O que pode acontece quando um bebê cai de cabeça no chão?

O que pode acontece quando um bebê cai de cabeça no chão?
"Fico indignada com o meu filho ter caído no chão. Avisei [à médica que me atendia] que não aguentaria andar porque estava tonta" (Foto: Julia Rodrigues/ÉPOCA)

"Eu estava em casa, ansiosa por saber que o dia do meu parto estava próximo. Fui para o Hospital Maternidade Interlagos e descobri que estava com 3 centímetros de dilatação, que evoluiu rápido. Do pré-parto para a sala de parto, me falaram que era para ir andando ao centro obstétrico. Falei para a médica que não aguentaria porque estava sentindo tontura. Então, ela falou: 'Vamos sim, você consegue'. Até pediu para o meu marido me incentivar. 

Fui andando com o auxílio dela. O meu marido estava me ajudando do outro lado. De repente, avisei que estava muito tonta. Não consegui mais andar. Comecei a gritar para ela: 'Está nascendo, está nascendo!'. Ela falou que não estava na hora, queria continuar me incentivando a andar. Foi muito rápido. Ninguém ficou com a mão ali perto. Olharam por baixo, mas disseram que não estava saindo. E eu teimando com ela, dizendo que estava nascendo, sim. Nessa hora, o meu bebê, Anthony Raul, caiu direto no chão.

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Só vi aquela movimentação, as pessoas correndo para cá para pegar os instrumentos para cortar o cordão umbilical, essas coisas. Eu não vi ninguém pegando o meu bebê do chão, mas senti. Ele chorou. A sensação que eu tive foi uma das piores do mundo. Um neném que mal acabou de nascer e já cair no chão? Passa um monte de coisa horrível na cabeça da mãe. A primeira coisa que pensei foi: 'Será que resistiu? Vai sobreviver?'.

Ouvi o meu marido gritando: 'Meu filho, meu filho!'. Não deu tempo de fecharem a porta para ele poder se trocar e assistir ao parto. Ele presenciou tudo, ficou muito nervoso na hora. Correram com o meu bebê enquanto me levaram para a sala de parto. Mesmo assim fui andando para fazer o restante dos procedimentos. Pegar a maca para quê, né? Agora que o bebê já tinha caído no chão. Eu só sabia chorar e perguntar do meu filho. Demoraram bastante para trazê-lo para a sala de parto, mais do que o normal.

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Quando deixaram o meu marido entrar, em seguida trouxeram o meu bebê. Só falaram: 'Olha, mãezinha, o bebê está bem, chorou'. Mais nada. Mostraram o meu filho rapidamente, mas eu não pude nem pegá-lo. Levaram ele, era por volta das 3 horas. Quando fui vê-lo, eram 10 horas da manhã. Durante esse plantão, toda vez que aparecia uma enfermeira, me informava que o bebê estava bem, que ele era lindo. Uma ou outra enfermeira aparecia para dar medicação, ficava sabendo do caso e pedia para que eu confiasse em Deus.

Depois que saí da sala de parto, eu não vi mais o meu marido. Fiquei com outras mães no pós-parto, sozinha. Via as mães, cada uma com o seu filho. Eu chorava por estar sem o meu bebê ali. Querendo ou não, as mães ficavam me olhando sem entender. Não falavam nada, mas o olhar era de 'o que ela está fazendo aqui se ela está sem um bebê?'. Eu não sabia se ele estava bem, se era verdade o que eles [funcionários] estavam falando.

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Quando fui ver o meu filho, ele estava na incubadora. Aparentemente, estava bem... Mas estava começando a inchar. Com o passar dos dias, piorou. Na mudança de plantão, os funcionários perguntaram o que tinha acontecido. Querendo ou não, qualquer pessoa fica chocada quando escuta uma coisa dessas. Ficou uma situação muito chata, porque toda vez que eu passava percebia que comentavam: 'Essa daí é a mãe do bebê que caiu no chão'.

No dia seguinte, quando pude pegar o meu filho nos braços um pouco, foi a melhor sensação do mundo, por mais que nós tenhamos passado por tudo aquilo. Ele estava com os acessos da medicação. Falaram para mim e para o meu esposo que ele precisava fazer exames de raios X e tomografia para ver se teria necessidade de fazer uma cirurgia para drenar o sangue. Ele teve de ir ao Hospital Pedreira no dia seguinte, onde fez raios X. Voltamos para a Maternidade Interlagos e ele ficou esperando uma vaga em outro hospital com um neurocirurgião.

Quatro dias depois, fomos transferidos para o Hospital do Mandaqui, onde ficamos sabendo que ele teria de fazer a cirurgia. Havia risco. Fui bem atendida e tive auxílio psicológico nesse outro hospital, me ajudaram a trabalhar bastante esta questão de o bebê ter caído. Na Maternidade Interlagos, não tive ajuda nenhuma. Não passei com psicóloga ou profissional. Tive de pedir, e só então falei com a assistente social. Se não fosse a minha família me amparar, não sei nem o que seria de mim.

Na cirurgia, ocorreu tudo bem. Toda a equipe foi muito atenciosa comigo e com o meu filho, não pude reclamar. Só que a questão de meu filho ter caído no chão, até agora fico indignada. Porque eu falei que não tinha condições de andar. Aí a pessoa virar para você e falar: 'Você consegue'? Com o bebê encaixado? A gente está lidando com uma vida, com um inocente. Não me conformo de ter acontecido uma coisa dessas.

Se a paciente diz que não tem condições físicas – porque já basta o emocional estar abalado... ela está ali para ser amparada. Eles são profissionais para quê? Se você diz que não consegue, deveriam escutar mais a paciente. A gente está ali para ser acolhida em um momento de dor, não para acontecer um descaso desses, uma negligência. Graças a Deus, hoje ele está bem. Mas sair de um hospital para ir a outro e fazer uma cirurgia desse tamanho em um bebê recém-nascido... foi um sentimento horrível, uma dor que não desejo para nenhuma família.

O meu filho está se recuperando em casa, então estou mais tranquila. Mas ainda vamos voltar ao médico para fazer acompanhamento. O que eu quero neste momento é justiça. Fizemos uma reclamação na ouvidoria da maternidade e vamos processar o hospital, porque se depender de mim não vai ficar por isso mesmo. Não quero que aconteça com outras famílias o que ocorreu comigo e com o Anthony."

Em nota, a Secretaria da Saúde encaminhou um posicionamento do Hospital Maternidade Interlagos sobre o caso de Joelma: "A sra. Joelma Souza foi devidamente assistida por equipe multidisciplinar. Passou por todos os exames e procedimentos pelo SUS de referência para cada necessidade. Foi estimulada a seguir as boas práticas. Para o parto, indicam movimentação da paciente durante o trabalho de parto, além de técnicas não medicamentosas para o alívio de dor, como banho e massagens. Esteve acompanhada pelo marido durante o pré-parto. A direção da unidade encaminhou o caso para apuração. O prontuário foi fornecido no mês de junho, devido ao trâmite de consolidação e apuração do caso".

Como saber se a pancada na cabeça do bebê foi grave?

Sintomas após bater a cabeça Outros sintomas que devem ter atenção são perda de consciência, vômito, inchaço, sonolência extrema, perda de memória ou até dores de cabeça que não passam. Nesses casos, o hospital também é a melhor opção para verificar se há alguma lesão interna.

O que devo fazer quando o bebê cai de cabeça no chão?

Em casos de quedas ou traumas leves deve-se inspecionar se há algum ferimento. Se houver ferimento, o mesmo deve ser limpo com água e sabonete assim que possível; se houver sangramento, além da limpeza local, deve-se comprimir o local por alguns minutos (de 3 a 5 minutos, pelo menos).

Como saber se o bebê está bem depois de uma queda?

O mais importante após a queda é observar a criança. Examine-a com cuidado, veja se não tem nenhum sinal de fratura ou algum lugar na cabeça que está mais inchado. É normal que a criança chore após a queda, porém se apresentar alguns sintomas considerados “sinais de alarme”, deve ser avaliado por um médico.

Quando se preocupar com queda de bebê?

Uma das quedas mais perigosas para bebês com menos de um ano é cair da cama. Quando tombos desse tipo acontecem, os responsáveis pela criança devem consolá-la enquanto checam se há alguma fratura ou machucado. É importante verificar todo o corpo para que se tenha certeza de que está tudo bem.