Quais são os recursos linguísticos de um texto?

Esta atividade de Língua Portuguesa tem como base as sequências didáticas propostas pelo Programa Aprender Sempre, da SME-Goiânia, com base no DC/GO – Ampliado e está destinada a estudantes do 7º ano do Ensino Fundamental.

A palavra “narrativa” está associada ao ato de narrar, contar. O texto narrativo é aquele em que fatos são narrados em uma sequência de ações que se sucedem através do tempo e do espaço. Para construir textos narrativos, o produtor recorre a vários recursos da língua.

Assista à videoaula do professor Marlon Santos com essa temática.

Canal Portal Conexão Escola – Aprender Sempre – L. Portuguesa – 7º Ano – 2º Bim – Videoaula 4 – Recursos Linguísticos Em Narrativa – Disponível em: <//www.youtube.com/watch?v=K7-yvJw8LTE> Acesso em: 16, mai. 22

Responda às questões a seguir.

Leia um trecho do conto “O Espelho”, de Machado de Assis, para responder às questões:

O Espelho

Esboço de uma nova teoria da alma humana

Quatro ou cinco cavalheiros debatiam, uma noite, várias questões de alta transcendência, sem que a disparidade dos votos trouxesse a menor alteração aos espíritos. A casa ficava no morro de Santa Teresa, a sala era pequena, alumiada a velas, cuja luz fundia-se misteriosamente com o luar que vinha de fora. Entre a cidade, com as suas agitações e aventuras, e o céu, em que as estrelas pestanejavam, através de uma atmosfera límpida e sossegada, estavam os nossos quatro ou cinco investigadores de coisas metafísicas, resolvendo amigavelmente os mais árduos problemas do universo.

Por que quatro ou cinco? Rigorosamente eram quatro os que falavam; mas, além deles, havia na sala um quinto personagem, calado, pensando, cochilando, cuja espórtula no debate não passava de um ou outro resmungo de aprovação. Esse homem tinha a mesma idade dos companheiros, entre quarenta e cinquenta anos, era provinciano, capitalista, inteligente, não sem instrução, e, ao que parece, astuto e cáustico. Não discutia nunca; e defendia-se da abstenção com um paradoxo, dizendo que a discussão é a forma polida do instinto batalhador, que jaz no homem, como uma herança bestial; e acrescentava que os serafins e os querubins não controvertiam nada, e, aliás, eram a perfeição espiritual e eterna. Como desse esta mesma resposta naquela noite, contestou-lha um dos presentes, e desafiou-o a demonstrar o que dizia, se era capaz. Jacobina (assim se chamava ele) refletiu um instante, e respondeu:

– Pensando bem, talvez o senhor tenha razão.

Vai senão quando, no meio da noite, sucedeu que este casmurro usou da palavra, e não dois ou três minutos, mas trinta ou quarenta. A conversa, em seus meandros, veio a cair na natureza da alma, ponto que dividiu radicalmente os quatro amigos. Cada cabeça, cada sentença; não só o acordo, mas a mesma discussão tornou-se difícil, senão impossível, pela multiplicidade das questões que se deduziram do tronco principal e um pouco, talvez, pela inconsistência dos pareceres. Um dos argumentadores pediu ao Jacobina alguma opinião – uma conjetura, ao menos.

– Nem conjetura, nem opinião, redarguiu ele; uma ou outra pode dar lugar a dissentimento, e, como sabem, eu não discuto. Mas, se querem ouvir-me calados, posso contar-lhes um caso de minha vida, em que ressalta a mais clara demonstração acerca da matéria de que se trata. Em primeiro lugar, não há uma só alma, há duas…

– Duas?

– Nada menos de duas almas. Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro… Espantem-se à vontade; podem ficar de boca aberta, dar de ombros, tudo; não admito réplica. Se me replicarem, acabo o charuto e vou dormir. A alma exterior pode ser um espírito, um fluido, um homem, muitos homens, um objeto, uma operação. Há casos, por exemplo, em que um simples botão de camisa é a alma exterior de uma pessoa; – e assim também a polca, o voltarete, um livro, uma máquina, um par de botas, uma cavatina, um tambor, etc. Está claro que o ofício dessa segunda alma é transmitir a vida, como a primeira; as duas completam o homem, que é, metafisicamente falando, uma laranja. Quem perde uma das metades, perde naturalmente metade da existência; e casos há, não raros, em que a perda da alma exterior implica a da existência inteira. Shylock, por exemplo. A alma exterior daquele judeu eram os seus ducados; perdê-los equivalia a morrer. “Nunca mais verei o meu ouro, diz ele a Tubal; é um punhal que me enterras no coração.” Vejam bem esta frase; a perda dos ducados, alma exterior, era a morte para ele. Agora, é preciso saber que a alma exterior não é sempre a mesma…

– Não?

[…] ASSIS, Machado de. Obra Completa. Vol. II. Nova Aguilar, Rio de Janeiro, 1994.

QUESTÃO 1

No trecho “Quatro ou cinco cavalheiros debatiam, uma noite, várias questões de alta transcendência, sem que a disparidade dos votos trouxesse a menor alteração aos espíritos” fica claro que tipo de narrador contará os fatos. Explique que tipo de narrador é esse e qual elemento comprova sua voz.

QUESTÃO 2

Releia o seguinte fragmento:

 Jacobina (assim se chamava ele) refletiu um instante, e respondeu:  – Pensando bem, talvez o senhor tenha razão.

No trecho é empregado o discurso direto para introduzir a fala da personagem Jacobina. Reelabore o trecho passando a fala da personagem para o discurso indireto.

QUESTÃO 3

Na questão anterior, você retextualizou um trecho que reproduz o discurso direto em discurso indireto. Para que isso acontecesse, quais procedimentos você utilizou?

QUESTÃO 4

Assinale a alternativa em que o termo destacado não está se referindo a uma marcação temporal.

a) Quatro ou cinco cavalheiros debatiam, uma noite, várias questões de alta transcendência, sem que a disparidade dos votos trouxesse a menor alteração aos espíritos.

b) Como desse esta mesma resposta naquela noite, contestou-lha um dos presentes, e desafiou-o a demonstrar o que dizia, se era capaz.

c) Vai senão quando, no meio da noite, sucedeu que este casmurro usou da palavra, e não dois ou três minutos, mas trinta ou quarenta.

d) Nada menos de duas almas. Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro…

QUESTÃO 5

Releia o seguinte trecho:

“Nada menos de duas almas. Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro… Espantem-se à vontade; podem ficar de boca aberta, dar de ombros, tudo; não admito réplica.”

a) Que efeito de sentido as reticências (…) podem causar nesse contexto?

b) Qual é a função das vírgulas (,) no trecho “podem ficar de boca aberta, dar de ombros, tudo”?

c) No trecho “Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro…”, qual é a função dos dois-pontos (:)? Que justificativa pode ser dada para explicar a estratégia de utilizar os dois-pontos e não a vírgula (,) nesse parágrafo?

Acesse os materiais referentes a essa atividade clicando aqui: //sme.goiania.go.gov.br/conexaoescola/propostas_didaticas/propostas-didaticas-lingua-portuguesa-7o-ano/

Componente curricular: Língua Portuguesa
Habilidades estruturantes: (EF69LP47-A) Analisar, em textos narrativos ficcionais, as diferentes formas de composição próprias de cada gênero, os recursos coesivos que constroem a passagem do tempo e articulam suas partes, as escolhas lexicais típicas de cada gênero para a caracterização dos cenários e dos personagens e os efeitos de sentido decorrentes dos tempos verbais, dos tipos de discurso, dos verbos de enunciação e das variedades linguísticas (no discurso direto, se houver) empregados, identificando o enredo e o foco narrativo. 
(EF69LP47-B) Perceber como se estrutura a narrativa nos diferentes gêneros e os efeitos de sentido decorrentes do foco narrativo típico de cada gênero, da caracterização dos espaços físico e psicológico e dos tempos cronológico e psicológico, das diferentes vozes no texto (do narrador, de personagens em discurso direto, indireto e indireto livre), do uso de pontuação expressiva, palavras e expressões conotativas e processos figurativos e do uso de recursos linguístico-gramaticais próprios de cada gênero narrativo. 
(EF67LP30-B) Observar os elementos da estrutura narrativa próprios ao gênero pretendido, tais como enredo, personagens, tempo, espaço e narrador. 
Referências: GOIÂNIA. Secretaria Municipal de Educação. Aprender Sempre. 6° ao 9º ano – Ensino Fundamental; Língua Portuguesa; 2° Bimestre; Goiânia, 2022.

Quais são os tipos de recursos linguísticos?

Os recursos linguísticos existentes podem ser agrupados em 3 grupos principais: elementos coesivos, elementos enfáticos e elementos retóricos.

Quais são os elementos linguísticos de um texto?

1. Elementos linguísticos. Qualquer elemento que compõe um texto. Desde as palavras até a pontuação, sinais etc.

O que são instrumentos linguísticos?

O instrumento linguístico é, desse modo, “parte da relação com a sociedade e com a história” (ORLANDI, 2001, p. 8). Foi considerando essas relações entre a sociedade e as tecnolo- gias relacionadas com a linguagem que, em nossa tese, compreendemos o Museu da Língua Portuguesa como instrumento linguístico.

Que recursos linguísticos O autor utiliza para chamar a atenção do leitor?

Quando se escreve um texto, usa-se alguns recursos ortográficos que estamos acostumados para demonstrar sentimentos e dar efeitos de término e começo nos textos: são os sinais de pontuação, como as reticências, as exclamações e as interrogações, por exemplo.

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