A Educação é vista como uma chave importante para transformar o racismo estrutural e cultural. Além de uma formação com olhar para a diversidade, a escola pode contribuir muito para valorização da história e cultura africana e afro-brasileiras – apagadas das páginas dos livros didáticos. “As crianças negras aprendem sobre diversas culturas [na escola]. Elas precisam também aprender sobre aquelas que são mais próximas delas. Dessa forma fica mais fácil valorizar a identidade de cada um”, diz Larissa Reis, pedagoga, editora do Museu Virtual de Contos Africanos e Itan (MUCAI), mestra e doutoranda em Educação e Contemporaneidade na Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Como forma de garantir que a história, cultura e formação do povo negro nas áreas social, econômica e política do Brasil fosse pautado na Educação Básica, em 2003 foi aprovada a Lei 10.639 que institui a obrigatoriedade de tratar do tema. No entanto, mesmo 17 anos após a implementação da lei, ainda há um longo trabalho a ser feito neste campo. Confira 10 perguntas e respostas para entender como o tema se articula com a escola: 1) O que é a
Lei 10.639 de 2003? África e afrobrasilidades ainda mais presentes na escola Entenda neste Nova Escola Box como reconhecer e valorizar a influência da história e cultura africana na formação da sociedade brasileira 2) Por que a Lei 10.639 foi criada? 3) Como foi a implementação da
Lei? 4) Por que,
apesar de ser Lei desde 2003, o tema ainda não é amplamente trabalhado nas escolas? Existem também relatos de professores que se sentem desconfortáveis de tratar as relações étnico-raciais por não sentirem que têm domínio do tema. Por isso, há ainda a necessidade de garantir esses conteúdos e discussões na formação inicial e continuada dos professores. “É essencial para que o professor possa criar esse ambiente de debate. O educador bem preparado é capaz de problematizar, trazer temas, de criar possibilidades e discussões muito mais interessantes para seus alunos”, afirma Juarez Xavier, professor na Universidade Estadual Paulista (Unesp) e coordenador do projeto Educando para Diversidade. Para preencher a lacuna de formação é necessário incentivar um diálogo com diferentes áreas do conhecimento, pesquisar materiais e práticas que possam ser boas referências para a escola. Juarez aponta também um problema da falta de apoio das políticas públicas federais que engajem e incentivem um regime de colaboração entre secretarias de Educação para levar a discussão de fato para as salas de aula. "O nosso grande problema é a ausência de mecanismo institucional para o cumprimento da política". Por falta desse trabalho amplo, há falta de práticas sistemáticas – característica observada pela pesquisa de práticas pedagógicas do tema. Ou seja, as iniciativas partem do interesse de um professor e não da escola ou da rede, por isso são pontuais e pouco divulgadas. 5) É necessário criar um componente curricular específico para tratar das relações étnico-raciais? Leve as brincadeiras africanas para sua turma Conheça brincadeiras de origem africana e entenda como utilizá-las com sua turma. No Nova Escola Box também disponibilizamos as regras de Mancala com um tabuleiro para baixar. 6) Basta trabalhar relações étnico-raciais apenas na época da Consciência Negra? 7) Como surgiu o Dia da Consciência Negra? 9 planos de aula sobre questões raciais para uso a distância Confira sugestões para inspirar a preparação de aulas focadas nas culturas afro-brasileiras e indígenas. 8) Quais são os pontos de atenção para não trabalhar o tema de forma preconceituosa? Garantir a escuta da experiência dos professores negros também pode ajudar. “Essa temática tem que ser trabalhada por todos, mas eu acredito: quem já vivenciou o racismo carrega uma história. Eles precisam ser ouvidos. Às vezes, não são ouvidos nem pela escola”, afirma Larissa. Ampliar as discussões para além da sua sala de aula, compartilhar as práticas e experiências com outros professores, com a gestão escolar e as famílias são caminhos que podem reunir propostas interessantes e alinhadas aos desafios da comunidade em que está inserida. “Não é só o professor fazer sua prática antirracista, mas compartilhar e ter esse diálogo de forma ampla”, diz a pesquisadora da UNEB. 9) Por que algumas pessoas falam de ter Consciência Humana e não Consciência Negra? 10) O que muda para trabalhar o tema no ensino remoto? |