Qual a diferença entre a Páscoa cristã e a Páscoa judaica?

Hoje, um caro amigo me ensinou sobre o que é a Páscoa Judaica… eu achei muito interessante. Afinal, qual é a diferença com a Páscoa Cristã que representa a ressurreição de Cristo?

A Páscoa Judaica está ligada as 10 Pragas do Egito, mais especificamente, a ultima delas, quando Deus enviou o Anjo da Morte para tomar a vida de todo primogênito daquela terra.

Móises e Arão instruíram os judeus ordenando-lhes que sacrificassem um cordeiro puro e passassem seu sangue no batente das portas. Nas casas onde houvesse o sangue na entrada, o primogênito seria poupado, pois o Anjo não entraria para matá-lo. (Êxodo, Capítulo 12)

O curioso é que as instruções eram bem específicas: tinha que ser um carneiro ou um cabrito sem defeito, de um ano, a carne teria que ser assada na brasa e comida com pão sem fermento (que representava algo impuro, que estragava as coisas), a sobra deveria ser queimada etc.

Então, essa passou a ser a Páscoa Judaica, “Pessach” em hebraico, que representa passagem.

Foi nesta noite específica que o faraó Ramsés finalmente cedeu e pediu que o povo de Israel partisse logo do Egito. Por isso, a Páscoa representa a libertação do povo hebreu.

Quase 1500 anos depois, João Bastista disse: “Eis aí o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. (Jo 1,29).

Mas, o mais intrigante é que João Bastista morreu antes de Cristo e, por muita coincidência, a condenação e morte de Jesus ocorreu exatamente no dia da Páscoa para os Judeus. Por isso, ele é visto pelos cristãos como o “cordeiro puro” que foi sacrificado para a libertação, dessa vez não do Egito, mas da própria morte.

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Uma das festas mais tradicionais do cristianismo é a Páscoa, comemorada sempre no primeiro domingo após a lua cheia ocorrida com o fim do equinócio de primavera/outono. Essa festa, por sua vez, não é originária do cristianismo, e sim do judaísmo, religião tradicional dos hebreus. A Páscoa judaica é uma tradição milenar que relembra a libertação do povo hebreu.

Acesse também: História de Jerusalém, cidade sagrada para judeus, cristãos e muçulmanos

Tópicos deste artigo

  • 1 - Páscoa (Pessach)
  • 2 - Como os judeus celebravam a Páscoa?
  • 3 - Como os judeus comemoram a Páscoa hoje?
  • 4 - O que os judeus comem na Páscoa?

Páscoa (Pessach)

A Páscoa judaica é conhecida pelos judeus como Pessach, palavra do hebraico que significa passagem. A Páscoa comemorada pelos judeus também é uma de suas festas religiosas mais importantes, assim como é a Páscoa para os cristãos. A Páscoa judaica é celebrada de acordo com o calendário próprio dos judeus.

O calendário judeu (ou calendário hebraico) é conhecido por ser um calendário lunissolar, isto é, que se baseia nos ciclos da Lua e do Sol. A Páscoa judaica é comemorada anualmente no dia 14 de nissan (ou nisã), pelo fato de que a primeira Páscoa comemorada pelos judeus, enquanto eram escravos no Egito, aconteceu nos dias 14 e 15 de nissan, há cerca de 3500 anos.

A primeira Páscoa aconteceu no contexto da escravidão dos hebreus no Egito. Esses, originários de Abraão, estabeleceram-se em Canaã e, depois de um tempo de seca e falta de alimentos, mudaram-se para o Egito, local no qual acabaram sendo escravizados. A libertação dos hebreus foi realizada por Moisés, logo após a execução das dez pragas no Egito, segundo a narrativa judaica.

A Páscoa judaica aconteceu pouco antes da execução da décima praga, na qual o anjo da morte desceu ao Egito e matou todos os primogênitos daquela terra. O anjo da morte só não passou pelas casas daqueles que haviam seguido as ordens de Javé realizando a festa, da forma conforme havia sido ordenada, e passando o sangue do cordeiro nos umbrais de suas portas. Após a décima praga, os hebreus foram libertos da escravidão e autorizados a retornarem para Canaã.

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Como os judeus celebravam a Páscoa?

A primeira Páscoa celebrada pelos judeus, ainda no período do cativeiro no Egito, é descrita na narrativa bíblica da seguinte maneira:

  • Os hebreus sacrificaram um cordeiro sadio, de um ano, no dia 14 de nissan.

  • O animal foi assado inteiro e então consumido (o que não foi consumido, foi queimado).

  • Os hebreus também consumiram pão sem fermento e ervas amargas.

  • O sangue do animal foi utilizado para marcar os umbrais das portas das residências dos judeus.

  • A comemoração da Páscoa, conforme posterior tradição judaica, estendeu-se por sete dias, nos quais o consumo de alimentos com fermento era e continua terminantemente proibido.

  • Essa festa é conhecida como Festa de Pães Asmos (ou pães ázimos).

  • Nos tempos antigos, a Páscoa era utilizada pelos hebreus para contarem sobre Jeová para as crianças, e muitos costumavam ir a Jerusalém para celebrarem a Páscoa.

  • O vinho (não fermentado) também era utilizado na celebração da Páscoa pelos hebreus.

Como os judeus comemoram a Páscoa hoje?

Qual a diferença entre a Páscoa cristã e a Páscoa judaica?

Judeus realizando orações no Muro das Lamentações, em Jerusalém, durante a Pessach.*

A Pessach é uma festa que é comemorada até hoje em obediência à ordem de Javé transcrita na narrativa, que fala: “Comemorem esse dia como festa religiosa para lembrar que eu, o Senhor, fiz isso. Vocês e os seus descendentes devem comemorar a Festa da Páscoa para sempre.”|1| Sendo assim, a Pessach será comemorada pelos judeus, nos próximos anos, nas seguintes datas:

  • 2019: 19 e 20 de abril

  • 2020: 8 e 9 de abril

  • 2021: 27 e 28 de março

  • 2022: 15 e 16 de abril

A Páscoa judaica, em determinados anos, pode coincidir com a mesma data em que se comemora a Páscoa cristã, mas o significado das duas difere. Enquanto a comemoração judaica relembra a passagem do anjo da morte durante a décima praga que possibilitou a libertação dos judeus da escravidão, a Páscoa cristã relembra o sacrifício de Cristo e sua ressurreição, isto é, sua passagem da morte para a vida.

A Páscoa judaica é inaugurada com o Sêder, isto é, um jantar no qual as famílias judaicas reúnem-se para relembrar e celebrar a libertação do povo hebreu. O jantar é realizado dentro de uma estrutura litúrgica que inclui: a leitura do Hagadá, um livro que contém a história de libertação dos hebreus; e o consumo dos alimentos, cada qual com sua ordem específica.

Qual a diferença entre a Páscoa cristã e a Páscoa judaica?

Ilustração de um Hagadá, livro que narra a história da libertação dos hebreus do Egito e que é lido durante o Sêder.

Os judeus, durante a Pessach, não comem nada fermentado, e a celebração inclui uma série de alimentos que possuem, cada qual, uma simbologia diferente. Uma tradição comum da Páscoa judaica é conhecida como Afikoman, nela o matsá (pão sem fermento) é dividido em dois, e o maior pedaço é escondido. Depois do jantar, as crianças partem à procura do pedaço de matsá, e aquela que o encontrar, ganhará um prêmio.

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O que os judeus comem na Páscoa?

Qual a diferença entre a Páscoa cristã e a Páscoa judaica?

Pão não fermentado (pão ázimo) que é utilizado pelos hebreus durante o Sêder.

Como mencionado, durante a Pessach, os judeus não consomem nada que possua fermento, e, assim, todos os alimentos do tipo são vetados. Durante o jantar, uma série de alimentos é consumida, e cada um deles possui uma simbologia distinta. Vejamos o que cada alimento significa:

  • Matsá: é um pão sem fermento. Na tradição hebraica, os judeus, quando foram autorizados a sairem do Egito, não conseguiram esperar o pão fermentar, e, por isso, ele é feito de uma massa bem fina.

  • Vinho: é um vinho especial para Pessach e que também não é fermentado. São servidas quatro taças de vinho durante o Sêder.

  • Zeroá: é pedaço de osso com carne que foi tostado e simboliza o sacrifício.

  • Maror: é uma raiz amarga que simboliza a amargura do tempo da escravidão. A alface (chazeret) também é utilizada para simbolizar essa amargura.

  • Charósset: é uma pasta que mistura maça, uva e nozes (pode ter também tâmaras, canela e vinho). Simboliza a argamassa que era usada pelos judeus para fazer tijolos.

  • Água salgada: simboliza as lágrimas e o suor derramado pelos judeus durante a escravidão. É usada para o consumo de batatas cozidas.

  • Beitzá: é o ovo cozido que simboliza a esperança pela recuperação do Templo de Salomão. Simboliza também o luto pela destruição do templo.

Esses são os alimentos consumidos durante o jantar que inaugura a Páscoa judaica, mas os judeus cozinham e consomem outros pratos também, como o Guelfite fish, um bolinho de peixe com uma cenoura em cima. O Sêder é tão relevante na história judaica que a Última Ceia, momento marcante da história e vida de Cristo, foi celebrada durante um desses jantares típicos da Pessach.

|1| Êxodo 12. Para acessar, clique aqui.

Qual a diferença entre a Páscoa cristã e a Páscoa dos judeus?

Enquanto a comemoração judaica relembra a passagem do anjo da morte durante a décima praga que possibilitou a libertação dos judeus da escravidão, a Páscoa cristã relembra o sacrifício de Cristo e sua ressurreição, isto é, sua passagem da morte para a vida.

Quais as semelhanças entre a Páscoa dos judeus e dos cristãos?

As duas solenidades celebram 'passagens': a primeira, da escravidão para a liberdade, e a segunda, da morte para a vida. No próximo domingo, judeus e cristãos comemorarão - cada um à sua maneira - a solenidade da Páscoa. Ainda hoje, os judeus se referem à festa pelo seu nome original: Pessach.

Qual é o verdadeiro significado da Páscoa Cristã?

A Páscoa Cristã é uma das festividades mais importantes para o cristianismo, pois representa a ressurreição de Jesus Cristo, o filho de Deus. A data é comemorada anualmente no primeiro domingo após a primeira lua cheia que ocorre no início da primavera (no Hemisfério Norte) e do outono (no Hemisfério Sul).

O que é a Páscoa para os judeus?

Como a Páscoa é celebrada hoje pelos judeus Os judeus celebram sua Páscoa em suas sinagogas fazendo orações e cumprindo o rito pascal. Além dessas celebrações, eles se reúnem para jantar em família e recordar a libertação dos seus ancestrais do julgo egípcio. Esse jantar é chamado de Sêder.