Por quê não quer ir

Quando a filha de Aubrey Garcia estava no 3.º ano do ensino básico, parou subitamente de frequentar a escola. Todos os dias, Aubrey, uma ex-professora, perguntava-se: “Será que ela vai hoje à escola? O que posso fazer para que queira ir à escola?” E desabafa: “Era uma batalha constante.”

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03 de outubro de 2022

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Por quê não quer ir

(Foto: Thinkstock)

"Meu filho tem dificuldade de se adaptar à rotina escolar desde os 3 anos. Hoje, aos 7, ainda não gosta de ir à aula e não se interessa por nada relacionado aos estudos. O que eu faço?"
Priscilla Martins, mãe de João Bernardo, 7 anos, e Luiz Otávio, 1 ano

Bem de perto
Já passei por isso com a minha filha mais velha, que não se adaptou à troca de colégio no primeiro ano do fundamental. Procurei entender os motivos da Carolina, conversando bastante com ela. Além disso, fiquei próxima da professora para, juntas, a ajudarmos a se sentir bem na escola. Fiz lanches diferentes para estimulá-la a gostar de levá-los, incentivei que ela fizesse amigos e criei um ambiente em casa para que ela ficasse tranquila e motivada para ir às aulas. Deu certo!
Karoline Karpuk, mãe de Ana Carolina, 8 anos, e Maria Eduarda, 3 anos

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Acolhimento com carinho
Meu filho mais velho tem TDAH e tudo o que tem regras o abala. Por isso, nós, família e escola, fazemos um trabalho em equipe para acolhê-lo e incluí-lo. Trabalhar a autoestima dele faz com que a ida às aulas seja menos difícil.
Marcella Bessa, mãe de Benjamin, 8 anos, Clarice, 2, e Lucas, 2 meses

Autoconhecimento
Aos 10 anos, meu filho não queria mais ir à escola por sofrer bullying. Desde então, incentivo que ele entenda os próprios sentimentos. Assim, fica mais seguro e confiante e vai à aula com tranquilidade.
Denise Oliveira, mãe de Gian, 12 anos, e Sarah, 7 anos

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Reforço positivo
Quando minha filha começou a resistir à escola, criei um calendário onde colocávamos carinhas felizes para cada dia em que ela ia sem chorar. Após um mês bem-sucedido, ela ganhou um kit de maquiagem que queria muito e foi feliz e estimulada para a aula.
Jordana Soares, mãe de Mariana Letícia, 7 anos

Palavra de especialista

Conforme as crianças vão crescendo, elas necessitam assumir mais compromissos. Sair da educação infantil e entrar no fundamental, por exemplo, exige bastante delas. Algumas já demonstram um certo desconforto ao se deparar com atividades que exijam esforço mental prolongado, atenção, coordenação motora fina e também uma boa dose de frustrações – como aprender a lidar com erros e correções, por exemplo. Isso pode fazer com que ela diga que não gosta de ir à escola.

Às vezes, quando a criança não ganha responsabilidades de forma gradual e contínua em casa, ela sente esse impacto quando começam as exigências escolares. E há de se lembrar que, nessa faixa etária, muitas coisas estão sendo exigidas dela, como aprender a ler, escrever e contar. Somado a isso, se a criança tiver um distúrbio de aprendizagem ou déficit de atenção, criar uma rotina pode ser mais difícil. Essa é uma outra questão, e pode ser investigada com uma avaliação psicopedagógica.

No mais, é recomendável definir obrigações e rotina em casa, assim seu filho vai perceber, na prática, que há hora para o lazer e para o dever (não só o escolar). Procure saber na escola como é o rendimento dele e trace uma estratégia para que a família e os professores trabalhem juntos por essa adaptação.

Adriana Lot Dias, psicóloga infantil pós-graduada em psicopedagogia pela Universidade Estadual de Londrina (UEL)

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Partilhamos algumas dicas para vos ajudar quando o seu filho ou filha não quer ir à escola.

“Meu filho não quer ir à escolas!”: já aconteceu por aí? Muitas crianças  nos primeiros dias de aula ou depois do fim-de-semana, por se sentirem sozinhas e com muitas saudades dos pais, acabam por oferecer grande resistência à ida para a escola.

Vera Lisa Barroso, Psicóloga clínica da área MindKiddo, área infanto-juvenil e familiar da Oficina de Psicologia, e o Centro Sei, dão-nos algumas dicas para ajudar os pais a contornar esta situação.

Sinais que o seu filho não quer ir a escola

“Doí-me a cabeça”, “doí-me a barriga”, são desculpas a que os mais pequenos recorrem com frequência quando não querem ir à escola. Por vezes o mal estar físico tem os mesmos sintomas que são visíveis pelos pais como febre ou vómitos, mas que não encontram uma justificação médica. São os chamados sintomas psicossomáticos.

Uma reação do corpo a problemas que podem ser de natureza psicológica ou emocional. É importante perceber que o seu filho pode não estar a mentir quando se queixa de uma dor de barriga para a qual o médico não encontra resposta.

A criança pode ter dificuldade em expôr e até compreender o que sente.

A dor é a porta que o corpo encontra para pedir ajuda.

O meu filho não quer ir à escola: perceber a origem do problema é fundamental

Vera Barroso considera fundamental conversar muito com a criança, mostrando os pontos bons de uma escola, incentivá-lo a ter cada vez mais conhecimento nas aulas e a visualizar isso como algo divertido, onde ainda pode conhecer amigos.

Esta recusa da criança não ocorre necessariamente apenas no primeiro dia de aula de uma criança, podendo também acontecer com uma criança que já vai à escola e que em um determinado momento “decide” que não quer ir mais. É então importante perceber a origem, porque nada muda de um dia para o outro.

Alguns dos motivos porque a sua criança não quer ir a escola

O Centro Sei enumera-nos alguns dos motivos que podem estar por detrás da recusa da criança.

Bullying

Há crianças que recusam levar determinadas roupas ou objetos para a escola, outras que acabam por admitir que “os meninos são maus”. São por vezes sinais de que são vítimas de agressões físicas ou psicológicas, o chamado bullying. Se for esse o caso dê confiança ao seu filho.

Mostre-lhe que não está sozinho e que juntos vão resolver o problema. Tente identificar quem são os agressores e marque uma reunião com o professor ou o diretor de turma. Sugira também uma conversa em conjunto com os pais dos meninos responsáveis pelo bullying e tentem em conjunto encontrar uma solução.

Dificuldades de aprendizagem e/ou atenção

Uma chamada para ir ao quadro ou para ler um texto em voz alta, para algumas crianças não passa de um desafio mas para outras pode ser um enorme fator de ansiedade.
O medo de cair no ridículo, de ser gozado pelos restantes, é habitual entre os mais pequenos, sobretudo quando existe uma dificuldade de aprendizagem de forma geral ou em determinadas matérias.

É importante estar atento, falar com o seu filho ao final de cada dia.

Se ele diz que “a escola é muito difícil”, veja para lá do óbvio.

Talvez sinta vontade de dizer que tem de trabalhar mais porque a vida é dura e exige esforço. Mas o caminho deve ser outro. Pergunte-lhe que matérias acha mais interessantes na escola e em quais tem mais dificuldades. Elogie as capacidades que revela e mostre que o irá ajudar a superar os temas mais difíceis. Poderá também recorrer à sua experiência pessoal para lhe dar alguns exemplos de como superou determinados problemas.

Medos

“Não quero ir à escola” pode querer dizer “quero ficar em casa”.

Na prática parece dar no mesmo, mas não é.

Por vezes o problema está no seio da família e não no ambiente escolar.

Há crianças que, por diversas razões, alimentam uma dependência pelo pai, ou a mãe e sentem receio sempre que se afastam. Acontece, por vezes, quando há uma perda ou um distanciamento. Em caso de morte, por exemplo, ou de divórcio.

Se o seu filho perdeu a avó, ou o avô é natural que se questione que pode um dia perder os pais. Um receio que se pode traduzir em ansiedade e medo de sair de casa, de se afastar dos que mais gosta. Falamos de pessoas, mas pode acontecer também quando há a perda de um animal de estimação. Uma vez mais o diálogo é essencial para compreender e ajudar o seu filho.

Os motivos que podem levar uma criança a rejeitar a escola são muitos e podem ocorrer em simultâneo.

A boa notícia é que, na maioria das vezes, o problema é passageiro. Esteja atento. No final de cada dia, conversem, faça perguntas. O que aprendeu na escola? Que disciplinas gostou mais? Será que sentiu dificuldades nalguma matéria? E os amigos? Quem são? A que brincaram nos intervalos?

Não desespere e, acima de tudo, não castigue antes de saber a real razão do problema.

A criança precisa de sentir que é entendida.

Tente a via do diálogo, reforce a importância dos estudos para a vida futura, mas realce também o lado mais lúdico da escola.

E já agora, avalie se o seu filho dorme horas suficientes. Será que não tem uma agenda demasiado preenchida com atividades escolares e extra-escolares.

Por vezes, algum cansaço pode ser a resposta que procura.

Lembre-se, poderá não acertar na melhor estratégia à primeira, tente uma vez mais, mas não hesite em procurar ajuda especializada, de um psicólogo, por exemplo, se entender que o problema persiste.

Já para Vera Barroso, é importante partilhar com a professora e tentar perceber o ambiente vivido em sala de aula, entre colegas, bem como os métodos mais usados, de forma a poder ajudar o seu filho a superar essa resitência.

A escola deve ser um espaço onde as crianças tenham vontade de estar (e isso cultiva-se!).

Claro que se obrigamos as crianças a gostar de estar em sala de aula com métodos pouco apelativos e totalitários, a motivação e o empenho de cada criança serão diminutos – por conseguinte, também os seus resultados escolares. Imagine-se a si… onde produziria mais enquanto profissional, num local onde o ambiente de trabalho fosse estimulante e apelativo? Ou num local, onde o ambiente fosse rígido e maçador? Sim, as regras são essenciais, mas a colocação de regras e limites não impede ambientes estimulantes!

Nos primeiros dias, é importante levar a criança à escola (mesmo que depois opte pelo transportes escolares) e ir conversando logo no carro das muitas coisas que ele irá aprender com os seus colegas.

Um bocadinho de paciência e dedicação e o seu filho vai contar as horas para voltar à escola!

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