Apoptose é um termo criado por John Foxton Ross Kerr para denominar um tipo específico de morte celular. Essa morte não é desencadeada por traumas: trata-se de uma morte programada. Ela tem por objetivo garantir a manutenção de tecidos e órgãos, evitando que células com problemas ou desnecessárias comprometam o funcionamento adequado do organismo. Além disso, a apoptose também ocorre quando o organismo é invadido por patógenos ou o DNA é lesionado.
Na apoptose, a célula morre em razão de um conjunto de mudanças coordenadas, portanto, é um processo ativo. Nessa situação, diversas alterações na célula possibilitam uma série de eventos moleculares e bioquímicos regulados geneticamente. Esse processo ocorre da seguinte maneira:
- retração da célula por causa da perda de aderência com outras células e com a substância extracelular;
- cromatina condensa-se e fica próxima à membrana nuclear, a qual não é lesionada;
- membrana celular forma prolongamentos conhecidos como “blebs”;
- núcleo desintegra-se em fragmentos, os quais estão envoltos pela membrana nuclear;
- aumenta-se o número de prolongamentos da membrana;
- prolongamentos rompem-se, formando porções celulares envolvidas por membranas, estruturas chamadas de corpos apoptóticos;
- corpos apoptóticos são fagocitados.
Tópicos deste artigo
- 1 - → Em que situações a apoptose ocorre nos seres humanos?
→ Em que situações a apoptose ocorre nos seres humanos?
A apoptose acontece em vários momentos da vida humana. Veja a seguir alguns exemplos:
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- Remodelamento de órgãos e tecidos durante o desenvolvimento. Exemplo: Morfogênese normal das mãos e dos pés. Falhas na apoptose nesse processo resultam em dedos com membranas semelhantes às encontradas em aves.
- Resposta imune.
- Involução da glândula mamária após o período de aleitamento.
- Mal de Alzheimer é desencadeano por apoptose excessiva, que se inicia provavelmente por causa da quantidade de neurônios alterados.
- Câncer pode ser resultado de uma falha na apoptose.
Por Ma. Vanessa Sardinha dos Santos
A lesão celular ocorre quando as células são submetidas a um estresse tão severo que não são capazes de se adaptar, ou quando são expostas a agentes perniciosos. A hipóxia, a isquemia, os agentes físicos/químicos, os agentes infecciosos e as reações imunológicas são algumas das causas de injúria celular.
Inicialmente a lesão se manifesta por meio de alterações funcionais e morfológicas reversíveis. Conforme ocorre a progressão do dano, esse processo pode culminar em alterações irreversíveis e, portanto, morte celular. Existem, ainda, dois tipos de morte celular, a apoptose e a necrose, sendo esta sempre um processo patológico.
NECROSE
A necrose se caracteriza pelo tamanho celular aumentado (edema), alterações nucleares (picnose, cariorréxis, cariólise), membrana plasmática danificada e extravasamento de conteúdo celular para fora da célula, além do aumento da eosinofilia.
Já a aparência morfológica da necrose resulta da desnaturação das proteínas intracelulares e/ou da digestão enzimática. A partir disso, esse processo de morte celular pode ser classificado em diversos tipos de necrose:
Necrose de Coagulação: é característica da morte por hipóxia em todos os tecidos, à exceção do cérebro. Com isso a acidose intracelular desnatura proteínas e enzimas, bloqueando a proteólise celular. O tecido, ainda, apresenta a textura firme e a manutenção da sua arquitetura, com preservação do contorno celular por pelo menos alguns dias.
Necrose de liquefação: é característica de infecções bacterianas ou fúngicas, pois estas estimulam o acúmulo de células inflamatórias, sendo as células mortas completamente digeridas por enzimas. O resultado final é a transformação do tecido em massa viscosa.
Necrose caseosa: Esse termo é derivado da aparência semelhante a queijo branco da área necrótica. É uma forma distinta de necrose de coagulação, encontrada comumente em focos de tuberculose, os quais são caracterizados por reação granulomatosa.
Necrose gordurosa: se refere a áreas de destruição de gordura que ocorre como resultado da liberação de lípases pancreáticas ativadas no parênquima pancreático.
APOPTOSE
Apoptose é a via de morte celular que é induzida por um programa intracelular altamente regulado, no qual as células destinadas a morrer ativam enzimas que degradam seu DNA nuclear e as proteínas citoplasmáticas. Os sinais que induzem a apoptose incluem a ausência de fatores de crescimento ou hormônios, a ação específica dos receptores de morte e os agentes nocivos. Esse fenômeno, portanto, pode estar presente em situações fisiológicas e em condições patológicas.
Em situações fisiológicas esse fenômeno pode estar relacionado à destruição programada de células durante a embriogênese, à involução dependente de hormônios (colapso endometrial no ciclo menstrual), à eliminação celular em células em proliferação, à eliminação de linfócitos auto reativos, etc. Já em condições patológicas, esse processo pode ser desencadeado por estímulos nocivos, doenças viróticas e tumores.
Dentre as principais características morfológicas que definem as células em apoptose, observa-se o encolhimento celular, condensação da cromatina, formação de bolhas citoplasmáticas, corpos apoptóticos e fagocitose das células, geralmente mediada por macrófagos.
Além disso, a célula é rapidamente eliminada, antes que seu conteúdo possa extravasar e causar reação inflamatória, tornando sua detecção histológica mais difícil.