Quem é o autor da música Tá vendo aquele edifício moço?

O sucesso do artista, no entanto, só viria em 1979, após conhecer o autor Lúcio Barbosa em um festival de São Paulo

Quem é o autor da música Tá vendo aquele edifício moço?
Foto: Site oficial/Divulgação

Zé Geraldo nasceu em Rodeiro, interior de Minas Gerais, no dia 9 de dezembro de 1944

Zé Geraldo nasceu em Rodeiro, no interior de Minas Gerais, no dia 9 de dezembro de 1944. Cantor e compositor, ele tinha o sonho de se tornar jogador de futebol, o que acabou não acontecendo devido a um grave acidente que sofreu quando voltava de férias familiares em Governador Valadares para São Paulo, cidade onde escolheu tentar a vida de artista. Foi lá que, na década de 1970, lançou o seu primeiro LP, após dois compactos.

O sucesso, no entanto, só viria em 1979, após conhecer o compositor Lúcio Barbosa em um festival de música em São Paulo, que o apresentou “Cidadão”. Emocionado, Zé Geraldo decidiu lançar, no disco “Terceiro Mundo”, a música que se tornaria o maior hit da sua carreira, merecendo regravações de Zé Ramalho, Renato Teixeira, etc.

“Cidadão” (MPB, 1979) – Lúcio Barbosa
“Marina”, de Dorival Caymmi, foi gravada por Dick Farney, Francisco Alves, Nelson Gonçalves e o próprio autor, de uma só tacada, em 1947. “Alguém Me Disse”, bolero de Evaldo Gouveia e Jair Amorim, foi lançada, em 1960, por Anísio Silva, Maysa, Cauby Peixoto e o grupo cubano Trio Avileño.

O feito raro também atingiu “Cidadão”, música de Lúcio Barbosa que, em 1980, foi gravada, simultaneamente por Geraldo Nunes, Silvio Brito e Zé Geraldo, na versão que ficou mais famosa. Zé Ramalho também gravou esse clássico da música brasileira, que traz o relato do abismo social do Brasil, em que o construtor da obra sequer tem um lugar para morar. Luiz Gonzaga, Elymar Santos, Renato Teixeira, Sérgio Reis e Jackson Antunes também a reviveram. 


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Quem é o autor da música Tá vendo aquele edifício moço?

Cidadão

por Oscar Buturi, em 09/10/2014, no Correio Paulista

Nesta semana, após o primeiro turno das eleições presidenciais e a vitória parcial da candidata Dilma Rousseff com expressiva votação no norte e nordeste, uma onda de insultos aos nordestinos tomou conta de boa parte das redes sociais, vinda principalmente do sul e sudeste, especialmente do estado de São Paulo.

Segundo a maioria das expressões discriminatórias, o resultado das eleições revela que os eleitores nordestinos são desprovidos de inteligência (para ser bem leve em meu exemplo).

Essa coluna normalmente é inspirada na cidade; sua dinâmica, problemas e desafios, curiosidades, etc., mas esse movimento reacionário que, aliás, também ocorreu após as eleições de 2010, me deixou mais uma vez perplexo e com dores de estômago, literalmente.

E retornando para casa após uma jornada de trabalho, me lembrei da música de Zé Ramalho, cujo título é bastante apropriado – CIDADÃO, que significa “indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um estado livre”.

Por se tratar de uma típica história de migrante nordestino, a quem devemos muito, deixo a sua letra para breve reflexão, e também registrada minha indignação com essa postura contra nossos irmãos.

CIDADÃO (Zé Ramalho)

Tá vendo aquele edifício moço
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição, era quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar
Hoje depois dele pronto
Olho pra cima e fico tonto
Mas me vem um cidadão
E me diz desconfiado
“Tu tá aí admirado ou tá querendo roubar”
Meu domingo tá perdido, vou pra casa entristecido
Dá vontade de beber
E pra aumentar meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio que eu ajudei a fazer
Tá vendo aquele colégio moço
Eu também trabalhei lá
Lá eu quase me arrebento
Fiz a massa, pus cimento, ajudei a rebocar
Minha filha inocente veio pra mim toda contente
“Pai vou me matricular”
Mas me diz um cidadão:
“Criança de pé no chão aqui não pode estudar”
Essa dor doeu mais forte
Porque que é qu’eu deixei o norte
Eu me pus a me dizer
Lá a seca castigava, mas o pouco que eu plantava
Tinha direito a colher
Tá vendo aquela igreja moço, onde o padre diz amém
Pus o sino e o badalo, enchi minha mão de calo
Lá eu trabalhei também
Lá foi que valeu a pena, tem quermesse, tem novena
E o padre me deixa entrar
Foi lá que Cristo me disse:
“Rapaz deixe de tolice, não se deixe amedrontar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio, fiz a serra, não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas e na maioria das casas
Eu também não posso entrar”

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De quem é a música Tá vendo aquele edifício moço?

Zé RamalhoCidadão / Artistanull

Quem compôs a música Cidadão?

A canção Cidadão, de Lúcio Barbosa, descreve a amargura de um pedreiro que é impedido de frequentar, de usufruir e até mesmo de apreciar as construções onde trabalhou durante anos de sua vida.

Quem é o compositor Lúcio Barbosa?

Tornou-se conhecido na música popular brasileira como autor e compositor das músicas "Cidadão” e “O Profeta”, que contam com inúmeras regravações. Seu grande êxito aconteceu em 1979, quando sua música "Cidadão" foi gravada pelo cantor e compositor Zé Geraldo no LP "Terceiro Mundo", da CBS.

O que retrata a música de Zé Ramalho Cidadão?

A música Cidadão, composta por Lucio Barbosa em 1978 e interpretada por Zé Ramalho desde 1992, retrata muito bem qual o nível de ética em nossa sociedade e por esse motivo foi tomada como uma excelente escolha e estratégia a se pensar a ética no serviço social.