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Censo norte-americano revela quadro sombrio em Detroit

Data: 30 de março de 2011

Katharine Q. Seelye

Expondo o exemplo mais chocante do colapso urbano moderno, os dados do censo norte-americano revelaram na terça-feira que a população de Detroit diminuiu 25% na última década. É um testemunho dramático do desmoronamento da base industrial do meio oeste norte-americano, do êxodo para os subúrbios e do futuro incerto da cidade que já foi uma das mais prósperas dos Estados Unidos.

Foi a maior queda percentual da história entre todas as cidades norte-americanas com mais de 100 mil habitantes, exceto pela situação excepcional de New Orleans, onde a população caiu 29% depois do furacão Katrina em 2005, disse Andrew A. Beveridge, professor de sociologia no Queens College.

O número de pessoas que desapareceram de Detroit –237.500– foi maior do que as 140 mil que deixaram New Orleans.

A queda de habitantes em Detroit parece desencorajar ainda mais alguns moradores que dizem que já não tinham muitas esperanças em relação ao futuro da cidade.

“Mesmo que tivéssemos problemas desanimadores antes, a queda torna ainda mais difícil lidar com eles”, disse Samantha Howell, 32, que enchia o tanque do carro na terça-feira na zona leste abandonada da cidade. “Sim, a cidade parece fisicamente vazia, vazia de pessoas, de ambição, de motivação. A sensação é de vazio.”

A população de Detroit caiu para 713.777 em 2010, o menor número desde 1910, quando ela era de 466.000. O que era impensável há 20 anos, aconteceu: a cidade agora é menor do que Austin, Texas; Charlotte, Carolina do Norte; e Jacksonville, Flórida.

“É uma cidade grande em queda livre”, disse L. Brooks Patterson, executivo do vizinho condado de Oakland, que também foi afetado pelo colapso da indústria automobilística, mas cuja população aumentou quase 1%, graças ao influxo de moradores negros. “A arrecadação está caindo, os cidadãos estão fugindo, e o sistema escolar está nas mãos de um gerente financeiro.”

A expansão da indústria automobilística alimentou o fluxo que transformou Detroit na quarta maior cidade do país em 1920, um posto que ela manteve até 1950, quando a população chegou a um pico de 1,8 milhão. Em 2000, Detroit havia caído para o 10º lugar.

Dependendo dos números finais de todas as cidades, Detroit poderá ter caído agora para 18º lugar, disse William Frey, demógrafo da Brookings Institution.

Funcionários municipais, reconhecendo as consequências políticas e financeiras negativas desse declínio da população, dizem que pretendem contestar o censo. Ele provavelmente não contou dezenas de milhares de moradores, afirmam.

“Embora esperássemos um declínio na população, estamos confiantes que esses números serão revisados”, declarou o prefeito Dave Bing. O prefeito está supervisionando um programa para demolir 10 mil prédios residenciais como parte de um esforço para revitalizar a cidade.

Detroit é a única cidade dos Estados Unidos em que a população aumentou para mais de 1 milhão, mas também caiu para menos de 1 milhão, disse Beveridge. E por causa da amplitude dessa redução, Michigan é o único Estado a registrar queda na população desde 2000. A população de Michigan caiu 0,6% enquanto a população do país como um todo cresceu quase 10%.

Os motivos para a queda populacional de Detroit durante a última década incluem os problemas da indústria automobilística e o colapso da economia de base industrial. “Houve uma erosão na base industrial do país, e esta é a prova mais dramática disso”, disse Beveridge.

Mas um fator importante também foi o êxodo da população negra para os subúrbios, que aconteceu depois da saída dos brancos, que teve início nos anos 60. Detroit perdeu 185.393 afro-americanos na última década.

“Esta é a maior queda da população negra que a cidade já teve, e está ligada à execução de hipotecas no mercado imobiliário”, disse Frey. Por causa da Grande Migração –quando os negros deixaram o sul e foram para o norte– e da saída dos brancos, disse ele, “Detroit se tornou a cidade mais segregada do país e continua muito segregada, embora um pouco menos.”

Em determinado momento, a cidade tinha 83% de negros.

Muitos negros se mudaram para subúrbios próximos, mas os dados do censo mostram que mesmo esses subúrbios não seguraram seus moradores.

A perda surpreendente ao longo da última década surpreendeu até os demógrafos que acompanham os padrões de migração de Detroit.

“Eu nunca pensei que cairia tanto”, disse Kurt Metzger, demógrafo e especialista em assuntos urbanos que analisa os dados da cidade.

“Esta é a maior perda percentual que Detroit já teve”, disse ele, observando que a cidade sofreu uma perda numérica maior, de 300 mil habitantes, de 1970 a 1980. Ainda assim, isso respondeu por apenas 20% da população, que era de 1,5 milhão em 1970.

“Nos últimos 15 anos, a população negra tem partido para os subúrbios em busca de melhor educação, segurança, impostos e seguros mais baratos, supermercados”, disse Metzger. “Os preços dos imóveis caíram, e agora as classes mais baixas conseguem comprar casas nos subúrbios. Sobraram as pessoas que são moradores inveterados de Detroit ou que não têm dinheiro para mudar, ou os pioneiros urbanos.”

Até 30% dos lotes da cidade de 360 quilômetros quadrados estão vazios, de acordo com uma pesquisa feita pela companhia de Metzger, a Data Driven Detroit. A questão agora é como os dados do censo mais recente desencorajarão aqueles que investiram em Detroit e continuarão tentando ter sucesso em seus investimentos.

“Obviamente isto será um golpe”, disse Metzger. “Todos nós estamos meio chocados, mas isso significa que temos que trabalhar ainda mais.”

Tradução: Eloise De Vylder

Fonte: The New York Times

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