Por quê ta cara passagem de avião

Segundo o IBGE, o valor das tarifas subiu 88% nos últimos 12 meses. Especialistas afirmam que a queda de 41% nas viagens durante a pandemia e a alta do preço do querosene de aviação explicam o aumento.

Por quê ta cara passagem de avião

Preço das passagens aéreas dificulta retomada do turismo após o pico da pandemia

Depois de dois anos de pandemia, o turismo está voltando a aquecer no Brasil, mas o preço alto das passagens aéreas ainda é uma barreira para muita gente.

Carminha está de malas prontas para ir para bem longe. Ela é pedagoga, mas está desempregada há quatroanos. Conseguiu emprego no Amazonas e pode ser chamada a qualquer momento. O problema é o preço da passagem de avião do Rio até Manaus. A cada pesquisa, fica mais cara.

“Eu estou pesquisando já tem uns 15 dias e sempre as passagens estão aumentando. Eu já encontrei passagem daqui para Manaus até de R$ 2,5 mil”, conta Maria do Carmo Sousa Aquino.

Não é absurdo só para Carminha. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as passagens aéreas subiram 88% nos últimos 12 meses. Ficou difícil para o consumidor embarcar nessa viagem.

“Está um absurdo a passagem de avião de São Paulo para o Rio custa R$ 1,8 mil”, reclama o engenheiro José Gentil do Amaral Sampaio.

“De São Paulo a Brasília em média R$ 800 só a ida. Somente a ida. Um absurdo isso. Eu pagava esse valor como ida e volta”, relembra a atriz Guta Moura.

Segundo especialistas, as viagens, que caíram 41% durante a pandemia, e a alta do preço do querosene de aviação explicam a tarifa.

“As companhias aéreas estavam em uma situação de até, em certa forma, de recuperação aos níveis pré-pandêmicos, e aí veio a guerra na Ucrânia e houve uma parada nesse crescimento. Lógico que as companhias aéreas vão tentar solucionar isso de uma maneira, talvez, aproveitando essa forma hoje de aumento. É inevitável o repasse do preço do combustível, elas não têm como fazer mágica”, diz Marcus Quintella, diretor da FGV Transportes.

Se tem viagem que não dá para deixar de fazer e se tem passagem de avião que o bolso não comporta, o jeito, então, é fazer adaptações para não estourar o orçamento. E é aí que tem entrado o ônibus.

“Depois desses dois anos que a gente esteve parado, a gente teve um aquecimento muito grande de viagens dentro das regiões e de carro em locais próximos e, ao mesmo tempo, uma reorganização da cadeia produtiva do turismo. Tanto na aviação, quanto no setor de hospedagem”, aponta Jeanine Pires, vice-presidente da Oner Travel.

Uma operadora de turismo leva o passageiro para todos os lugares do mundo. Para facilitar a vida de quem gosta ou precisa de viajar, aumentou o parcelamento das passagens e as opções para quem não pode voar.

“O parcelamento em 24 vezes, que é uma medida que viabiliza bastante no bolso do cliente, porque ele pode escolher o destino e aquela parcela que cabe no seu bolso sem comprometer o seu orçamento, e também o incremento das viagens rodoviárias, que tem aumentado bastante, um aumento de 200% mais ou menos em comparação a 2019”, explica Gabriele Melo, gerente de agência de turismo.

É assim que a Carminha pretende chegar a Manaus. Já decidiu que pelo menos uma parte da viagem ela vai fazer de ônibus. “Eu encontrei passagens de ônibus mais em conta do Rio de Janeiro a Brasília. Encontrei até de R$ 150. E de Brasília para Manaus, de avião, até R$ 700. Vou esperar até o final do mês. Espero que dê uma queda”, afirma.

  • IBGE

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Uma consulta no site das companhias revela que os bilhetes aéreos estão mais caros. Simulamos uma viagem de Belo Horizonte para Maceió, um dos destinos mais procurados pelos mineiros, no Carnaval e na baixa estação: na Gol, o bilhete está, em média, R$ 1.564,90 o trecho para o feriado e R$ 633,90 o trecho para o período de 18 a 25/3, com uma, duas ou três escalas, dependendo do horário escolhido.

Na Latam, a tarifa média é de R$ 781 ida ou volta para os dois períodos com apenas uma escala. Na Azul, o valor é de R$ 1.860 o trecho para o Carnaval e R$ 1.155,90 o trecho para março. Na página da Azul, uma mensagem incentiva o viajante a comprar passagens a partir de R$ 189 em até dez vezes sem juros. Na Gol, o estímulo vem por meio de 12 x R$ 163, 83 o trecho para compras no cartão de crédito.

Paulo Testa, diretor da Interpool Viagens, define o momento como a “a lei da oferta e da procura em um cenário de guerra”. Para o operador, não tem outra explicação para o que chama de “total desequilíbrio”. “Você encontra um destino como Fortaleza na Semana da Criança (12 de outubro), com tarifas entre R$ 900 e R$ 3.800 com o mesmo tempo de voo e horários”, explica Testa.

O segredo para o passageiro, segundo ele, é consultar um agente de viagens que tem  essa expertise e pesquisar. "Eu vendi muito Salvador, que tem um aéreo mais barato pela oferta, muita malha, voos, para um cidadão que estava indo para Natal, Fortaleza, e adiou, preferindo viajar para a Linha Verde, Morro de São Paulo, via capital baiana", explica Testa. A mesma lógica vale para Porto Seguro, um dos destinos mais populares da Bahia, hoje caro por conta da malha aérea insuficiente. "Compro um frete por R$ 1.000 e chego a vender um aéreo por R$ 4.000". 

Internacional

As tarifas altas não são privilégio da malha aérea doméstica, embora nas viagens internacionais elas oscilem menos. “O valor médio em dólar caiu para compensar a alta do câmbio”, observa Rafael Romeiro, diretor da FVO Travel. “Não acho que o internacional encareceu, mas o doméstico está bem mais caro do que antes”, enfatiza. “Está difícil conseguir uma passagem BH–SP abaixo de R$ 800 o trecho comprando próximo à viagem, antres eu comparava na média de R$ 200”, acrescenta.

As margens de lucro baixas levaram operadores como a FVO Travel a abrir mão do bilhete aéreo nos pacotes de viagens. “Eu praticamente não vendo mais aéreo. A gente focou só o terrestre, e este já era um movimento que vinha ocorrendo antes da pandemia, que acabamos de sacramentar. As margens das companhias não justificam uma agência comprar aéreo por meio de operadora, dá muito trabalho ganhar apenas 1%, 2%”, afirma. Também tem sido mais difícil conseguir disponibilidade e bons valores na classe executiva do que na econômica, pontua o operador.

Posicionamento das companhias aéreas

Consultada pela reportagem, a Azul disse, por meio de nota, “que os preços praticados na comercialização de seus bilhetes variam de acordo com fatores como trecho, sazonalidade, compra antecipada e disponibilidade de assento”. A Gol afirma que “a combinação desses fatores é que governa o preço” e “que a companhia adota o modelo de precificação dinâmica”, o mesmo argumento da Latam. Ente os fatores estariam compra antecipada, preço do combustível, sazonalidade, origem e destino do voo.

"É impossível compensar por meio da eficiência todo o aumento de custos com câmbio e com combustível no setor aéreo. Por isso, infelizmente, parte desse custo maior impacta no aumento da tarifa. Hoje, 65% dos custos da empresa são dolarizados e o combustível da aviação representa em torno de 35% das despesas", destaca a Latam em um comunicado.

Combustível em alta

Todas, no entanto, destacam que as tarifas têm influência de indicadores macroeconômicos. Para Eduardo Sanovicz, presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), o aumento de custos no setor, principalmente dos combustíveis, tem penalizado os viajantes. O preço do querosene de aviação (QAV) acumulou alta de 76,2% de 4/1 a 13/12/2021, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

“A disparada do preço do QAV mostra como os custos estruturais do setor aéreo nos preocupam e podem inibir uma retomada consistente da aviação comercial. Ainda temos a pressão dos constantes recordes de cotação do dólar em relação ao real, já que mais de 50% de nossos custos são indexados pela moeda norte-americana”, afirma Sanovicz. O QAV teve valorização no ano passado acima do diesel (+56%), gasolina (+42,4%) e gás de cozinha (+36%),

Pesquisa trimestral

De acordo com a Agência Nacional de Aviação (Anac), que publica um relatório trimestral, a tarifa aérea média doméstica no terceiro trimestre de 2021 foi de R$ 529,93, o que equivale a um aumento de 45,3% em relação ao mesmo período de 2020. 

De janeiro a setembro, 5,1% das passagens foram comercializadas com tarifas abaixo de R$ 100 e 42% abaixo de R$ 300. As passagens acima de R$ 1.500 representaram 2,2% do total. Em relação ao mesmo período de 2020, as tarifas da Azul, da Gol e Latam subiram 37,2%, 54,2% e 44,1%, respectivamente. 

Enquanto o “cenário de guerra” permanece e as viagens não voltam à normalidade, a alta dos combustíveis e do dólar, além da nova realidade da pandemia, tem adiado os planos de muitos viajantes.  É o caso do jornalista Frederico Bussinger, 51. “Eu e minha esposa estamos completando 20 anos de casados e pensamos em ir para a Europa. Depois dessa nova fase da pandemia, decidimos ficar na América do Sul. Há muitas restrições, e está tudo caro”.

Pesquisar muito

O melhor conselho neste momento vem do operador Paulo Testa: “O segredo para o passageiro é consultar um agente de viagens que tem expertise e pesquisar muito. Se estiver caro demais, adie o destino para outro e no ano que vem você vai para aquele lugar tão sonhado”.

Outro conselho útil é ficar de olho (ou se inscerever) nas promoções relâmpago de sites especializados. Porque muitas empresas aéreas querem recuperar o tempo perdido na pandemia e estão pesando a mão sobre o bolso dos consumidores.

Serviço

Como pesquisar tarifas

  • Usar ferramentas e alertas de aplicativos e sites buscadores de passagens;
  • Ficar de olho nas promoções dos sites e das companhias de madrugada;
  • Pesquisar preços de bilhetes com muita antecedência;
  • Tentar ser flexível e viajar na baixa estação, fora de feriados e festas de fim de ano; fugir de destinos da moda; evitar dias e horários de voos com alta procura; escolher os voos que têm conexão.

Principais sites e buscadores de passagens

Melhores Destinos
Kayak
Max Milhas
Passagens Imperdíveis
Viajanet
Vooper

Combustível da aviação (QAV) em alta

Período: 4/1/2021 a 13/12/2021
QAV: + 76,2%
Diesel: + 56%
Gasolina: +42,4%
Gás de cozinha: + 36%

Fonte: Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Preços de produtores e importadores de derivados do petróleo, valores são nominais e não incluem ICMS.

Porque a passagem aérea está tão cara?

Peso dos combustíveis Entre os itens que compõem a passagem, o principal é o combustível, no caso, o querosene de aviação (QAV), que acumulou alta de 70,6% em 2022 segundo levantamento da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) a partir de dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo).

Porque os voos estão tão caros 2021?

A principal é o querosene de avião (QAV), que representa quase um terço dos custos do voo. O item ficou 30% mais caro no último trimestre de 2021, como destaca a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A turbulência aumentou com a Guerra na Ucrânia.

Qual é a passagem de avião mais cara do mundo?

Segundo o Daily Mail, a lista com as 10 passagens aéreas mais caras do mundo fica assim:.
1° - Etihad Airways: US$ 64 mil (R$ 332 mil) pelo trajeto de Nova York a Abu Dhabi;.
2° - Lufthansa: US$ 43 mil (R$ 223 mil) pelo trajeto de Nova York a Hong Kong;.

Como saber se a passagem está cara?

1- Pesquise seu voo no KAYAK (www.kayak.com.br/flights), inserindo os aeroportos, datas e número de passageiros. 2- Assim que a busca terminar de carregar, dê uma olhada no canto superior esquerdo da página para encontrar o gráfico de previsão de preços com a nossa dica: comprar ou esperar.