A mesma mão que da é a que tira

Realmente, a minha relação com a Smiles, que imaginava normalizada, voltou a ser colocada em dúvida. A poucos dias atrás postei uma reclamação relacionada ao não cumprimento das regras da promoção 386, por parte da Smile, na qual poderia adquirir 40 mil milhas ao preço de R$ 9,90. Tal reclamação gerou uma série de procedimentos da referida empresa o que me levou a recorrer ao site RECLAME AQUI. Até então, o meu extrato de milhas estava correto, faltava apenas o crédito das 40 mil milhas que foi realizado a pouco. De repente, não mais que de repente a Smiles envia a mensagem abaixo me retirando 26 mil milhas porque ocorreu um engano. Estranho a coincidência entre o fato anterior e este, tendo em vista que até a reclamação anterior estava tudo correto... Por fim, deixo registrado que não concordo com tal estorno, considerando que me foram oferecidas várias benesses para que eu transferisse meus pontos do cartão de crédito para as milhas do programa Smiles e neste momento não tenho mais elementos para constatar a afirmação da Smiles.

Olá VALTER,

Transparência e confiança sempre foram valores que guiaram nossa conduta com você. Buscando preservar essa relação, gostaríamos de informar que,que creditamos incorretamente milhas bônus em sua conta Smiles, referente a sua transferência de pontos do Banco Bradesco.

No dia 15/10/2015, realizamos um estorno desse crédito com a seguinte descrição: “Estorno Resgate Bonificado Bradesco”.

A mesma mão que da é a que tira
A mesma mão que da é a que tira

DAR COM UMA MÃO E TIRAR COM A OUTRA

Há um conhecido provérbio popular que diz que não se deve dar com um mão aquilo que se tira com a outra, expressando a ideia de existir uma falsa caridade. Há variações sobre o mesmo tema, como por exemplo: “Deus dá com uma mão e o Diabo tira com outra”.

É exatamente o que faz o nosso Código de Processo Civil de 2015 ao dar ao réu, com uma mão, a esperança de que fará observar rigorosamente os valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição, sobretudo a observância ao devido processo legal, conforme está expressamente previsto em seu artigo 1o., e com a outra mão tirar essas garantias, quando estatui em seu artigo 515, parágrafo 3o., que “Na hipótese do § 2º, incisos II e III, considera-se realizada a intimação quando o devedor houver mudado de endereço sem prévia comunicação ao juízo, observado o disposto no parágrafo único do art. 274”, ampliando, além de uma justa medida, a ficção no processo civil.

Com efeito, se o devedor tiver mudado de endereço, e não o comunicar ao juízo, a intimação será ficta, ou seja, seja realizada com a presunção de que é válida, quando não é.

Importante observar que se trata de um ato relevante o que está aí envolvido: o da intimação da penhora.

E o artigo 274, parágrafo único, generaliza a aplicação da intimação ficta, ao estabelecer: “Presumem-se válidas as intimações dirigidas ao endereço constante dos autos, ainda que não recebidas pessoalmente pelo interessado, se a modificação temporária ou definitiva não tiver sido devidamente comunicada ao juízo, fluindo os prazos a partir da juntada aos autos do comprovante de entrega da correspondência no primitivo endereço”.

Extrair do simples fato de o réu ter mudado sua residência (fato, aliás, bastante comum no Brasil), a consequência de presumir-se válida e eficaz a sua intimação para atos importantes no processo, é medida que o princípio da proporcionalidade não legitima, como também o princípio do devido processo legal não abona.

Portanto, o CPC/2015 com uma mão deu ao réu garantias constitucionais; mas com a outra mão lhe retirou essas mesmas importantes garantias. Esperemos que, em breve, o STF, analisando a questão da constitucionalidade desses dispositivos à luz dos princípios da proporcionalidade e do devido processo legal “formal”, acoime-os.

A mesma mão que da é a que tira

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

(Versos Íntimos)

Nesta quarta-feira (12) completam-se cem anos do falecimento do poeta Augusto dos Anjos. Marcado pelos poemas críticos, Augusto é considerado o escritor que expressou de modo cru o cotidiano de seu tempo, o que não deixa de forma datada tal olhar, transcendendo décadas e influenciando poetas subsequentes.

“Eu“, única obra publicada do poeta, despedaça o padrão literário do período – marcado pelo Parnasianismo e Simbolismo -, construindo uma linguagem que foi além de sua época, por isso o livro não foi muito bem recebido pela crítica quando foi lançado. Com “Versos Íntimos”, Augusto mostra o ceticismo em relação ao amor, sendo marcado em sua obra o pessimismo. O poema “Versos Íntimos” entrou no livro Os Cem Melhores Poemas Brasileiros do Século, organizado por Ítalo Moriconi.

Por sua influência na literatura brasileira, o Livre Opinião conversou com poetas e escritores da atualidade sobre a importância dos poemas de Augusto dos Anjos na carreira e na literatura contemporânea.

Marcelino Freire

“‘Recife. Ponte Buarque de Macedo. / Eu, indo em direção à casa do Agra, / Assombrado com a minha sombra magra, / Pensava no Destino, e tinha medo!’. Todas as vezes em que eu e Lourenço Mutarelli passávamos em frente à estátua de Augusto dos Anjos, que há exatamente à boca da Ponte Buarque de Macedo, era lei a gente recitar todo o soneto do Augusto dos Anjos. Dali, partíamos os dois para as bebedeiras da noite, abençoados, finalmente, pelos versos dos Anjos. Era a primeira vez em que Mutarelli estava indo ao Recife. Augusto dos Anjos virou nosso Anjo protetor. E selou, para sempre, a nossa amizade. Literária e boêmia. Augusto me levou às sombras. Nossos Ossos tem muito do ‘osso’ do Augusto. Ninguém passa pelos versos de Augusto sem ser despertado por eles”. Marcelino é autor do romance Nossos Ossos.

Le Tícia Conde

“Para mim, ler, seja qualquer autor, é sempre muito bom em termos de poemas. Ele [Augusto dos Anjos] em específico me foi um alívio porque eu escrevia uns poemas mais obscuros, também isso envolvendo o eu, a visão única do poeta – que sempre me agradou muito. Mesmo nas palavras que ele mais comumente usou eu adorava, e usei muito!”. Le Tícia é autora do livro toda Vulva diz Cus são

Lucimar Mutarelli

“A primeira vez que li Augusto dos Anjos foi na história em quadrinhos Eu te amo Lucimar, de Lourenço Mutarelli. Lembro de ficar estarrecida com as imagens que a leitura dos poemas gerava e a contundência dos textos e o fato de não escrever sobre temas comuns à poesia. Eu dei aulas de Educação Artística durante 20 anos e lembro como os alunos ficavam fascinados quando descobriam os textos do Augusto dos Anjos, parecia que ele escrevia para eles. As minhas aulas de História da Arte, no Colégio Etapa eram integradas com a disciplina de Literatura e, eu e a professora Thaís Gasparetti usávamos os poemas do escritor como mais uma forma de chamar a atenção dos alunos”. Lucimar é autora do livro Entre o Trem e a Plataforma.

Wladimir Cazé

“Conheci sonetos de Augusto dos Anjos na adolescência, durante o ensino médio, no momento em que eu desenvolvia o gosto pela poesia, e me interessei pela temática dele. Gostava de observar o uso de vocabulário técnico-científico em poemas, coisa que me causava espanto. Anos depois comprei Eu e outras poesias e li sua obra com mais atenção. Não se trata de uma influência direta, mas acredito que podem existir traços dessas leituras na série de poemas Microafetos, que dá título a meu primeiro livro, de 2005. Embora o tom e a linguagem deles seja muito diferente da angustiada poética augustiana, existe ali um uso de palavras extraídas dos domínios técnico-científicos que alguns leitores associam ao que se vê na poesia de Augusto dos Anjos. Um exemplo de Microafetos: ‘À sombra de palmeiras simbiônicas, / uma réplica de formiga nanométrica / se conecta ao mosquito cromossômico: / elo randômico em século inorgânico’.” Wladimir é autor do livro Microafetos.

A mesma mão que da é a que tira
Bruno Brum

“Um dos aspectos da poesia de Augusto dos Anjos que sempre me fascinou é a estranheza. O poeta usa palavras e formas de construção exteriores ao discurso poético convencional, se apropriando do vocabulário de outras áreas, como a biologia. Augusto soube transformar a sensação de deslocamento que sempre o acompanhou em linguagem poética da mais alta voltagem. Em diversos momentos, na minha poesia, me aproprio também de cosntruções verbais próprias da ciência, do discurso jurídico ou midiático. Augusto dos Anjos me ensinou a transformar estranheza e deslocamento em linguagem”. Bruno é autor do livro Mastodontes na Sala de Espera.

Vanessa Trajano

“Eu tinha 14 anos e havia começado a rabiscar alguns versos. Construção ininterrupta desde então, principalmente porque um amigo meu me deu EU e outras poesias de Augusto dos Anjos. Foi a ultima vez que tive duvida que poesia era ou não coisa de doido. E fui me aprofundando de tal forma no “escarra nessa boca que te beija” que entendi que coisa linda é o amargo e o doce da vida”. Vanessa é autora dos livros Mulheres Incomuns e Poemas Proibidos.

O que quer dizer a mão que afaga é a mesma que apedreja?

A mão que afaga é a mesma que apedreja. O poeta utiliza uma linguagem coloquial, convida o "amigo" (para quem escreveu o poema) a se preparar para traições, para a falta de consideração do próximo. Mesmo quando temos demonstrações de amizade e de carinho como um beijo, isso é apenas o prenúncio de algo mau.

Sou filho do carbono e do amoníaco?

Eu, filho do carbono e do amoníaco, Monstro de escuridão e rutilância, Sofro, desde a epigênesis da infância, A influência má dos signos do zodíaco. Produndissimamente hipocondríaco, Este ambiente me causa repugnância... Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia Que se escapa da boca de um cardíaco.

Quem dá com uma mão e tira com a outra?

Há um conhecido provérbio popular que diz que não se deve dar com um mão aquilo que se tira com a outra, expressando a ideia de existir uma falsa caridade. Há variações sobre o mesmo tema, como por exemplo: “Deus dá com uma mão e o Diabo tira com outra”.

O que quer dizer o poema Versos íntimos?

Significado do poema Versos Íntimos O descrito enterro da última quimera simboliza o fim da esperança e do sonho. É passada a mensagem de que nenhuma pessoa se afeta com os sonhos perdidos de outro indivíduo, pois os seres são mal agradecidos, são como feras ariscas.