Quais são os três blocos estruturados pelos Parâmetros Curriculares Nacionais PCNs?

Introdu��o

    Os Par�metros Curriculares Nacionais (PCNs) da Educa��o F�sica se constituem num referencial te�rico que busca a reflex�o sobre os conte�dos curriculares a n�vel Nacional, Estadual e Municipal. Tendo em vista orientar e garantir a coer�ncia das pol�ticas de melhoria da qualidade de ensino, socializando discuss�es, pesquisas e recomenda��es, al�m de nortear a pr�tica pedag�gica do docente desta �rea, principalmente objetivando mostrar as formas e meios de adequa��o no que se refere � constru��o do planejamento com vistas no projeto pol�tico-pedag�gico da escola, para que este se efetive de maneira din�mica e concreta.

    A proposta tem como base a considera��o dos aspectos s�cio-culturais dos educandos, de modo a atender as diferentes realidades encontradas em nosso pa�s, haja vista que o referencial tem validade a n�vel Federal, mesmo que por alguns Estados seja contestada a sua aplicabilidade. A proposta enquadra os conte�dos na perspectiva da cultura corporal de movimento, de maneira a considerar as experi�ncias e manifesta��es apresentadas pela clientela escolar local. Refor�ando essa id�ia, Martins e Noma (2002) analisando o relat�rio de Jacques Delors e os Par�metros Curriculares Nacionais, afirmam que ambos foram elaborados a partir da Confer�ncia Mundial de Educa��o para Todos realizada em Jomtien, na Tail�ndia em 1990, com o intuito de estabelecer um princ�pio educacional que norteasse as propostas em quest�o, de modo a contemplar tem�ticas relacionadas e educa��o sexual, �tica, educa��o continuada, conv�vio social entre outros, mostrando que a preocupa��o estava pautada em dar coer�ncia entre a educa��o e as diferentes realidades sociais, com vistas a formar cidad�os capazes de desenvolver suas potencialidades. Os autores enfatizam que para criar uma sociedade com cidad�os qualificados e criativos, deve-se antes preparar os indiv�duos conforme as constantes mudan�as sociais.

    Para tanto, esse trabalho elege como objetivo geral analisar a proposta na perspectiva de cultura corporal contidas nos Par�metros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental. Essa pesquisa conjuga a an�lise documental e a revis�o bibliogr�fica para alcan�ar o objetivo proposto.A tem�tica apresentada ser� abordada nos dois t�picos que comp�e o trabalho �Divis�o e crit�rios de sele��o dos conte�dos� e �Conte�dos da Cultura Corporal�. Por fim, ser� realizada uma an�lise e s�ntese das discuss�es nas considera��es finais.

Divis�o e crit�rios de sele��o dos conte�dos

    A seguir ser� feita uma abordagem acerca de como os PCNs tratam a quest�o dos conte�dos, principalmente na sua rela��o com a cultura corporal de movimento. O primeiro crit�rio trata da quest�o da relev�ncia social que tem por meta selecionar pr�ticas da cultura corporal de movimento que se estreitam com as caracter�sticas da sociedade brasileira, com fins de intera��o s�ciocultural, o usufruto das possibilidades de lazer, a promo��o da sa�de pessoal e coletiva. O segundo crit�rio tem relev�ncia extrema na tocante que diz respeito �s caracter�sticas dos alunos, tendo como base primordial a quest�o extremamente cultural, buscando considerar as diferen�as entre regi�es, cidades e localidades brasileiras e suas respectivas popula��es, al�m dos n�veis de crescimento e desenvolvimento e as possibilidades de aprendizagem dos educandos nesta fase de forma��o educacional. Portanto, em �ltima inst�ncia, procurou-se ater nas especificidades da �rea, com o objetivo de possibilitar a utiliza��o das pr�ticas da cultura corporal de movimento de maneira ampla e diferenciada (BRASIL, 1998).

    Para Costa(2005) os novos modelos da Educa��o F�sica tratam os conte�dos em termos culturais, abarcados por fins antropol�gicos, ou seja, enfoca os indiv�duos como seres culturais. O mesmo autor complementa ainda afirmando que � fun��o dos PCNs � de assegurar aos alunos a pr�tica da cultura corporal, de modo que possam construir atitudes cr�ticas e reflexivas acerca das pr�ticas que comp�e essa proposta.

    Os conte�dos dos PCNs do Ensino Fundamental s�o divididos em tr�s blocos, para melhor contextualiza��o e aplica��o no �mbito escolar: esportes, jogos, lutas, gin�sticas, atividades r�tmicas e expressivas e conhecimentos sobre o corpo.

    Tendo em vista que os PCNs (BRASIL, 1998, p.28) descrevem que �dentro desse universo de produ��es da cultura corporal de movimento, algumas foram incorporadas pela Educa��o F�sica como objetos de a��o e reflex�o�, dessa forma os conte�dos s�o justamente essas produ��es que comp�em a proposta do documento, ou seja, os esportes, jogos, lutas, gin�sticas, atividades r�tmicas e expressivas e conhecimentos sobre o corpo.

    Em primeiro lugar, os PCNs abordam os conte�dos dentro de uma perspectiva de cultura corporal do movimento, mas o que vem a ser uma proposta pautada nesse paradigma?

    Para que se possa falar de cultura corporal, se faz necess�rio que se tenha conhecimento primeiramente de seu conceito. Os PCNs (BRASIL, 1998, p.28) apresentam a cultura corporal como sendo os �conhecimentos e representa��es que se transformaram ao longo do tempo. Ressignificadas, suas intencionalidades, formas de express�o e sistematiza��o�.

    � nesse sentido que a cultura corporal tem sua rela��o com a Educa��o F�sica, pois no decorrer da hist�ria foram-lhe atribu�das algumas pr�ticas especificas que hoje s�o conte�dos da �rea em quest�o, sendo neste caso o jogo, o esporte, a gin�stica, a luta, as atividades r�tmicas e expressivas. Portanto, a Educa��o F�sica � atualmente considerada como um forte instrumento de forma��o �integral� do ser humano por contemplar culturalmente os m�ltiplos conhecimentos produzidos pela sociedade a respeito do movimento.

    Conforme os PCNs (BRASIL, 1998) a cultura corporal tem seu valor no que se refere �s atividades culturais de movimento voltadas para a vida, com fins de se buscar o lazer, a express�o de sentimentos, afetos e emo��es, e com possibilidades de promo��o, recupera��o e manuten��o da sa�de. Portanto, com essa vis�o de cultura corporal, pretende-se dar subs�dios, a partir desses conte�dos (gin�stica, jogos, lutas, esportes, etc.) no que se refere � fundamenta��o das propostas em Educa��o F�sica.

    De acordo com os estudos de Salerno (2004), a cultura corporal consiste em conte�dos que permeiam as manifesta��es das dan�as, gin�sticas, lutas, esportes e os jogos, dessa forma fazendo com que o aluno reflita, explore, crie, recrie e entenda o mundo atrav�s da linguagem corporal. Portanto, percebe-se que um trabalho fundamentado na perspectiva da cultura corporal visa desenvolver no aluno n�o apenas a quest�o motora, mas principalmente a social, afetiva, emocional, cognitiva, enfim, busca atingir o altru�smo, a vis�o cr�tica e reflexiva da realidade concreta.

    Portanto, a cultura corporal visa o aluno para uma forma��o pautada numa perspectiva cr�tico-social, assim, com a abordagem dos conte�dos de maior relev�ncia, conjuntamente com a reflex�o e a capacidade de transforma��o de formas e vis�es da sua pr�pria cultura, busca-se um ensino voltado para a inclus�o e democratiza��o com valores �ticos e solid�rios (PINTO; SILVEIRA, 2001, p. 4).

    Enfim, com base no Coletivo de Autores(1992), a cultura corporal tem seu paradigma pautado na busca da reflex�o pedag�gica sobre as representa��es que o homem vem produzindo no decorrer de sua hist�ria a respeito do mundo, sendo assim, os jogos, as dan�as, as lutas, os esportes e outros, podem ser identificados atrav�s de representa��es simb�licas da realidade, pois foram historicamente criadas e culturalmente desenvolvidas. Portanto, a pr�tica pedag�gica na �tica da cultura corporal tem como objetivo fundamental contemplar os conte�dos nos diferentes aspectos (hist�ricos, sociais, t�cnicos, �ticos, fisiol�gicos, culturais e pol�ticos) de forma abrangente, democr�tica e contextualizada, fazendo com que os educandos possam enxergar as possibilidades de transforma��es desta pr�tica (PINTO; SILVEIRA, 2001).

Conte�dos da cultura corporal

    De acordo com o documento em quest�o, os conte�dos da cultura corporal de movimento que dizem respeito aos conhecimentos sobre o corpo tem por finalidade explicitar a auto-conquista obtida pelos alunos mediante as pr�ticas corporais, de forma a fazer com que o aluno compreenda o seu corpo como um organismo integrado ao meio f�sico e cultural. Para que esses conte�dos sejam abarcados com maior clareza se faz necess�rio o estudo de alguns elementos, sendo: �os conhecimentos anat�micos, fisiol�gicos, biomec�nicos e bioqu�micos que capacitam � an�lise cr�tica dos programas de atividade e o estabelecimento de crit�rios para julgamento, escolha e realiza��o de atividades corporais saud�veis� (BRASIL, 1998, p. 68). Deve-se ressaltar que esses conhecimentos possuem certa superficialidade em sua abordagem, buscando de forma sistem�tica serem trabalhados conjuntamente com a forma��o de conceitos, atitudes e procedimentos ao fazer, compreender, sentir e falar sobre as possibilidades e necessidades corporais

    Tendo como base os estudos de Martins (2005), constata-se que o conhecimento sobre o corpo associado aos aspectos fisiol�gicos, biol�gicos est� intimamente ligado ao ambiente, sendo este �ltimo concebido no seu sentido amplo, incluindo as oportunidades de viv�ncias do corpo em situa��es que tenha como caracter�stica a busca da resolu��o de problemas, objetivando assim a supera��o dos conflitos que porventura surgirem.

    Portanto, fica aqui bem explicito a import�ncia de se trabalhar esses conte�dos junto �s aulas de Educa��o F�sica, de forma a ampliar a cultura corporal de movimento do aluno juntamente com a percep��o e compreens�o do seu corpo mediante o meio em que o indiv�duo est� inserido.

    Os PCNs (Brasil, 1998, p.70) atribui-se ao esporte a seguinte defini��o:

    [...] considera-se esporte as pr�ticas em que s�o adotadas as regras de car�ter oficial e competitivo, organizadas em federa��es regionais, nacionais e internacionais que regulamentam a atua��o amadora e a profissional. Envolvem condi��es espaciais e de equipamentos sofisticados como campos, piscinas, bicicletas, pistas, ringues, gin�sios etc. (BRASIL, 1998, p. 70).

    No entanto, independente de suas caracter�sticas, o esporte sempre fez parte da vida do homem, podemos constatar isso ao voltarmos l� nos gregos (Idade Antiga) que atribu�am um grande valor �s atividades f�sicas e esportivas da �poca, isso tudo com intuito de se promover a forma��o f�sico-moral de seus cidad�os. Constitu�do como um dos fen�menos sociais de maior signific�ncia mundial, o esporte evoluiu juntamente com as transforma��es sociais e tecnol�gicas, principalmente do s�culo XIX em diante, dessa forma servindo como discurso aos campos pol�ticos, econ�micos, culturais e educacionais (KORSACAS; ROSE JR., 2002).

    Refor�ando essa id�ia Kunz (2003, p. 22) afirma que: �[...] fica evidente que o esporte � em todas as sociedades atuais um fen�meno extremamente importante. Defrontamo-nos com ele a toda hora e em todos os instantes, mesmo sem pratic�-lo�.

    Desde modo, perante tamanha import�ncia, o esporte passa a ser concebido de acordo com a sua forma de utiliza��o, sendo em vezes voltado para o alto rendimento e em outras para fins pedag�gicos. Sendo assim, para que se possa explicitar melhor essa diferencia��o, especialmente no Brasil, tem-se como refer�ncia, o texto da Lei n� 9.615 de 1998 que diz ser o esporte de rendimento praticado �segundo as normas gerais e das regras de pr�tica esportiva, nacionais e internacionais, com finalidade de obter resultados e integrar pessoas e comunidades do Pa�s com as de outras na��es�. Por outro lado, de acordo com Korsakas & Rose Jr. (2002) o esporte voltado para a educa��o tem por caracter�stica ser uma modalidade praticada nos sistemas de ensino, clubes, pra�as, com a finalidade de alcan�ar o desenvolvimento integral do indiv�duo, evitando a seletividade e a hipercompetitividade. Kunz (2003, p. 24) salienta ainda que o esporte tem fortes liga��es com o �desenvolvimento das sociedades atuais, onde o rendimento configura-se no princ�pio m�ximo de todas as a��es�.

    Em conson�ncia a este contexto podemos elucidar que o esporte ganha muita for�a e espa�o nas aulas de Educa��o F�sica, pois al�m de estar fortemente ligado a nossa cultura � tamb�m instrumento ideol�gico do sistema s�cio-pol�tico governamental, servindo muitas vezes de argumentos para se justificar a inclus�o da Educa��o F�sica como componente curricular.

    Portanto, quando em muitas vezes o fato da Educa��o F�sica ser interpretada como o pr�prio esporte dentro da escola, isso se deve em grande propor��o � vis�o de muitos professores que colocam o esporte como um fim.

    N�o se pretende afirmar que o esporte em si n�o seja instrumento que tem sua valoriza��o no que no que diz respeito a sua aplica��o nas aulas de Educa��o F�sica, pois muitos pedagogos da �rea em quest�o t�m nas atividades esportivas uma forma de justificar a inclus�o da Educa��o F�sica no espa�o escolar, ressaltando a contribui��o social a partir da intera��o de crian�as, assim fazendo com que as mesmas tenham uma vis�o diferente de mundo, tendo em vista que no conv�vio social precisamos considerar que al�m de n�s existem �os outros�, devemos tamb�m respeitar determinadas regras e ter determinados comportamentos, assim o fato de se aplicar o esporte nessa perspectiva tem seu real sentido, pois existe uma fun��o social a ser cumprida e atrav�s do esporte pode-se desenvolver essa consci�ncia (BRACHT, 1992). Por outro lado, para Parlebas, (1980 apud BRACHT, 1992, p.59) essa vis�o pode ser modificada mediante os objetivos que se imp�e a aplica��o do esporte na escola, principalmente o institucionalizado e regulamentado que acaba imprimindo �no comportamento as normas desejadas da competi��o e da concorr�ncia�. Portanto, se o esporte for literalmente produzido na escola acaba por moldar uma atitude irreflexiva e inquestion�vel �s regras, trazendo assim o acomodamento e a falta de criticidade dos alunos perante a sua conviv�ncia enquanto cidad�os livres. O mesmo autor diz ainda que isso tudo forja o aluno a ser um �conformista feliz e eficiente�, pois como Bracht (1992, p. 59) diz: �[...] o aprender as regras significa reconhecer e aceitar regras pr�-fixadas�.

    Os PCNs ressaltam ainda que os professores devem atrav�s do esporte promover aos alunos a capacidade de adapta��o, no que diz respeito aos espa�os e materiais, fazendo com que os mesmos vivenciem situa��es de participa��o e competi��o, assumindo os diferentes pap�is durante a pr�tica, al�m de propiciar organiza��es de pequenos eventos.

    Segundo os PCNs (BRASIL, 1998) nos jogos existe a possibilidade de mudan�as no que se refere a sua forma de organiza��o, e isso pode ser feito de acordo com as necessidades e condi��es onde vai ser praticado. Al�m disso, o jogo pode assumir car�ter competitivo, recreativo ou mesmo cooperativo. Para o documento, os alunos devem desenvolver atrav�s do jogo a capacidade de usufruir do seu tempo de lazer e integra��o social, atitudes cooperativas, criatividade, valoriza��o de sua pr�pria cultura. Escobar (1990 apudSALERNO, 2004, p.4), afirma que em rela��o ao jogo como instrumento pedag�gico da cultura corporal podemos dizer que o mesmo: �� uma inven��o do homem, um ato que sua intencionalidade e curiosidade resultam num processo criativo para modificar, imaginariamente, a realidade e o presente� e que o jogo satisfaz necessidades das crian�as, especialmente a necessidade de �a��o�.

    Salerno (2004), afirma ainda que o jogo sempre vem acompanhado de uma necessidade que por fim gera uma a��o, assim n�o se deve conceber o jogo como apenas uma mera sele��o de talentos a partir das t�cnicas apresentadas, mas sim proporcionar aos alunos situa��es reais de reflex�o e incessante busca de solu��es para os diversos problemas que possam surgir, de modo a desenvolver a cr�tica sobre a pr�tica. Refor�ando essa id�ia podemos nos apoiar em Oliveira (1985) que afirma o seguinte:

    O jogo � uma forma de se exercitar � talvez a �nica � que atinge o ser humano na sua totalidade. Jogando, mais do que qualquer outra atividade, as pessoas t�m oportunidade de se reconstituir como tais, reintegrando os segmentos cognitivo, psicomotor e afetivo-social num todo que os comportamentalistas teimam em negar (OLIVEIRA, 1985, p.54).

    Portanto, o jogo se configura como sendo um forte instrumento de manifesta��o hist�rico-social, e na verdade � bem mais que isso, pois n�o se restringe apenas a esfera escolar, al�m do que na sua pr�tica as pessoas se relacionam socialmente, identificando e elaborando uma enorme gama de situa��es que envolvem ora seus direitos, ora seus deveres. Dessa forma, o jogo n�o est� apenas inserido no contexto dos esportes em geral, mas tamb�m nas rela��es sociais, nos conflitos ideol�gicos, pol�ticos, religiosos, pois atrav�s do jogo o indiv�duo, em �ltima inst�ncia, se julga como �ser� e n�o como �objeto� (OLIVEIRA, 1985).

    Corroborando com a id�ia de Oliveira (1985), Betti (2001) afirma que trabalhar jogos com os alunos pode possibilitar situa��es em que os mesmos precisem criar solu��es para resolver os problemas que poder�o surgir dentro da escola, de modo que esta circunst�ncia possa tamb�m se repetir no dia a dia junto � sociedade.

    Tomando como base este contexto, n�o resta d�vida de que o jogo tem extrema import�ncia como conte�do nas aulas de Educa��o F�sica, principalmente se trabalhado na perspectiva da cultura corporal, destacando a import�ncia de uma reflex�o cr�tica sobre sua pr�tica e as rela��es existentes com o meio a que pertence.

    Os Par�metros Curriculares Nacionais de Educa��o F�sica (BRASIL, 1998, p.70), concebe lutas na seguinte vis�o:

    As lutas s�o disputas em que o(s) oponente(s) deve(m) ser subjugado(s) com t�cnicas e estrat�gias de desequil�brio, contus�o, imobiliza��o ou exclus�o de um determinado espa�o na combina��o de a��es de ataque e defesa. Caracterizam-se por regulamenta��o espec�fica a fim de punir atitudes de viol�ncia e de deslealdade. (BRASIL, 1998, p. 70).

    Conforme Salerno (2004) as lutas se configuram como algo mais al�m do que a pr�pria defesa ou mesmo o ataque, ela constitui-se de pr�ticas que priorizam a filosofia a ser seguida pelos que delas usufruem de forma a propiciar as mais variadas viv�ncias e experi�ncias para que os alunos possam conhecer diversas filosofias nas quais de prega o conv�vio com o outro de forma harm�nica e a busca da harmonia interna para que n�o seja necess�rio usar a for�a de uma luta, mas sim a for�a para n�o precisar entrar em conflito.

    De acordo com os PCNs (BRASIL, 1998, p. 70) tem-se a seguinte defini��o para gin�sticas: �s�o t�cnicas de trabalho corporal que, de modo geral, assumem um car�ter individualizado com finalidades diversas�. Dessa forma a aplica��o da gin�stica pode adotar variadas formas, pois pode ser utilizada como treinamento de base, como meio de se buscar o relaxamento, ou mesmo na conserva��o e recupera��o da sa�de, al�m de ser empregada ainda como pr�tica de lazer, competi��o e at� como meio de conv�vio social.

    Ressaltando a valoriza��o da gin�stica como componente curricular Lorenzini e Tavares (1998) afirmam que � relev�ncia de se trabalhar a gin�stica reside no fato de que o aluno poder� aprender a resolver os problemas relativos ao movimento, com maior liberdade, assim podendo vivenciar as mais variadas pr�ticas corporais, de modo que isso lhe permita criar novas formas de exercita��es.

    Fundamentados em estudos presentes nos Par�metros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998, p. 71) podemos ter as seguintes defini��es para as atividades r�tmicas e expressivas: �em rela��o � express�o, essas pr�ticas se constituem em c�digos simb�licos, por meio dos quais a viv�ncia individual do ser humano, em intera��o com os valores e conceitos do ambiente sociocultural, produz a possibilidade de comunica��o por gestos e posturas�. J� no que se refere ao ritmo o documento afirma que �desde a respira��o at� a execu��o de movimentos mais complexos, se requer um ajuste com refer�ncia no espa�o e tempo, envolvendo, portanto, um ritmo ou uma pulsa��o�.

    Na obra Metodologia do Ensino da Educa��o F�sica, elaborada por um Coletivo de Autores verifica-se que a Educa��o F�sica trata do conhecimento denominado cultura corporal que configura-se com temas ou formas de atividades. O estudo desses conhecimentos visa aprender a express�o corporal como linguagem (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

    Em se tratando de ritmo e express�o n�o se pode deixar de fazer uma abordagem acerca da dan�a, pois esta pr�tica caracteriza muito bem os aspectos a que se refere este bloco de conte�dos (atividades r�tmicas e expressivas).

    Pacheco (1996) em seu estudo referente � dan�a na cultura corporal publicado nos anais do I Encontro Fluminense de Educa��o F�sica Escolar descreve que:

    Os movimentos corporais sempre estiveram presentes no desenvolvimento hist�rico humano, sendo uma necessidade de representa��o cultural e social do homem. Parece un�ssono o pensamento de que dan�a enquanto manifesta��o da cultura corporal humana � pass�vel de ser tematizada como conte�do da educa��o f�sica escolar, bem como, de atender a objetivos e propostas pedag�gicas da institui��o educacional. (PACHECO, 1996, p.28).

    A autora evidencia ainda que deve-se perceber a dan�a como um fen�meno insepar�vel de suas dimens�es sociais, culturais e hist�ricas, onde o significativo das rela��es humanas � constru�do e reconstru�do. Portanto, tomando como base este contexto, a dan�a tem extrema valoriza��o por proporcionar o desenvolvimento da �capacidade cr�tica, coopera��o, versatilidade e autonomia do grupo na elabora��o de seus pr�prios movimentos, produ��o coreogr�fica, supera��o de conflitos, discuss�o e express�o� (PACHECO, 1996, p.29).

    No sentido educacional da dan�a Bregolato (2000, p. 145) assegura que ao oportunizar os alunos momentos de elabora��o de seus pr�prios movimentos, �a dan�a desenvolve a iniciativa e autonomia, qualidades voltadas � liberdade de ser e estar no mundo�. Ainda com fins educacionais, Salerno (2004) citam que o trabalho deve ser realizado de modo a possibilitar aos alunos a compreens�o de seu corpo como sendo um instrumento que d� vida aos sentimentos e que tudo isso deve ser encaminhado no ritmo de cada praticante, fazendo com que o indiv�duo possa compreender o seu mundo.

Considera��es finais

    Ao passo que os Par�metros Curriculares Nacionais t�m por fun��o exatamente orientar e garantir a coer�ncia das pol�ticas de melhoria da qualidade de ensino, al�m de nortear a pr�tica pedag�gica em Educa��o F�sica a n�vel federal, (mas dando liberdade para que cada estado e munic�pio adotem outras propostas de ensino) principalmente objetivando mostrar as formas e meios de adequa��o a cada realidade local.

    Os PCNs dentro da perspectiva cr�tica buscam uma educa��o num contexto hist�rico-social, proporcionando ao indiv�duo condi��es para exercer sua cidadania. Nesse sentido, uma educa��o pautada nos PCNs deve formar cidad�os conscientes, mas antes de tudo �ter� professores conscientes, conscientes da necessidade de aprimorar seus conhecimentos, seja nas bases te�ricas que fundamentam a sua pr�tica ou ainda na sua pr�tica que sustenta a sua teoria.

Refer�ncias

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  • BRACHT, V. Educa��o f�sica e aprendizagem social. Porto Alegre: Magister, 1992.

  • BRASIL, Secretaria de Educa��o Fundamental. Par�metros Curriculares Nacionais. Terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: educa��o f�sica. Bras�lia: Minist�rio da Educa��o/Secretaria de Educa��o Fundamental, 1998. 114p. (PCNs 5� a 8� S�ries).

  • BREGOLATO, R. A. Cultura Corporal do Jogo. S�o Paulo: �cone, 2005

  • COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino em Educa��o F�sica. S�o Paulo: Cortez, 1992.

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  • KUNZ, E. Transforma��o did�tico-pedag�gica do esporte. 5� ed. Iju�: Editora Uniju�, 2003.

  • LORENZINI, Ana Rita; TAVARES, Marcelo. A cultura corporal na pr�tica pedag�gica dos professores de educa��o f�sica do estado de Pernambuco. Revista Corporis, Recife, ano III, n. 3, jan./dez., 1998.

  • MARTINS, M. L; NOMA, A. K. A influ�ncia das id�ias neoliberais na educa��o atual: interlocu��o com o relat�rio Jacques Delors e os PCNs. In: JORNADA DO HISTEDBR: Regi�o Sul, II., 2002, Ponta Grossa e Curitiba. A produ��o em hist�ria da educa��o na Regi�o Sul do Brasil. Anais... Campinas, SP: HISTEDBR, 2002.

  • OLIVEIRA, V. M. Educa��o F�sica Humanista. Rio de Janeiro: Ao livro t�cnico, 1985.

  • PACHECO, J. P. Educa��o f�sica e dan�a na cultura corporal: algumas considera��es. I ENCONTRO FLUMINENSE DE EDUCA��O F�SICA ESCOLAR, 1., 1996, Niter�i. Anais... Niter�i... Niter�i: Departamento de Educa��o F�sica e Desportos, 1996, p. 134.

  • PINTO, J. F; SILVEIRA, G. C. F. Educa��o f�sica numa perspectiva cr�tica da cultura corporal: uma proposta pedag�gica. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CI�NCIAS DO ESPORTE, XII., 2001, Caxambu, MG. Sociedade, ci�ncia e �tica: desafios para a educa��o f�sica/ci�ncias do esporte. Anais... Caxambu, MG: DN CBCE, Secretarias Estaduais de Minas Gerais e S�o Paulo, 2001.

  • SALERNO, M. B. Educa��o f�sica escolar. Movimento & Percep��o, S�o Paulo, v. 4, n. 4-5, p. 1-12, jan./dez. 2004.

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Quais são os três blocos estruturados pelos Parâmetros Curriculares Nacionais PCNs?

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revista digital � A�o 15 � N� 147 | Buenos Aires,Agosto de 2010  
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Quais são os três blocos estruturados pelos PCNs?

No caso dos PCNs para a Educação Física, os conteúdos dessa disciplina foram organizados, nesse documento, em três blocos: 1) Esportes, jogos, lutas e ginásticas; 2) Atividades rítmicas e expressivas; 3) Conhecimento sobre o corpo.

Quais são os Parâmetros Curriculares Nacionais PCN?

Os PCN estão divididos a fim de facilitar o trabalho da instituição, principalmente na elaboração do seu Projeto Político Pedagógico. São seis volumes que apresentam as áreas do conhecimento, como: língua portuguesa, matemática, ciências naturais, história, geografia, arte e educação física.

Quais são os eixos temáticos dos PCNs?

Os conteúdos são apresentados em quatro eixos temáticos: Terra e Universo, Vida e Ambiente, Ser Humano e Saúde, Tecnologia e Sociedade, levando-se em conta conceitos, procedimentos e atitudes que compõem o ensino desses temas no ensino fundamental.

O que são os PCN se quais os seus objetivos?

Os PCNs - Parâmetros Curriculares Nacionais são diretrizes elaboradas para orientar os educadores por meio da normatização de alguns aspectos fundamentais concernentes a cada disciplina. Os PCNs servem como norteadores para professores, coordenadores e diretores, que podem adaptá-los às peculiaridades locais.