O que são cidades gêmeas e quais problemas encontrados nesses tipos de cidades *?

As condições de educação, trabalho, saúde e segurança dos mais de 1,1 milhão de brasileiros que vivem nas 30 cidades-gêmeas do Brasil, ou seja, que fazem fronteira com outros países, estão aquém da média nacional. A conclusão é de um estudo realizado pelo Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (Idesf).

Veja gráfico com os dados do estudo

TCU já havia apontado falhas na fronteira

Em setembro, o Tribunal de Contas da União (TCU) divulgou relatório sobre a governança nas fronteiras brasileiras. O diagnóstico apontou os potenciais da região – hídricos, minerais e comerciais – e os problemas enfrentados pelos municípios fronteiriços: injustiça social, conflitos fundiários, altas taxas de criminalidade e baixa densidade demográfica.

O órgão criticou os investimentos feitos pelo governo federal na área e a escassez de recursos humanos, materiais e financeiros dos órgãos responsáveis por fazer o controle, a fiscalização e a prevenção de crimes de fronteira, principalmente o contrabando e o tráfico. Segundo o relatório, Polícia Federal não exerce atividades de policiamento ostensivo na linha de fronteira porque a estrutura de pessoal é incompatível com a demanda. E embora a Receita Federal e a Polícia Rodoviária Federal façam esse trabalho, o entendimento é de que não há efetivo suficiente para um resultado satisfatório.

A conclusão: a inexistência de uma política nacional específica para essas regiões torna os territórios vulneráveis a todo tipo carência (na educação, saúde e trabalho) e à violência decorrente da criminalidade.

Na avaliação do economista Luciano Barros, presidente do Idesf, as populações de cidades-gêmeas estão vulneráveis a uma combinação de fatores que inclui não apenas proximidade com uma fronteira desprotegida, mas também os baixos investimentos do poder público em serviços como educação e saúde.

“Toda a criminalidade que depois se espalha pelo país tem relação com os crimes transfronteiriços. Drogas, armas, contrabando – tudo entra pela fronteira. Temos, então, um ciclo, porque o crime implica uma série de consequências para essa população. Para que esses produtos entrem, pessoas precisam trabalhar. Regiões onde reinam o subemprego, a baixa renda e uma educação ruim são férteis para a criminalidade, porque as pessoas acabam trabalhando para isso.”

Educação

Ao se debruçar sobre índices da educação, o Idesf avaliou níveis de reprovação e aprovação no ensino fundamental, taxas de evasão e índices de matrícula. Embora, no conjunto das cidades-gêmeas, os níveis de aprovação apresentem um crescimento desde 2008, o aproveitamento escolar ainda é inferior à média nacional. O mais preocupante é a taxa de evasão escolar, que na fronteira não apenas é mais alta que no restante do país, como voltou a subir desde 2013.

Entre as três cidades-gêmeas paranaenses avaliadas – Barracão, Foz do Iguaçu e Guaíra – a primeira se destacou nos índices educacionais com melhora, ano a ano, nos índices de aprovação no ensino fundamental, e redução da evasão escolar, alcançando os melhores resultados nesse item.

No Paraná, as cidades-gêmeas são O Ministério da Integração Nacional define como cidades-gêmeas aqueles municípios separados apenas pela linha de fronteira de cidades pertencentes ao país vizinho, formando uma aglomeração urbana. Barracão forma tríplice fronteira com Dionísio Cerqueira (SC) e Bernardo de Irigoyen (Paraguai); Foz do Iguaçu é “gêmea” de Ciudad del Este (Paraguai) e Puerto Iguazú (Argentina); e Guaíra, faz fronteira com Salto del Guairá (Paraguai) e Mundo Novo (Mato Grosso do Sul).

Saúde

O estudo considerou o número de atendimentos hospitalares (volume de internações, tempo de internações e índice de mortalidade hospitalar) para cada mil habitantes para avaliar a qualidade da saúde das localidades. No volume de internações, o conjunto das cidades-gêmeas apresentou um índice superior à média brasileira. Destaque para Barracão e Guaíra, que alcançaram 77 e 88 internações, respectivamente.

Veja também

  • Turista paraguaio desaparece no mar de Matinhos
  • 1 em cada 4 ônibus de Curitiba terá idade vencida até o fim de 2016; veja a situação da empresa que opera na sua linha
  • Governo federal cria grupo de trabalho para estudar “pílula do câncer”
  • Sudoeste dor PR está no caminho do El Niño

Em relação à taxa de mortalidade infantil, considerada elevada em todo o país, nas cidades-gêmeas se encontrou números muito superiores aos 10 óbitos por cada mil nascidos vivos preconizados pela Organização Mundial da Saúde: 16,6. A média nacional é de 13,4.

Raio-x

A faixa de fronteira corresponde a 27% do território nacional (2.357.850 km²) e caracteriza-se geograficamente por ser uma faixa de até 150 km de largura e de 16.886 km de extensão, estendendo-se por 11 estados, que fazem divisa com 10 países da América do Sul. Nessa área, há 23.415 km de rodovias federais e residem mais de 10 milhões de brasileiros, em 588 municípios, sendo 122 limítrofes e 30 cidades gêmeas.

Soluções

Para Barros, é necessário que gestores públicos e a própria população pensem na fronteira como as portas de entrada do nosso país. “É por onde o crime entra. Porque tem o atrativo do preço. A falta de estrutura do estado nessas áreas também facilita. Então não precisamos apenas de mais segurança pública, mas também de políticas públicas que criem empregos e renda para que essas populações disponham de infraestrutura, saúde, educação e empregos formais. Se não forem regiões autossuficientes, o crime sempre dará o tom.”

Municípios paranaenses têm altos índices de violência

Os altos índices de criminalidade nas cidades-gêmeas paranaenses chamam a atenção no estudo do Idesf. Em Guaíra, a média de homicídios é de 99,6 vítimas a cada 100 mil pessoas; em Foz do Iguaçu, é de 63,1 –números bem acima da média de todas as cidades-gêmeas avaliadas, de 34,2, e da média nacional, de 27,7 assassinatos a cada 100 mil pessoas.

Outro dado que chama a atenção é a quantidade de suicídios registrados nas cidades-gêmeas – uma média de 8,7 por 100 mil habitantes contra a média nacional de 5,1. Entre os municípios paranaenses, apenas Foz apresenta índices menores que a média nacional. Barracão surpreende com índice de 20,5 suicídios, perdendo apenas para Tabatinga, no Amazonas, com 29,6, e Paranhos, no Mato Grosso do Sul, com 46,9.

O volume de acidentes de trânsito que resultam em óbito também é maior nas três cidades paranaenses. Enquanto a média de ocorrências desse tipo nas cidades-gêmeas é de 24,6 e no Brasil, de 22,2; em Barracão sobe para 54,7, colocando o município como líder nesse ranking mórbido. Guaíra tem 44,4 mortes por 100 mil pessoas provocadas por acidentes nas estradas e Foz, 34,3.

O número de mortes provocadas por agressões com uso de armas de fogo também é altíssimo em Guaíra e Foz, que novamente ficam em primeiro e segundo lugar entre as cidades-gêmeas, com 86,6 e 54,6 óbitos por 100 mil habitantes. A média nacional é de 19,6.

Avaliação

“Os índices de criminalidade são altos em todas as cidades-gêmeas, mas os de Guaíra e Foz surpreendem. São regiões de fronteira com Paraguai e que sofrem com a violência decorrente do crime organizado. E há outros índices que influenciam, como subemprego e informalidade. A informalidade é um grande problema”, avalia Luciano Barros, presidente do Idesf. De acordo com o levantamento, enquanto a média nacional de emprego formal entre a população economicamente ativa é de 33,5%, em Foz do Iguaçu e Barracão é de 26%; em Guaíra, de 22%. (CP)

O que são cidades gêmeas e quais problemas elas apresentam?

Essas cidades contam com grande potencial de integração econômica e cultural. Há intensa circulação de pessoas, mercadorias e capitais, mas também existem problemas ligados ao comércio ilegal de mercadoria entre dois países, contrabando ou tráfico de drogas.

Que são as cidades gêmeas?

Segundo o Ministério da Integração Nacional, serão considerados cidades gêmeas os municípios cortados pela linha de fronteira, seja essa seca ou fluvial, integrada ou não por obra de infraestrutura, que apresentem grande potencial de integração econômica e cultural, podendo ou não apresentar a unificação da malha ...

Quais são as três cidades gêmeas no Brasil?

Na região Norte, são considerados cidades-gêmeas os municípios acreanos de Assis Brasil, Brasiléia, Epitaciolândia e Santa Rosa do Purus bem como os roraimenses Bonfim e Pacaraima. Além destes, Oiapoque (no Amapá), Guajará-Mirim (em Rondônia) e Tabatinga (no Amazonas) completam a lista.

O que são cidades gêmeas e o critério utilizado para que assim sejam denominados?

Resposta. Resposta: Cidades-gêmeas são aglomerações urbanas que possuem mais de 2 mil habitantes e ficam uma ao lado da outra, mas em países diferentes, isto é, municípios de fronteira que se caracterizam pela integração urbana, econômica, social e cultural com outro município de um país vizinho.