O que é o coronelismo e o voto de cabresto?

Graduada em História (UVA-RJ, 2014)

Ouça este artigo:

A Primeira República brasileira é marcada por muitos acordos e ações escusas para manutenção do poder político nas mãos de uma elite econômica endinheirada e com grande poder de articulação.

O que ficou conhecido como voto de cabresto ocorreu em todo território nacional. Mas é notado principalmente nas pequenas províncias onde verdadeiros Coronéis, proprietários de terras e, portanto os patrões de parte considerável da população local orquestravam as decisões políticas através da pressão e da coação do voto de seus empregados. Seus currais eleitorais eram espaços de mando e desmando, onde a decisão dos Coronéis locais determinavam a ação da população local.

Desde o Império a fraude eleitoral sempre foi prática recorrente no Brasil, mas foi no momento da Primeira República que a ação fraudulenta teve seu auge. Naquele momento o voto dos analfabetos era proibido, porém como uma das práticas de fraude os Coronéis entregavam escritos em um papel o nome do candidato aos seus empregados que depositariam na urna. O transporte aos locais de votação também eram garantidos por esses coronéis que mantinham seus interesses em pauta mexendo as peças do tabuleiro político como bem lhes apeteciam.

Assim como a fraude, havia a venda de votos por pequenos interesses, promessas particulares dos oligarcas aos pobres, camponeses e empregados locais. Para os casos onde a venda não garantia a lealdade do voto, formas violentas de convencimento o faziam.

A política na Primeira República era mantida pela grande orquestra de interesses do coronelismo. Os grandes oligarcas a fim de manterem seus lugares privilegiados na sociedade e garantindo o poder de decisão em suas mãos, para além da fraude com os votos de cabresto, ou a compra dos votos, e mesmo a violência para convencimento, detinham outras táticas e acordos nacionais como a Política Café com Leite e a Política dos Governadores que inviabilizavam reais mudanças estruturais na sociedade brasileira.

A República fundada com o objetivo de ampliar os direitos a todos através da economia liberal e da amplitude política da representatividade não pôde observar essas mudanças nos primeiros pleitos. Na verdade apenas a partir das eleições posteriores ao período Varguista é que considera-se possível alguma credibilidade, pois em 1932 o voto deixa de ser aberto e passa a ser secreto. A mudança do eixo econômico dos campos para as cidades fazem também com que os Coronéis percam gradativamente seu poder de mando nas populações pobres desses locais que passam a migrar para os centros urbanos.

Existe, porém até os dias atuais infinitas discussões sobre a credibilidade dos pleitos no Brasil. Em 1996 o sistema informatizado de urnas passou a ser utilizado, e era considerado de início o meio mais seguro de votação, por manter o sigilo dos votos assim como uma impossibilidade de alteração dos resultados. No entanto a partir da segunda década dos anos 2000 já iniciam-se os questionamentos sobre o preciosismo desses resultados devido o avanço das tecnologias de invasões de hackers mal intencionados e a possibilidade de corrupção das eleições.

Referências bibliográficas:

FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo. 1995.

LINHARES, Maria Yedda (ORG.). História Geral do Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2000.

ARAÚJO, Bernardo Goytacazes. A Instabilidade Política na Primeira República Brasileira. Juiz de Fora: Ibérica. 2009.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia-do-brasil/voto-de-cabresto/

Disponível no Portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Glossário Eleitoral Brasileiro explica que o voto de cabresto era aquele em que o eleitor escolhia um candidato por determinação de um chefe político ou cabo eleitoral. Muitas vezes, o cidadão nem sabia exatamente em quem votava. Por isso, era denominado “eleitor de cabresto”.

Ou seja, o “eleitor de cabresto” era aquela pessoa que votava não de acordo com a sua consciência ou preferência política, mas estritamente com base nas instruções e ordens dadas por um “cabo eleitoral” ou “chefe político” local.

Esses eleitores eram transportados para os chamados “currais eleitorais”, onde eram alimentados e festejados, e de onde somente saíam na hora de depositar o voto na seção eleitoral.

O serviço

O Glossário esclarece mais de 300 expressões utilizadas nas instâncias da Justiça Eleitoral. O serviço contém conceitos, informações históricas e referências doutrinárias sobre a evolução do processo eleitoral e das eleições no país.

As expressões do Glossário abrangem diversos temas do universo eleitoral e estão distribuídos em ordem alfabética para facilitar a pesquisa.

O que é o coronelismo Brainly?

Coronelismo é o nome dado ao período em que a política do Brasil era comandada e controlada pelos coronéis, ou seja, pelos fazendeiros ricos. *Política dos Governadores. Com a revolução de 1930 e a chegada de Getúlio Vargas a presidência da República, o Coronelismo chegou ao fim no Brasil.

Quem tinha o direito de votar na República Velha?

Processo eleitoral da República Velha (1889-1930) De acordo com a Constituição de 1891 que vigorou durante toda a República Velha (1889-1930), o direito ao voto foi determinado a todos os homens com mais de 21 anos que não fossem analfabetos, religiosos e militares.

O que é o voto de coronelismo?

Como forma de poder político consiste na figura de uma liderança local — o coronel —que define as escolhas dos eleitores em candidatos por ele indicados. O voto branco e nulo são resquícios desse coronelismo, já que esses votos só facilitavam a entrada dos candidatos no poder.

Como era feito o voto de cabresto Brainly?

Aprovada pela comunidade O voto de cabresto é um sistema tradicional de controle de poder político através do abuso de autoridade, compra de votos ou utilização da máquina pública. É um mecanismo muito recorrente nos rincões mais pobres do Brasil como característica do coronelismo.