Processo de formação da palavra embarque

Assunto muitas vezes “deixado para depois”, o estudo da Morfologia se ocupa da relação entre a forma e o significados das palavras e é fundamental no desenvolvimento das competências dos usuários da língua no que diz respeito ao conhecimento e à aplicação do nosso léxico. Como se isso não bastasse, eu – muito pessoalmente – considero os estudos morfológicos interessantíssimos!!!!!

Assim, hoje convido vocês a conhecer dois dos principais processos de formação de palavras da Língua Portuguesa: a COMPOSIÇÃO e a DERIVAÇÃO.

Dizemos que uma palavra é composta quando, em sua formação, observa-se a presença de dois ou mais radicais da língua, ou seja, para facilitar a sua compreensão, compostas são aquelas palavras formadas por duas (ou mais) palavras já existentes na língua.

Será derivada, por sua vez, aquela palavra em cuja formação se observa um radical (ou seja, uma palavra-base) e um afixo.

Assim, esquemática e pedagogicamente, teremos:

COMPOSIÇÃO = RADICAL + RADICAL (OU “PALAVRA” + “PALAVRA”)

DERIVAÇÃO = RADICAL (OU “PALAVRA-BASE” + AFIXO)

Se a palavra for COMPOSTA, poderemos verificar dois subprocessos: a JUSTAPOSIÇÃO e a AGLUTINAÇÃO.

Haverá justaposição quando, considerando-se o plano fonológico, não houver perda em nenhum dos componentes da composição, isto é, quando não se verifica qualquer redução fônica em nenhuma das palavras que participam da composição. É o que ocorre com pernalonga, vaivém, guarda-sol.

A composição por aglutinação ocorrerá quando, ao contrário, houver alguma perda fônica em quaisquer dos elementos que se fazem base do composto, como, por exemplo, em aguardente (água + ardente => verifica-se a perda de um “a”), planalto (plano + alto => verifica-se a perda de um “o”).

Vale lembrar aqui a existência do que é por alguns teóricos definido como SUPERCOMPOSIÇÃO, que corresponde, conforme nos ensina o querido professor Claudio Cezar  Henriques (2007, p. 113), a “um verdadeiro conglomerado de radicais”. É o caso, por exemplo daquela planta que todos nós conhecemos, “comigo-ninguém-pode”, ou de uma ave amazônica conhecida como “adivinhe-quem-vem-hoje”.

No plano da DERIVAÇÃO, observaremos quatro subprocessos:  a PREFIXAÇÃO, a SUFIXAÇÃO, a PREFIXAÇÃO E SUFIXAÇÃO e a PARASSÍNTESE.

Assim, se, na fórmula da derivação (radical + afixo), o afixo vier antes do radical (afixo + radical), esse afixo receberá o nome de prefixo e o processo será definido como derivação prefixal ou prefixação. É o que ocorre com reter (re- + ter), desleal (des- + leal), ilegal (i- + legal).

Se o afixo vier depois do radical (radical + afixo), receberá o nome de sufixo e o processo será definido como derivação sufixal ou sufixação. São exemplos de derivação sufixal: amável (amar + -vel); folhagem (folha + -agem); alegremente (alegre + -mente).

Haverá derivação prefixal e sufixal (ou prefixação e sufixação) quando se observar que, ao radical, juntam-se, em processos independentes, prefixo e sufixo. Ocorre esse processo em infelizmente (in- + feliz = infeliz + mente = infelizmente). Você consegue perceber facilmente a ocorrência de dois processos: primeiro ocorre a prefixação e, depois, a sufixação ou vice-versa. Outros exemplos são insuportável (suportar + -vel = suportável => in- + suportável = insuportável), deslealdade (des- + leal = desleal + -dade = deslealdade).

Na parassíntese, também chamada de circunfixação,  observar-se-á, de igual modo, a presença de prefixo e sufixo, os quais, no entanto, serão ligados ao radical simultaneamente, em um único processo, como ocorre em entristecer (en- + triste + -ecer), abobar (a- + bobo + -ar), esverdear (es- + verde + -ear). Note que na parassíntese, ou derivação parassintética, prefixo e sufixo envolvem o radical em um único movimento, parecendo “abraçá-lo”. É interessante notar que na parassíntese o prefixo, que é um elemento dotado de significação, não tem, na expressiva maioria dos casos registrados, significado algum. Veja que o “a-” em “anormal” (prefixação) tem um sentido de negação que não tem nas formações parassintéticas como “avermelhar” ou “abobar”. Trata-se, também, de um processo que atua de modo majoritário, na formação de verbos e tem como palavra-base, de modo bastante significativo (embora não exclusivo), um adjetivo ou um substantivo.

Muitos colegas meus sugerem ao aluno que, para a distinção entre a parassíntese e a prefixação e sufixação, “retire o sufixo ou o prefixo da palavra e verifique se o que sobrou existe. Em caso afirmativo, teríamos prefixação e sufixação; em caso negativo, parassíntese”. O macete, a meu ver, estimula pouco a reflexão sobre a formação em si da palavra e pode levar a classificação erradas, como ocorre, por exemplo, em “descobrimento”. Veja que, ao retirar o prefixo, restará “cobrimento”, que oficialmente não existe. Daí, você diria haver parassíntese, certo? Errado!!!! É só você perceber que não se trata de um processo único, em que sufixo e prefixo “abraçam” o radical, mas de dois processos: des- + cobrir = descobrir => descobrir + -mento = descobrimento. Viu? Dois processos! Prefixação e sufixação!

Portanto, nunca abra mão da sua capacidade de pensar e de entender a língua como um fenômeno lógico, inteligível e passível de compreensão!!!! Não sou contrária aos macetes,  mas eles não podem ser anestésicos para o pensamento!!!!

Ah… Você deve estar pensando que eu me esqueci de falar da “derivação” regressiva, da “derivação” imprópria… Não esqueci!!! É que esses não são propriamente casos de derivação, uma vez que não contam com “radical + afixo” em sua estrutura. Minha proposta hoje era falar dos dois principais processos: composição e derivação. Acho que falei. Até demais! rsrs

Prometo os “outros” processos para outro post.

Tomara que você tenha gostado! Se quiser, temos um vídeo com a matéria:

Vamos treinar um pouco?

1. Assinale a alternativa em que houve a correta indicação do processo de formação da palavra:

(A) realmente – composição por justaposição

(B) insuportável – derivação parassintética

(C) girassol – composição por aglutinação

(D) entristecer – derivação parassintética

(E) folhagem – composição por aglutinação

GABARITO: (D)

Na alternativa A, o processo é a derivação sufixal.

Na alternativa B, o processo é derivação prefixal e sufixal.

Na alternativa C, o processo é composição por justaposição.

Na alternativa E, o processo é derivação sufixal.

2. Assinale a alternativa em que se apresente palavra formada pelo mesmo processo observado em “embarcar”:

(A) varapau

(B) desfazer

(C) impropriedade

(D) felicidade

(E) anoitecer

GABARITO:

(E) EMBARCAR = PARASSÍNTESE / ANOITECER = PARASSÍNTESE

Quanto às demais alternativas, temos:

(A) composição por justaposição

(B) derivação por prefixação

(C) derivação por prefixação e sufixação

(D) derivação por sufixação

Um beijo,

Prof.ª Dr.ª Patrícia Corado

Qual o processo de formação da palavra embarque?

Derivação parassintética: embarcar. Derivação prefixal: desembarcar. Derivação regressiva: desembarque. Derivação imprópria: o desembarcar.

Quais são os processos de formação de palavras?

Os principais processos de formação são:.
Derivação. Processo de formar palavras no qual a nova palavra é derivada de outra, chamada de primitiva. ... .
Derivação Prefixal. ... .
Derivação Sufixal. ... .
Derivação Prefixal e Sufixal. ... .
Derivação Parassintética. ... .
Derivação Regressiva. ... .
Derivação Imprópria..

O que e o processo de formação?

É o processo pelo qual se obtêm palavras novas (derivadas) pela anexação de afixos à palavra primitiva. A derivação pode ser: prefixal, sufixal e parassintética.

Como se escreve a palavra embarcar?

embarcarembarcar | v..
Entrar ou fazer entrar em barco; ir para bordo de embarcação..
Entrar ou fazer entrar a bordo de avião, autocarro ou comboio , para ir viajar (ex.: a companhia só agora começou a embarcar os passageiros; o suspeito embarcou no primeiro comboio da manhã; vamos embarcar daqui a pouco)..