uma ruptura na arte erudita que predominava até então.

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O que mudou na arte depois da Semana de Arte Moderna?

Após a Semana de Arte Moderna, considerada um dos marcos mais importantes na história cultural do Brasil, foram criadas inúmeras revistas, movimentos e manifestos. A partir disso, diversos grupos de artistas se reuniam com o intuito de disseminar esse novo modelo. Destacam-se: Revista Klaxon (1922)

O que a Arte Moderna mudou no Brasil?

No Brasil, a Arte Moderna buscou uma ruptura com a forte influência artística estrangeira, apropriando-se dessas vanguardas para criar uma identidade nacional dentro da arte. As manifestações vieram de uma forma mais engajada e como denúncia social, contrapondo-se radicalmente aos ideais da burguesia.

O que mudou depois do modernismo?

Movimento contemporâneo modificou as artes e arquitetura O pós-modernismo é um movimento artístico, filosófico e cultural da contemporaneidade e é caracterizado pelas mudanças científico-tecnológicas, disseminação dos meios de comunicação social e uso desenfreado das tecnologias.

Quais foram os impactos da Semana de Arte Moderna de 1922?

A semana causou um grande impacto entre os artistas mais conservadores da época pois trazia uma dura crítica às regras importadas e à falta de liberdade de expressão dos artistas brasileiros. Através da arte moderna muitos puderam trazer o Brasil para suas artes e o nativismo que faltava em muitas obras anteriores.