Por que existe a discussão sobre os vírus serem ou não seres vivos?

Este post é o resultado de uma prova aplicada à turma da disciplina de Virologia, da graduação em Ciências Biomédicas do ICB/USP. A prova foi uma redação sobre o tema “Vírus é vivo?” e as respostas seguem abaixo:

Um dos assuntos muito discutidos na comunidade cientifica é se os vírus são vivos ou não. Mas, primeiramente, o que são vírus? Esses seres são parasitas intracelulares obrigatórios, que apresentam um capsídeo proteico e material genético, que pode ser DNA ou RNA, não apresentando ribossomos ou outras organelas.

Diante disso, é necessário também saber o que se tem de consenso sobre o termo ‘vida’. Organismos considerados vivos são aqueles que possuem uma organização celular, ou seja, possuem célula, apresentam metabolismo e capacidade de se reproduzir, além de ter material genético e um histórico de evolução. Porém, analisando essas informações e comparando com o que foi dito anteriormente, é possível concluir que os vírus não têm células, não possuem metabolismo próprio e não se reproduzem sozinhos. Como, então, propor que são vivos?

Umas das poucas certezas que existem é de que ninguém consegue viver sozinho. Como exemplo é possível citar as plantas que precisam de fungos, como as orquídeas; os fungos que não vivem sem a interação com algumas algas, como na simbiose; existem bactérias que só conseguem se replicar e sobreviver dentro de células eucarióticas; e até os seres humanos, que necessitam do convívio social e de manter relações pessoais para que a reprodução ocorra, por exemplo. Da mesma forma ocorre com os vírus, que precisam utilizar a maquinaria de outras células para se reproduzir e multiplicar em um organismo.

Além disso, várias hipóteses já foram lançadas a respeito da evolução dos vírus e do seu surgimento. Entre elas, estão as que afirmam que esses pequenos seres podem ter surgido de outros que perderam seu material genético. Nada, porém, foi confirmado ainda.

Sendo assim, é possível concluir que a vida é muito mais do que se vê ou do que se sabe e, nesse quesito, os vírus se encontram em um horizonte distante, deixando para trás dúvidas, questionamentos e incertezas como essas. Da mesma forma como existem argumentos aqui descritos, defendendo que vírus são vivos, existem muitos outros afirmando o contrário; cabe a cada um se informar e estudar para estabelecer seu ponto de vista, afinal, a vida está em constante mudança. Qual é o seu lado?

A autora:

Meu nome é Daniela Veronesi Giacone, estudante de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo, sou do interior do estado e atraída pela complexidade da oncologia. Acredito que a busca pelo conhecimento é o que nos leva mais além e o sonho de buscar a cura de doenças foi o que me trouxe até aqui.

Quer descobrir se vírus é vivo? Participe e acompanhe o debate: scienceblogs.com.br/ensaios

O Tubo de ensaios é uma coleção de ensaios escritos por blogueiros e não-blogueiros que procuram um espaço para textos sobre Ciências.

Um vírus é um bolinho inerte de material genético. Mas parasita organismos com o ímpeto da cavalaria cossaca. Fica a questão: essa coisa é viva ou não é?

Por Bruno Vaiano Atualizado em 24 jan 2020, 16h24 - Publicado em 24 jan 2020, 16h19

 Science Photo Library/Getty Images

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Pegue um átomo de carbono. Ou melhor: imagine um átomo de carbono, pois seria um pouco difícil pegá-lo na prática. Ele sequer é visível, pois é várias ordens de magnitude menor do que a menor coisa que ainda é grande o suficiente para refletir luz na direção de nossos olhos. Um microscópio óptico vê coisas de 500 nanômetros, 200 vezes mais esbeltas que um fio de cabelo. Mas um átomo de carbono tem 0,22 nanômetros, ou seja: é 2,5 mil vezes menor que o limite inferior do microscópio.

Esse átomo de carbono é como uma peça de LEGO com quatro encaixes, isto é: ele pode fazer quatro ligações covalentes com outros átomos, de maneira a formar moléculas. Algumas moléculas são minúsculas. Um etanol, por exemplo – do tipo que você bebe copiosamente às sextas após o expediente – tem dois carbonos, um oxigênio e sete hidrogênios. Alcança meros 0,44 nanômetros, pouco mais que o número dado acima para um átomo solitário.

(Você talvez esteja achando estranho que os dois números dados acima sejam tão próximos sendo que a molécula tem muito mais átomos. Mas o mundo microscópico não joga de acordo com as regras do nosso cotidiano de metros e centímetros. Na ausência de medições diretas, há vários meios de calcular o diâmetro de um átomo, mas nenhum deles equivale a colocar uma régua no dito-cujo. Em resumo: ciência é algo complicado, rs).

O ponto é que algumas moléculas são realmente enormes. Uma proteína chamada titina, por exemplo – a maior do corpo humano – tem 169 mil átomos de carbono. Ela mede 1 micrômero, ou seja: é quase do tamanho de uma bactéria particularmente pequena. Para uma molécula, isso é muito coisa mesmo. E alguns músculos contém até meio quilo de titina. Isso levanta uma questão: a partir de que ponto podemos considerar algo vivo? A titina é enorme e imprescindível para nós, mas ela está viva?

Não, é claro.

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Em geral, os biólogos concordam que a partir do nível da célula que algo pode ser considerado vivo. Uma célula é um pacotinho gelatinoso repleto de moléculas muito grandes como proteínas – inclua aí as titinas –, DNA e RNA. Nenhuma dessas moléculas, por si só, está viva. A vida consiste nas milhares de reações químicas que se desenrolam entre essas moléculas. A vida é um processo, uma sequência de interações entre os componentes do seu corpo. Nenhum dos seus átomos de carbono está vivo – mesmo assim, você está.

O mais importante desses processos – batizado de dogma central da biologia por Francis Crick – é a maneira como moléculas de RNA mensageiro vão no núcleo da célula, coletam instruções nas moléculas de DNA e levam essas instruções para os ribossomos, onde elas serão utilizadas para fabricar proteínas. Todo ser vivo, de uma bactéria a um elefante, funciona exatamente assim. A razão da existência do seu DNA é armazenar receitas de proteína, e é por meio da execução ordenada dessas receitas que você é construído e operado.

O que nos leva aos vírus. Um vírus é um pedacinho de molécula de DNA ou RNA protegido por um invólucro de proteína. Eles medem algo entre 20 e 300 nanômetros, ou seja: são menores que titinas. Se um vírus fosse do tamanho de uma bola de tênis, um ser humano teria 800 km de altura.

Existem apenas 586 espécies de vírus que infectam mamíferos, destas, só 253 se dedicam a parasitar humanos. É pouco, considerando que existem centenas de milhares de outros vírus inofensivos para nós e nossos pets. Os vírus não são células. Eles não se alimentam, não respiram, não se locomovem, não se reproduzem sozinhos e não obedecem ao dogma central de Crick. São inertes. De acordo com a esmagadora maioria das definições, não estão vivos.

Mesmo assim, quando um vírus penetra uma célula de seu hospedeiro, ele se aproveita do maquinário molecular disponível ali para criar cópias de si mesmo. Afinal, ele tem DNA (ou RNA). O que lhe falta é um meio de transformar a receita contida neste DNA nas proteínas que ele usa para agir. É aí que entra você. Ou seu cachorro. Ou qualquer outro hospedeiro – inclusive bactérias, que tem uma célula só. Se elas são infectadas, adeus mundo cruel.

“De muitas maneiras, a discussão sobre se vírus são vivos ou não é uma questão filosófica”, diz Nigel Brown, da Sociedade de Microbiologia do Reino Unido. “Nos últimos 15 anos, vírus gigantes encontrados em amebas complicaram nossa visão de vírus como simples estruturas não-vivas. Esses mimivírus e megavírus podem conter mais genes do que uma bactéria simples (…) Esses genes também aparecem nos domínios Archaea, Bacteria e Eucarya [as três subdivisões da vida na biologia contemporânea, chamadas “domínios”]. Alguns pesquisadores argumentam, com base nisso, que eles constituem um quarto domínio.”

Quais são os motivos da discussão sobre os vírus serem ou não serem considerado seres vivos?

Sem células, portanto, os vírus não são seres vivos. Além disso, a ausência de metabolismo nesses organismos é um ponto que sugere que não se tratam de seres vivos. Esses organismos também não conseguem se reproduzir fora de uma célula, e a reprodução é um ponto-chave para considerar um ser como vivo.

Quais são os motivos da discussão sobre os vírus serem ou não serem considerados seres vivos Brainly?

Resposta verificada por especialistas Os vírus não possuem metabolismo, não possuem células, não interagem com o meio ambiente, não conseguem se reproduzir e nem montar as suas próprias estruturas, um ser vivo consegue fazer tudo isso.

Por que alguns autores não consideram os vírus como um ser vivo?

Uma das características mais marcantes dos vírus é o fato de esses organismos não possuírem células. A presença dessa estrutura é fundamental para classificar um ser como vivo de acordo com a Teoria Celular. É por essa razão que muitos autores afirmam que os vírus não são seres vivos.

Por que os vírus são seres vivos?

Jean-Michel Claverie, virologista de um laboratório público francês, não tem mais dúvidas: os vírus são realmente seres vivos. O fato de que eles podem adquirir doenças causadas por outros vírus é um de seus argumentos para contestar a antiga afirmação de que os vírus eram inanimados.

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